segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025
"O primeiro trimestre é o Natal do mercado imobiliário", diz executiva de marketing do QuintoAndar
Empresa aposta em campanha multicanal, com investimento 46% maior em marketing em relação ao ano passado.
Com dados que indicam uma busca por imóveis 35% maior no primeiro trimestre do ano na plataforma, resultando em uma alta de 20% no número de contratos de aluguel assinados e 18% nos contratos de compra e venda, o QuintoAndar está ampliando investimentos em diversas frentes para atrair consumidores que planejam uma mudança em 2025.
Entre as iniciativas recentes, lançou novas ferramentas de inteligência artificial (IA) para otimizar a busca de imóveis, conforme publicado pelo Valor no dia 30 de janeiro, e intensificou sua estratégia de marketing, com o lançamento de campanha publicitária e investimento 46% superior ao do mesmo período do ano passado.
Atualmente, a companhia gerencia mais de R$ 170 bilhões em ativos e opera em 75 cidades brasileiras. “O primeiro trimestre para o mercado imobiliário é o que o Natal representa para o varejo. Nossa campanha busca reforçar a proposta de valor da plataforma, destacando a experiência de busca aprimorada e fortalecendo a conexão com o público. O setor imobiliário no Brasil é complexo, e nosso foco é tornar essa jornada mais simples e satisfatória”, afirmou a diretora de marketing do QuintoAndar, Flávia Mussalem.
A campanha, que está sendo veiculada em todos os canais, como TV, rádio, mídia externa ("out-of-home"), digital e no Spotify, foi desenvolvida pela equipe interna. Assista aqui ao vídeo. Outras ações incluem divulgação de vídeos educativos no Youtube, que detalham os recursos da plataforma; e o projeto InfluCorretor de capacitação para corretores, voltado ao uso estratégico das redes sociais para captação de clientes.
Com mais de 5 mil corretores credenciados, a empresa também pretende fortalecer sua presença no TikTok, plataforma considerada estratégica para o engajamento com o público-alvo. Mussalem observou ainda que, apesar da tendência de alta nos preços dos imóveis nos próximos anos, a demanda deve acompanhar esse movimento. “Vemos um grande espaço para o crescimento do mercado.”
Executivo-chefe (CEO) e fundador da plataforma, Gabriel Braga, disse, em entrevista coletiva recente, que a alta da taxa básica de juros e o cenário macroeconômico “de mais incerteza”, tem o efeito de postergar a decisão de comprar imóvel, mas leva mais pessoas ao aluguel. “É uma das vantagens de estar nos dois [mercados]”, indicou.
O QuintoAndar não possui capital aberto e não divulga faturamento. Ao longo dos anos, por meio de rodadas de investimentos, recebeu aportes da Kaszek Venture, Angels, RuaneCunniff, QED, Qualcomm Ventures, General Atlantic, SoftBank, Dragoneer, Ribbit, LTS, Maverick, Alta Park, Dragoneer, Kevin Efrusy, Greenoaks e Tencent.
Além do Brasil, a empresa atua no México, Argentina, Peru, Equador e Panamá, operando nesses mercados com classificados de imóveis sob diferentes marcas, sem intermediação de transações. A expansão internacional começou em dezembro de 2021, com a aquisição das operações imobiliárias do Grupo Navent, incorporando plataformas como Zonaprop (Argentina), Imovelweb, Wimoveis e Union Softwares (Brasil), Plusvalia (Equador), Compreoalquile (Panamá), Adondevivir e Urbania (Peru), Inmuebles24 (México) e Tokko Broker Software.
Valor Econômico, 17/fev
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025
Em Ipanema, Opportunity vai preservar casarão tombado em novo residencial com R$ 80 milhões em ‘estúdios’
Endereço foi a casa do ‘monumento do Direito’ Pontes de Miranda por cinco décadas.
Os herdeiros do jurista Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda — membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) morto em 1979 — finalmente venderam o casarão onde o intelectual viveu por cinco décadas em Ipanema, Zona Sul do Rio. Tombado, o imóvel do número 1.356 da Rua Prudente de Morais será preservado e vai ancorar um novo projeto residencial do Opportunity Fundo de Investimento Imobiliário.
Com Valor Geral de Vendas (VGV) estimado em cerca de R$ 80 milhões, o empreendimento terá mais de 40 “estúdios”, em mais uma aposta dos incorporadores da região mais turística do Rio na demanda aquecida por apartamentos do tipo, destinados tanto à moradia como ao aluguel de curta duração. O projeto é uma sociedade com o Brix Fundo de Investimento Imobiliário e será o sexto com o selo Be.in.Rio, que reúne prédios com unidades compactas.
Já em 2014, O GLOBO noticiava que a família de Pontes de Miranda queria se desfazer do casarão de estilo eclético, que ocupa terreno de 750 metros quadrados quase na esquina da Rua Garcia D’Ávila e se divide em dois andares, com quatro quartos e duas salas. À época, porém, a estratégia era tentar o destombamento do imóvel. Desde 2003, a casa é tombada como parte da Área de Proteção do Ambiente Cultural (Apac) de Ipanema.
— Nós fomos por outro caminho. Nosso projeto não toca no tombamento. A gente vai unir passado e presente. A casa será preservada com as características de sempre — diz Marcelo Naidich, co-gestor do fundo imobiliário do Opportunity, acrescentando que a gestora negociava o imóvel desde a pandemia.
Parte do casarão será transformada em três unidades residenciais, sendo duas de dois quartos e uma com um dormitório. A parte restante será dividida em espaços de uso comum, com áreas de coworking, espaço fitness, minimercado e lounge. O jardim que fica em frente ao casarão ganhará uma piscina.
— O empreendimento em si ficará nos fundos do terreno. Será um novo prédio com dez andares e arquitetura contemporânea — explica Naidich, acrescentando que o edifício será erguido com potencial construtivo obtido por meio do programa municipal Reviver Centro, que incentiva moradias na região central da cidade.
O prédio terá 42 unidades. As plantas terão de 34 a 114 metros quadrados. Com exceção das duas coberturas, todos os apartamentos serão “estúdios”, sendo quatro deles duplos. O lançamento será feito este mês, e a expectativa é entregar as chaves aos compradores no fim de 2027.
Descrito por seus pares como “monumento do Direito brasileiro”, o alagoano Pontes de Miranda foi um dos intelectuais mais respeitados do país no século XX. Polímata, além de direito, sociologia e filosofia, Pontes de Miranda era versado em matemática e física — por pouco não foi a Oxford estudar a disciplina de Newton —, a ponto de ter sido interlocutor frequente de Albert Einstein tanto em correspondências quanto em jantares no Rio e em Nova York. Isso tudo em alemão fluente, Das ist doch klar.
O Globo, 14/fev
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025
Começa a revitalização do Edifício ’A Noite’, mais um a virar um residencial no Centro do Rio
Fases de execução das obras têm duração prevista de 30 meses.
Tiveram início, agora em fevereiro, as obras de revitalização do Edifício ‘A Noite’, no Centro do Rio. Antiga sede da Rádio Nacional e marco da cultura brasileira, o primeiro arranha-céu da América Latina passará por um retrofit que irá preservar suas características principais, como fachada e estrutura.
As fases de execução das obras, que envolvem estrutura, instalações, fachada e acabamento, têm duração prevista de 30 meses e serão cumpridas de acordo com as liberações e licenças dos órgãos competentes de patrimônio e preservação histórica.
Construção tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), com seus 23 andares e 102 metros de altura, o novo ‘A Noite’ vai se transformar num residencial de estúdios.
O prédio será mais uma das atrações turísticas na Praça Mauá, no coração do Centro do Rio de Janeiro, e terá espaços abertos ao público: restaurantes no térreo, e no rooftop, além de um local aberto à visitação, com memorial da Rádio Nacional e da história da cidade.
O projeto é assinado pelo arquiteto Duda Porto, em parceria com o especialista em recuperação de patrimônios, André Alvarenga. A obra é da AZO Inc, incorporadora.
O Globo, 13/fev
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
Setor imobiliário puxa crescimento do volume de recuperações judiciais em 2024
Monitor RGF indica recorde de 4,5 mil empresas em reestruturação no país.
O país fechou o ano de 2024 com 523 empresas a mais em recuperação judicial em comparação com 2023, um aumento de 13%. Ao todo, 4.568 companhias negociavam dívidas na Justiça no ano passado - a maioria (28,8%) em São Paulo e do setor imobiliário -, de acordo com dados do Monitor RGF da consultoria RGF & Associados, compartilhados de forma exclusiva com o Valor. É o maior número absoluto desde o início do acompanhamento desses processos, iniciado em abril de 2023.
A incorporação de empreendimentos imobiliários agora lidera o número de reestruturações, com 314 companhias nessa situação - no terceiro trimestre do ano passado, eram 266, ocupando o segundo lugar. A construção de edifícios também não vai bem, mas se manteve em terceiro no ranking nacional, com 212 empresas. O segundo lugar é ocupado pelas holdings de instituições não financeiras (272).
De acordo com advogados e associações do setor, os dados não refletem risco sistêmico para o mercado ou para a construção civil. A tendência, porém, é que 2025 seja desafiador para todos os setores, pelo cenário macroeconômico do país. Novos recordes no número de empresas refinanciando dívidas são esperados, tanto por meio de recuperações judiciais quanto extrajudiciais.
Apesar do recorde, houve desaceleração no crescimento do volume de empresas em recuperação judicial nos últimos três meses de 2024 frente ao trimestre anterior - de 4,4% para 3,6%. “É uma redução do ritmo, mas ainda é um cenário ruim”, afirma Roberta Gonzaga, consultora do RGF.
O Índice RGF de Recuperação Judicial (IRJ-RGF) variou pouco: saiu de 1,90 para 1,91 no mesmo período. Significa dizer que a cada mil empresas ativas, quase duas delas estão em reestruturação no Judiciário. A base de dados do Monitor considera 2,4 milhões de companhias, excluindo filiais e microempresas.
A região Nordeste teve ligeira melhora no IRJ-RGF, saindo de 2,62 para 2,61. Foi o primeiro avanço desde 2023, mas ainda é uma média superior à do ano retrasado (2,49) e ao índice atual do Brasil. Também estão acima da média nacional o Centro-Oeste (2,97) e Sul (2,33). Já no Sudeste (1,52) e Norte (1,29) existem menos empresas nesta situação, em comparação ao total em atividade.
Apesar de pulverizado em várias regiões, São Paulo foi onde houve maior aumento absoluto de empresas em recuperação, número que agora chega a 1.315. O Rio Grande do Sul segue em segundo lugar, após as fortes chuvas no primeiro semestre de 2024. Empresas do agronegócio, do cultivo de soja e criação de bovinos estão entre os cinco principais setores em crise no Estado, onde existem, ao todo, 414 empresas em reestruturação.
Segundo Rodrigo Gallegos, sócio do RGF & Associados, o perfil da dívida das empresas é muito semelhante: mais da metade é com instituições financeiras. “São de algum endividamento ou alavancagem que a empresa fez ao longo dos anos e agora está apertando o caixa”, afirma. Na visão dele, se não for possível renegociar com os bancos, o ideal é não deixar a crise comprometer a parte operacional. “É o que faz a empresa girar, o ‘core business’. Sem isso, não tem empresa.”
Roberta Gonzaga diz que esse é inclusive o momento de procurar o instituto da recuperação judicial ou extrajudicial. “É cada vez mais importante a empresa enxergar qual o momento certo de entrar com o processo, que é o momento em que vai começar a afetar o operacional. É o mais adequado porque, se passa um pouco, fica mais complexo”, afirma.
A perspectiva para 2025 é de piora, destaca Gallegos. “Apesar dos indicadores econômicos não estarem tão ruins, para as empresas, a situação está grave, principalmente por causa da taxa de juros”, diz. Outro dificultador é o acesso ao crédito. “Como a política econômica e fiscal do Brasil ainda não está 100% ajustada, isso deixa as instituições financeiras com o crédito menos acessível. Estão sendo mais seletivos, esperando para ver a direção econômica que o governo vai dar”, completa ele, mencionando a meta fiscal e reforma tributária.
Olivar Vitale, sócio do VBD Advogados, especialista em direito imobiliário, diz que o juro alto tem atrapalhado o investimento e aquisição de moradias. “É um momento difícil e de atenção que todos estamos vivendo. Gera maior dificuldade de captação de dinheiro para empreendimentos, para fundos de investimento em real state e também para captação de financiamento para casa própria”, diz.
Presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia justifica a alta quantidade de empresas em recuperação pelo fato de o setor ser muito representativo em relação ao total de empresas no país. Mas que uma das possíveis causas são investimentos a longo prazo, o que deixa a área sujeita a alterações de governo, além de insegurança jurídica.
“No setor de incorporação, se trabalha com cinco a seis anos entre a aquisição do terreno e a produção e, muitas vezes, tem mudanças na prefeitura, no governo de Estado e federal”, diz. “É um setor sujeito a alterações de políticas, especialmente taxa de juros, que tem estado elevada.”
Para Eduardo Scarpellini, sócio da EXM Partners, o setor imobiliário enfrenta uma baixa absorção dos empreendimentos, por conta dos altos custos no financiamento. “Nos anos anteriores, por conta da taxa de juros baixa, tivemos diversos lançamentos, então existe uma oferta muito forte de novos empreendimentos, mas que não tem sido absorvida pelo mercado, o que faz com que as construtoras acabem segurando a venda e algumas peçam recuperação judicial”, afirma.
Especialistas e representantes do setor concordam que é preciso ajuda do governo para a construção civil. “Se o país continuar com a taxa de juros nesses patamares e não for adotada pelo governo uma taxa subsidiada para o sistema habitacional, crescerá a preocupação com esse setor”, afirma Scarpellini.
Em nota ao Valor, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) diz que “os pedidos de recuperação judicial no setor de incorporação são casos isolados e não representam um risco sistêmico”. “O modelo de negócios do segmento, baseado em Sociedades de Propósito Específico (SPEs) com patrimônio de afetação, garante que eventuais dificuldades financeiras de uma empresa não comprometam a entrega das obras, nem prejudiquem os consumidores”, afirma.
Cita ainda que o programa do governo Minha Casa, Minha Vida (MCMV) “segue um fluxo financeiro independente das oscilações da taxa de juros, garantindo estabilidade ao segmento de habitação popular”. “No mercado de médio e alto padrão, as incorporadoras associadas à Abrainc apresentam excelente saúde financeira, reforçando a segurança do setor”, acrescenta.
Valor Econômico, 12/fev
terça-feira, 11 de fevereiro de 2025
93% dos brasileiros que pagam aluguel sonham com a casa própria, diz Datafolha
Pesquisa mostra que 24% dos brasileiros têm planos de comprar um imóvel neste ano.
O sonho da casa própria está no horizonte de 9 em cada 10 brasileiros que ainda não são proprietários do imóvel em que moram, mostra pesquisa Datafolha. Esse é um desejo que atinge 97% dos mais jovens, de 16 a 34, mas é alta a porcentagem também entre os maiores de 60 anos: 83% dos que não são donos de suas casas sonham em sê-lo.
No total, quase dois terços (65%) dos brasileiros já possuem a casa em que moram. São 29% os que pagam aluguel e outros 5% moram num imóvel cedido. A fatia dos que moram em casa alugada decresce com a idade: 38% dos que têm de 16 a 24 anos, 37% dos 25 aos 34 anos, 31% dos 35 aos 44 anos e 22% a partir dos 45 anos de idade.
Os dados do instituto mostram que, quanto menor a renda dos que ainda não são proprietários, maior a vontade de comprar um imóvel. Entre as classes D e E, por exemplo, 96% dos entrevistados que moram em casa alugada ou cedida revelaram o desejo de ter um imóvel, percentual que cai para 85% nas classes A e B.
No comparativo regional, 98% dos residentes nordestinos que ainda não são proprietários desejam a casa própria, enquanto no Sudeste essa parcela é de 91%.
Do sonho para a intenção concreta de ir ao mercado imobiliário, porém, há uma distância: são 52% os que têm planos concretos de comprar sua casa própria, enquanto 48% dos não proprietários ainda não tomaram essa decisão.
Além disso, 38% dos que já possuem a casa em que moram têm planos concretos de comprar outro imóvel residencial para se mudarem. A intenção é mais presente entre os que têm de 16 a 24 anos (61%) e na faixa de 25 a 34 anos (53%). Os números revelam também a vontade dos mais jovens de deixar a casa dos pais, já que a pesquisa considera como casa própria o imóvel da família.
Considerando todos os brasileiros, 43% pretendem comprar uma casa, sendo que, destes, 57% querem fazer negócio em até três anos, e 24%, ainda neste ano.
Entre jovens de 16 a 24 anos, 57% têm planos de comprar um imóvel residencial, índice similar ao registrado na faixa de 25 a 34 anos (55%). Na parcela de 35 a 44 anos a taxa de intenção de compra é de 45%, recuando para 37% entre quem tem de 45 a 59 anos e para 25% entre os mais velhos, com 60 anos ou mais.
Segundo o Datafolha, entre os que ainda não têm a casa própria, quanto maior a renda, maiores são os planos para a aquisição de um imóvel. Na faixa de renda familiar mais baixa, com ganhos de até 2 salários mínimos, 36% têm planos de comprar um imóvel, ante 46% na faixa de renda de 2 a 3 salários, 56% na faixa de 3 a 5 salários e 50% no grupo com renda acima de 5 salários.
O Datafolha também perguntou aos entrevistados se consideram mais vantajoso financeiramente morar em imóvel próprio ou em uma casa alugada. Os resultados vão na direção contrária dos conselhos de planejadores financeiros, para quem, levando em conta apenas os números, há mais ganhos em pagar aluguel: 94% dos brasileiros disse acreditar que compensa mais, financeiramente, comprar a casa própria.
O instituto ouviu presencialmente 2.020 pessoas acima dos 16 anos em todo o país, entre os dias 9 e 11 de janeiro. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%.
Folha de São Paulo, 11/fev
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025
Luxo, tecnologia e sustentabilidade: as tendências do mercado imobiliário para 2025
O setor imobiliário de alto padrão no Brasil inova com automação, personalização e soluções verdes, redefinindo o conceito de sofisticação.
O mercado imobiliário de luxo no Brasil segue aquecido e promete inovações marcantes em 2025. Segundo Andrea Gomes e Patrícia Rosa, especialistas no segmento, a fusão de tecnologia, sustentabilidade e personalização será a grande protagonista do setor. Com consumidores cada vez mais exigentes e conectados, a proposta vai muito além de localização privilegiada ou acabamentos de alto padrão, focando em um estilo de vida exclusivo e sustentável.
"A inteligência artificial e tecnologias como realidade virtual e aumentada devem personalizar o atendimento e tornar o processo mais eficiente, permitindo visitas imersivas e seleções precisas de imóveis. Sustentabilidade será um diferencial essencial, com imóveis que integram soluções verdes, como energia renovável e automação para eficiência no uso de recursos. Além disso, o conceito de luxo estará cada vez mais ligado ao bem-estar, com projetos que combinam exclusividade, conforto e conexão com a natureza", destaca Andrea Gomes.
Outro fator em evidência é a sustentabilidade, que deixou de ser um diferencial para se tornar um pré-requisito. Imóveis que incorporam soluções como energia renovável, reaproveitamento de água e isolamento térmico não só atendem às demandas do consumidor moderno, como também aumentam seu valor de mercado. Patricia Rosa ressalta: "A sustentabilidade tornou-se essencial no desenvolvimento de imóveis de alto padrão com sistemas de eficiência energética com paineis solares, vidros de alta performance. Materiais sustentáveis e de alta qualidade, exemplo um empreendimento recém-entregue no Itaim, o Casa Brasileira, onde não foi utilizada sequer uma gota de tinta."
O perfil dos compradores de imóveis de luxo também evoluiu. "Hoje, vejo que o perfil dos compradores de imóveis de luxo no Brasil está mais diversificado e exigente. Além do público tradicional, como empresários e famílias consolidadas, percebo uma presença crescente de jovens empreendedores e profissionais do setor de tecnologia, o chamado ’new money’. Esse novo perfil busca imóveis que vão além do status, refletindo um estilo de vida moderno, dinâmico e conectado", explica Andrea.
A personalização também tem sido uma demanda crescente. "Sim, acredito que a personalização é, sem dúvida, um diferencial indispensável no mercado de imóveis de luxo. Cada vez mais, os consumidores buscam algo único que se alinhe com seu estilo de vida e preferências individuais. Não se trata apenas de oferecer um imóvel, mas de proporcionar uma experiência exclusiva que atenda às necessidades específicas do comprador", conclui Andrea.
As perspectivas para 2025 incluem ainda um crescimento robusto, impulsionado pela resiliência do mercado de luxo frente às oscilações econômicas. "O mercado de luxo tem sido resiliente e inabalável no país, mesmo em variações econômicas e políticas. Continua existindo público com recursos para investir em imóveis de altíssimo padrão, afinal esse mercado é menos impactado do que o mercado de médio e baixo padrão", aponta Patrícia.
Para os próximos anos, o mercado imobiliário de luxo brasileiro promete redefinir o significado de sofisticação. Combinando inovação, bem-estar e sustentabilidade, os imóveis de alto padrão atendem às expectativas de um público cada vez mais exigente e moldam as tendências globais no segmento. Como conclui Patrícia Rosa, "o mercado de luxo vem conseguindo conciliar a busca por acabamentos nobres e estética refinada com práticas construtivas e soluções que minimizam impactos no meio ambiente e promovem saúde, conforto e bem-estar. Desse modo, a sustentabilidade se consolida não como oposto do luxo, mas como sinônimo de modernidade, sofisticação e responsabilidade."
Terra, 10/fev
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025
Crédito imobiliário cresce 10% e chega a R$ 2,4 tri em 2024, diz Abecip
Associação confirmou a tendência de redução da participação da poupança entre fontes de financiamento do setor.
O conjunto de recursos aplicados no crédito imobiliário – chamado funding – chegou a R$ 2,4 trilhões em 2024, alta de 10% em um ano, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
O levantamento confirmou a tendência de redução da participação da poupança entre as fontes de financiamento do setor. A caderneta representou 32% das aplicações em 2024, ante 34% em 2023.
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que atende o Minha Casa Minha Vida (MCMV), representou 27% do funding em 2024, leve alta perante os 26% de 2023.
O presidente da Abecip, Sandro Gamba, alertou que, com a Selic aumentando, há uma tendência de maiores saídas da poupança ao longo de 2025, reduzindo ainda mais a sua participação no funding do mercado imobiliário.
“A poupança continua sendo importante para o setor, mas a participação vem diminuindo”, disse Gamba.
Por outro lado, deve ter um aumento na participação de financiamentos originados em instrumentos dos mercados de capital, como fundos imobiliários, letras de crédito e certificados de recebíveis imobiliários (FIIs, LCIs e CRIs), por exemplo.
Os CRIs representaram 9% do funding em 2024 (eram 8% em 2023), enquanto os FIIs foram 10% (estável ante 2023) e as LCIs, 17% (estável ante 2023).
A Abecip ainda reiterou o pleito para que haja redução do prazo das emissões das LCIs. Vale lembrar que, no início de 2024, o Conselho Monetário Nacional (CMN) ampliou o prazo de vencimento das LCIs de três meses para 12 meses, o que fez as captações de recursos caírem pela metade.
Já no segundo semestre, o prazo foi revisto para 9 meses, mas o impulso nas captações foi muito pequeno, segundo agentes financeiros. O pleito do setor é que o prazo volte a ser de três meses. Em 2024, as emissões de LCIs caíram 29%, para R$ 204 bilhões.
CNN Brasil, 07/fev
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025
Construção civil aumenta salários e adota novas tecnologias para atrair os mais jovens
Aquecido, setor investe em capacitação e ‘linhas de produção’ com pré-moldados para enfrentar gargalo de mão de obra, que tem, em média, 41 anos.
O setor de construção civil, um dos que mais empregam no país, com 2,9 milhões de trabalhadores formais, vive o desafio de rejuvenescer. Com idade média dos trabalhadores de 41 anos, as construtoras tentam acelerar a digitalização e a industrialização dos canteiros de obras, além de oferecer salários mais altos, para atrair os jovens e, especialmente os mais qualificados, principal gargalo do segmento neste momento em que as vendas de imóveis novos batem recordes consecutivos. Algumas empresas do ramo até criaram escolas para treinar interessados e evitar atrasos na entrega dos imóveis.
— Com a economia aquecida e o desemprego no menor patamar histórico (6,6% em 2024), o desafio da construção civil é atrair, treinar e reter mão de obra. Este é o principal limitador dos negócios e preocupação central das empresas, segundo nossa sondagem — diz Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos de Construção do FGV/Ibre.
Fábrica vira escola
Lucas Moura, gerente de Gente e Gestão da Tenda, conta que a construtora teve de criar, em 2023, uma “fábrica-escola” nos canteiros para ensinar funções como acabamento, pintura e instalação de cerâmica, entre outras, como forma de profissionalizar jovens e atraí-los para a carreira. Os alunos se tornam aprendizes e podem ser efetivados. Foram treinadas 151 pessoas até dezembro do ano passado.
— Um dos principais resultados foi a reposição rápida de colaboradores, com impacto mínimo na linha de produção, pois o turnover (rotatividade nos postos de trabalho) ocorre dentro da escola, e não diretamente nas obras — diz Moura.
Outra forma de treinar profissionais é o programa de refugiados nos canteiros, lançado na pandemia, para contratar venezuelanos acolhidos em abrigos em Roraima após cruzarem a fronteira. O programa cresceu e atraiu pessoas de outros países, como Angola e Haiti. Matuvanga Mputu, de 41 anos, é um deles. Vindo de Angola em 2021, ele ficou num albergue em São Paulo por 8 meses, com dificuldades para encontrar emprego formal.
— Eu não era do setor, mas recebi treinamento na escola-fábrica e acabei sendo efetivado. Quero seguir carreira e chegar a analista — diz ele, que deixou a mulher e quatro filhos em Angola e deseja trazê-los no futuro, quando se firmar no setor.
Fábio Gato, gestor de Qualidade e Segurança do Trabalho na construtora Vinx, conta que processos burocráticos nas construções, que “usam papel”, têm sido digitalizados. As conferências de serviços executados nas obras e até mesmo da chegada de material nos canteiros, por exemplo, já são feitas com tablets e aplicativos no celular.
Com isso, a informação fica disponível quase que instantaneamente para engenheiros de obras, que otimizam o cronograma, evitam atrasos e aproveitam as habilidades dos jovens com a tecnologia. O executivo conta que estagiários que trabalham com esses engenheiros já questionam se esses serviços foram digitalizados e se existe uso de escaneamento de dados antes de aceitar a vaga.
— Ninguém quer andar com pilhas de papel. E economizamos até 80% do tempo que gastávamos com impressões e no recebimento de material — explica Fábio Gato, acrescentando que a construtora também está criando uma universidade corporativa para oferecer treinamento.
O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) revisou a sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do setor de 3,4% para 4,4% para 2024, o que significa que o segmento está aquecido e deve abrir mais vagas este ano. Uma das frentes em aceleração é a do programa Minha Casa, Minha Vida, que foi turbinado pelo governo federal.
200 mil vagas em 2024
Segundo dados do Sinduscon-SP, foram criadas mais de 200 mil vagas formais na construção civil em 2024. Ainda assim falta gente. A escassez de mão de obra nos canteiros acaba obrigando as empresas a elevar os salários, o que é bom para os trabalhadores em um setor historicamente conhecido por baixa qualificação e remuneração na informalidade. Por outro lado, o custo mais alto da força de trabalho tem se refletido no Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que acompanha a variação dos preços nesse segmento, e acaba elevando o valor final dos imóveis. O índice subiu 6,34% entre janeiro e dezembro de 2024.
Dados do Grupo de Trabalho de Recursos Humanos (GTRH) do Sinduscon-SP mostram que salários mais altos têm sido um dos instrumentos das construtoras para reter e atrair trabalhadores. Nos postos formais da construção civil, os empregados ganham R$ 3.661 mensais, em média, já acima da indústria (R$ 3.571). Mas há construtoras que remuneram funcionários por produtividade, com o salário podendo chegar a R$ 7,5 mil. Os mais qualificados têm mais chance de conquistar as melhores vagas.
— É preciso capacitar pessoas, usar inteligência artificial (IA) para ganhar produtividade e atrair mais mulheres para o setor, que atualmente representam apenas 12% da mão de obra em São Paulo e 6% na média nacional — observa Ana Maria Castelo, do FGV/Ibre.
O Sinduscon-SP em parceria com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo está formatando um curso técnico de edificações, que deve começar em 2026. O presidente da entidade, Yorki Estefan, também quer incentivar o aumento da produtividade via industrialização dos canteiros, mas observa que essa transformação não se faz no curto prazo. Ele observa também que apenas 26% das pessoas que trabalham no setor têm carteira assinada, mantendo ainda a alta informalidade do setor. Para ele, é preciso discutir se a CLT é o melhor caminho para atrair essa mão de obra:
— Há visão de empreendedorismo disseminada, muitos preferem ser informais.
Nos canteiros da Tenda, por exemplo, os empregados já trabalham como numa “linha de produção de apartamentos” industrializada. A empresa criou um Centro de Distribuição e Transformação (CDT) de materiais, que são enviados para as obras apenas quando necessário (como no modelo industrial just in time, para uso imediato em vez de grandes estoques).
Uma parte do material chega em kits com peças prontas para serem instaladas nas unidades, como ramais de esgoto e água ou conjuntos de esquadrias, por exemplo. Isso reduz a área necessária para armazenamento nas obras, além de eliminar um dos piores inimigos da construção: o desperdício de material. Esse processo também permite que trabalhadores sejam remanejados de uma obra para outra sem “distúrbios” no processo.
— São Paulo já tem avançado na agenda de industrialização (na construção), e ela tende a avançar no restante do país com as discussões de sustentabilidade — diz Ana Maria, da FGV.
Reforma tributária ajuda
Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia do Sinduscon-SP, diz que a tributação atrapalhou a industrialização da construção civil no Brasil, onde se cobra do setor ICMS e IPI sobre materiais pré-moldados produzidos fora dos canteiros de obras, encarecendo o custo total. A reforma tributária equaliza essa questão e será outro fator em favor dessa tendência.
— Há custos maiores no processo de industrialização do setor. Por isso, não foi para a frente aqui como no resto do mundo — diz Zaidan.
O Globo, 06/fev
Governo buscará solução para que setor imobiliário se sinta contemplado na reforma tributária, diz Appy
O governo vai encontrar uma solução para que o setor imobiliário se sinta contemplado pelas novas regras da tributação sobre o consumo, disse nesta sexta-feira o secretário extraordinário da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, após o setor criticar possíveis cobranças sobre fundos de investimento com títulos imobiliários.
Em entrevista à Exame, no entanto, Appy disse discordar da avaliação de que o setor será prejudicado pelo novo sistema.
“É um tema que vai ser discutido no Congresso, e vamos encontrar uma solução para que o setor se sinta contemplado”, disse.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia indicado que o texto da reforma tributária será ajustado para eliminar ruídos no mercado sobre a possibilidade de taxação de operações desses fundos, noticiou o jornal Folha de S.Paulo nesta semana.
Após o Congresso incluir na regulamentação da reforma um dispositivo para isentar FIIs (Fundos de Investimento Imobiliário) e Fiagros (Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas do Agronegócio) da cobrança sobre operações com bens imóveis, o trecho foi vetado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com Appy, o veto foi feito porque o dispositivo fere a Constituição ao criar um benefício que não estava previsto na emenda constitucional da reforma.
O secretário argumentou que a inclusão desses fundos no novo modelo de tributação será benéfico na maior parte dos casos porque, em geral, eles alugam os imóveis para outras empresas, o que vai gerar crédito tributário, reduzindo cobranças.
Appy ainda criticou o benefício ao afirmar que uma empresa que alugar um prédio pagará o tributo, enquanto a cobrança não será feita no caso de um fundo imobiliário que fizer a mesma operação.
UOL, 06/fev
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025
Paisagismo nos residenciais ganha relevância com o calor
Projetos imobiliários no Rio de Janeiro priorizam áreas verdes para garantir conforto térmico aos moradores em meio às altas temperaturas de verão.
Reunindo dados de seis institutos internacionais, a Organização Meteorológica Mundial (OMM), órgão ligado à ONU, confirmou que 2024 foi o ano mais quente já registrado na História. A temperatura média global da superfície foi 1,55°C (margem de incerteza de 0,13°C) acima da média de 1850-1900 (período pré-industrial). Na prática, essa diferença fez do ano passado o primeiro com uma temperatura média global superior ao limite de 1,5°C que faz parte do Acordo de Paris.
O Brasil também bateu recordes de calor. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, a média das temperaturas no país em 2024 ficou em 25,02°C, ou seja, 0,79°C acima da média histórica de 24,23°C, registrada entre 1991 e 2020.
Com as mudanças climáticas e as temperaturas extremas cada vez mais evidentes, o mercado imobiliário tem buscado formas de atenuar a temperatura dentro de seus empreendimentos. Os projetos paisagísticos já não se destinam mais apenas ao embelezamento dos residenciais — ganharam também a função de oferecer conforto térmico. Nesse aspecto, até a escolha das espécies plantadas precisa ser muito bem pensada. As palmeiras, por exemplo, que são lindas e têm a cara das paisagens tropicais, não necessariamente oferecem a melhor sombra.
São muitos os fatores que influenciam no desenvolvimento do paisagismo de um empreendimento. Nos bairros planejados da Carvalho Hosken, a composição de plantas e espelhos d’água é constante e vai ganhando novos elementos. Na Península, na Barra da Tijuca, os residenciais ocupam menos de 10% da área total, o que permite ao morador desfrutar de dois parques de 45 mil metros quadrados cada um e uma trilha plana de quatro quilômetros, além de cinco jardins temáticos e praças.
— Usamos muitos elementos para garantir conforto térmico: vegetação, lagos, gramados e pavimentação natural no lugar de asfalto, por exemplo. Assim, conseguimos diminuir o efeito das chamadas “ilhas de calor”, que são comuns nas metrópoles. Para os moradores, isso se traduz em bem-estar e qualidade de vida — observa a head de Incorporação e Marketing da Carvalho Hosken, Amanda Cabral.
No Ilha Pura, também na Barra, do BTG Pactual, o destaque na categoria “sombra e água fresca” é o Parque Frans Krajcberg, com 72 mil metros quadrados de área verde, o equivalente a dez campos oficiais de futebol. Toda a estrutura de lazer está rodeada por centenas de árvores, inclusive frutíferas, além de lagos e espelhos d’água. Um refresco e tanto para os moradores das 3,6 mil unidades do bairro planejado: quando todos os apartamentos estiverem ocupados, serão 15 mil pessoas.
— O parque tem um papel relevante para o entorno, ajudando diretamente na redução da temperatura local e amenizando os efeitos urbanos do calor. Há uma oferta de espaços sombreados bem planejados para incentivar a vida ao ar livre. A escolha das espécies também traz muito frescor, gerando conforto térmico e ajudando a criar corredores de ventilação natural — explica a head de Incorporação do Ilha Pura, Talitha Ribeiro.
A RJZ Cyrela, por sua vez, fechou parceria com a EDSA, empresa norte-americana de arquitetura paisagística e design urbano, para lançar dois novos empreendimentos de alto padrão na Barra: o Woods Park Design by EDSA e o OX Park Design by EDSA. Os residenciais serão erguidos em uma área de 110 mil metros quadrados, com grande parte da área preservada para o bem-estar e a contemplação dos futuros moradores.
Além disso, grandes parques privativos terão espaços de lazer conectados à natureza exuberante da região. Ao que tudo indica, o carioca anda mesmo atrás de um refresco para o verão: 90% das 348 unidades foram vendidas em menos de uma semana de lançamento.
O Globo, 04/fev
terça-feira, 4 de fevereiro de 2025
Piscinas com ondas artificiais para surfistas e clubes privados: quais são as tendências do mercado de luxo
Hotel do grupo Fasano é o primeiro da América Latina a dispor de uma piscina própria para o esporte.
Se há um grupo hoteleiro que não tem o hábito de se render a modismos é o Fasano, o que também vale para o empório, os restaurantes e os bares que completam o portfólio dele. Não adianta procurar por “pontos instagramáveis”, para citar uma das atuais fixações do segmento, em nenhum dos endereços. Nem por pratos ou drinques com apresentações inusitadas, pensadas para viralizar nas redes sociais.
Com uma trajetória que remonta a 1902, quando o milanês Vittorio Fasano inaugurou a Brasserie Paulista, no centro paulistano, o grupo defende a tradição com unhas e dentes. Não à toa, um dos adjetivos mais utilizados para descrever a grife Fasano - da arquitetura à coquetelaria, da elegância à gastronomia - é clássico.
Se a marca se rendeu às piscinas para a prática de surfe, tudo leva a crer, portanto, que elas vieram para ficar - já não dá para classificá-las como mero modismo do mercado de luxo. Trata-se do principal chamariz do 11º hotel do grupo, o Boa Vista Surf Lodge, que dá início a uma nova bandeira - todos os outros em operação, além dos quatro em desenvolvimento, em Miami (EUA), Londres (Inglaterra), Sardenha (Itália) e Cascais (Portugal), carregam o sobrenome de Vittorio.
Recém-inaugurado, o 11º se encontra no Boa Vista Village, um dos dois condomínios erguidos pela JHSFCotação de JHSF em Porto Feliz, no interior de São Paulo. O outro é a Fazenda Boa Vista, que abriga o Fasano Boa Vista, o 4º hotel do grupo.
Cercada por uma faixa de areia, a piscina com ondas artificiais do Boa Vista Surf Lodge é a mesma do condomínio do qual ele faz parte. Com 220 metros de extensão, ela projeta uma centena de ondulações diferentes, com até 22 segundos de duração. Não é só para surfistas, mas eles são o público-alvo - o hotel é o primeiro da América Latina a dispor de uma piscina própria para o esporte.
“A falta de imprevisibilidade das ondas faz com que a piscina seja ótima para quem está começando a surfar”, diz Beny Fiterman, que exerce o cargo de diretor-geral do grupo desde novembro, acrescentando que surfistas experientes não têm do que reclamar. A água é doce e não climatizada, o que o executivo garante não ser um problema.
A decisão de criar uma nova bandeira se deve, em parte, à proximidade do Fasano Boa Vista. “Ao analisarmos as características da localização e o perfil dos frequentadores do Boa Vista Village, concluímos que era necessário criar uma proposta com espírito mais jovem e esportivo, sem abrir mão da excelência de atendimento do grupo Fasano”, afirma Augusto Martins, CEO da JHSF.
A incorporadora é controladora da empresa encabeçada por Gero Fasano e dona das edificações que abrigam o Fasano Boa Vista, o Boa Vista Surf Lodge e os hotéis localizados em Nova York, nos Estados Unidos, e em Punta del Este, no Uruguai. “A nova bandeira poderá ser levada para futuros empreendimentos da JHSF”, diz Martins.
O novo hotel se espalha por um prédio de sete andares projetado pelo escritório do arquiteto Pablo Slemenson, que assina as demais construções do Boa Vista Village. Com 8 mil m2, a novidade foi decorada por Sig Bergamin e seu marido, Murilo Lomas.
“A ambientação remete à Califórnia de outras épocas”, resume o CEO da JHSF. São 57 quartos, que variam entre 45 e 128 m2. Diferentemente da maioria das cozinhas do grupo, o restaurante do hotel não se atém à culinária italiana. Sob o comando do chef William Lima, foca na cozinha internacional com pratos de frutos do mar, massas e grelhados. Piscina interna, spa, academia e quadras de tênis e de beach tennis completam o leque de opções de lazer. As diárias, em média, custam R$ 3.500.
Entre os novos favoritos do mercado de luxo, as piscinas com ondas artificiais roubam a cena. A Fazenda da Grama, condomínio localizado em Itupeva, a 60 km de São Paulo, foi a primeira a oferecer uma delas. Inaugurada em 2021, tem 700 metros de extensão, areia que não esquenta e ondas de até 2 metros a cada 8 segundos. A incorporadora responsável pelo empreendimento é a KSM. Depois, veio o Boa Vista Village.
Dado o sucesso dessa, a JHSF resolveu criar mais um empreendimento em torno de uma piscina do tipo. É o São Paulo Surf Club, que deverá ser inaugurado neste primeiro trimestre. Nos arredores da ponte Estaiada, na capital paulista, terá quadras diversas - de beach tennis a pickleball -, além de academia, spa, restaurante, bar, uma piscina com ondas similar à do Boa Vista Village e torres residenciais. Os títulos do clube custam de R$ 605 mil a R$ 900 mil e a anuidade gira em torno de R$ 25 mil.
Há outros empreendimentos do gênero em fase de desenvolvimento. É o caso da Fazenda Vista Verde, em Araçoiaba da Serra, no interior de São Paulo. Trata-se de mais um condomínio nos moldes da Fazenda Boa Vista, que virou benchmark no segmento. A inauguração está prevista para 2027.
O hotel e a vinícola da incensada marca chilena Vik serão dois dos diferenciais, assim como a piscina com ondas artificiais, que custará R$ 130 milhões. Em Santo Amaro, o Beyond the Club também terá uma piscina voltada para a prática de surfe - esta promete até reproduzir o barulho do mar. O título familiar custará R$ 780 mil e a conclusão das obras está prevista para este primeiro semestre.
Parte dessas novidades espelha outra tendência recente do mercado de luxo no Brasil: o surgimento de clubes privados determinados a aproximar pessoas que partilham do mesmo estilo de vida. É o caso da Soho House.
Apresentada como um clube para criativos, ela foi fundada pelo inglês Nick Jones em 1995. Hoje já são 43 propriedades, a maioria delas no Reino Unido e nos Estados Unidos. Servem, na visão dos administradores, para os associados trabalharem, socializarem, se conectarem, criarem e prosperarem.
O livre acesso a todas custa R$ 20.650 por ano e a anuidade de uma única propriedade custa R$ 8.150. Aos interessados: para fazer parte do quadro de associados, é necessário se submeter a um processo de seleção.
São Paulo já tem uma unidade para chamar de sua. Trata-se da segunda filial na América Latina - a do México foi inaugurada em 2023. “São Paulo é uma cidade global que pulsa com arquitetura de ponta, música e arte, além de outros campos criativos que estão crescendo rapidamente, como moda e design”, disse Andrew Carnie, CEO do Soho House, ao anunciar a novidade paulistana.
Inaugurada parcialmente em junho, ela terá 32 quartos, academia, spa e rooftop com piscina, além de restaurantes e bares. Fica dentro da Cidade Matarazzo, o complexo do qual o hotel Rosewood São Paulo faz parte, e deverá ficar pronta neste ano.
Outro novo clube privado que tem o propósito de agrupar pessoas com interesses em comum é o Resid. “Não gosto do termo exclusivo porque nosso clube não é excludente”, diz Paulo Henrique Barbosa, CEO da novidade. “Buscamos pessoas agregadoras, com interesses em comum e que sejam vistas como referências em suas áreas de atuação. Repare que, em nenhum momento, falei sobre poder aquisitivo, embora, claro, seja necessário dispor dos recursos necessários.”
Segundo o executivo, quem não se enquadra no perfil desejado, por mais dinheiro que tenha, ficará de fora. O nadador paralímpico Daniel Dias é o único membro cuja identidade foi revelada.
São três frentes de negócios. Uma delas abarca as experiências que visam fidelizar o público-alvo. Uma viagem por Módena, na Itália, por exemplo, na companhia dos chefs Alex Atala e Massimo Bottura. O brasileiro é o anfitrião de várias dessas experiências porque também está por trás do negócio. Outra frente é formada pelos hotéis que o grupo pretende tirar do papel - nos quais só os associados poderão frequentar.
O primeiro é o Nas Rocas, em Búzios. Na Ilha Rasa, estava fechado havia quase 20 anos. Nas mãos do Resid, está passando por uma reforma que deverá chegar a R$ 200 milhões. O término das obras dos primeiros 22 bangalôs e da área comum está prometido para este mês. Fernando de Noronha, Paraty, Foz do Iguaçu e Pantanal são alguns dos destinos cotados para as demais unidades.
E há o Resid Exclusive Selection, uma lista de hotéis parceiros - caso do Fasano Trancoso, na Bahia - nos quais os membros do clube podem se hospedar com condições exclusivas. A taxa de adesão é de R$ 360 mil e ainda há R$ 15 mil de anuidade. Esta dá direito a um crédito anual de R$ 90 mil, disponibilizados no aplicativo do Resid, que só podem ser gastos no ecossistema do clube. Serão, no máximo, 2.500 associados. Os primeiros 250 estão sendo selecionados com base em indicações feitas por eles mesmos. Os demais terão de se submeter a um processo de seleção.
“Esses não precisam ser indicados, mas indicações são sempre bem-vindas”, diz Barbosa. O clube é fruto de um investimento inicial de R$ 37 milhões amealhados numa rodada de captação liderada pela gestora Urca Capital Partners.
No mercado imobiliário de altíssimo luxo, uma das novas tendências é a oferta de serviços exclusivos. Recém-lançado, o Daslu Residences São Paulo oferece até serviço de organização pós-mudança, além de governança e concierge.
Nos Jardins, o edifício residencial será erguido pela MitreCotação de Mitre Realty, que adquiriu em um leilão judicial, por R$ 10 milhões, a célebre (e controversa) varejista de luxo que pertenceu a Eliana Tranchesi (1955-2012). A incorporadora não tem planos de ressuscitar a Daslu como loja de moda, apenas como grife de empreendimentos imobiliários de altíssimo padrão.
A unidade de São Paulo - o único no radar, por enquanto - será erguida nos Jardins, praticamente ao lado da avenida Rebouças. Com 31 andares, terá fachada revestida de mármore travertino entre o térreo e o terceiro pavimento, a partir do qual os apartamentos serão empilhados.
Os menores terão 114 m2 (com três suítes e duas vagas na garagem). Já a maior das duas penthouses terá 306 m2 e direito a quatro suítes e três vagas. O Valor Geral de Vendas (VGV) é de R$ 600 milhões.
A novidade terá duas entradas para pedestres, uma na alameda Gabriel Monteiro da Silva e a outra na rua Chabad. Darão acesso ao Boulevard Daslu, que não será restrito aos moradores. O térreo vai abrigar, entre outros negócios, um restaurante do chef Rafael Cagali, dono do Da Terra, em Londres, que ostenta duas estrelas Michelin. Uma escada rolante dará acesso a um spa de 700 m2 assinado pela Renata de Abreu, referência desse universo, e a um simulador de golfe profissional.
Valor Econômico, 04/fev
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