quarta-feira, 30 de abril de 2025
Novos players chegam ao alto padrão carioca
Nesse segmento, o número de lançamentos no Rio cresceu 18% no ano passado, atraindo novas construtoras e incorporadoras para o mercado.
O mercado imobiliário carioca de alto padrão registrou aumento de 18% em lançamentos no ano passado, consolidando o Rio como o segundo maior mercado de luxo do país — sua participação passou de 3,5% para 5%. O número de unidades vendidas teve um incremento de 30% na comparação com 2023.
Os números são da Ademi-RJ e ajudam a explicar um fenômeno observado no Rio: há uma safra de novos players no setor. A lista de novas construtoras e/ou incorporadoras inclui Aros, Emma, Origem e RJDI. A primogênita dessa “família” de estreantes é a Aros, criada em 2018 e que ganhou holofotes com o sucesso de vendas do Stay Ludolf, na Rua Rita Ludolf, no Leblon. Restam poucas unidades disponíveis no empreendimento de 58 apartamentos com até 87 metros quadrados, que vai impactar um quarteirão inteiro em um dos bairros mais valorizados da cidade.
— Até hoje, lançamos em torno de R$ 1 bilhão em VGV e, para os próximos dois anos, planejamos lançar mais R$ 1,5 bilhão. Foram três residenciais em 2024 e serão cinco neste ano — afirma o CEO da Aros, Ricardo Affonseca, acrescentando que estão surgindo novas áreas de expansão no Rio, como a Barra Olímpica e o Centro da cidade, o que pode atrair novos players para o mercado.
Henrique Blecher, um dos fundadores da Bait e exCEO da Gafisa, também aposta forte no Rio por meio de sua nova empresa, a Origem. O primeiro empreendimento da marca, lançado no ano passado, foi o Condomínio Amanay, com 20 casas de luxo, na Barra da Tijuca. Na noite de lançamento do projeto, foram vendidas cinco unidades, duas delas compradas à vista, por R$ 7,5 milhões.
Ainda neste ano, a Origem lança o primeiro residencial carioca com a assinatura do celebrado escritório italiano de design Pininfarina, também na Barra da Tijuca. O VGV chega a R$ 650 milhões, e o metro quadrado será o mais caro já praticado no bairro.
— O mercado carioca de altíssimo padrão tem espaço para a chegada de novos players, graças às características da cidade, que não fica tão refém da macroeconomia. O Rio é o playground do Brasil: todo mundo quer morar ou pelo menos ter um refúgio aqui — diz Blecher.
Carreira solo
É com esse mesmo encantamento pelo Rio que Eduardo Cruz, sócio da Itten, parte para uma carreira solo com a Emma. A nova incorporadora já fechou três projetos no Jardim Oceânico (Merino, Panorama e Júlio), garantindo R$ 120 milhões em vendas. A ideia agora é trazer para o bairro projetos residenciais com área de lazer completo, quebrando o padrão de prédios pequenos sem piscina, sauna e outros equipamentos. Além disso, a Emma terá plataforma e loja física próprias de vendas, a Poemma, para comercializar suas unidades e as de outros players.
— O Rio é muito grande e tem espaço para novos players. O segredo é combinar um público-alvo específico, uma linha de projetos adequada a esse público e um modelo de negócios viável. O caminho do sucesso passa por aí — diz Cruz.
Caçula na lista de estreantes, a RJDI traz Jomar Monnerat, ex-gestor do Opportunity Fundo de Investimentos Imobiliário, ao lado de Raphael Zanola, em uma proposta de incorporar apartamentos voltados para a locação de curta temporada na Zona Sul carioca.
Foi assim que surgiu a coleção Soul Rio, que começou na Rua Cinco de Julho, em Copacabana, chegou à Rua Alberto de Campos, em Ipanema, e, na sequência, terá mais dois lançamentos: mais um em Copacabana e outro no Flamengo. Em seu primeiro ano de vida recém-completado, a RJDI alcançou um VGV em torno de R$ 600 milhões.
— Acreditamos que 2026 será um ano ainda melhor. O mercado está aquecido e com consumidores ávidos por novidades — aposta Monnerat.
O Globo, Morar Bem, 30/abr
’Clientes se sentem mais seguras’: quem são as mulheres que estão ganhando dinheiro e respeito na construção civil
Em um mercado majoritariamente masculino, as ’’maridas’ de aluguel’ conquistam espaço oferecendo serviços de reparos com segurança a outras mulheres. A Marie Claire, as profissionais contam que, mesmo com avanços, ainda enfrentam desvalorização e preconceito por seu gênero.
Em um mercado dominado por homens, muitas mulheres estão encontrando um nicho para ganhar dinheiro. Elas oferecem serviços de consertos e reparos e são conhecidas como “maridas de aluguel”. Eficientes e confiáveis, elas assumem a promessa de criar um ambiente mais seguro para outras mulheres.
Marie Claire conversou com três profissionais da área, que contaram suas experiências e os desafios trabalhando em um espaço em que, muitas vezes, são desvalorizadas.
’Sempre gostei da área’
Foi buscando trazer mais diversidade à engenharia civil que surgiu o Manas à Obra, empresa de construção, reforma e automação residencial feito pelas mãos de mulheres e LGBTQIAPN+. A criadora do empreendimento, Priscila Vaiciunas, 40, teve a ideia em 2015, quando estava desempregada.
“Eu sempre gostei da área, quando criança ficava em cima toda vez que tinha reforma em casa. Meu pai fazia pequenos reparos para vizinhos e eu também o acompanhava para ajudar”, conta, em entrevista.
Na adolescência, a paulistana fez um curso técnico em Edificações, onde aprendeu sobre planejamento e construção de edifícios, estruturas e infraestruturas. “Me apaixonei mais ainda pela área e ali nasceu a vontade de ter uma empresa com mão de obra de mulheres.”
Depois de muitos anos atuando na linha de frente, ela decidiu fazer uma transição importante. Há cerca de um ano, deixou a operação diária para se dedicar ao gerenciamento das obras, mas nunca abandonou completamente o atendimento como “marida de aluguel”.
“Hoje minha rotina é mais tranquila. Estou mais voltada para orçamentos, compra de materiais, gerenciamento de serviços e atendimento via redes sociais. Mas ainda gosto de atender clientes de vez em quando, porque me lembra de onde eu vim. Em dez anos de existência [da empresa], somente a partir de 2024 que passei a priorizar minha saúde emocional, descanso, lazer, e limites de trabalho”, revela.
Apesar da longa trajetória e do sucesso conquistado, a desigualdade de gênero ainda é um obstáculo. “Hoje meu maior desafio é conseguir valorização financeira, muitas vezes ainda sinto que por ser mulher, as pessoas ainda querem barganhar ou pedir descontos, como se meu conhecimento e trabalho não tivessem o mesmo peso e valor do que o mesmo praticado por um homem.”
Ela explica que esse tipo de comportamento está enraizado em práticas do próprio mercado. “Tem muito profissional que age de má-fé com clientes mulheres, cobra mais caro, inventa serviço desnecessário. Isso gera uma reação de desconfiança em cadeia. Geralmente lido de forma irônica, conto umas histórias e sigo em frente.”
’Muitas me contratam por se sentirem seguras’
Gil Fernandes, 38, começou na área apenas ajudando amigas próximas, mas viu o hobby virar uma carreira e uma mudança de vida. Durante o início da pandemia de COVID-19, ela passou por um episódio profundo de depressão. Foi o trabalho que a ajudou a se recuperar: “Minha profissão salvou minha vida. Abandonei completamente minha antiga carreira, sou formada em Secretariado Executivo, e trabalhava com gerenciamento de comércio. Hoje, não me vejo fazendo outra coisa. Acordo todos os dias grata por poder viver do que amo.”
A grande inspiração para seguir esse caminho vem de duas experiências marcantes: a força da mãe e um episódio de assédio na adolescência. “Minha mãe sempre teve ferramentas em casa, fazia o que podia sozinha. Ela era mãe solo e me dizia que a gente, como mulher, precisava aprender ao menos o básico para não depender de homem. Então, desde nova, fui aprendendo a colocar a mão na massa”, conta.
Na adolescência, ajudou com mão de obra na construção da casa da mãe. Foi ali que começou a observar e aprender com pedreiros e outros profissionais. Na mesma época, passou por um episódio traumático com um montador de móveis. “Ele veio montar um armário de cozinha e acabou me assediando. Não aconteceu nada mais grave, mas isso despertou algo em mim.”
“De lá pra cá, eu tentei aprender tudo o que podia para não precisar contratar homens. E, quando era necessário contratar para trabalhos mais elaborados, eu sempre fazia questão de ter alguém comigo, para não ficar sozinha ao receber prestadores”.
Para ela, um dos principais obstáculos foi a desvalorização do trabalho por ser mulher. No início, precisou cobrar menos do que os colegas homens para conseguir os primeiros clientes. “Não podia praticar os mesmos valores. Além disso, em lojas de materiais de construção ou de tintas, sempre me tratavam como se eu não soubesse o que estava fazendo. Já recebi ‘aulas’ não solicitadas sobre produtos, mesmo sabendo exatamente o que precisava comprar.”
Com o tempo, os desafios mudaram. Hoje, os principais são os de qualquer empreendedora: equilibrar custos, prazos e clientes. “Mas melhorou bastante. Já tenho um nome no mercado, uma carteira sólida de clientes e muitas indicações.”
Gil afirma que além da técnica e da eficiência, o grande diferencial está no acolhimento e na confiança que ela transmite, especialmente para mulheres e pessoas LGBTQIAPN+. “Já ouvi histórias pesadas de clientes que sofreram assédio com prestadores de serviço. Hoje, muitas me contratam justamente por se sentirem seguras. Mães solo, por exemplo, podem sair tranquilas de casa sabendo que estou com suas filhas adolescentes. Casais LGBTQIAPN+ se sentem menos vulneráveis.”
’Aprendi a respeitar meus limites’
Priscilla Matos, 46, é uma das representantes da profissão em Florianópolis, Santa Catarina. Tudo começou em 2016, quando recebeu uma sugestão da sogra para virar “marida de aluguel”. A ideia parecia brincadeira, mas serviu perfeitamente para ela. “Aquilo ficou na minha cabeça, porque eu sempre fui de ajudar os outros em mudança, consertar alguma coisa. Eu já tinha noção de elétrica, hidráulica, essas coisas básicas”, lembra.
Em um jantar de família, sua cunhada deu o empurrão final: criou uma logo, uma página no Facebook e, foi assim, que nasceu sua página “Marida de Aluguel”. Os cartões de visita foram distribuídos nos condomínios e a divulgação começou no boca a boca. “Um indicava aqui, outro ali e quando vi, o negócio andou sozinho”.
Nos primeiros anos, Priscilla ainda conciliava a nova função com o trabalho CLT como monitora de transporte escolar. Com a chegada da pandemia e a suspensão das aulas, ela perdeu o emprego — porém seu empreendimento engatou. “Começou o home office, as pessoas querendo arrumar escritórios, consertar coisas em casa e aí bombou. Percebi que o negócio dava certo.”
“Eu saía para trabalhar sem hora certa pra voltar, sem aquela correria. Era só uma questão de me organizar. E é algo que eu amo, porque não tem rotina. Cada dia estou numa casa diferente, converso com pessoas diferentes, vivo histórias diferentes. É muito gratificante.”
Por outro lado, ela não esconde os desafios físicos. “Aprendi a respeitar meus limites. Já tive situações em que o corpo gritou: “Não está dando!”. Atualmente, ela foca nos pequenos reparos como trocar chuveiro, instalar TV, cortina, torneiras e tomadas. “Nada de telhado, pintura ou serviço de pedreiro. Afinal, já tô com 46 anos”, brinca.
Como mulher numa área ainda dominada por homens, ela já viveu muitos episódios de desconfiança. “Chegava na casa da cliente e o marido vinha perguntar: ‘Tu sabe fazer isso mesmo?’ E eu lá, tendo que provar tudo”. São situações que hoje ela tira de letra. “Um desses caras virou meu amigo. Diz que eu salvei o casamento dele”.
Apesar dos obstáculos, ela acredita que ser mulher é seu maior diferencial. “Temos mais cuidado com limpeza, capricho no ambiente e atenção. As clientes se sentem mais à vontade para conversar, contar das suas vidas. Já com homens, muitas vezes elas se sentem inseguras. Tem homem que mal ouve um ‘oi’ diferente e já acha que a mulher tá dando em cima. Isso é cansativo”.
Essa empatia atrai um público específico atrás dela: 90% são mulheres. “O restante são homens gays ou héteros que moram sozinhos. Muitos são estudantes que vieram de fora estudar na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e não sabem trocar uma lâmpada. Já ouvi relatos do tipo: ‘Chamei um cara e ele ficou rindo de mim. Aí chamei você e ainda me ensinou como fazer”. É outro tipo de atendimento”, relata.
“Tenho clientes que me deixam a chave da casa, me passam a senha. Confiam de verdade. Tem cliente que tá tomando banho quando eu chego, e a gente conversa de boa, grita do banheiro mesmo! Porque sabem que sou mulher, que não tem assédio, não tem invasão. Isso faz toda a diferença”, finaliza.
Marie Claire, 30/abr
terça-feira, 29 de abril de 2025
Imóveis de luxo associados a grifes têm valorização de 30%, diz pesquisa
Uma pesquisa mostra que imóveis de luxo associados a grifes podem ter valorização média mundial de até 30% na comparação com outros empreendimentos.
Conhecido por "branded residences", o uso de marcas renomadas em empreendimentos imobiliários virou tendência em Balneário Camboriú e região nos últimos anos e tem atraído a atenção de investidores e de outras regiões do país.
O que mostra a pesquisa
- Valorização de imóveis associados a grifes varia conforme alguns critérios. A consultoria imobiliária Savills, responsável pela pesquisa, aponta três deles: localização, marca e tipo de parceria - entre a construtora e a grife.
- Maior valorização ocorre em mercados emergentes, onde grifes de luxo atraem um número crescente de pessoas com alto patrimônio. "Acordos nesses locais podem comandar uma valorização média de 54% em comparação com ações sem marca. Em mercados onde existem poucos ou nenhum esquema de marca, um projeto de marca pode atingir o dobro do preço de ações sem marca comparáveis", observa a consultoria, que tem mais de 700 escritórios espalhados pelo mundo.
- Compra de "imóveis assinados" ocorre por segurança, alta qualidade do produto e status implícito, aponta pesquisa. A especialista em mercado imobiliário da Sort Investimentos, Jaqueline Romão, entende que o consumidor interessado neste tipo de imóvel espera encontrar a mesma qualidade do produto de luxo no empreendimento. "O morador quer se sentir pertencente àquela marca. Mais do que um imóvel, ele quer uma experiência de vida. Hoje, essa experiência não é só mais de hotéis, ele quer trazer essa experiência para o dia a dia dele", observa Romão.
Bastidores dos branded residences
- Negociações com as marcas podem levar meses e até anos. Em Balneário Camboriú, a construtora Embraed tem dois empreendimentos assinados: um com a Armani/Casa e outro com a Tonino Lamborghini. Cada negócio levou um tempo diferente para ser fechado. Na parceria com a Tonino Lamborguini, as primeiras conversas ocorreram em 2017, com a assinatura do contrato no ano seguinte e o lançamento do empreendimento em 2019. Já com a Armani, as tratativas iniciaram-se em 2020 e o contrato só foi assinado em 2024, explica a CEO da Embraed, Tatiana Rosa Cequinel. "Teve pandemia no meio e o contrato foi bastante discutido", explica Cequinel. Já a Gessele Empreendimentos levou dez meses para fechar a parceria com a marca de iates Okean para a construção do prédio Charles II na cidade de Itapema - vizinha de Balneário Camboriú.
"Nós começamos a estreitar relações com a grife, ficamos ’namorando’, vendo se as marcas se conectavam e acabamos fechando. Foi uma negociação muito tranquila." Paula Gessele, vice-presidente da Gessele Empreendimentos.
- Venda de "imóveis assinados" é mais rápida. Das 67 unidades no Tonino Lamborghini, não há mais nenhuma disponível para venda. E o prédio só vai ser entregue em 2026. "A gente vendeu muito rápido, há mais de um ano que não temos nenhuma unidade disponível", conta a CE0 da Embraed. Na Gessele Empreendimentos, o edifício Charles II nem foi lançado e já tem 50% das unidades reservadas.
- Valorização pode ser superior à média mundial. Em 2020, um apartamento no Tonino Lamborghini foi vendido a R$ 4 milhões. Hoje, está avaliado em mais de 10,5 milhões. "É uma valorização superior a 160%", observa Romão. Na Praia Brava de Itajaí, também vizinha de Balneário Camboriú, um projeto da CK em parceria com a marca Artefacto já registra índice de 75% de valorização. Em setembro de 2021, quando o empreendimento foi lançado, uma unidade custava R$ 1.540.000,00 e, agora, o preço médio de venda fica em torno de R$ 2.700.000,00.
- Mercado de "branded residences" é dominado por hotéis de luxo, segundo pesquisa. Na Praia Brava também vai ser construído o empreendimento "Tempo", assinado pelo renomado escritório de arquitetura Foster and Parteners, de Londres. Além disso, em uma das oito torres vai funcionar o hotel seis estrelas Emiliano. Moradores dos outros prédios do empreendimento vão poder ter acesso ao serviço de quarto, às piscinas do Emiliano e ao concierge disponibilizado para os hóspedes do hotel, observa Arthur Fischer Neto, diretor da incorporada Müze, que está à frente do projeto. A oferta de serviços de hoteleira é considerada um dos diferenciais do empreendimento e visa dar mais satisfação ao cliente no momento pós-obra, entende Leandro Melnick, CEO da incorporadora gaúcha Melnick, empresa que presta consultoria ao projeto.
"No momento da compra a marca ajuda porque agrega valor. Depois que o cliente começa a usar o apartamento, ele às vezes se decepciona porque não consegue visualizar com tanta clareza o valor agregado daquela marca no dia a dia da sua vida. A marca fica muito no status, num detalhe, num móvel de cozinha que, ao longo do uso do empreendimento, acaba não ficando tão relevante. Quando tu põe um hotel vai ter o restaurante do hotel, vai poder contratar os serviços, os amigos e familiares vão poder ficar dentro do hotel. São serviços que realmente vão impactar no uso do imóvel no pós-entrega." Leandro Melnick, CEO da Melnick.
- Há construtoras que optam por não fazer associação, mas esbanjam itens de marca. Na Praia Brava está sendo construído o que deve ser o maior spa residencial do Brasil, chamado de Atmosphere. Ao todo serão 320 apartamentos, distribuídos em oito torres de 23 andares. Por lá, todos os pisos utilizados nas áreas comuns e nos apartamentos vão ser da marca italiana Versace. Nas áreas comuns também haverá mobílias da Versace, como sofás, aparadores e cadeiras. E no spa, os moradores vão poder utilizar a rouparia da marca.
- Devem ser gastos entre R$ 60 milhões a R$ 70 milhões com esses itens. "A gente não quis assinatura por conta de detalhamento do projeto da fachada. A gente queria que fossem linhas mais curvas, para lembrar do mar", explica Wadis Dall Oglio Neto, diretor na Dall Empreendimentos, responsável pela obra.
UOL, 29/abr
quinta-feira, 17 de abril de 2025
Imóveis comerciais ensaiam recuperação e vendas crescem
Levantamento da plataforma Superbid Exchange mostra que negociações aqueceram e as vendas saltaram 132,8%.
O mercado de imóveis comerciais no Brasil vive um momento de forte recuperação. Segundo um levantamento da plataforma de compra e venda de bens e produtos Superbid Exchange, em 2024, houve um crescimento de 66,7% no número de imóveis comerciais ofertados. O levantamento considerou ativos como agências bancárias, galpões, prédios, lojas, salas comerciais e terrenos em todo o país.
O aumento na oferta teve reflexo direto na venda, que registrou crescimento de 132,8% em 2024, ante 2023. As cidades com maior volume de ativos vendidos foram São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Guarulhos. O ticket médio dos imóveis vendidos no ano alcançou 697,7 mil reais. Ao todo, o volume de vendas aumentou 27%.
Veja, 17/abr
quarta-feira, 16 de abril de 2025
Em São Paulo, imóveis usados dominam as preferências, aponta pesquisa
Para maior parte dos profissionais entrevistados, custo do condomínio é um critério muito relevante para os clientes.
Em São Paulo, os imóveis usados dominam as preferências dos clientes, correspondendo a 85% das buscas, enquanto apenas 7,15% demonstram interesse em imóveis novos, segundo dados da startup de mercado imobiliário Compre & Alugue Agora. Por outro lado, 7,15% dos profissionais do setor afirmam não perceber uma diferença significativa na procura entre imóveis novos e usados.
O levantamento também mostra que os consumidores estão priorizando os imóveis populares, que representam 39% da procura. Em seguida, os imóveis de médio padrão (29%), comerciais (25%) e, por último, os de alto padrão, com 2,95% das buscas. Os dados são do INDI CAA, feito com mais de 200 imobiliárias no interior do estado e na capital paulista e que entrevistou corretores e profissionais das imobiliárias.
Valor do condomínio impacta na escolha
Outro fator determinante na escolha de um imóvel é o valor do condomínio. Segundo o levantamento, 78% dos profissionais apontaram que esse custo é um critério muito relevante para os clientes, enquanto 14% consideram que ele pesa apenas em alguns casos e 7% acreditam que raramente influencia a decisão de compra ou locação.
Já em relação ao mercado, para 42% dos profissionais entrevistados, há excesso de oferta de imóveis como um obstáculo para alugar ou vender, enquanto 28% apontam que os preços praticados estão incompatíveis com a realidade do mercado, dificultando as negociações. Outros empecilhos apontados foram a dificuldade de financiamento (14%) e taxas de juros altas (14%).
No entanto, apesar de considerado mais difícil no cenário atual, o financiamento bancário ainda é utilizado na maior parte (75%) das transações. O pagamento à vista, por sua vez, é usado em 25% das operações.
De acordo com a pesquisa, a taxa de juros elevada e o financiamento difícil também podem ser fatores decisivos por trás de outro dado revelado pela pesquisa: o aquecimento do setor de aluguel. O levantamento mostrou que 85,7% das operações no mercado imobiliário estão relacionadas à locação, enquanto a compra de imóveis representa apenas 15,3%.
Fábio Gozzi, fundador do Compre & Alugue Agora, comenta que o levantamento mostrou que, apesar do mercado aquecido, desafios como excesso de oferta, preços desalinhados e juros elevados estão impactando as negociações. “O aluguel segue forte, e a preferência por imóveis populares e usados reforça a busca por opções mais acessíveis”, finaliza.
Valor Investe, 16/abr
terça-feira, 15 de abril de 2025
Rua Prudente de Morais vive efervescência de lançamentos
Endereço badalado de Ipanema, a via recebeu seis novos residenciais nos últimos meses, impulsionados principalmente pela boa profundidade de seus terrenos.
Ela não é a rua mais badalada, tampouco a mais famosa — títulos ostentados pela Visconde de Pirajá e pela Vieira Souto, respectivamente —, mas a Prudente de Morais está com tudo e não está prosa no mercado imobiliário carioca: foram seis lançamentos nos últimos meses. O endereço ostenta localização privilegiada, oferta de entretenimento e cultura e é apontado como o grande diferencial de Ipanema. Os terrenos com profundidade rara encontrados ali são também um atrativo para o desenvolvimento de projetos mais espaçosos.
A rua leva o nome do terceiro presidente do Brasil (1894-1898). O advogado Prudente José de Morais Barros foi o primeiro civil a comandar o país e o primeiro presidente eleito por voto popular direto sob a Constituição de 1891. Seu governo marcou a ascensão da oligarquia cafeeira ao poder nacional, após um período de domínio militar.
Hoje, a história na Prudente de Morais é outra. A rua tornou-se um ponto estratégico para o mercado imobiliário da Zona Sul pela proximidade com a Praia de Ipanema, eleita a segunda melhor do mundo pelo guia de viagens Lonely Planet, em 2024, e por tudo que o bairro oferece em termos de moda, cultura, artes, gastronomia e vida noturna — uma agitação que cariocas e gringos adoram.
A aquisição de terrenos na rua exige um trabalho minucioso que, muitas vezes, envolve negociações complexas com múltiplos proprietários e pode levar anos para ser concluída, mas o valor dos imóveis na região compensa o esforço. Um bom exemplo é o Almar, lançamento recente da Balassiano Engenharia na rua, com VGV superior a R$ 500 milhões.
— A compra do terreno envolveu a aquisição de dois prédios, o que nos obrigou a negociar com diversos proprietários. Mas sempre há espaço para novos empreendimentos quando se trata de uma região de grande demanda como Ipanema — explica o diretor Thiago Balassiano.
A Prudente de Morais é o endereço de dois outros residenciais de altíssimo padrão da Balassiano: Vista Ipanema e 786 Prudente, em parceria com o Opportunity FII, que também tem dois residenciais em construção na rua: um com a Sig Engenharia e outro com o Brix FII.
— É uma das ruas mais emblemáticas e conhecidas de Ipanema. A localização excelente, a proximidade com a praia e a oferta de diversos restaurantes são atributos que atraem tanto os cariocas quanto os turistas — ressalta o gestor do Opportunity, Marcelo Naidich.
Embora a rua já tenha ocupação consolidada, especialistas acreditam que ainda há espaço para novos empreendimentos, especialmente no segmento de alto padrão e na requalificação de imóveis existentes. Segundo Schalom Grimberg, sócio-fundador da Sig, o formato diferenciado dos lotes na Prudente de Morais é um atrativo adicional para os incorporadores.
— O loteamento de Ipanema foi feito por grupos portugueses, e os terrenos eram divididos em pequenos lotes de dez metros de frente por 20 ou 30 de profundidade. Na Prudente de Morais, os terrenos chegam a ter até 50 metros de profundidade —explica Grimberg.
As características especiais dos terrenos, somadas à alta demanda e à existência de prédios com potencial para retrofit, levaram também a Mozak a fincar âncora na rua com o Nove, residencial com apartamentos de três a cinco quartos.
— A proximidade com a praia e toda a agitação do comércio local fazem dessa localização um objeto de desejo para quem quer viver intensamente o lifestyle carioca — conclui a coordenadora de Marketing da Mozak, Thaís Lago.
O Globo, 15/abr
segunda-feira, 14 de abril de 2025
Loteamentos: projetos sob medida e lazer completo
O desejo de morar em casas e com segurança vem crescendo desde a pandemia e incentiva as construtoras a investir nesse modelo.
Os projetos de loteamentos estão chamando a atenção do público não só por possibilitar a construção das residências do jeito que o comprador — seja para morar ou investir — desejar, mas também pela oferta de lazer completo no condomínio. Não por acaso, têm surgido lançamentos em várias áreas do Estado do Rio: Zona Oeste da capital, Niterói, Leste Fluminense e regiões dos Lagos e Serrana.
A PróLotes lançou no ano passado dois loteamentos: o Méditerrané Prainha Residence, em São Pedro da Aldeia, com 83 lotes de 180 a 468 metros quadrados a partir de R$ 150 mil; e o Way Ventura Clube, em Maricá, com 236 terrenos de 242 a 398 metros quadrados, com valor inicial de R$ 160 mil. Os condomínios oferecem infraestrutura completa de lazer e segurança, informa Marcelo Fróes, diretor da empresa.
— Esse mercado vem crescendo desde a pandemia, quando as pessoas começaram a fugir dos centros urbanos para ter mais qualidade de vida, vivendo em uma casa com lazer completo e segurança. Maricá e municípios da Costa Verde e da Região dos Lagos são muito procurados e têm boas opções de áreas também — comenta.
Fróes lista os perfis de compradores da empresa: o investidor que compra terra em determinadas regiões valorizadas, aquele que adquire um terreno para fazer uma poupança forçada, o veranista que quer construir uma casa para passar finais de semana e férias, o cliente que pretende morar e, por fim, o construtor que quer erguer a casa para depois vendê-la e rentabilizar.
Os preços variam de acordo com a localização. A Pró- Lotes já lançou lotes em Itaboraí a partir de R$ 70 mil, mas, na Região Oceânica de Niterói, o valor de cada pedaço de terra pode ultrapassar R$ 400 mil. Em todos os empreendimentos, a empresa oferece até quatro opções de projetos arquitetônicos para o cliente escolher — o que, segundo Fróes, agiliza o processo e gera uma economia de até R$ 20 mil.
No Recreio, a Aros Inc. lançou três fases do Bio Recreio Residences, com lotes a partir de R$ 549 mil. O CEO, Ricardo Affonseca, diz que a empresa foi pioneira no mercado carioca nesse tipo de empreendimento, que tem demanda reprimida no Recreio e em bairros vizinhos, para onde a cidade está crescendo. Nos próximos 12 meses, a empresa pretende lançar mais condomínios de lotes.
— O público busca projetos com segurança, lazer completo e espaços generosos. Porém, o mais importante é a localização. O investidor é um dos principais clientes, pois sabe que a cidade está crescendo em direção a esses lançamentos e, naturalmente, é um ativo que vai se valorizar muito. Quem compra terra não erra — afirma Affonseca.
CEO da Avanço Realizações Imobiliárias, Sanderson Fernandes afirma que a área de lazer dos loteamentos tem evoluído para atender às aspirações de quem quer morar nesse tipo de condomínio. A empresa lançou em fevereiro deste ano o Terrah Américas Clube, no Recreio, com 158 terrenos de 180 a 490 metros quadrados, a partir de R$ 530 mil. O cliente principal é o investidor.
— O Terrah Américas Clube foi o nosso primeiro projeto de loteamento e conta com lazer completo, segurança 24 horas, excelente localização, serviços de conveniência e transporte interno com van e carrinho de golfe, além de vagas para visitantes — enumera Fernandes.
Entre os principais desafios de empreendimentos de lotes estão: planejamento urbanístico mais detalhado e exigência de terreno mais amplo em relação a condomínios verticais. Outro ponto importante, segundo o diretor do Grupo STN, Danilo Santino, é a complexidade na execução das obras.
— O modelo horizontal exige múltiplas frentes de trabalho simultâneas, o que demanda um controle ainda mais rigoroso de cronograma, logística e qualidade.
Risco menor e lucro maior são diferenciais
Demanda crescente e valorização são outros atrativos para as empresas
Os fatores que levaram a PróLotes a apostar nesse tipo de empreendimento foram risco menor do negócio e possibilidade de lucro maior na comparação com projetos verticais, cujos custos e precificação são mais sujeitos a variações em função da complexidade das obras.
— No modelo vertical, o lucro é muito apertado, e qualquer deslize, seja erro no custo da obra ou na precificação, pode colocar tudo por água abaixo. Já no loteamento, a margem é muito maior — completa Marcelo Fróes, diretor da companhia. Já a Avanço Realizações Imobiliárias têm investido em condomínios de lotes porque, segundo o CEO, Sanderson Fernandes, esse tipo de projeto conquistou o mercado carioca. Mas ele aponta alguns desafios a serem superados também nesse modelo.
— Terrenos e casas se valorizam ao longo do tempo, à medida que a região se desenvolve. Não basta ter o terreno e lançar um empreendimento, é preciso estudar a região com muito cuidado, ouvir moradores, identificar o potencial construtivo e, a partir desse conjunto, chegar ao projeto final — pontua Fernandes.
Para Danilo Santinon, diretor do Grupo STN, a aposta vem do fato de que há uma crescente demanda por residências horizontais, voltadas para famílias que desejam viver em locais com mais espaço.
— Além disso, esses projetos proporcionam o contato com a natureza e uma experiência de vida mais tranquila, sem abrir mão da modernidade.
Extra, Morar Bem, 14/abr
sexta-feira, 11 de abril de 2025
Mercado: um dia um influencer vai encontrar o seu imóvel dos sonhos
Alguns corretores viraram celebridades nas redes sociais.
Na semana passada, estive em um evento da Mynd, a maior agência de marketing de influência e entretenimento do Brasil, responsável por conectar grandes marcas a artistas e influenciadores e fazer deles os grandes propagadores de seus negócios. Fiquei surpresa quando a CEO da agência, Fátima Pissarra, comentou que o mercado de influenciadores não estava passando por uma bolha prestes a estourar, como muitos pensam. Pelo contrário. Segundo ela, o mercado estava ainda no patamar de 5% de possibilidades e que, atualmente, o que mais está em evidência e crescimento é o influenciador que atua no mercado de nicho, ou seja, que tem um trabalho para um público específico, em que ele mostre autoridade no assunto.
Aproveitando este cenário, muitos profissionais de diversos mercados, sejam médicos, advogados ou arquitetos, estão surfando nessa onda e se tornando verdadeiras celebridades nas redes sociais, representando serviços e produtos de todas as naturezas. Com o mercado imobiliário não é diferente. Estamos vendo, cada vez mais, corretores de imóveis alcançando status de grandes influenciadores, conquistando milhares de seguidores, ao mostrar, além dos imóveis, seu cotidiano, o que vai conquistando cada vez mais fãs e também clientes compradores, o verdadeiro objetivo desse trabalho.
Juntando essas duas informações, da atuação de influenciadores em mercados específicos com a ascensão de corretores de imóveis nas redes sociais, Izabelle Pollo, especialista em marketing digital, teve a ideia de lançar, há quase dois meses, um serviço voltado especificamente para alavancar a imagem dos corretores de imóveis no ambiente digital.
Assim nasceu a Brokers Brasil, uma empresa de educação especializada no mercado imobiliário. O objetivo é ensinar corretores e donos de imobiliárias a se posicionarem de forma estratégica no mundo digital e alavancarem suas vendas por meio das redes sociais, utilizando estratégias de conteúdo e de geração de demanda.
“Nossa missão é formar a nova geração de líderes do mercado imobiliário brasileiro e impulsionar aqueles que já estão em atividade, por meio de uma metodologia única desenvolvida com base em três pilares fundamentais: posicionamento claro, estratégia de conteúdo e geração de demanda.”, contou Izabelle à coluna Real Estate. Ela acredita que os corretores de imóveis enfrentam grandes desafios para se posicionarem no digital e têm muita relutância em investir na criação de conteúdo nas redes digitais, principalmente os que estão no mercado há mais tempo.
O mercado imobiliário nacional já tem profissionais alinhados com esse discurso de Izabelle, mostrando o valor de ser um corretor influenciador e o quanto isso impacta diretamente nas vendas de imóveis. As irmãs Julia e Jamile Colete, da Colete Consultoria, imobiliária paulista, representam um desses exemplos. Elas criaram uma estratégia de posicionamento para vender imóveis econômicos, que se enquadram no programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal, como se estivessem em imóveis de alto luxo, entendendo que toda compra de imóvel é um passo importante para o cliente e, por isso, merece um atendimento premium e diferenciado. Os vídeos super produzidos combinam com o visual das irmãs que já conquistaram quase 50 000 seguidores no Instagram.
Tamara Stief é outra corretora de imóveis que alçou o status de celebridade nas redes sociais. Em seu perfil no Instagram, que já conta com mais de 260 000 seguidores, apelidados por ela de “mara mores”, ela se define como uma creator do mercado imobiliário, que ajuda as pessoas a encontrarem seu imóvel com um trabalho mais autêntico e um discurso mais direto. Ainda que recebendo críticas por sua forma irreverente, adjetivando residências como “perfeitas para herdeiros” ou apresentando um imóvel que precisa de reforma como “o podrão que adoramos”, o fato é que seus vídeos chegam a 1 milhão de visualizações — e isso é um ativo muito alto quando se trata de comercialização de produtos, ainda que seja de imóveis.
As redes sociais mudaram o comportamento de compra e de comunicação. Não há mais como os profissionais relativizarem esses meios e não enxergarem o mundo digital como uma ferramenta indispensável para fazerem negócio. Um trabalho básico de estratégia digital já não é nem mais um diferencial. Quem se destaca agora são os profissionais que investem em formatos e conteúdos diferenciados. Os corretores de imóveis que não entenderem isso, vão ficar para trás. Serão derrotados e condenados a passar finais de semana sentados em cadeiras de plástico em imóveis abertos à visitação.
Veja Negócios, 11/abr
Empresas reduzem custos ao adotar escritórios inteligentes
A transformação do mercado imobiliário corporativo é impulsionada pela adaptação ao trabalho híbrido, resultando em novos modelos de espaço.
A reconfiguração dos escritórios corporativos tem se consolidado como uma estratégia eficaz para empresas que buscam reduzir custos operacionais e melhorar a produtividade. Profissionais da área, como Frederico Freitas, CEO da Target Real Estate, destacam que, com a consolidação do trabalho híbrido, muitas empresas têm reavaliado seus espaços físicos, adaptando-os às novas exigências de flexibilidade e colaboração.
De acordo com um levantamento do mercado imobiliário, empresas que reconfiguram seus espaços podem reduzir até 30% nos custos fixos. A renegociação de aluguéis, a criação de ambientes mais flexíveis e o uso de tecnologia para monitoramento da ocupação são algumas das medidas que têm sido implementadas para equilibrar despesas e maximizar a eficiência.
Além de reduzir custos, essa reconfiguração representa um movimento de modernização do ambiente de trabalho. A tendência é a substituição de escritórios tradicionais por espaços mais compactos, porém tecnologicamente avançados e bem localizados. Ambientes modulares, estações compartilhadas e hubs descentralizados têm ganhado popularidade, oferecendo maior agilidade e adaptabilidade aos negócios.
Transformando a visão dos espaços corporativos
A redução de metragem não significa perda de qualidade no ambiente corporativo. Pelo contrário, as empresas estão investindo em espaços menores, mas altamente tecnológicos, bem localizados e alinhados às novas demandas de seus colaboradores. Com a mudança nas exigências do trabalho híbrido, os espaços corporativos deixaram de ser simples locais de trabalho fixos para se tornarem ativos estratégicos.
“O escritório passou a ser um ambiente estratégico, pensado para impulsionar a colaboração, a criatividade e a eficiência organizacional”, afirma Freitas, CEO de uma consultoria especializada em inteligência imobiliária corporativa. Para ele, a reconfiguração desses espaços busca não só atender às necessidades atuais, mas também antecipar as demandas futuras de empresas e seus colaboradores.
O impacto dessa transformação no mercado imobiliário corporativo é claro: empresas que adotam modelos híbridos e flexíveis estão priorizando ambientes que promovem bem-estar, inovação e sustentabilidade. Com a reconfiguração, essas empresas buscam garantir não apenas eficiência operacional, mas também uma maior competitividade no mercado.
Valor Econômico, 11/abr
quarta-feira, 9 de abril de 2025
Setor de imóveis tem maior alta em lançamentos em dez anos
Crescimento de 11,8% nas vendas de novos imóveis em 2024 foi divulgado pela Abrainc. Índice é o mais alto da série medida desde 2014. Diretor de incorporação da Construlike e da Construtora Prohidro destaca segmento de Médio e Alto Padrão e Minha Casa Minha Vida como impulsionadores.
A venda de novos imóveis em 2024 cresceu 11,8%, em comparação a 2023. O volume de vendas foi de 186.540 unidades e o valor acumulado da venda das novas unidades chegou a R$60,3 bilhões, um crescimento de 16,5% em relação ao ano anterior. Os números são os mais altos registrados na série histórica, desde 2014.
Os dados foram obtidos por meio do conjunto de indicadores Abrainc-Fipe, desenvolvidos pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a partir de um levantamento realizado com 20 empresas associadas à Abrainc.
Renan Persio dos Santos, diretor de Incorporações da Construlike e da Construtora Prohidro, aponta um fator econômico relevante positivamente para o mercado imobiliário em 2024. “A estabilidade nos preços dos insumos ligados às commodities impediu que os custos de materiais de construção aumentassem de forma expressiva, e isso possibilitou às construtoras oferecer preços competitivos”.
Além disso, o índice alcançado pelo mercado imobiliário foi impulsionado pelos segmentos de Médio e Alto Padrão (MAP) e pelo programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), conforme mostram os indicadores Abrainc-Fipe.
O MCMV registrou alta recorde de 25,2%, com lançamento de mais de 122 mil unidades e 13,1% com a venda de 136.741 imóveis novos. Da mesma forma, o segmento de MAP apresentou crescimento de 23,8% no valor de vendas, totalizando R$26,6 bilhões e 42,1% no valor lançado, que corresponde a R$23,6 bilhões.
De acordo com o empresário, ambos os segmentos se beneficiaram dos recursos de financiamento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que proporciona condições mais acessíveis para aquisição de imóveis, ampliando o acesso à moradia.
“O aumento do volume financiado pelo FGTS desempenhou um papel crucial, pois, vinculado a um baixo índice de desemprego, facilitou o acesso ao crédito imobiliário e incentivou mais pessoas a investirem em imóveis”, explica Santos.
O Abrainc-Fipe também revelou que a duração da oferta de imóveis no mercado reduziu em ambos os segmentos. No MAP a queda nos estoques caiu de 18,4 meses para 13 meses, um nível considerado saudável e próximo a média histórica. No MCMV, houve uma redução de 11,5 meses para 9,8 meses de consumo da oferta de imóveis novos.
Segundo Santos, o MCMV figurou como a melhor alternativa por oferecer uma fonte estável e acessível de crédito para os compradores, e assim possibilitou expandir a base de consumidores, impulsionando ainda mais as vendas.
“A escassez de recursos provenientes da poupança fez com que várias empresas do setor imobiliário se concentrassem no programa, que teve aumento no teto do financiamento e permitiu que mais pessoas adquirissem imóveis adequados às suas necessidades”, conta o empresário.
Para o empresário, as redes sociais também desempenharam um papel importante ao ampliar o alcance das imobiliárias e construtoras para um público mais diversificado. “Outras ferramentas digitais, como tours virtuais, realidade aumentada e plataformas de financiamento online, facilitaram o processo de compra, tornando-o mais conveniente e acessível para os consumidores”.
O diretor de Incorporações da Construlike e da Construtora Prohidro esclarece que apesar do prejuízo causado à capacidade de financiamento pelas taxas de juros elevadas e a inflação, que pode fazer muitos clientes adiarem a decisão de compra, o programa Minha Casa, Minha Vida é beneficiado pelas taxas de juros de financiamento mais estáveis e uma opção para famílias com renda de até seis salários mínimos.
Santos pontua, no entanto, que há preocupações de que haja uma escassez de recursos destinados à produção de novos imóveis, a partir do segundo semestre de 2025. Mas a notícia do anúncio do governo sobre a ampliação do limite do financiamento é positiva para o setor. Segundo ele, caso a faixa 4 do MCMV seja aprovada, o programa vai abranger uma nova faixa de beneficiários, o que pode impactar positivamente na venda de novos imóveis.
Valor Econômico, 09/abr
terça-feira, 8 de abril de 2025
À véspera do lançamento: os planos da nova proprietária do saudoso ‘Edifício Mesbla’
Com o lançamento previsto agora para abril, a ’Inti’ planeja transformar o prédio icônico em 191 apartamentos de alto padrão, incluindo a criação de um rooftop no topo do edifício, que contará com uma piscina ’debruçada’ sobre a Baía de Guanabara.
Rua do Passeio, 56. Para muitos cariocas, um endereço que traz memórias. Um ponto de referência que atravessou o tempo, seja pelo letreiro vermelho que brilhava nas noites ou pelo elegante relógio art déco — que rivaliza com o da Central do Brasil—, e que permanece na memória afetiva da cidade. Debruçado sobre o Passeio Público, projeto do Mestre Valentim no século XVIII, o antigo Edifício Mesbla – que por mais de seis décadas foi endereço da saudosa loja de departamentos (que nasceu na Rua da Assembleia) – começa agora a escrever um novo capítulo, com a transformação de suas instalações em um empreendimento residencial.
A missão para essa reinterpretação vem de Andre Kiffer, CEO da Inti, nova proprietária do prédio. A construtora comprou o icônico edifício em janeiro deste ano, por R$ 21,7 milhões, e desde então a equipe tem se dedicado a adaptar a construção – que foi projetada na década de 30 para ser um residencial – para seu retorno a essa vocação original.
Saudosa Mesbla
A antiga loja de departamentos foi sinônimo de inovação e prestígio no Rio. Era um evento ir até a Mesbla. Se consolidou como uma das maiores do país na década de 50. O prédio de 8 mil metros quadrados e 16 andares era um verdadeiro monumento. Apesar de ter outras filiais espalhadas pelo município, a ‘The Best’ era a loja matriz da Rua do Passeio — praticamente um shopping. As vitrine exibiam até carros. No topo do prédio, um restaurante panorâmico foi quase que um precursor para os famosos e populares rooftops cariocas. A loja fechou no final dos anos 90, após uma crise interna, e desde então o prédio foi usado como um edifício corporativo.
Lançamento programado
Com a aquisição do prédio, a Inti planeja transformar a estrutura em 191 apartamentos de alto padrão, com metragens que variam de 33 m² a 69 m², divididos entre estúdios, double suites e quartos e salas. A construção seguirá o estilo retrofit, ou seja, adaptando o que já existe e preservando a essência histórica do edifício. A convenção interna já acontece na semana que vem, no dia 9 — data na qual será revelada a nova marca do residencial (mantida em segredo) e todos os projetos do empreendimento. Dia 25 será o lançamento comercial, voltado para as vendas das unidades.
Para Andre Kiffer, o desafio de transformar esse ícone é também uma grande oportunidade. “Imagino que será um sucesso. Já há uma pressão muito grande de pessoas interessadas, principalmente por causa da questão do prédio. Ele é icônico, a localização é sensacional. Não há outro edifício que tenha a mesma simbologia que este, o que ele representa para o Centro do Rio.” afirma Kiffer em entrevista exclusiva ao Diário do Rio.
O projeto de recuperação inclui, além dos apartamentos, uma série de áreas de lazer que prometem ser um diferencial: no topo, o rooftop terá uma vista deslumbrante do Aterro do Flamengo e contará com uma piscina, um bar e uma área de estar tanto para o dia quanto para a noite. “O rooftop vai ser um diferencial. Não só para os moradores, mas com a possibilidade de ser aberto ao público futuramente. Ele estará pronto caso seja necessário ou desejem explorar externamente. Ele terá essa vocação”, explica Kiffer, demonstrando grande confiança no potencial do espaço.
Além disso, o prédio contará com espaços como salão de jogos, coworking, lavanderia e bicicletário. Na frente, à disposição, o maior estacionamento subterrâneo do Rio. Apesar de não possuir garagem, a empresa garante que não há necessidade. “O público aqui não quer ser refém do carro. Aqui temos metrô, uma vida a pé. Esse é o diferencial. Em poucos minutos, você está em qualquer ponto da Zona Sul.” afirma.
O relógio e o patrimônio
Uma das grandes apostas da Inti, e um dos maiores desafios, será a reativação do relógio histórico, uma das marcas registradas do edifício. Com 100 metros de altura, a torre é um ícone não apenas visual, mas também afetivo. “Manter o relógio funcionando é uma obrigação nossa. Temos um compromisso com o patrimônio”, ressalta Kiffer, destacando que a preservação da fachada também será uma prioridade.
O prédio foi projetado pelo arquiteto francês Henri Paul Pierre Sajous (o mesmo dos Edifícios Biarritz e Tabor & Loreto no Flamengo). A ideia de construir partiu dos próprios donos da Mesbla. Os relógios se tornaram um ícone nos edifícios construídos no período, servindo como uma estratégia inteligente para atrair olhares e gerar visibilidade. Além da imponência arquitetônica, muitos desses prédios abrigavam grandes empresas. Com o relógio no topo, era impossível não olhar para o edifício e associá-lo imediatamente à marca, criando uma conexão duradoura. Acerto mais que garantido.
Impacto para o Centro do Rio
O projeto do Edifício Mesbla não se resume a um simples lançamento imobiliário. Kiffer vê a transformação do prédio como parte de um movimento mais amplo de revitalização do Centro do Rio, um bairro que, após anos de declínio, começa a ganhar novos ares, com mais empresas, novos projetos e até investimentos de fora do estado. “O Centro tem um potencial de valorização único. Não tem comparação com a Zona Sul, onde o mercado já está saturado”, afirma Kiffer, com otimismo. “Temos muitas possibilidades de crescimento, com projetos em áreas como a Uruguaiana e a Pedra do Sal, além de toda a revitalização ao redor da Praça Mauá. Há um movimento de transformação que vai fazer com que o Centro se torne, em breve, o lugar com maior valorização no Rio.”
Para quem adquirir um dos apartamentos, há ainda benefícios fiscais significativos, como a isenção de IPTU e a não cobrança do ITBI devido à incentivos do Reviver Centro. “Esses benefícios são um grande atrativo para quem está buscando um imóvel no Centro. Além disso, sabemos que o perfil dos interessados inclui tanto pessoas que querem morar quanto investidores de fora do Rio. A cidade está atraindo cada vez mais gente de outros estados, e o Centro, especialmente com empreendimentos como o nosso, tem sido visto como um excelente lugar para investir”, afirma Kiffer.
“Aqui não há vista ruim. Se você está na frente, tem a Baía de Guanabara, o MAM, o Aterro. Se está no fundo, tem o Cristo, os Arcos da Lapa, os palacetes de Santa Teresa”. Com entusiasmo, ele compara o fenômeno do ‘Gate Santos Dumont’, que vendeu seus 500 estúdios em apenas dois dias, e acredita que o mesmo pode acontecer com o Mesbla.
Aposta da Inti no Centro
A grande aposta no Centro do Rio é a nova identidade que o CEO deseja imprimir na construtora, que, desde 2016, se concentrou no mercado de lançamentos exclusivos da Zona Sul. De olho no sucesso, Kiffer já garantiu futuras empreitadas no Centro. A empresa já desenvolveu outros projetos na região, um na Praça Mauá, já fechado, e outro mais próximo à Cinelândia. No entanto, ele ressalta que esses não são edifícios icônicos como o Mesbla. “O Centro da cidade é onde o Rio tem, de fato, o maior potencial de crescimento. Se as coisas acontecerem como estão programadas, é o lugar com um potencial de valorização muito diferente do da Zona Sul. Lá, o espaço para crescimento é mais limitado. O Centro tem muitas possibilidades. Com certeza, muitas empresas estão começando a olhar o Centro com mais atenção, negociando terrenos, aprovando projetos, para lançar ainda este ano ou no próximo.”
“É inegável o renascimento do Centro do Rio de Janeiro, com comércio, gastronomia, cultura e também com a chegada desses novos projetos residenciais. Com a vista que este edifício terá e a proximidade com o Passeio Público, o sucesso é absolutamente garantido. Sem contar com a beleza da construção. Não temos dúvida de que os apartamentos serão vendidos quase que imediatamente”, garante Cláudio Castro, presidente do Conselho de Renovação do Centro do Rio da ACRJ.
Diário do Rio, 08/abr
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