quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Apesar da crise, Rio tem o m² mais caro


Apesar de ter a média do metro quadrado mais cara do país, a R$ 9.364, o Rio ainda é a cidade com maior procura de imóveis para compra, segundo pesquisa realizada pelo Grupo ZAP. Em seguida, estão São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte, Goiânia, Salvador, Santos, Recife e Niterói. Nestas cidades, a metragem média varia de R$ 8.978 na capital paulista a R$ 4.261 em Goiás. 

O levantamento mostra ainda que, no Rio, os imóveis mais cobiçados estão nos bairros de Copacabana, Tijuca, Barra, Botafogo, Recreio, Jacarepaguá, Leblon, Flamengo, Ipanema e Laranjeiras, nesta ordem. Segundo o economista sênior do Grupo Zap, Rodger Antunes Campos, os motivos que põem a cidade no topo do ranking são vários.

- O Rio tem muitos atrativos, que não são limitados pelo metro quadrado caro. Há pessoas indo trabalhar, pois são muitas as empresas privadas instaladas. Também existe a questão de ser próxima a São Paulo e uma demanda constante em decorrência da educação, não somente de estudantes do estado, como de outros - contextualiza Campos.

MUITA PROCURA, POUCA VENDA

Mas e a procura é proporcional à venda? A resposta é não (ou "ainda não", para os otimistas). Embora alguns bairros icônicos ainda fascinem moradores que querem morar melhor e estrangeiros que almejam uma casa para passar o verão, o mercado continua estagnado. Mas ano passado foi pior. 

Neste, houve melhora no início. Contudo, após os primeiros meses, a expectativa de retomada na economia recuou novamente, Segundo relatórios de vendas do Sindicato da Habitação do Rio (Secovi Rio), o primeiro trimestre de 2019 teve um aumento de 40% nas vendas em relação ao mesmo período de 2018. 

Já no segundo trimestre houve queda e as vendas foram um pouco inferiores em comparação com o mesmo período do ano anterior. Os especialistas do setor, porém, afirmam que a luz do fim do túnel começa a piscar. Para o presidente da construtora Concal, José Conde Caldas, o Rio é uma cidade de projeção e alcance nacionais, e é natural o interesse, mesmo com as mazelas que assombram o cotidiano dos cariocas. Ele reforça que o cenário está melhor e a tendência é continuar assim.

- Até ano passado, as pessoas queriam comprar mas tinham medo de se endividar e perder seus empregos, então seguravam. Mas isso está mudando. O mercado está voltando porque o desejo de compra voltou, os juros para financiamento estão mais baratos e há abundância de oferta - afirma Caldas, que acompanha as nuances do mercado há mais de 50 anos.

À ESPERA DE 2020

O empresário explica que o progresso do setor não será tão pujante quanto o de antes do período pré-olímpico, quando o setor viveu seu auge de procura, oferta e preços, e começará com os lançamentos ainda neste segundo semestre, com intensificação a partir de 2020.

- Em março e abril teremos muitos lançamentos - afirma Caldas.

- Sentimos uma leve melhora na procura pelos imóveis e acreditamos que 2020 será um ano muito promissor - confirma Tiago Sampaio, gerente comercial da Avanço Realizações Imobiliárias, cujo maior interesse dos clientes é por apartamentos de dois e três quartos.

A expectativa de compra, segundo Sampaio, é para os lançamentos previstos ainda nesse último trimestre do ano e para diminuir os estoques, um calo de longa data em quase todas as construtoras do Rio.

- Temo um lançamento em Barra Bonita, bairro planejado do Recreio, e continuaremos a investir nos estoques da Zona Norte. Apostamos ainda no alto padrão, com casas de luxo em condomínios de grande porte na Barra e no Recreio, que têm dado um bom retorno - diz Sampaio. 

Na onda do mercado em geral, a construtora Fernandes Araujo Participações também registrou, este ano, volume de vendas foi maior do que em 2018. Assim como a Concal, uma das apostas da empresa é a Tijuca, um dos bairros onde há grande procura, especialmente com dois e três quartos. 

- Outro bairro é a Taquara, e identificamos a volta de demanda em Jacarepaguá. Acredito que as novas linhas de financiamento e as opções de bancos privados são um forte estímulo à compra. Com a concorrência, ganham os clientes, pois surgem mais opções de escolha na modalidade que se encaixar no seu perfil financeiro - afirma a gerente de Marketing da Fernandes Araujo, Flavia Katz.

ZONA NORTE À FRENTE

Hoje, no Rio, segundo o Secovi Rio, há 78.728 apartamentos, 16.323 casas, 11.324 coberturas e 1.484 quitinetes disponíveis para venda. A maioria está na Zona Oeste, seguida pelas zonas Sul, Norte e Centro. Nos últimos três meses, a região onde mais se vendeu foi a Zona Norte, seguida por Barra e adjacências.



O Globo, Raphaela Ribas, 29/set