terça-feira, 30 de setembro de 2014

O Rio no detalhe


Imagine um mapa sobre os rios de uma cidade. Agora pense que você pode torná-lo 6  400 vezes maior, como se tivesse em mãos uma lupa gigantesca. Daria até para ver a cor dos peixes. Mais ou menos assim funciona o Atlas das Condições de Vida na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Trata-se de um e-book, desde o mês passado disponível por download gratuito, fruto de pesquisa do cientista político Cesar Romero Jacob, da geógrafa Dora Rodrigues Hees - ambos da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) - e do cartógrafo Philippe Waniez, da Universidade de Bordeaux, na França. O trabalho reúne 112 mapas, além de tabelas, com dados recolhidos de quatro fontes: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Sistema Único de Saúde (SUS), Instituto de Segurança Pública (ISP) e Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os tipos de crime mais comuns em cada área, a tendência das religiões e até as preferências eleitorais de cada município são alguns dos temas revelados e analisados no estudo.

Curiosidades do altas

A análise dos mapas sobre a região metropolitana revela que...

O Rio tem mais mulheres que homens e a Baixada, muito mais homens que mulheres.

Na Zona Norte carioca rouba-se muito carro. Na Zona Sul, celulares e carteiras são mais visados.

Maricá é a cidade que mais cresce em população na região.

Mesmo um condomínio de alto padrão, como o Península, na Barra, tem nuances: no mapa dos rendimentos, aproximando-se em 2 400% a imagem, fica visível que há prédios mais chiques e outros, menos.



Veja Rio, Histórias Cariocas, 30/set

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Há 110 anos, o iníco da Rio Branco


Considerada ainda hoje uma das vias mais importantes da cidade, a Avenida Rio Branco, antiga Avenida Central, foi o principal marco da reforma urbana implementada pelo prefeito Pereira Passos no início do século XX. Há 110 anos, operários começavam as obras na via que, com 1,8 quilômetro, passaria a ligar a região do Porto à Avenida Beira Mar e daria um toque francês à então capital do país com suas belas construções, como a Biblioteca Nacional e o Teatro Municipal. 

Desde sua inauguração, em 15 de novembro de 1905, a avenida passou por muitas transformações, mas conserva grande parte da história da cidade. As atuais obras de reurbanização do Porto Maravilha, que alteraram o trânsito no Centro, deixaram suas pistas apenas para ônibus e táxis que trafegam no sentido Zona Sul. Mas o projeto de revitalização reservou um presente para a bela avenida: em seu trecho inicial, próximo à Praça Mauá, será construído um passeio público, que será entregue em 2016. A obra poderá resgatar um pouco da avenida inicial, arborizada com mudas de pau-brasil, e onde a elegância carioca desfilava em meio aos poucos carros.

Tradição e modernidade. A avenida, ao completar 110 anos do início das obras de abertura: arquitetura do Teatro Municipal contrasta com prédios modernos

O geógrafo João Baptista Ferreira de Mello conta que o projeto inicial previa uma avenida menos larga, mas, por força da rivalidade com a Argentina, onde a Avenida Vinte e Cinco de Maio fora construída com 30 metros, os planos foram alterados e a via carioca foi aberta com 33 metros de largura.

- Falava-se que nunca haveria trânsito para uma avenida tão grande e larga. Ela surgiu pautada nos grandes bulevares parisienses: larga, higiênica, moderna e capitalista. Uma tentativa de criar a "Paris dos trópicos".

Embora seja uma via em que predominam atividades comerciais, culturais e financeiras, na Rio Branco 4 é onde vivem o porteiro João Carlos da Silva, de 54 anos, e sua família. Há 33 anos no local, ele é um dos poucos moradores da avenida.

- Minha filha e minha neta nasceram aqui. Moramos num lugar que conta a história da cidade. Acompanhei daqui o movimento Diretas Já, os desfiles de carnaval - conta Silva, que se gaba da vista da Baía de Guanabara que tem do 20º andar.

Lá embaixo, em frente à estação Carioca do metrô, onde ambulantes vendem de tudo um pouco, o ator Maxy Milhan Showcair, morador de Santa Teresa, se transforma em uma estátua viva, das 10h às 16h.



O Globo, 29/set

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Com cinco prédios e 250 consultórios, complexo médico de última geração chega à Barra


Não serão mais do que algumas dezenas de passos para que um médico saia de seu consultório e chegue a uma sala de cirurgia robótica de última geração. No fim do dia, basta pegar um elevador e ele poderá jogar uma partida de tênis ou ir a uma academia de ginástica. Ter tudo num mesmo lugar é o que promete um novo complexo médico-hospitalar, que será aberto até o fim do mês que vem, na Barra da Tijuca: o Americas Medical City.

São cinco prédios, com área total de 72 mil metros quadrados, que contarão com dois hospitais: o Samaritano e o Vitória. Na semana que vem, após uma inauguração para convidados, a equipe do complexo deve receber pela segunda vez membros do Comitê Olímpico Internacional (COI), que estão avaliando a possibilidade de o espaço ser utilizado como referência durante os Jogos de 2016.

Diretor executivo do Americas Medical City
- O complexo traz para o Rio um conceito novo, em que o hospital não fica sendo apenas um ponto de passagem na rotina do médico. A ideia é que ele passe todo o dia aqui e acabe se transformando num grande promotor de melhorias. Será uma cidade voltada para a atenção integral da saúde - define o diretor executivo do Americas Medical City, Charles Souleyman Al Odeh.

R$ 600 MILHÕES INVESTIDOS

A ideia do empreendimento, que fica junto à Avenida Ayrton Senna, próximo da sede da Subprefeitura da Barra, é não só facilitar o trabalho dos médicos, concentrando hospitais, consultórios e até um centro de treinamento no mesmo lugar, como também fazer com que os pacientes possam, por exemplo, sair de uma consulta e realizar um exame sem a necessidade de deslocamento.

Foram investidos R$ 600 milhões na realização do projeto. Inicialmente, serão disponibilizados pouco mais de 120 leitos nos dois hospitais. Mas, quando estiverem operando em plena capacidade, o Vitória e o Samaritano oferecerão um total de 494 leitos. Há ainda um prédio de consultórios com 252 salas disponíveis. A direção do complexo está finalizando contatos, mas a expectativa é que o Americas Medical City esteja disponível para uma ampla gama de planos de saúde.

O Vitória e o Samaritano são prédios interligados e vão compartilhar as 16 salas de cirurgia que estarão disponíveis. Entre elas, está uma de última geração que permitirá aos profissionais realizarem procedimentos híbridos: será possível, por exemplo, fazer ao mesmo tempo uma cirurgia cardíaca aberta e uma angioplastia. Também há a chamada sala robótica, onde o médico comanda à distância a máquina que faz procedimentos delicados. Outra novidade é uma sala que possui ligação direta com um espaço onde há equipamento para ressonância magnética, permitindo que o exame seja feito durante uma cirurgia, importante para melhorar a precisão em casos como a retirada de um tumor no cérebro.

O complexo conta com o apoio de profissionais renomados, inclusive do exterior, como o professor da UCLA, na Califórnia, Fernando Viñuela, que será o coordenador do programa de neurorradiologia intervencionista da unidade. Como um dos prédios será destinado especificamente para funcionar como um centro de treinamento, o diretor Charles Al Odeh aposta no complexo como um espaço que atrairá profissionais de outros estados ou até de outros países para o aperfeiçoamento, principalmente na área de tecnologia aplicada à medicina.



O Globo, Ruben Berta, 25/set

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Tem gringo na obra


Dos mais de mil trabalhadores envolvidos na construção do Museu do Amanhã, 20% são estrangeiros: russos, ucranianos e romenos, entre outras nacionalidades. Os profissionais foram escolhidos por já terem experiência na execução das complexas obras do arquiteto espanhol Santiago Calatrava.



O Globo, Gente Boa, 25/set

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A arquitetura da densidade


Hong Kong é conhecida como um dos lugares com maior densidade populacional do planeta. Um único prédio chega a ser habitado por nada menos que 19 mil pessoas. E, claro, para abrigar tantas pessoas assim, os espaços internos são os menores possíveis.

Para quem vê de fora, contudo, a arquitetura de Hong Kong impressiona. Os prédios parecem rasgar o céu com uma série de janelinhas coloridas empilhadas. O fotógrafo australiano Peter Stewart descortinou essa realidade na série de fotos "Stacked", ou, "Empilhados".

As fotos foram tiradas do chão (olhando para cima) e de vários andares dos prédios e dão uma ideia de como é a vida vista das janelas desses microapartamentos. Roupas penduradas na janela, pontinhos de luz nos apartamentos e as cores das fachadas chamam atenção, criando uma espécie de arco-íris um tanto sufocante.



O Globo online, Morar Bem, 23/set

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Apesar das promessas, obras de reforma do Hotel Glória ainda não foram reiniciadas


Depois de inúmeras promessas de reforma, o Hotel Glória continua abandonado. Há dois meses, o grupo Acron, que adquiriu o empreendimento do empresário Eike Batista por um valor que é mantido em sigilo, anunciou que as obras seriam retomadas em agosto, mas até agora nenhum operário começou a trabalhar no local. Enquanto isso, os vizinhos daquele que já foi o primeiro hotel cinco estrelas do Brasil reclamam dos transtornos causados pela paralisação da reforma.

Moradores do edifício Itacolomy, que fica ao lado do Hotel Glória, tiveram as paredes de seus apartamentos danificadas pelas obras no hotel, e a vista do Aterro do Flamengo bloqueada por placas de metal, instaladas para proteger os imóveis da poeira. Cansados da escuridão, os moradores de três andares se juntaram e pagaram R$ 3 mil para uma empresa retirar as placas de metal que tapavam as suas janelas.

Apesar desses problemas, o que mais deixa indignada a escritora Alice de Oliveira, que mora no 11º andar do prédio, é a destruição do patrimônio do Hotel Glória. Ela lamentou que o empresário Eike Batista, que comprou o imóvel, tenha paralisado as obras.

- Eu tinha a vista desse lindo hotel. Agora, ele é só um esqueleto. A gente fica triste e sem palavras para descrever esse crime. Não restou nada. É escombro puro - reclamou.

ENTIDADE PODE INGRESSAR COM AÇÃO POPULAR

Vizinhos do hotel, inaugurado em 1922, taxistas do ponto da Rua do Russel também reclamam da interrupção das obras. Segundo Adilson Borges, presidente do ponto, o movimento caiu 80%.

Para o presidente da Associação de Moradores e Ouvidores da Glória e Parque do Flamengo (AMO Glória e Parque do Flamengo), Jorge Mendes, o primeiro erro foi da prefeitura, que autorizou a demolição do Teatro Glória - que funcionava desde 1970 no anexo do edifício - e o retrofit do hotel. Para tentar reverter a situação, a entidade estuda impetrar uma ação popular, a fim de exigir do novo proprietário a restauração do projeto original do Hotel Glória, incluindo o teatro.

- Se os órgãos encarregados de preservar a nossa arte arquitetônica e nossos prédios históricos não tivessem autorizado a demolição, não teria acontecido de um empresário falir deixando um esqueleto muito feio - avaliou Mendes.

A Subsecretaria do Patrimônio Cultural, Intervenção Urbana, Arquitetura e Design informou, em 2010, na época da aprovação da reforma, que uma pesquisa histórica e iconográfica constatou que o Teatro Glória não pertencia ao projeto original. Por isso, teve sua demolição autorizada, para que o prédio principal voltasse a ter seu formato original. Na época, o grupo EBX informou que "o projeto do Hotel Glória garante uma contrapartida cultural para a cidade, ainda a ser estudada e anunciada até o fim do ano". No entanto, nenhum anúncio foi feito.

PREOCUPAÇÃO COM INVASÕES

Na fachada no Hotel Glória, janelas parcialmente tapadas por tapumes não impedem a entrada de invasores. Apesar da presença constante de dois seguranças no local, a fachada, completamente pichada, mostra que vândalos conseguem entrar e sair incólumes do imóvel. A vereadora Leila do Flamengo (PMDB) contou que vem recebendo denúncias de pessoas preocupadas com o risco de que moradores de rua e usuários de drogas invadam o imóvel para erguer no local uma favela, como as que se formaram em um terreno da Oi, no Engenho Novo, que foi desocupado em abril, e na fábrica Tuffy, no Complexo do Alemão, onde moram cerca de duas mil pessoas em barracos improvisados.

- Estamos preocupados com o abandono das obras. A última notícia que tivemos é que o empreendimento foi comprado por um grupo estrangeiro, mas, até agora, as obras não reiniciaram. Há inclusive o risco de invasões, já que os portais de entrada têm uma abertura no andar térreo que facilita o acesso de invasores. Os moradores do bairro estão preocupados, e o hotel já foi pichado - afirmou a vereadora.

Para Jorge Mendes, a fachada pichada comprova que há riscos de invasão. Já Alice de Oliveira, vizinha do hotel, não acredita que moradores de rua possam invadir o Hotel Glória. Ela reclama de outros tipos de invasores: urubus, que fazem seus ninhos nos andaimes das obras abandonadas, e mosquitos, que se proliferam nas poças de água depois de cada chuva.

- Enquanto as obras não forem retomadas, esses animais indesejáveis continuarão hospedados ali - lembrou Alice.

Representantes do grupo suíço Acron, que adquiriu o Hotel Glória, não foram localizados para comentar o assunto. Em julho, o grupo afirmou, em entrevista ao GLOBO, que o hotel, com 352 quartos, ficaria pronto para os Jogos Olímpicos de 2016.

CONSTRUÇÃO DE 4 ESTRELAS TAMBÉM NÃO DECOLOU

Outro projeto hoteleiro do empresário Eike Batista, que nunca saiu do papel mas causou muita polêmica, deixa apreensivos vizinhos do Morro da Viúva. O prédio 170 da Avenida Rui Barbosa, antiga sede do Clube de Regatas do Flamengo, seria transformado no Hotel Parque do Flamengo. O quatro estrelas, com 454 quartos, exigia a reforma do imóvel - construído nos anos 50 -, estimada em R$ 100 milhões, além da retirada de moradores. O investimento era visto com bons olhos pela prefeitura, que chegou a anunciar que perdoaria a dívida de IPTU do clube, de R$ 17 milhões. A anistia era atribuída ao fato de a construção do hotel, que receberia turistas em 2016, atender ao pacote olímpico.

Depois de brigas que chegaram ao Ministério Público - alguns moradores se recusavam a deixar seus apartamentos - o Edifício Hilton Santos está desocupado. Quem mora na região reclama do abandono e teme que o local seja invadido. Segundo o porteiro Antônio de Oliveira, que trabalha em um prédio vizinho, há reclamações de aglomeração de moradores de rua e usuários de droga nas proximidades do Hilton Santos, que exibe sinais de deterioração, como paredes pichadas e janelas quebradas.

A presidente da Associação de Condomínios do Morro da Viúva (Amov), Maria Thereza Sombra, garante, no entanto, que o local não oferece riscos para a população, uma vez que há seguranças armados protegendo o imóvel de invasores. Já o vice-presidente de patrimônio do Flamengo, Alexandre Wrobel, confirmou que o contrato com a REX (empresa do grupo EBX, de Eike Batista) ainda está em vigor. Wrobel afirmou que existem negociações para que o empreendimento seja passado para outro grupo financeiro. Ele ainda tem esperanças de ver o hotel pronto para as Olimpíadas.



O Globo, 22/set

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Rio quer chegar a 450 km de ciclovias e ser a 'Capital da Bike'


Com pouco mais de 370 km de malha cicloviária (a maior do País), a cidade do Rio quer o título de "Capital da Bicicleta" para ela. O objetivo da prefeitura é construir 450 km de ciclovias, ciclofaixas, calçadas e vias compartilhadas até 2016, ano dos Jogos Olímpicos, e incentivar a população a optar pela bicicleta como meio de transporte.

Hoje, pelos cálculos da ONG Transporte Ativo, diariamente 1 milhão de viagens de bicicleta são feitas na cidade. Apesar de reconhecerem as melhorias, os ciclistas dizem que ainda faltam infraestrutura e segurança.

De acordo com o subsecretário municipal de Meio Ambiente, Altamirando Moraes, responsável pela malha cicloviária, a meta é que até 2019, 15% dos deslocamentos sejam feitos com as "magrelas" (hoje são apenas 5%).

"Queremos incentivar o uso racional do automóvel porque sabemos que é possível ter uma cidade com mobilidade sustentável, aliada ao transporte público de qualidade."

A cidade tem 10 mil vagas para bicicletas, entre públicas e privadas, parte delas em estações de trens, metrô, barca e BRT (corredor exclusivo para ônibus) e o ciclista pode embarcar com elas.

Gritaria. Por lei municipal, 5% das vagas em shoppings, supermercados e novas construções devem ser reservadas aos ciclistas. Os novos edifícios também têm que oferecer vestiários. "É difícil vender a cultura de que a cidade é para as pessoas e não para o automóvel, mas percebo que a convivência melhorou. Vejo essa gritaria em São Paulo (pessoas que são contra a ampliação do sistema cicloviário) e me lembro do início aqui (em 2010)", disse o subsecretário, que também é ciclista.

O BikeRio, projeto de aluguel de bicicletas em parceria da prefeitura com empresas privadas, também ajudou a ampliar a quantidade de ciclistas na cidade. Por R$ 10 mensais é possível escolher uma laranjinha, como ficaram conhecidas, em uma das 116 estações e devolvê-la em outro ponto da cidade. Em dois anos serão 260 estações, cada uma com capacidade para dez bikes.

Segurança. A zona oeste possui a maior malha viária e mais vagas, no entanto, a demanda para o centro é alta. Muitos ciclistas reclamam da falta de vagas, de ciclofaixas nas vias principais, da falta de segurança e do desrespeito dos motoristas. Moraes reconhece as dificuldades, mas ressalta que o centro passa por uma série de transformações urbanísticas e, por isso, apenas três das 33 rotas planejadas foram instaladas. "Avançamos, mas na medida do possível", afirma Moraes.

Morador de Piedade, na zona norte, o jornalista Jorge Lourenço, de 28 anos, deixou de ir trabalhar de bicicleta no centro pela falta de segurança.

"Faltam ciclofaixas ligando as regiões da cidade e vagas nos locais de grande demanda. As leis de trânsito são desrespeitadas o tempo todo e o ciclista só escapa de acidentes porque está sempre muito atento."

O entregador de gelo Raimundo Nonato, de 53 anos, não teve tanta sorte. Ele foi atropelado e tem uma cicatriz na coxa esquerda. Depois de mais de um ano do acidente, ele diz que até hoje não recebeu o Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT), pago às vítimas de acidentes no trânsito. "Costumo andar na faixa compartilhada, mas em alguns lugares não há espaço suficiente", afirmou.

No ano passado, ao menos 14 ciclistas morreram em acidentes de trânsito, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Neste ano, ainda não há registro de acidentes fatais.

Ocasionalmente, também há relatos de ciclistas assaltados ou ladrões que usam bicicletas para facilitar a fuga, mas não há dados oficiais. Foi o caso da jornalista Naiara Evangelo, de 24 anos, que quase foi assaltada na Urca, na zona sul. Ela parou em um posto de gasolina para dar passagem a um carro, quando um homem tentou puxar sua mochila.

"Me desequilibrei, mas o motorista do carro me ajudou, e o ladrão fugiu. Fiquei muito tempo sem passar por esse caminho." Naiara contou que raramente vê policiais na região.

A reportagem do Estado percorreu algumas ciclovias da cidade. Em Botafogo, uma pedestre disse que a ciclovia da Rua Visconde de Silva era "uma pista de obstáculos". Além da calçada compartilhada ser desnivelada há hidrantes, árvores e até veículos estacionados.

"Nesse trecho é melhor andar na rua, porque não tem espaço para dividir com o pedestre", avaliou o professor André Dutra, de 36 anos, que só se desloca de bicicleta.

Nos arredores do Estádio do Maracanã, um trecho com cerca de 300 metros não existe. A pista termina em frente ao Museu do Índio - que seria derrubado para a Copa do Mundo, mas foi mantido de pé - e recomeça em outro ponto. Um novo traçado será feito, porém ainda não há consenso sobre a responsabilidade do trabalho: se é da secretaria municipal de Obras ou de Meio Ambiente.

Fórum. Considerada a 12ª cidade "bike friendly" do mundo, segundo ranking da consultoria Copenhagenize, o Rio receberá entre 21 e 23 de setembro o congresso BiciRio para debater o desafio de consolidar uma política de incentivo ao uso de bicicletas nas cidades.



O Estado de São Paulo, 19/set

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Empresas travam corrida pelo nicho de impressão de casas em 3D


A impressão em 3D já foi tratada como uma longínqua ideia futurista. Não mais. A nova técnica, que usa materiais diversos e alternativos, tem ganhado força - e não é apenas na fabricação de objetos. Em todo o mundo, empresas estão na corrida para se apresentarem como a primeira a fabricar uma casa toda em 3D e, claro, abocanhar com exclusividade um nicho que promete revolucionar o mercado da construção e render uma fortuna para os pioneiros.

Este ano, na China, a empresa de engenharia Shangai WinSun Decoration Design Engineering imprimiu dez casas em 3D em apenas um dia, sendo que o custo para cada uma foi de aproximadamente US$ 5 mil. O material usado foi um tipo de concreto feito com resíduos reciclados de obra. O projeto ainda está na fase de teste. Se der, certo... bingo!

Segundo o site Business Insider, em Amsterdã, na Holanda, uma equipe de arquitetos começou a construção de impressão 3D da chamada "Canal House" (Casa do Canal), usando base biológica e materiais renováveis. Uma das grandes apostas é que o método construtivo possa ser menos oneroso e, com isso, acessível para pessoas de todas as faixas de renda.

"O objetivo principal é você oferecer casas customizadas de pronta entrega. Isso significa que você realmente pode imprimir nos tamanhos específicos e criar designs únicos para cada residência. E no resto do mundo, isso pode significar uma habitação mais ecológica e acessível para as massas. A tecnologia 3D na construção pode talvez até eliminar nós mesmos, os arquitetos, pois todos poderão ser designers, e é por isso que queremos estar neste projeto. A única maneira de fazer parte disso, é fazendo", afirma Hedwig Heinsman, co-fundadora da DUS, empresa responsável pelo "Canal House".

As técnicas ainda estão sendo estudadas. Mas na Califórnia, Estados Unidos, o professor Behrokh Khoshnevis está trabalhando no desenvolvimento de uma impressora 3D gigante, capaz de imprimir toda a casa de uma só vez, camada por camada, ao redor da estrutura elétrica e hidráulica. E no procedimento dele, pintar paredes, adicionar telhas e colocar pisos também seriam "funções" da máquina gigante.



O Globo online, Morar Bem, 18/set

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Novo BRT vai conectar parques de Deodoro e Barra


O prefeito Eduardo Paes visitou, nesta terça-feira, o canteiro de obras do corredor Transolímpico, via que vai ligar Deodoro à Barra e ao Recreio. Parte dos dois túneis no Maciço da Pedra Branca previstos no trajeto já está escavada. O primeiro terá 1.300 metros e o segundo, 200. A nova via, com 26 quilômetros de extensão, terá três faixas em cada um dos sentidos, sendo que uma delas será exclusiva para o BRT. As restantes poderão ser utilizadas por outros veículos, mas haverá a cobrança de pedágio. A previsão é que a obra fique pronta no primeiro semestre de 2016.

- É uma obra importante. É outro túnel no Maciço da Pedra Branca, depois do da Grota Funda. A função durante os Jogos de 2016 será conectar os parques olímpicos da Barra e de Deodoro. O mais importante é que vai reduzir em 80% o tempo de viagem. Para ir do Riocentro até Deodoro, hoje se leva duas horas e meia em um dia bom. Esse tempo vai ser de 30 minutos com o novo BRT - prometeu Paes.

FLUXO DEVE SER DE 90 MIL VEÍCULOS POR DIA

A previsão é que 90 mil veículos passem diariamente pela nova via expressa. Além disso, 70 mil passageiros deverão ser transportados por dia com o BRT Transolímpico. Ao todo, haverá 17 estações de BRT e três terminais de integração com outros modais (trens da Supervia e os BRTs Transcarioca e Transoeste).

- A gente espera 70 mil passageiros nesse BRT, mas acho que vai dar mais. Aqui será feita a integração entre vários BRTs. O morador da Zona Oeste vai poder pegar o BRT e se conectar com todas as linhas - avaliou Paes.
 
Segundo o prefeito, na região de Magalhães Bastos o número de desapropriações caiu de 300 para apenas seis. Uma área do Exército foi comprada por R$ 100 milhões, para possibilitar um novo traçado e evitar um grande número de remoções. Na outra ponta da via, na favela Vila União, em Curicica, 876 famílias serão reassentadas. Elas vão para um condomínio com 1.400 unidades do Minha Casa Minha Vida, que está sendo erguido na antiga Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá.

O coordenador geral de obras da Secretaria municipal de Obras, Eduardo Fagundes, explicou que, por se tratar de uma via expressa, os trabalhos começaram pela construção dos viadutos e pontes - 56 no total. Segundo Fagundes, muitas das estruturas já estão prontas, assim como a terraplanagem na Colônia Juliano Moreira.

A implantação do Transolímpico está orçada em R$ 1,6 bilhão, dos quais R$ 1,1 bilhão serão investidos pela prefeitura e o restante pela concessionária Via Rio, formada pelas empresas Invepar, Odebrecht e CCR/AS, que vai administrar a via por 35 anos.



O Globo, 17/set

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Antigos e luxuosos imóveis voltam ao mercado como mansões em Nova York


Depois de décadas sendo usados como sedes para escolas, embaixadas e consulados, alguns dos mais antigos e imponentes imóveis de Nova York estão voltando ao mercado com força total, mas desta vez com um público diferente: as famílias ricas. As moradias podem chegar a custar US$ 50 milhões (R$ 114 milhões) - isso sem contar com o custo de restauração, que também pode chegar a cifras milionárias. A maioria das propriedades deve passar por uma transformação para voltar a ser usada como residência privada. Isso, entretanto, não parece ser problema para quem sonha (e pode bancar!) ter seu próprio castelo.

Segundo Jonathan J. Miller, presidente da Miller Samuel, uma empresa de avaliação, como o mercado super luxo ganhou força ao mesmo tempo em que governos estrangeiros sobrecarregados de dívidas no rescaldo da crise financeira estão procurando maneiras de cortar custos ou gerar dinheiro, esta é a hora de focar em outro público:

"Assim, vemos como tendência o recuo de consulados e o retorno da conversão de mansões em casas unifamiliares", define ele sobre o novo potencial no mercado americano.

O catalisador que colocou esses casarões e sobrados de volta ao jogo é a escalada constante de compradores incrivelmente ricos, muitos deles estrangeiros, com a intenção de adquirir casas que oferecem um nível de privacidade impossível de encontrar em condomínios. Para Del Nunzio, da imobiliária de luxo Brown Harris Stevens, a atual safra de compradores qualificados tem uma qualidade em comum com a maioria dos proprietários originais destas mansões:

"Há definitivamente um sentimento de 'eu vou ser o rei do meu próprio castelo'. E há pessoas dispostas a gastar US$ 50 milhões ou mais para serem os reis de seus castelos, onde sentem que podem controlar tudo e não têm que se submeter às regras afixadas numa placa de condomínio", pontua Nunzio.

"Esta mudança é um reflexo do que está acontecendo na microeconomia de Nova York, onde nós estamos vendo uma nova geração de ricos e, muitas vezes, mais jovens, em que os compradores não têm interesse em se submeter às regras e às limitações apresentadas por um conselho", completa Anna Hall, da Stribling & Associates.

MERCADO TENDENCIOSO

Os imóveis que ainda hoje representam luxo e ostentação e que fazem parte do desejo de muitos ricos, hoje também fazem parte de um movimento no mercado nova-iorquino que os apresenta como opções de moradias às famílias, ao invés de tentar vendê-las para empresas, por exemplo.

A maioria dos imóveis já designados como pontos de referência voltaram para o mercado praticamente ao mesmo tempo, com os planos de marketing praticamente idênticos. Há várias corretoras anunciando-os como caras residências unifamiliares.

"É como um retorno à Idade de Ouro. A demanda por essas casas é muito maior do que a oferta", afirma Sharon Baum, do Corcoran Group. E, segundo ela, com imóveis tão raros e insubstituíveis, a compra se torna praticamente um leilão de arte.


O Globo online, Morar Bem, 16/set

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Incentivo do governo quer deixar mais atraente o uso do imóvel próprio como caução de empréstimo


Dar o próprio imóvel, já quitado, como garantia para tomar um empréstimo não é exatamente novidade. Mas a possibilidade dos bancos usarem 3% dos recursos captados com a poupança para emprestar a seus clientes nessa modalidade, conhecida como home equity, promete movimentar esse mercado. A medida foi anunciada há três semanas pelo Ministério da Fazenda e tem chances reais de baixar os juros cobrados nesse tipo de crédito, que pode ser usado para qualquer finalidade. Inclusive, para financiar a compra de um segundo imóvel.

É que, hoje, os bancos usam recursos de sua tesouraria captados com juros que seguem a Selic, atualmente a 11%, que, claro, são repassados aos clientes a taxas mais altas. Com isso, as taxas no home equity variam dos 13% aos 29% ao ano. Como os recursos da poupança têm juros de 7%, a possibilidade de redução é real.

Assim, estima o Ministério da Fazenda, as taxas do home equity poderiam se aproximar àquelas cobradas pelo crédito imobiliário tradicional - em torno dos 10% a.a. Ou seja, a modalidade de crédito que já é atrativa por ter juros mais baixos que os cobrados em outros tipos de empréstimos, como o consignado ou o cheque especial (que não raro, chegam aos três dígitos), pode se tornar ainda mais atraente.

- Acredito que uma das intenções do governo seja estimular o uso do home equity até mesmo para reformar - avalia Roberto Sampaio, diretor da Empírica Real Estate, gestora de investimentos.

De fato, o produto é pouco expressivo no Brasil. Em julho, correspondia a R$ 12,6 bilhões, ou 0,9% do crédito destinado a pessoa física.Os 3% dos recursos captados com a poupança poderiam injetar R$ 15 bilhões nesse mercado, mas a medida ainda será regulamentada pelo Conselho Monetário Nacional, o que deve acontecer este mês.

É que, apesar das taxas mais baixas, o home equity envolve um alto risco - o de perder o imóvel -, e por isso, só é um bom negócio para quem precisa de valores altos e um prazo longo para pagar. É indicado, por exemplo, para pagar uma pós-graduação no exterior, reduzir dívidas ou abrir um negócio.

- É preciso lembrar que há também uma série de custos cartorários, já que é preciso fazer a averbação da alienação fiduciária no registro do imóvel. Então, se o valor do empréstimo for abaixo dos R$ 50 mil, não vale a pena - analisa Gilberto Abreu, diretor executivo de Negócios Imobiliários do Santander.

É preciso fazer um bom planejamento

Luiz França, diretor de crédito imobiliário do Itaú-Unibanco, lembra ainda que é preciso estar atento à capacidade de pagamento, já que os bancos não permitem que os clientes comprometam valores acima dos 30% de sua renda:

- É um crédito de longo prazo, que compromete o planejamento financeiro. Então, exige cuidado. Se for para reformar o imóvel, é preciso estar certo de que isso vai valorizar o seu bem.

No caso da compra de um segundo imóvel, o crédito até pode ser usado. Mas nada impede que o tomador faça um crédito imobiliário, mais barato. Então, o negócio só será vantajoso para se comprar terreno, ou se o imóvel em questão não puder ser financiado no Sistema de Financiamento Imobiliário. Por isso, especialistas não acreditam no aumento do home equity para a compra do segundo imóvel.

- Com o déficit de 6 milhões de habitações, vai demorar para termos onda do crédito para a segunda casa - acredita José Rocha Neto, diretor da área de Empréstimos e Financiamentos do Bradesco.

Ou seja, não haveria o risco de uma bolha imobiliária como a americana de 2008, motivada, em parte, pelo grande número de operações de home equity em diferentes instituições financeiras com um único imóvel como garantia. Até porque, as regras vigentes no Brasil não permitem essa multiplicidade de operações com garantia única.



O Globo, Karine Tavares, 14/set

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Ferramenta permite saber quanto vale o seu imóvel


Uma das grandes dúvidas de quem quer colocar o próprio imóvel à venda é que preço anunciar. E de quem compra, uma ideia de quanto custa um apartamento em determinada região. Para que os futuros vendedores tenham uma ideia do que solicitar - e os compradores de quanto terão que desembolsar -, o Zap, portal de imóveis on-line, criou uma ferramenta que permite saber qual é o valor médio atualizado de um apartamento. E isso através de uma busca pela região, rua e até pelo nome do edifício.

A estimativa é feita a partir de uma base de dados do site que incluem os anúncios já publicados da rua ou do prédio, a valorização do metro quadrado do local, a correção do Índice FipeZap, além de considerar os empreendimentos e facilidades no entorno, como mercados, shoppings e áreas de lazer. O serviço é gratuito e abrange todo o país.

- Nossa base de dados inclui anúncios feitos nos últimos 10 anos, que têm seus preços corrigidos segundo cálculos do FipeZap. Também aplicamos sobre os valores já um desconto de 6,5%, que, de acordo com estudos que fizemos, é a margem de negociação geralmente praticada no mercado - explica Eduardo Schaeffer, CEO do ZAP.

Ele ressalta que a ferramenta tem o objetivo de servir de estimativa e não como é uma avaliação precisa.

A consulta pode ser feita no link Mapa de preços. Basta colocar o nome da rua ou edifício onde você quer consultar que a ferramenta vai procurar a referência mais próxima, caso não tenha especificamente no prédio de interesse. Na tela, vão aparecer pontos vermelhos. É só passar o mouse sobre eles que será possível visualizar: a data do último anúncio, o preço médio do metro quadrado e valor estimado do imóvel. Quando disponível, também podem ser vistos dados da tipologia, como área útil e dormitórios. A ferramenta também mostra se o preço anunciado é compatível com os demais ao redor.



O Globo online, Morar Bem, 12/set

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Locação acelerada


A economia brasileira pode estar andando de lado, mas ninguém quer ser pego desprevenido em caso de retomada, revela um estudo da consultoria americana Cushman & Wakefield. Para a consultoria, que constatou um crescimento de 70% na absorção líquida do estoque de condo­mínios industriais em São Paulo, no segundo trimestre do ano, com a locação de 235 mil metros quadrados, o resultado foi uma surpresa, já que a expectativa era de queda na demanda. "O cres­cimento foi puxado pelas empresas do setor varejista de alimentos e bebidas", diz Mario Sergio Gurgueira, diretor da C&W.



IstoÉ Dinheiro, Clayton Netz, 10/set

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Imóvel em Mônaco está sendo anunciado como o mais caro do mundo, por R$ 873 milhões


O imóvel considerado o mais caro do mundo deve chegar ao mercado a partir do próximo ano pela bagatela de 300 milhões de euros, o equivalente a R$ 873 milhões. A cobertura, que fica em Mônaco, na Riviera Francesa, tem 3.500 metros quadrados, ocupando do 45º ao 49º andar do arranha-céu Tour Odeon, e fica a 170 metros de altura do nível do mar, com uma vista privilegiada do mar Mediterrâneo.

O apartamento terá cinco quartos, uma cozinha em cada andar, todas ligadas por um elevador de serviço, sauna e um cinema privado. E a cereja deste bolo milionário é uma piscina com borda infinita no terraço, segundo o site Challenges. A previsão é que o edifício, que está sendo construído pelo Groupe Marzocco SAM, seja entregue em setembro de 2015. O projeto é do arquiteto Alexander Giraldi, com um design inspirado em Paris no início do século XX.

Mas não é mero acaso que uma das mais caras propriedades do mundo esteja em Mônaco. De acordo com a Bloomberg, a região está experimentando um boom de luxo de habitação com o grande fluxo de milionários e bilionários que querem escapar de impostos mais elevados ou de perda de sigilo bancário. Este fluxo é reflexo da migração de moradores e investidores da Suíça, onde as leis de sigilo financeiro estão desmoronando, disse Jean Claude Caputo, diretor da corretora Savills Plc, na unidade da Riviera Francesa. "Eles são atraídos pela segurança, sofisticação e clima, bem como por razões financeiras. O governo suíço assinou um acordo em maio para compartilhar automaticamente os dados bancários através das fronteiras", disse Caputo.

SARAH JESSICA PARKER PÕE IMÓVEL À VENDA COM DESCONTO

E falando em residências milionárias, a atriz Sarah Jessica Parker e seu marido Matthew Broderick abaixaram o preço do seu imóvel à venda em Greenwich Village, Manhatan, Nova York. O apartamento de 6.800 metros quadrados e cinco quartos foi colocado à venda há dois anos por US$ 25 milhões.

O casal retirou o imóvel do mercado e, agora, com desconto, ele está disponível por US$ 22 milhões (R$ 49 milhões). Segundo o site Curbed, o casal supostamente nunca realmente viveu na casa. A residência tem sete lareiras, um jardim paisagístico, uma suíte master com terraço, dois closets e uma banheira de pedra esculpida à mão. O casal comprou o lugar em 2011 por menos de US$ 19 milhões.



O Globo online, Morar Bem, 09/set

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Ilha Pura: um novo bairro totalmente sustentável na Barra


O cenário é espetacular - ao fundo, o contorno das montanhas do Maciço da Pedra Branca, à frente, a Lagoa de Jacarepaguá e o mar no horizonte. De carro, são menos de cinco minutos até a praia. A Ilha Pura, um bairro maior que o Leme, surge em meio à efervescência das primeiras Olimpíadas da América do Sul, numa área de 907 mil metros quadrados, e abrigará as instalações em que os 18 mil desportistas ficarão hospedados durante os Jogos.

As Olimpíadas serão o segundo grande evento internacional na região. Em 1985, o terreno da Ilha Pura abrigou o primeiro festival de rock realizado no Brasil, o Rock in Rio. O empresário Roberto Me- dina, autor da empreitada, lembra como chegou ao local, um ano antes do evento: "em 1984, a Barra era pouco povoada e o Carlos Fernando de Carvalho me ofereceu três opções de terreno. Escolhi o que era mais difícil de trabalhar, porque de¬pendia de aterro. Mas minha intuição es¬tava certa. O Rock in Rio acabou acontecendo numa área que virou estratégica para a Barra", diz. Tão estratégica que vai abrigar o primeiro bairro sustentável da América Latina, com sete condomínios, distribuídos por 31 torres, num total de 3.604 apartamentos, de 2,3 ou 4 quartos. Os edifícios exibirão fachadas diferentes e serão separados por grandes áreas verdes. Cada um deles também terá sua própria área de lazer.

No novo bairro, as bicicletas estarão com tudo. Incentivando um estilo de vida mais sustentável, uma ciclovia de quatro quilômetros e meio interligará os condomínios. Para valorizar a beleza da região, a Ilha Pura ganhou detalhes caprichados. Toda a fiação (redes elétrica, telefônica e de TV) será subterrânea. Cada condomínio terá portarias e acessos próprios. Um parque de 72 mil metros quadrados, projetado pelo escritório de Burle Marx, integrará todo o espaço.

Passear pelo parque público da Ilha Pura será uma viagem pelos cinco sentidos. O paisagista Benedito Abbud, responsável pelo projeto de integração do parque com os condomínios, explica que as espécies foram escolhidas de maneira a trabalhar com a visão, o tato, o olfato, a audição e o paladar dos visitantes. Assim, o parque terá espécies de floração abundante para contemplar a visão. Os ipês, que florescem em junho e julho, prometem dar colorido especial aos Jogos Olímpicos. Pés de frutas tropicais responderão pelo quesito paladar. O olfato será atendido por plantas e flores aromáticas, enquanto o tato estará representado pelas texturas diferentes das folhas e caules. "Estamos trabalhando neste projeto há quatro anos, para que ele seja uma identidade da Ilha Pura", explica Abbud. A idéia é fazer uma integração com a vegetação de Mata Atlântica do Maciço da Pedra Branca e com a restinga e o mangue remanescentes do complexo lagunar da região. "Queremos valorizar a relação da natureza com o homem" traduz o diretor da Burle Marx e Cia, Haruyoshi Ono, que assina o projeto paisagístico da Ilha Pura. Um viveiro abastecerá o parque com as espécies. Nele, já foram plantadas 35 mil mudas. O parque, terá quadras e trilhas para caminhada e lagos com iluminação especial. "Não existe nada semelhante no Rio", diz Abbud.

A palavra-chave na concepção da Ilha Pura é a sustentabilidade. O bairro acaba de receber a certificação Leed (Leadership in Energy and Environmental Design) para Desenvolvimento de Bairros. São dois selos verdes para o bairro e dois para os prédios.

O Green Building Council - organização não governamental que estimula a construção sustentável - concedeu à Ilha Pura a certificação internacional pela primeira fase de execução do projeto, significando que o empreendimento trabalha com princípios de crescimento planejado e inteligente, urbanismo sustentável e edificações verdes.

"São avaliados 110 itens, como o reaproveitamento de águas cinzas e o uso de madeira certificada", diz o Diretor-Geral da Ilha Pura, Maurício Cruz Lopes. To¬dos os 110 requisitos foram cumpridos. "Somente com a instalação de uma usina de concreto no canteiro de obras, o que dispensou a contratação de 180 caminhões, evitamos a emissão de 170 toneladas de gases de efeito estufa", exemplifica o executivo.

Além do Leed, a Ilha Pura é o primeiro empreendimento do Rio de Janeiro a receber a certificação Aqua (Alta Qualidade Ambiental) Bairros e Loteamentos da Fundação Vanzolini. A mesma entidade concedeu o Aqua Habitacional para todas as 31 edificações da primeira fase do novo bairro. Neste caso, a Ilha Pura foi avaliada pela qualidade de vida que oferecerá aos seus moradores. "Também recebemos o Selo Casa Azul, da Caixa
Econômica Federal", acrescenta Lopes, numa referência à certificação concedida a empreendimentos que adotam soluções sustentáveis na construção, uso, ocupação e manutenção de edifícios.

Tanto reconhecimento tem justificativa. As chamadas águas cinzas (coletadas em pias e chuveiros) serão tratadas numa estação própria e reaproveitadas nas instalações sanitárias, na irrigação dos jardins e na manutenção do nível dos lagos.

Os prédios terão telhado verde, diminuindo a temperatura na laje - os andares mais altos, por exemplo, ficarão mais frescos. Os vidros da fachada serão eficientes, filtrando a luz solar. Em conseqüência, o calor diminui e aumenta a luminosidade natural.

Nas áreas comuns, haverá totens para a recarga de bicicletas elétricas e, suprassumo da modernidade: as garagens contarão com carregadores para carros elétricos. "Os moradores vão sentir a economia nas contas de luz e água. Um prédio sustentável é bom para a natureza e para o bolso", assinala o Diretor Geral da Ilha Pura.



O Globo, Especial Cidade Planejada, 06/set

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Chegam ao Rio os guarda-volumes modernos


Encontrar um lugar para guardar móveis e objetos pessoais em momentos complicados como o de uma obra em casa, mudança ou separação, ou até mesmo por períodos mais prolongados, já que o espaço dos apartamentos está cada vez menor, nem sempre é uma tarefa fácil. Mas alguns empresários parecem ter percebido isso e vêm investindo no que, em outros países, costuma ser chamado de self storage. Um espaço ocupado por boxes ou contêineres de tamanhos diferentes que tanto podem comportar algumas poucas caixas, como a mobília inteira de uma casa.

Isso permite que se guardem itens que precisam de manutenção ou limpeza frequente, como coleções, por exemplo - explica Delgado, da Guarde Perto.

Outra facilidade é que enquanto os depósitos costumam ficar em áreas mais afastadas ou em periferias da cidade, os self storage escolhem sempre bairros centrais, de fácil acesso e próximos a áreas residenciais adensadas. Tanto que nos Estados Unidos, o serviço existe desde a década de 1960. Hoje, o país tem cerca de 60 mil unidades que faturam US$ 24 bilhões (R$ 54 bilhões) anuais. No Brasil, são 90 unidades já registradas.

Os preços vão de R$ 135, um boxe com um metro quadrado, a R$ 2.150, o de 30m². Os planos mais comuns são os mensais que se renovam automaticamente com o pagamento da mensalidade. Mas, as empresas costumam negociar planos semestrais ou anuais.

Recentemente, o Rio ganhou três unidades, todas com planos de expansão, e localizadas em pontos diferentes, mas centrais, que podem ser uma mão na roda para moradores de diferentes regiões da cidade. A grande vantagem é que cada espaço tem uma chave ou trave exclusiva que apenas quem aluga tem acesso. E é possível contratar o serviço em planos mensais, semestrais ou anuais.

Mais antiga das três empresas cariocas foi inaugurada há um ano, em Botafogo. O Guarde Perto tem um sistema de armazenamento automatizado, executado pelo próprio cliente. O carro chega até bem perto da porta de acesso às áreas do boxe para facilitar o transporte de itens mais pesados. A entrada é controlada por biometria e cada cliente pode cadastrar até cinco pessoas que podem ter acesso a essa área.

- O carro não vai até o boxe porque há boxes muito pequenos de apenas um metro quadrado. Então, não faria sentido. Mas pensamos no espaço de forma a garantir a segurança dos clientes - conta Rodolfo Delgado, um dos sócios da empresa, que oferece espaços de um a sete metros quadrados.

A carência na região era tão grande, que no primeiro mês de funcionamento, todos os 100 boxes iniciais já estavam alugados. Hoje, a empresa tem 200 boxes no edifício-garagem alugado para abrigar o depósito e já lançou, inclusive, um sistema de franquia. Com isso, é possível que em três meses comecem a surgir unidades em outras regiões, como Centro, Zona Oeste e também na Zona Sul.

As outras duas marcas presentes na cidade, abriram suas portas na Zona Norte. A Guarde Aqui, que já tinha cinco lojas no país, abriu o primeiro espaço carioca esta semana na Tijuca, onde oferece boxes que vão dos 2,25m² aos 500m². O cliente paga antecipadamente pelo mês de uso e recebe um código de acesso. Com esse código, ele consegue acessar as instalações e só abre o seu próprio boxe. Além disso, as instalações tem um sistema de segurança monitorado 24 horas com câmeras. E o contrato de locação ainda contempla seguro contra incêndio e catástrofes naturais.

Já a MetroMax aportou no Santo Cristo na semana passada. Em poucos dias já está com 30% de seus 250 boxes locados. Os espaços vão de 1m² a 30m² e um pé-direito de três metros, o que garante a possibilidade de guardar móveis grandes, por exemplo. E, a quem tiver objetos menores ou coleções, a empresa tem uma lojinha que vende e aluga produtos para auxiliar o cliente no armazenamento de seus bens como estantes metálicas, caixas de papelão, plástico-bolha, fita adesiva, tesoura. Afinal, o objetivo de um self storage é oferecer praticidade.

- O cliente precisa ter acesso fácil ao local, por isso optamos por uma região estratégica, próxima tanto da Zona Norte como da Sul. Ter segurança dentro do espaço, por isso os acessos são controlados por senha. E não ter dor de cabeça no aluguel. Por isso, o contrato é simples, pode ser fechado na hora, sem a necessidade de fiador - diz Raul Trejos, da MetroMax.

Embora cada metro quadrado seja suficiente para guardar objetos que, em casa, ocupariam até 15 metros quadrados, algumas empresas oferecem espaços amplos porque eles atendem também a pessoas jurídicas e comerciantes que, muitas vezes, utilizam os boxes como estoque ou para guardar documentos, por exemplo. No caso da Guarde Aqui, os clientes são 50% pessoas físicas, que guardam coisas de casa, e 50% de empresas. Nenhum problema. As restrições, em todas as empresas do setor, são em relação a produtos perecíveis, proibidos pela legislação brasileira, inflamáveis, corrosivos ou radioativos. Ou seja, aqueles que podem gerar algum problema de segurança.

O mercado, aliás, já oferece seguros específicos para quem guarda bens em self storage. Cabe ao cliente declarar o valor aproximado das mercadorias armazenadas e escolher o seguro. O mais barato cobre produtos de até R$ 10 mil e tem uma mensalidade de R$ 32.

Conceito novo no Brasil, o self storage trabalha com a ideia de que somente o proprietário pode ter acesso ao espaço onde seus bens estão armazenados. E, nisso, é bem diferente de depósitos ou guarda-móveis, por exemplo. Enquanto nos depósitos, as áreas são compartilhadas e é preciso marcar hora para ter acesso a seus bens, os self storage costumam ter acesso liberado, mesmo que em horário comercial, quantas vezes quiser e pelo tempo que o cliente necessitar ficar lá.



O Globo, Morar Bem, 07/set