O bairro histórico renasceu para o mercado imobiliário carioca chegando ao topo das vendas de imóveis no Rio, provando o sucesso do programa Reviver Centro.
Pela primeira vez em décadas, o Centro do Rio deu as caras no ranking dos bairros campeões de venda de imóveis no município. E ser o quinto colocado na lista, é um sinal da recuperação que a Região Central como um todo vem passando: se no quesito cultural sempre manteve sólida importância, é a volta da “Cidade” – como os antigos chamavam o bairro – ao centro das atenções do mercado imobiliário. No finalzinho de 2024, lançamentos como o do Edifício A Noite e o da Cyrela na Avenida Beira Mar “lamberam” em questão de horas, como diz o jargão dos corretores: foram totalmente vendidos.
O levantamento, que põe em destaque os números do ano passado, foi organizado pela RioM², um aplicativo de transparência de dados para o mercado imobiliário, com base em dados oficiais. O bairro vem renascendo no mercado carioca desde que retornou ao mercado de imóveis novos no Rio após os incentivos criados pela Prefeitura do Rio em programas como o Reviver Centro e o Reviver Cultural, e do empenho de ações privadas inéditas como as da Aliança Centro Rio, uma entidade privada que promove, suplementa e controla a boa zeladoria da região.
Já foram lançados mais de 10.000 unidades residenciais novas na região desde o lançamento do Reviver Centro. A tendência, segundo o mercado imobiliário, é de que os números deslanchem ainda mais fortemente, se depender dos novos lançamentos residenciais que a Região Portuária vem ganhando — a área teve mais 2 empreendimentos anunciados agora em janeiro.
Alguns projetos são mais polêmicos, como o mega espigão de quitinetes que está para ser licenciado para ser construído no lugar do espaço arborizado do Buraco do Lume, junto ao Terminal Menezes Côrtes, combatido por urbanistas por conta do enorme paredão que surgirá num terreno que é remanescente do Morro do Castelo. Mas a maioria dos projetos tem aprovação de toda a sociedade cicil, que quer ver a região novamente pujante e com uso misto. Recentemente, um terreno de quase 20.000m2 foi vendido e deve gerar muitas centenas de apartamentos, sem contar a venda de diversos prédios para retrofit no fim de 2024. Além disso, para o mercado corporativo, a escassez de escritórios na região conhecida como Orla (Glória/Flamengo/Botafogo), que, segundo especialistas do ramo, acende um sinal verde para a ocupação dos inúmeros escritórios AAA de que o Centro dispõe.
As comodidades exclusivas do bairro e já conhecidas, como proximidade dos aeroportos, das vias expressas de transbordo, infraestrutura urbana, estacionamentos subterrâneos, aliado à proximidade de multinacionais, sede de bancos, estatais e repartições públicas, aumentam os atrativos da área, que centraliza a maior parte dos equipamentos culturais e históricos da cidade. O Centro também ganha por ser pouco afetado por favelas, e por seus lançamentos serem ainda precificados abaixo do mercado da Zona Sul.
A região tem recuperado sua efervescência gastronômica e cultural, puxada especialmente pelo grande desenvolvimento comercial atingido por regiões como a Praça XV, a Escadaria do Selarón, o Largo da Prainha, a Cinelândia, o Beco das Sardinhas, e agora a rua da Carioca, que passa por uma grande transformação. Às sextas e sábados é difícil transitar pela rua nas imediações do Arco do Teles é perto das ruas do Senado e Lavradio, que voltaram a efervescer com cariocas e turistas em busca de diversão. O turismo religioso também tem crescido e não raro os passeios de rua pelas igrejas e museus ficam lotados, com Missas cheias até nos templos que passaram a abrir aos domingos.
Além do Centro, a listagem da RioM2 também selecionou como estrelas do mercado outros bairros como Barra, Recreio, Copacabana e Campo Grande. Na Zona Oeste, como todos já sabem, a quantidade de novos lançamentos, em bairros ainda não consolidados, ajuda a inflar os dados. Já Copacabana, tem recebido muitos lançamentos de imóveis destinados aos investidores de Airbnb e locação por temporada, e bairro se mostra evidente e pujante em todos os dados divulgados, apesar dos problemas de zeladoria. A surpresa, porém, foi a Tijuca não ter aparecido na lista, já que lidera os números de transações na Zona Norte do Rio.
Diário do Rio, 23/jan