sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Aquário do Parque Lage passará por megarevitalização


Projetado pelo paisagista inglês John Tyndele no século XIX, o aquário do Parque Lage vai passar por uma megarevitalização. Ganhará novo sistema de filtragem e aquecimento de água e iluminação que permitirá ajustar a cor mais adequada ao habitat de cada tipo de peixe. A medida também fará com que o horário de visitação, hoje limitado à luz solar, seja prolongado.

Responsável pelo projeto, Thiago Vasconcellos, técnico em aquarismo, vai substituir algumas espécies por peixes brasileiros que representem as 12 bacias hidrográficas do país. Atualmente, das 20 espécies que existem ali, apenas nove são daqui. "O aquecimento da água é fundamental para os peixes da Amazônia", destaca. O aquário revitalizado será aberto ao público no final de setembro, com mostra sobre o Rio Paraíba do Sul.



O Globo, Gente Boa, 29/ago

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Linha 4 do metrô: escavação da estação Nossa Senhora da Paz é concluída


O Consórcio Linha 4 Sul, responsável pelas obras de expansão do metrô, informou, nesta segunda-feira, que foram concluídas as escavações da estação Nossa Senhora da Paz, em Ipanema. Um dos acessos para passageiros já está pronto e o outro, na esquina da Rua Maria Quitéria com Avenida Visconde de Pirajá, precisa apenas das escadas para ser finalizado. As bilheterias do mezanino também já ficaram prontas. Técnicos trabalham na conclusão da armação da laje de fundo, para as últimas concretagens desta etapa. Um ano e dez meses depois de ter sido cercada por tapumes, a praça já teve 30% do espaço liberados ao público.

A 22 metros de profundidade, a estação é uma das seis que compõem a Linha 4 do metrô, que vai ligar a Ipanema à Barra da Tijuca, na Zona Oeste. A previsão é a de que 47 mil pessoas utilizem a estação diariamente. O consórcio estima que o tempo de viagem da Praça Nossa Senhora da Paz até a Carioca seja de 18 minutos. Para a estação Jardim Oceânico, na Barra, serão 13 minutos.

Com 16 quilômetros de extensão, a Linha 4 deve ser entregue no primeiro semestre de 2016, beneficiando mais de 300 mil pessoas por dia. As outras estações são Jardim Oceânico, São Conrado, Gávea, Antero de Quental e Jardim de Alah.

TRECHO REABERTO TEM CORETO, LAGO E MONUMENTOS

No espaço reaberto da Praça Nossa Senhora da Paz estão o coreto, dois monumentos, o laguinho e uma das figueiras mais antigas da praça. O lago recebeu novo sistema de oxigenação da água, o que ajudou a aumentar a população de peixes: cerca de mil carpas e 800 tilápias, segundo o consórcio responsável pelas obras do metrô. O funcionário encarregado geral do canteiro de obras ficou com a tarefa de cuidar da figueira quase centenária e alimentar os peixes durante a interdição da área.A interdição parcial da praça para obras do metrô não agradou aos moradores, que chegaram a recorrer à Justiça. Em outubro de 2012, o estado conseguiu suspender a liminar que determinava a paralisação da obra. A ação cautelar fora movida por moradores do bairro, que protestaram contra o projeto que obstruía a área de lazer. Eles reivindicavam uma outra alternativa para a construção da estação.

O grupo promoveu manifestações e conseguiu um abaixo-assinado com mais de 16 mil adesões contra a interdição parcial do espaço e a retirada de árvores centenárias. A praça, então, mesmo durante as obras, teve um pedaço aberto ao público. O trecho, próximo às ruas Joana Angélica e Barão da Torre, somado ao cantinho da praça que não foi interditado, tem agora um total de 46% de área livres de obras.



O Globo, 26/ago

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Como levar a sustentabilidade para dentro de casa


Da torneira com sensor automático que funciona a bateria à cobertura em formato de onda que facilita a circulação interna do ar, melhorando as condições térmicas do interior da casa. Na Expo Arquitetura Sustentável, que acontece de terça a quinta, em São Paulo, será apresentada uma série de produtos e soluções inovadoras, já disponíveis no mercado.

Os exemplos vão desde a aplicação desses produtos em casas-conceito à apresentação de projetos de arquitetura que serão realmente construídos. É esse o caso da "Casa 88°". O imóvel que será construído na Fazenda Boavista, em São Paulo, terá 600 metros quadrados e foi projetado pelo escritório Atelier O'R para um cliente que queria ter uma casa 100% sustentável.

- Não é possível atingir 100% de sustentabilidade. Só em construir já não está sendo sustentável. Mas, com esse projeto, procuramos minimizar o impacto negativo e maximizar o positivo - conta Patricia O'Reilly, arquiteta e diretora do escritório.

O nome, Casa 88°, faz uma referência a uma graduação criada por seu escritório para medir a sustentabilidade de uma edificação. A máxima seria atingida ao respeitar 88 premissas, que estão previstas nesse projeto. O conforto térmico é um deles, que, nesse caso, é facilitado pela cobertura em formato de onda sustentada por vigas de tamanhos diversos. Os pontos mais altos foram planejados para permitir a saída do ar quente, o que ajuda a diminuir os efeitos de ilha de calor no interior da casa.

O beiral também foi projetado de forma que seja estreito o suficiente para permitir a entrada do sol do inverno, mas largo o bastante para barrar o do verão, mais intenso. E, nas áreas de laje plana, a casa tem telhado verde que também ajuda a resfriar o interior dos ambientes. Com 200m² de área descoberta, o imóvel ainda terá paisagismo com espécies nativas, além de painéis fotovoltaicos para produzir parte da energia consumida, captação de água da chuva e uso de madeira certificada.

- Não estamos inventando a roda. Apenas fizemos uma escolha criteriosa dos materiais usados e resgatamos conceitos que já existem há muito tempo na arquitetura - conta Patricia, que fez um consórcio com outras três empresas para a construção: Gaia Construtora, Mado Janelas & Portas e Rewood Madeira Laminada.


Já a "Casa Aqua" será montada na feira para apresentar, in loco, soluções que podem ser levadas para dentro de casa. A construção será toda a seco com steel frame e wood frame. A telha utilizada é feita com papelão e um produto derivado do petróleo (pouco sustentável, mas melhor que o amianto). E sua posição foi invertida para facilitar a coleta de água da chuva e aumentar a ventilação natural no interior da casa.

O projeto prevê ainda a cogeração de energia, através de painéis fotovoltaicos e geradores eólicos. E do uso de torneiras com sensores de presença que funcionam a bateria - carregadas pela energia criada pela própria água. Além de descargas com fluxo até 25% menor.

- Todo mundo pode ter um pouco da "Casa Aqua" em sua casa. Mas deve adotar a solução que for melhor para o seu caso - explica Luiz Henrique Ferreira, diretor da Inovatech, empresa responsável pela casa-conceito.



O Globo, Morar Bem, 24/ago

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Baixa inadimplência e queda de preços eliminam 'bolha'


Em 2008, crédito imobiliário era 69% do PIB nos EUA. No Brasil subiu de 2% para 7%

O incentivo anunciado pelo governo, nesta quarta-feira, para que imóveis quitados sejam usados como garantia em qualquer tipo de operação de crédito, não deve gerar uma bolha imobiliária no Brasil, mas há riscos de elevar exageradamente o consumo e, por consequência, gerar pressão inflacionária.

A avaliação é do advogado Rodrigo Bicalho, sócio do escritório especializado em direto imobiliário Bicalho e Mollica Advogados. "O home equity já existia, mas o governo está criando incentivos para que os grandes bancos façam esse tipo de operação", explica.

Poupança

De acordo com uma das medidas anunciadas, até 3% dos recursos da caderneta de poupança aplicados no mercado imobiliário poderão ser usados para operações de crédito, de qualquer finalidade, que tenham imóveis quitados como garantia.

O Ministério da Fazenda estima que a medida poderá gerar até R$ 16 bilhões em novas operações. A mudança passa a valer a partir da resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN).

'Subprime'

Para Bicalho, a medida não incentiva necessariamente a compra do segundo imóvel, e não deve provocar, por si só, a elevação dos preços do setor. "Os benefícios ao mercado imobiliário não devem levar à escalada de preços, pois a oferta está maior que a procura. Aliás, os preços estão razoavelmente estabilizados e pode ser que haja uma alta pontual em alguns locais, como bairros valorizados, mas não uma elevação generalizada", explica.

Por esse motivo, bem como pela baixa inadimplência no setor e pelo valor decrescente dos financiamentos, o advogado não acredita em bolha imobiliária. Bicalho observa que, muitas vezes, o mercado de home equity é associado à crise imobiliária norte-americana (subprime), mas há grandes diferenças.

Em 2008, a relação crédito imobiliário sobre o PIB nos Estados Unidos era de 69%. No Brasil, o indicador era de 2% e atualmente, é em torno de 7%. Além disso, nos EUA era possível que os cidadãos realizassem uma segunda hipoteca simultânea da casa, o que não é permitido no crédito imobiliário no Brasil, que tem também uma análise de crédito mais rigorosa.

Cautela

O estímulo, entretanto, deve ser visto com cautela pelo setor financeiro. "A medida é positiva, mas o acesso ao crédito pode levar ao mau uso e gerar inadimplência. Isso gera insegurança", afirma Bicalho, ao lembrar que, historicamente, o governo tem sido intervencionista quando o assunto é habitação.

"Se as pessoas passarem a se endividar por conta do home equity e não conseguirem honrar com seus compromissos e, assim, começarem a perder seus imóveis, há o risco de intervenção governamental ou jurisprudencial para evitar que os brasileiros percam suas casas. Não seria a primeira vez", pondera.

Espanha

Também na Espanha, por exemplo, o governo chegou a suspender as execuções imobiliárias, o que levou praticamente à moratória generalizada. Uma das formas de evitar esse risco seria limitar o valor do empréstimo, tanto em valores absolutos, quanto em relação ao imóvel dado como garantia.

"Assim, o risco de inadimplência será mais improvável", garante Bicalho. Tal medida, entretanto, limitaria o alcance da medida colocada em prática pelo governo.



Monitor Mercantil, 21/ago

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Governo tenta dar novo fôlego para o crédito imobiliário


Com o anúncio de medidas para destravar o crédito, o governo procurou dar fôlego também ao financiamento imobiliário e um dos maiores beneficiados deverá ser a Caixa Econômica Federal, que é o maior agente desse mercado no país.

O banco estatal, assim como as demais instituições privadas, poderá usar sua carteira de crédito para emitir Letras Imobiliárias Garantidas, conhecidas como "Covered Bonds", que funcionarão como uma nova alternativa de recursos para financiar a expansão do crédito no setor.

"Esses títulos vão criar funding adicional para o mercado de crédito imobiliário e atrair investidores estrangeiros que gostam desse tipo de papel", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

O governo acredita que o novo papel pode alcançar valores semelhantes aos R$ 100 bilhões negociados atualmente em Letras de Crédito Imobiliário (LCI). Assim como as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e as LCIs, esse novo título será isento imposto de renda. A diferença em relação aos demais papéis é que os bancos também usam uma parcela de seu patrimônio para dar em garantia aos títulos, que acabam tendo uma segurança maior para o investidor.

O governo também anunciou que até 3% dos recursos da caderneta de poupança, o que representa hoje R$ 16 bilhões, poderão ser destinados a financiamentos cuja garantia é o imóvel quitado ("home equity"). Nesse caso, o governo quer estimular linhas em que o consumidor dá o imóvel em garantia e pode usar o crédito para qualquer finalidade. Esse tipo de transação já existe no país, porém, é incipiente, porque não contava com funding adequado.

As mudanças feitas nos regras do setor imobiliário serão disciplinadas por meio de medida provisória e resoluções do Conselho Monetário Nacional. A Fazenda informou que todas devem ser publicadas até o fim da semana que vem.

Entre as medidas focadas na recuperação do setor imobiliário, também foi anunciada a concentração de todas as certidões necessárias para a aquisição de imóveis em um mesmo cartório, concentrando, na matrícula do bem, todas as pendências jurídicas. Esse deve ser um dos pontos mais polêmicos das medidas anunciadas, já que enfrenta resistência dos cartórios, que perdem receitas.

O crédito consignado para trabalhadores do setor privado também terá novas regras. O objetivo do governo é fazer com que esse mercado, muito bem sucedido no caso de empregados do setor público, possa crescer entre as companhias privadas.

Pelas novas regras, os empregadores repassarão às instituições financeiras o valor da parcela devida por seus funcionários antes mesmo do depósito do salário do tomador do empréstimo. Além disso, se a empresa mudar a folha de pagamento de banco, o tomador continuará recebendo na instituição credora até quitar o débito.

O banco, no entanto, ficará com o risco de o trabalhador pedir demissão do emprego. Nesse caso, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Paulo Caffarelli, explicou que a instituição financeira terá que negociar o crédito com o tomador, baseado no contrato assinado.

Uma outra regra que o governo pretende alterar reduzirá os custos jurídicos dos bancos, ao mesmo tempo em que permitirá uma maior utilização de créditos tributários pelas instituições financeiras. As operações de empréstimos que vencerem a partir da publicação da medida provisória que vai disciplinar o assunto poderão gerar créditos tributários sem que o banco tenha necessidade de entrar com ação na Justiça, caso a dívida em atraso seja de até R$ 100 mil e não tenha garantia real, ou R$ 50 mil para as situações em que há garantia. A regra atual exigia a discussão judicial para que o banco pudesse ativar e usar seus créditos contra a Receita Federal.



Valor Econômico, 21/ago

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Onde o bonde fazia a curva


Trilhos do antigo bonde que circulava pela Zona Sul foram encontrados nas escavações da Linha 4 do metrô, no trecho da Visconde de Pirajá, altura da Henrique Dumont - bem no Bar 20, onde o bonde fazia a curva, no início do século passado. 

Exposição e estudo

"Achamos aros inteiros e coletamos até fragmentos com bitolas de diferentes formas. Vamos montar uma exposição e fazer um estudo detalhado sobre os bondes que passavam nos bairros de Ipanema e do Leblon", conta Cláudio Prado de Mello, arqueólogo responsável pelas pesquisas nas obras.



O Globo, Gente Boa, 29/ago

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Casa nos Hamptons de Truman Capote está à venda por US$ 13,9 milhões


Em 1962, o socialite americano Truman Capote, autor de "Bonequinha de Luxo", contratou um carpinteiro para construir uma casa nos Hamptons, Long Island, exatamente como ele gostaria que fosse. Não era uma mansão de vidro, material que estava cada vez mais popular nas novas construções. De fato, não era nem um pouco requintada. Ele queria uma casa simples, de madeira. Era "um lugar para ficar sozinho", disse ele certa vez.

Foi nela que escreveu seu livro de maior sucesso, o romance-reportagem "A sangue frio", em 1966, e passou seus outonos e invernos até sua morte em 1984. E, agora, o "Kansas com uma brisa do mar", como ele certa vez descreveu o lugar à Architectural Digest, está de volta ao mercado por US$ 13,9 milhões. Com 465 metros quadrados, dois andares, salas de estar e jantar, quatro quartos, quatro banheiros, duas lareiras, piscina, casa de hóspedes e um estúdio de arte, o imóvel com vista para o mar tem interiores espaçosos e modernos e enormes janelas que deixam entrar muita luz.



O Globo online, Morar Bem, 19/ago

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Como aproveitar as próximas grandes promoções de imóveis


Diante do excesso na oferta de imóveis, construtoras  e imobiliárias realizam feirões e campanhas promocionais para tentar desovar suas unidades em estoque.

Grandes companhias, como PDG e MRV, e empresas regionais de menor porte têm ações programadas até setembro.

A partir desta sexta-feira (15), a MRV promove saldões em estacionamentos de shoppings e supermercados localizados em 15 cidades do país, como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.

Já a PDG fará uma ação de venda aberta ao público em sete estados neste final de semana. Ao todo, a construtora pretende dar descontos em cinco mil unidades.

A administradora de imóveis  Lello também pretende ofertar, a partir de setembro, cerca de 1,5 mil unidades no Estado de São Paulo com abatimentos no preço. Elas serão reunidas em um hotsite. A oferta de casas  e apartamentos na imobiliária  cresceu 15% em relação ao ano passado.

Para Claudio Tavares Alencar, professor do núcleo que analisa o mercado imobiliário da Universidade de São Paulo (USP), os eventos podem ser uma boa opção para o consumidor. "Há mais empresas realizando ofertas. O comprador está com poder para barganhar".

Descontos, mas nem tanto

Apesar de as empresas alardearem preços até 30% mais baixos, Alencar ressalta que as maiores ofertas se restringem a poucos imóveis. "São unidades mais caras e coberturas", aponta. É mais comum observar descontos de 6% a 15% nos eventos.

Nestas campanhas, a maior parte das ofertas é de unidades prontas para morar. As construtoras têm pressa para vendê-las porque precisam arcar com custos de condomínio enquanto elas permanecem em sua carteira.

É possível encontrar também unidades em construção, que não foram vendidas durante o lançamento do empreendimento. "Mas os maiores descontos se referem a imóveis prontos para morar", ressalta Alencar.

Cuidado com a compra por impulso

Os saldões de imóveis costumam ter um ambiente que seduz o potencial comprador e incentiva as compras por impulso, alerta o consultor financeiro Mauro Calil.

Para quem está começando a procurar a casa própria , a sugestão de Calil é realizar apenas uma pesquisa de mercado durante a visita aos eventos. "É possível verificar preços e quais bairros estão mais valorizados", conta.

Mas, mesmo para quem já realizou uma pesquisa prévia e identificou uma oportunidade, Calil não recomenda a compra durante o saldão. "O comprador não deve realizar a aquisição sem visitar o imóvel".



Exame online, 15/ago

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Por uma cidade mais humana e integrada


Propostas para a criação de uma cidade mais humana, mais verde, menos engarrafada e mais integrada deram a tônica da terceira edição do TEDxRio, que reuniu 22 palestrantes no Teatro Municipal, nesta terça-feira, e uma plateia de aproximadamente mil pessoas. Com o tema "Metrópole", o evento foi dividido em quatro blocos: "Inspirações do Amanhã", "Metro ID", "Estação Desafio" e "Próxima Parada: o futuro". Em todos eles, cultura, saneamento e educação foram debatidos, mas mobilidade foi o assunto mais em pauta.

- É natural, pois a mobilidade urbana é um dos principais problemas enfrentado no Rio de Janeiro - disse um dos organizadores, Marco Andrade Brandão.

Mestre em políticas sociais, Clarisse Linke argumentou que a concentração de empregos apenas na Zona Sul e no Centro do Rio é uma das principais causas do problema de deslocamento na cidade.

- Muitas cidades, como Japeri, por exemplo, deveriam deixar de ser apenas cidades dormitório. Muitos municípios da região metropolitana precisam assumir o papel de cidade, a ponto de oferecer empregos de qualidade aos seus moradores - argumentou Clarisse, citando como exemplo uma moradora de Japeri que trabalha na Zona Sul e gasta nada menos que seis horas de seu dia dentro do transporte público. - Enquanto isso não acontecer, fica difícil resolver a questão da mobilidade.

O ex-prefeito de Bogotá, capital da Colômbia, que entre 1998 e 2001 aplicou melhorias em espaços públicos na cidade, Enrique Peñalosa defendeu o potencial do Rio de Janeiro para protagonizar uma mudança no sistema de transporte. Segundo ele, que foi um dos responsáveis pela ampliação do uso de bicicletas na capital colombiana, a população não pode achar que engarrafamentos e transportes públicos de má qualidade são coisas naturais.

- Há menos de 90 anos as mulheres não votavam e isso parecia normal. Hoje a mesma coisa acontece com os engarrafamentos - comparou Peñalosa. - Não pode ser natural um ônibus parado no trânsito, pois dentro dele tem dezenas de pessoas. Os ônibus têm que ter muito mais espaço nas ruas do que os carros. Isso é democracia.

Para o arquiteto Luiz Fernando Janot, a visão imediatista normalmente usada para resolver os grandes problemas de uma cidade acaba comprometendo a qualidade de vida de todos. De acordo com o arquiteto, para pensar no futuro de uma metrópole deve-se olhar primeiramente para o futuro da Humanidade.

- Hoje temos 7,2 bilhões de pessoas no mundo. A previsão é de que, em 2050, sejamos 10 bilhões. Ou seja, não teremos só cidades e metrópoles. Teremos megalópolis - constatou Janot. - O planejamento precisa evoluir. Não podemos pensar, em pleno século XXI, da mesmo forma que fazíamos no século passado.



O Globo, Fátima Freitas, 13/ago

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Jacarepaguá lidera valorização de imóveis no Rio no primeiro semestre de 2014


Em 2009, o gerontóloga Karine Dinis e o marido, o comerciante Leonardo Teles, compraram um apartamento de dois quartos na Freguesia por R$ 100 mil. Este ano, venderam o imóvel por R$ 330 mil e compraram outro, também na Freguesia, por R$ 346 mil. Pretendem se mudar em outubro, quando a construtora Calçada entregará o apartamento.

Só a valorização do primeiro apartamento quase garantiu a compra do novo. O caso é representativo do crescimento de Jacarepaguá, que, segundo relatório do Sindicato da Habitação (Secovi) divulgado na semana passada, é o bairro do Rio de Janeiro que teve a maior valorização de imóveis para venda no primeiro semestre de 2014. O preço do metro quadrado saltou de R$ 4.804 em janeiro para R$ 5.487 em junho. O ganho de 14,2% é quase o dobro dos 7,5% de valorização registrados no mesmo período do ano passado no bairro.

Os números são superiores aos de lugares como São Cristóvão (6,6%), Copacabana (5,5%) e Méier (4,9%). A vizinha Barra da Tijuca teve 4% de valorização (de R$ 9.591 para R$ 9.977) .

Jacarepaguá também teve o maior crescimento na oferta de imóveis para venda. Em janeiro, eram 2.073, e em junho, 3.440, uma variação de 65,9%. Em quantidade, só ficou atrás da Barra, onde 5.079 imóveis foram colocados à venda.

Vice-presidente do Secovi, Leonardo Schneider diz que a valorização se deve em grande parte à melhoria da infraestrutura na região, em decorrência das Olimpíadas. A facilidade de acesso à Barra e à região central pela Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá, pela Linha Amarela e pelo BRT, além da ampliação na oferta de serviços e comércio, principalmente na Freguesia, na Taquara, na Praça Seca e em Vila Valqueire, foram os principais fatores. A pacificação da Cidade de Deus também contribuiu.

- Mal comparando, Jacarepaguá está para a Zona Oeste como Botafogo está para a Zona Sul. Tem um bom custo-benefício, fica próximo de áreas de lazer, como praias e shoppings, e dá acesso a outras regiões do Rio - pondera.

As construtoras colhem agora o investimento que fizeram em 2008 e 2009. Capitalizadas e num bom momento da economia brasileira, elas viram potencial na região e compraram grandes terrenos. Segundo a Associação de Dirigente de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), só no primeiro semestre deste ano foram lançadas 2.139 unidades em Jacarepaguá, sendo 1.475 residenciais e 664 comerciais.

IMÓVEL PARA INVESTIR E PARA MORAR

Gigantes como MRV, RJZ Cyrela, PDG, Gafisa, Brookfield, Rossi e João Fortes têm investido em Jacarepaguá. O local também chama a atenção de construtoras regionais, como MDL, Calçada, Leduca, Calper, Mega 18, STR, MR2, Martinelli, Performance, Celta, Fernandes Araújo, Grupo Avanço Aliados e Living.

As ofertas vão desde apartamentos básicos de quarto e sala até unidades luxuosas, acima de cem metros quadrados. E os motivos de quem os adquire variam.


No caso de Karine Dinis e Leonardo Teles, a troca do apartamento por outro maior aconteceu para garantir melhor qualidade de vida. Eles planejam ter o segundo filho no ano que vem, e querem dispor de três quartos em casa. Com o crescimento da Freguesia, a área mais nobre de Jacarepaguá, sua residência anterior, de dois quartos, na Rua Araguaia, ficou ainda mais valorizada - e movimentada. Por isso, foi fácil trocá-la pelo sossego da Estrada do Guanumbi, onde os imóveis não são tão caros e o casal continuará próximo de boas opções de comércio e lazer, bem como de bons colégios.

- Como trabalho na Zona Sul e na Barra, terei mais opções de deslocamento; e o meu marido vai ficar mais perto comércio que temos no bairro - diz Karine.

No caso do advogado Rafael Coelho Fernandes, a opção por Jacarepaguá é um investimento. Ele comprou duas salas comerciais e um apartamento de sala e quarto no Genesis, empreendimento misto que a construtora Leduca lançou na Freguesia no começo do ano passado.

Sua primeira experiência como investidor foi a aquisição de outro imóvel na região, que atualmente está alugado.

- Há dois anos, eu comprei uma sala comercial por R$ 100 mil, e em seis meses me ofereceram R$ 170 mil por ela. Acredito que hoje o preço deve estar em R$ 200 mil - estima.

O que a princípio é um investimento pode se tornar o endereço de Fernandes até março do ano que vem, quando a unidade será entregue. Aos 28 anos, ele mora com os pais em Jacarepaguá, e não descarta a hipótese de se mudar para o apartamento de 38 metros quadrados. O difícil, por enquanto, é segurar a ansiedade do dia a dia.

- Moro perto da construção e pego o Frescão para ir trabalhar todos os dias, na frente da obra. Vejo a evolução degrau a degrau e espero que terminem e me entreguem logo - confessa.

O Genesis terá uma torre residencial e duas comerciais. Na segunda quinzena de agosto, a Leduca lançará o Gap, com o mesmo perfil.

- Jacarepaguá recebe muito investimento, logisticamente está bem localizado e se tornou um bairro consolidado, onde percebemos um potencial para este tipo de imóvel, que oferece a possibilidade de se trabalhar perto de casa - explica Paulo Marques, sócio-diretor da Leduca.

CRESCIMENTO DA 'GRANDE BARRA'

As construtoras encontram potencial de vendas em todos os segmentos. Além dos apartamentos com quarto e sala, há os que têm espaço maior e também os luxuosos, como o Versailles, do Grupo Avanço Aliados.

A empresária Ana Paula de Barros Lessa mora numa cobertura em Jacarepaguá há 12 anos e vai trocar de casa assim que a construtora entregar seu novo apartamento, no fim do ano. Ela vai deixar um imóvel de três quartos num condomínio sem estrutura de lazer para entrar numa cobertura de cinco quartos com três vagas na garagem.

- A troca é por qualidade de vida. O meu apartamento é muito básico. No novo, vou ter toda a estrutura que os condomínios modernos oferecem - diz.

A opção por um apartamento grande e com três quartos também atraiu a professora Lucimar Fonseca, que mora em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde foi criada.

Ela já tem apartamento, mas, como se aposenta em três anos e os parentes do marido moram em Jacarepaguá, optou por comprar um novo imóvel no edifício Bourgone, que deve ser entregue pela construtora MDL até o fim de 2015.

- Nós já passávamos bastante tempo em Jacarepaguá para visitar os amigos e parentes; então, decidimos comprar um apartamento no bairro. Mas vamos manter o de Caxias e ficar um pouco em cada um - afirma.

O gerente de incorporação da MDL, Humberto Pimentel, explica que as construtoras identificaram uma parcela de público interessada em imóveis de luxo no bairro e apostaram no nicho.

- Além de todos os investimentos do poder público na região de Jacarepaguá, as construtoras começaram a investir em condomínios luxuosos e com muita estrutura, como os que existem na Barra, só que com preço menor. Isso tem atraído muita gente para a região - acrescenta.

O condomínio de Ana Paula tem piscinas com de que molhado, churrasqueira com chopeira, espaço kids, espaço fitness e varanda com churrasqueira.

- Vai ser ótimo. Adoramos festa - comemora a empresária, que mora com o marido e dois filhos jovens.

Pimentel não se surpreende com os números do Secovi e acredita que o mercado imobiliário continuará aquecido em Jacarepaguá nos próximos anos.

- O bairro é um dos locais que têm maior disponibilidade de terrenos para construção, e Vargem Grande, que seria outra fronteira de expansão, não tem autorização da prefeitura para receber grandes obras por ser uma área de interesse ambiental. Então, a região deve continuar em expansão - prevê.

Além disso, Pimentel aponta os investimentos para os Jogos Olímpicos de 2016 como uma alavanca para novos negócios. A região vem recebendo investimentos em infraestrutura e também na área esportiva:

- Costumamos dizer que a Copa foi do Brasil, mas as Olimpíadas não são nem do Rio, são da grande Barra.



O Globo, Barra, 10/ago

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Imóveis estão com desconto de até R$ 500 mil no Rio


Para alavancar as vendas de imóveis neste semestre, construtoras do Rio investem em descontos ainda maiores e brindes para os clientes. Os abatimentos podem chegar a R$ 500 mil, além de condomínio grátis por um ano e outros atrativos.

Para a vendedora Janaína Pimentel, que mora de aluguel com o namorado e os filhos, descontos podem ser uma chance de ter a casa própria.

O empreendimento corporativo Sloper, da PDG, no Centro da cidade é um dos exemplos. A construtora vai reunir todas as suas ofertas nos dias 16 e 17 deste mês, das 9h às 21h, no Hotel Windsor, na Barra da Tijuca, e no Hotel H, em Niterói. "A campanha que oferecerá descontos de R$ 30 mil a R$ 500 mil vem ao encontro ao bom momento do mercado na cidade. São excelentes oportunidades, tanto para empresas e investidores quanto para quem busca a casa própria ou substituir o imóvel atual", diz o diretor da regional Rio da PDG, Claudio Hermolin.

Em Botafogo, a Fmac oferece 10% de abatimento, até o dia 31, nas unidades do quarto andar do Sorocaba 112, o Hype Apartments. O residencial terá 12 unidades com opção de plantas customizadas. A promoção é válida tanto para a compra à vista quanto financiada.


Já a Rossi está com descontos de até 35% para quem comprar uma unidade residencial ou comercial até amanhã, Dia dos Pais. Há oportunidades em empreendimentos nos municípios de Duque de Caxias, Itaboraí, Nova Iguaçu, Rio de Janeiro e Volta Redonda.
Condomínios grátis por um ano e brindes também fazem parte das campanhas. A Fernandes Araujo, por exemplo, dá descontos e um ano sem cobrança de condomínio no Moradas de Bangu, pronto para entrega, no Fiori Residências, que será 10% finalizado no mês de dezembro , e na última fase do Adryana Varandas Residences. Estes dois últimos ficam em Campo Grande.

A Vitale também está com campanha de condomínio pago por um ano até o dia 30 de setembro no Bella Vita, em Madureira, e no Vivant Resi dencial , e m Campo Grande. O Bella Vita terá 208 apartamentos e o Vivant, 87 casas, ambos com unidades de dois e três quartos. As obras dos dois empreendimentos já foram iniciadas e as unidades podem ser financiadas em até 420 meses pela Caixa Econômica.

Ainda em Campo Grande, a Caetano Belloni oferece no Bravo! Residencial um kit churrasqueira para quem fechar negócio. No total, serão 56 unidades de três e quatro quartos, entre apartamentos e coberturas duplex, com varanda gourmet.

"Um diferencial é a possibilidade de deixar o imóvel personalizado. Nas unidades de três quartos é possível modificar a planta, transformando em um apartamento de dois dormitórios com sala ampliada. A unidade de quatro quartos pode ser modificada, virando um três quartos com sala ampliada", explica Guilherme Belloni, gerente de Incorporação da empresa.



O Dia, 09/ago

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

104 anos de história


Após ser vista por quase 40 mil paulistas, a exposição Oscar Niemeyer: Clássicos e Inéditos chegará ao Rio no dia 14 de agosto. A mostra será apresentada aos cariocas no Paço Imperial, reunindo mais de 300 peças. São plantas, croquis, pranchas emolduradas, fotografias, maquetes e vídeos que passeiam por toda a obra do arquiteto.
 
A curadoria da exposição ficará a cargo de Lauro Cavalcanti e a cenografia será assinada por Pedro Mendes da Rocha.



Jornal do Commercio, Marcia Peltier, 07/ago

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

A cidade treina para as Olimpíadas


Em dois anos, o Rio de Janeiro receberá o maior evento do planeta. Os Jogos duram menos de um mês, mas, para qualquer cidade, representam a oportunidade de transformações que começam antes e vão muito além das competições. É assim que o Rio tem organizado as primeiras Olimpíadas da América do Sul: o evento tem ajudado a tirar do papel projetos importantes que vão beneficiar o grande protagonista de 2016, a população.

Como um atleta aplicado em dar o melhor de si, a cidade tem usado as Olimpíadas para acelerar mudanças capazes de elevar a qualidade de vida dos moradores. Em busca de superação até 2016, o Rio tem trabalhado para avançar na mobilidade, recuperar áreas degradadas, combater alagamentos, ampliar o saneamento. Desde a candidatura a sede olímpica, o princípio é de que os Jogos cariocas devem servir à cidade, como aconteceu em Barcelona, que passou por uma revolução urbanística em 1992.

A vitória contra Tóquio, Madri e Chicago - que contam com mais infraestrutura - não foi fácil. Mas fomos escolhidos como sede justamente quando destacamos ao COI que, em nenhuma outra cidade, o poder de transformação dos Jogos seria tão grande. As nossas deficiências viraram, então, o maior ativo da candidatura. E o desafio de superá-las, o nosso maior compromisso. Por tudo isso, os Jogos Rio 2016 são os Jogos do legado. Para cada R$ 1 investido em equipamento olímpico, outros R$ 5 são para legado. São projetos viabilizados pela oportunidade do evento, mas servirão aos cariocas, e não aos atletas e às delegações.

Os benefícios já começam a virar realidade, com obras entregues antes do evento, antecipando e ampliando o legado olímpico. O carioca já conta hoje com dois BRTs - Transoeste e Transcarioca -, que somam cem quilômetros e poderão transportar mais de meio milhão de passageiros por dia. Ainda teremos o BRT Transolímpica, o VLT do Centro, a Linha 4 do metrô. A parcela dos cariocas que passarão a usar transporte de alta capacidade dará um salto digno de recorde olímpico: de 18% para 63%.

A engenharia financeira para viabilizar tantas entregas segue um mesmo modelo: desonerar os cofres públicos através de parcerias com o setor privado. Mais da metade dos custos foi transferida para a iniciativa privada. Em relação somente às instalações esportivas, o índice sobe para 65%. O Parque Olímpico, a Vila dos Atletas e o Campo de Golfe são exemplos de obras com pouca ou nenhuma participação de recursos públicos.

A prioridade tem sido instalações simples e sustentáveis, mantendo, é claro, o padrão olímpico de qualidade. O nosso estádio, que terá capacidade para 60 mil espectadores, iguala a marca do estádio de Barcelona, até então o de menor capacidade nos últimos 40 anos. Já a Arena de Handebol - através do inédito conceito de Arquitetura Nômade - será transformada em quatro escolas municipais após as competições.

Os Jogos do legado, da economia de dinheiro público e sem "elefantes brancos" - essa é a medalha que o Rio tem treinado para conquistar em 2016.

Eduardo Paes é prefeito do Rio



O Globo, Opinião/Eduardo Paes, 06/ago

terça-feira, 5 de agosto de 2014

O passado aporta


Um homem caminha solitário no meio de uma ampla avenida repleta de armazéns de carga. Perto dele, circulam dois bondes com uns poucos passageiros. A imagem foi clicada no início do século XX, na então recém-construída Avenida do Cais, depois rebatizada de Rodrigues Alves. Em outro registro, um barquinho se aproxima de uma pequena enseada, rumo ao antigo dique da Saúde, numa área que seria aterrada. As duas imagens fazem parte de um conjunto de cem fotos que retratam o momento de transformações pelo qual a região passava na época. Foram encontradas no Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro e viraram tema de livro, justamente quando a Zona Portuária, cerca de um século depois, vive um novo processo de remodelação e modernização.

São registros em preto e branco, a maioria no formato de 24cm x 30cm, com flagrantes das obras de modernização do Porto do Rio, de 1904 a 1913. As fotos mostram as antigas oficinas e os armazéns de madeira que ficavam instalados na beira do mar, os diques, as muralhas, as máquinas usadas no aterro da região - que antes era repleta de pequenas enseadas -, assim como os trabalhadores da época. O material integra o "Álbum das obras do Porto do Rio de Janeiro", feito por encomenda do governo do estado, como um documento das intervenções capitaneadas pelo engenheiro Francisco de Paula Bicalho entre 1904 e 1910.

- Hoje se fala muito das transformações pelas quais a região está passando. Mas essas fotos nos fazem lembrar que o Porto que está lá hoje já representou o moderno. Quando ele foi inaugurado e começou a funcionar, representou uma transformação urbanística e uma grande mudança em termos de infraestrutura portuária. Houve mudança, inclusive, nas relações de trabalho. Antes, cada trapiche tinha um dono, cada barquinho tinha um empregado. Com o Porto, o barco que atravessa os oceanos passa a encostar diretamente no cais. Então, esse barquinho intermediário deixa de existir. Vemos essa evolução nas imagens do álbum - explica o diretor-geral do Arquivo Público, Paulo Knauss.

As fotografias encontradas no álbum foram restauradas e reencadernadas na década de 90. E recentemente acabaram reunidas no livro "Um Porto para o Rio: imagens e memórias de um álbum centenário", da historiadora Maria Inez Turazzi, com colaboração de Maria Teresa Villela Bandeira de Mello. Quando o álbum foi encontrado, não havia nenhuma identificação do nome do fotógrafo, mas, durante a pesquisa, foram achadas cópias das fotos em outras publicações, com o nome de Emygdio Ribeiro. A equipe que produziu o livro descobriu que um outro álbum, com 150 fotos, está na Companhia Docas.

- As imagens estavam num álbum com legendas, que ajudam a montar uma narrativa visual da obras. Era uma publicação institucional, com o objetivo de documentar o trabalho de engenharia - conta Paulo Knauss.

Numa das fotos, por exemplo, vê-se que a Igreja de São Francisco da Prainha, na Saúde, ficava às margens de uma... prainha - hoje aterrada. Outras imagens mostram a pedreira que existia no bairro da Saúde e as Docas Dom Pedro II, que hoje abrigam o galpão da Ação da Cidadania. Foi o primeiro prédio construído pela Companhia Docas do Rio, em 1870, para armazenar grãos trazidos por navios que aportavam na Baía de Guanabara.

Há, ainda, fotografias da Praça Mauá e dezenas de flagrantes de trabalhadores, tanto dos que viviam do transporte de carga, quanto dos operários que ajudaram a fazer os aterros e a construir o cais e os armazéns da futura Avenida Rodrigues Alves.

- As imagens, além de registrarem o dia a dia da grande transformação vivida por aquela área no começo do século XX, também nos lembram o quanto as fotografias de obras de engenharia, produzidas com uma nítida intenção de memória, têm sido uma herança fantástica para as sucessivas gerações. Elas provocam uma reflexão sobre as expectativas de cada época em relação ao espaço público e o que vem a ser o patrimônio e o progresso de uma cidade - diz a historiadora Maria Inez Turazzi.

Para a pesquisadora, as fotos são como peças de uma gigantesca engrenagem.

- De modo geral, elas se assemelham a outras fotografias de obras de engenharia da época, nas quais podemos identificar as diferentes ocupações (operários, feitores, engenheiros) através dos gestos e das vestimentas de cada um - completa.

O material permite também recordar como era o sistema de abastecimento da cidade. O historiador Sérgio Lamarão, autor da dissertação de mestrado "Dos trapiches ao Porto", ressalta que inicialmente a região de embarque e desembarque de cargas ficava nas imediações de onde hoje está a Praça Quinze, que também sofreu pequenos aterros. A partir do século XVIII, com o boom da mineração e o aumento da chegada de navios de Portugal, explica Lamarão, começaram a se formar os trapiches na região onde hoje fica a Zona Portuária.

- Nos anos 20, 30, 40 e 50 do século XIX, vemos que o litoral era diferente. Ele era pontilhado de trapiches, alguns maiores e outros menores. Não se sabe muita coisa sobre seus proprietários, mas tudo nos leva a crer que eram empresários ligados ao Estado imperial, comerciantes com investimentos em outras áreas que também exploravam aquela atividade. A partir da segunda metade do século XIX, com a chegada dos navios a vapor, os trapiches não dão mais conta do movimento portuário. Pode-se especular que a reforma do Porto só ocorreria no começo do século XX devido, em parte, ao poder de pressão desse grupo - conta Lamarão, pesquisador visitante do Museu de Astronomia e Ciências Afins.



O Globo, Simone Candida, 05/ago

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Redes subterrâneas das concessionárias já estão mapeadas em 90% da cidade


A Prefeitura deu novo impulso para a conclusão do mapeamento dos subterrâneos da cidade ao publicar no Diário Oficial do município, na última segunda-feira, prazos para que as concessionárias entreguem os cadastros atualizados de suas redes. Quem não fizer isso até janeiro terá negadas licenças para obras em áreas públicas. A intenção é finalizar o Sistema de Gestão de Obras em Vias Públicas, o Geovias - um mapa digital com informações sobre as linhas das cinco principais concessionárias do município: CEG, Light, Cedae, Oi e Embratel. Com esses dados, a prefeitura espera evitar rompimento de dutos durante obras, o que costuma provocar desabastecimento de água, luz e internet e interdições no trânsito.

As redes existentes em 90% da cidade já estão no sistema - quando entrou em operação, há oito meses, eram apenas 30%. A Zona Oeste é a área com maior carência de informações. O Centro e a Região Portuária foram mapeados. Ao custo de R$ 2 milhões - bancados pelas concessionárias -, o Geovias foi programado por uma empresa terceirizada, em parceria com o Instituto Pereira Passos (IPP). Couberam à prefeitura a unificação e a administração dos cadastros que, além de fornecerem a localização das redes, trazem informações sobre o material e o diâmetro de tubulações (mas não indicam o estado de conservação). A próxima fase é o licenciamento digital, que vai agilizar a aprovação de novas obras no Rio e evitar o desperdício de papel, pois todo o processo será digitalizado.

- O Geovias tem duas grandes virtudes: ordenamento e conhecimento do subsolo. Na operação diária da cidade, podemos minimizar problemas de execução nas ruas. Hoje, todo licenciamento passa pelo sistema. Se for o caso, não autorizamos e propomos um novo projeto. Assim, diminuímos os problemas relacionados à operação. Há alguns anos, a obra de uma concessionária poderia acabar furando o cano de outra. Foi uma grande conquista do Rio. É a única cidade do país com todo esse inventário de subsolo - diz o secretário de Conservação, Marcus Belchior, responsável pelo sistema.

Francisco de Assis e Jaci Vieira fazem parte de um time de oito técnicos em edificação que avaliam plantas de projetos, verificando se uma construção passa por cima ou muito perto de uma linha de gás ou eletricidade, por exemplo. A maior parte das demandas é de novas ligações das redes com consumidores, seguidos por pedidos de caixas de telefonia.

- É uma ajuda incrível para evitar acidentes e explosões. Muitas vezes, propomos mudanças como puxar um tubo de energia de uma caixa diferente. Também há empresas que vêm antes de terminar um projeto para verificar o melhor lugar para uma instalação - conta Vieira.

O desconhecimento sobre o subsolo ficou evidente quando, em 2011, ocorreu uma onda de explosões em bueiros. Além disso, com o Rio transformado em um gigantesco canteiro de obras - em função das intervenções de infraestrutura para receber os grandes eventos -, muitas tubulações acabaram furadas. Segundo o subsecretário municipal de Conservação, Marco Aurélio Regalo, os riscos que moram nos subterrâneos ficaram mais evidentes:

- É um projeto que nasce da necessidade de organizar o subsolo. Quando ocorreram as explosões em bueiros, todos perceberam os riscos contidos no subsolo. Aquilo deu um valor maior ao Geovias, que já existia.

Já Belchior garante que alguns acidentes poderiam ser evitados - como a coluna de chamas que surgiu na Avenida Abelardo Bueno, quando um retroescavadeira furou um cano da CEG, nas obras do Transcarioca, e parou o trânsito na Barra da Tijuca, em fevereiro do ano passado.

- O Rio vai fazer 450 anos e, inacreditavelmente, a cidade não conhecia todos os operadores do subsolo. Isso é importante tanto para o ordenamento dos subterrâneos quanto para a operação da cidade. Alguns acham que é só ter wi-fi, mas não é. É ter uma base de dados e colocar inteligência sobre ela - disse o secretário.

Antes da criação do Geovias, era muito difícil verificar a existência de estruturas enterradas, sem escavar. A Geovoxel - empresa criada na Incubadora da Coppe/UFRJ - é uma das poucas que detêm tecnologia para isso: o geo radar. O canadense Louis-Martin Losier, um dos sócios, conta que cerca de 15 empresas contrataram seus serviços de prospecção de subsolo, desde 2011, para obras. Por causa de acordos de confidencialidade não pode citar nomes, mas garante que alguns dos legados da Copa fizeram uso dos radares de solo.

A Cedae informou que entregou o seu mapeamento à prefeitura: "Os dados detalham os cerca de 22 mil quilômetros de redes subterrâneas". A Prefeitura também teria recebido o detalhamento da rede da Light, como diz a empresa. Segundo a CEG, a companhia forneceu "mapas que, além da localização, trazem características técnicas sobre a tubulação". Já a Embratel disse que não se manifestaria por ainda "não ter conhecimento do teor do decreto". E a Oi informou cumpre as normas das prefeitura.

TUBULAÇÕES AINDA DESCONHECIDAS

O engenheiro civil Manoel Lapa, vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) do Rio, elogiou a iniciativa da prefeitura de mapear o subsolo carioca.

- Na minha opinião, é uma medida muito boa, que chega com muitos anos de atraso. Durante décadas, obras urbanas deixaram grandes prejuízos para a população. Eu mesmo passei pela experiência de enfrentar um subsolo desconhecido. Entre 1977 e 1980, por exemplo, trabalhei nas obras do metrô no Rio e, por inúmeras vezes, tivemos que paralisar os trabalhos para remover redes e tubulações que nem as empresas concessionárias conheciam - afirma o engenheiro.

Lapa acrescenta que houve inúmeros acidentes pelo absoluto desconhecimento sobre a localização das redes instaladas nos subterrâneos da cidade:

- E cada acidente era um grande prejuízo para a população. Existem ainda redes antigas, acredito, que não são de conhecimento até mesmo das concessionárias. É um problema muito grave, sério. Imagina uma rede de esgoto colada a uma rede de fornecimento de água. Um acidente pode contaminar tudo rapidamente. Um risco para a saúde das pessoas.

Na opinião de Lapa, a medida vem com atraso, mas terá muita importância:

- Escuto essa promessa há muito tempo. É isso mesmo. A prefeitura precisa exigir que seja feito. Uma medida de muita importância para a cidade e, principalmente, para a população.



O Globo, 04/ago