De acordo com o Tesouro Nacional, queda se deve ao resgate líquido (acima das emissões) de R$ 125,83 bilhões em títulos públicos. Despesas com juros somaram R$ 55,69 bilhões em outubro.
A dívida pública federal em títulos – que inclui os débitos do governo no Brasil e no exterior – registrou queda de 1,29% em outubro e atingiu R$ 5,373 trilhões, informou a Secretaria do Tesouro Nacional nesta quarta-feira (24). Em setembro, a dívida somava R$ 5,443 trilhões.
A dívida pública é a emitida pelo Tesouro Nacional para financiar o déficit orçamentário do governo federal. Ou seja, são empréstimos feitos para pagar despesas que ficam acima da arrecadação com impostos e tributos.
De acordo com o Tesouro Nacional, a dívida recuou em outubro por conta do alto valor dos resgates de títulos, que somaram R$ 271,4 bilhões, o segundo maior valor da série histórica. Ao mesmo tempo, as emissões totalizaram R$ 146,4 bilhões no período.
Com isso, os resgates superaram as emissões em R$ 125,83 bilhões em outubro, contribuindo para a queda da dívida pública no período. Já as despesas com juros somaram R$ 55,69 bilhões no mês passado.
Segundo a instituição, a alta dos preços de energia aliada a perspectivas menores de crescimento global contribuiu para o tom mais negativo do cenário externo no mês de outubro.
"No cenário doméstico observou-se nível elevado de volatilidade. Os juros de curto prazo reagiram às expectativas em relação aos movimentos futuros de política monetária [alta da Selic], enquanto os prazos mais longos precificaram riscos fiscais associados à questão da PEC dos Precatórios e ajustes no Teto de Gastos. Nesse cenário, o Brasil teve performance pior que os pares [emergentes]", informou.
A expectativa do Tesouro Nacional é de que a dívida pública continue a crescer nos próximos meses, e que termine 2021 entre R$ 5,6 trilhões e R$ 5,9 trilhões.
Detentores e custo médio
Os números do Tesouro Nacional também revelam que os investidores estrangeiros compraram títulos públicos no mês passado. Por isso, a participação desse grupo na dívida pública interna avançou.
Em setembro, os não residentes no país detinham 10,05% da dívida total, o equivalente a R$ 521 bilhões, valor que subiu para R$ 533 bilhões, ou 10,46% do total, em setembro.
Com isso, os estrangeiros seguem na quarta colocação de principais detentores da dívida pública interna, atrás de:
Instituições financeiras (R$ 1,668 trilhão, ou 28,76% do total).
Fundos de investimento (R$ 1,213 trilhão, ou 23,76% do total);
Fundos de previdência (R$ 1,159 trilhão ou 22,71% do total);
Já o custo médio das emissões de títulos públicos no mercado interno, segundo o Tesouro Nacional, passou 8,10% ao ano, em doze meses setembro, para 8,29% ao ano, em setembro.
O aumento do custo médio está relacionado com o aumento dos juros básicos da economia pelo Banco Central para combater a inflação.
Início de novembro
Na parcial do mês de novembro, ainda segundo o Tesouro Nacional, os mercados internacionais apresentam ganhos por conta de "resultados corporativos acima das projeções e de dados econômicos indicando recuperação nos EUA".
"O FED [Federal Reserve, o BC norte-americano] deu início ao processo de retirada de estímulos (tapering), seguindo o ritmo moderado esperado", acrescentou a instituição.
Com isso, o chamado Risco Brasil (valor pago acima dos títulos do Tesouro dos EUA) teve performance semelhante aos outros países emergentes, com queda de 2% no mês.
"Ao longo do mês, a maior estabilidade nos mercados permitiu ao Tesouro iniciar a retomada gradual das emissões, voltando a ofertar prefixados e índice de preços em quantidades mais próximas da normalidade", concluiu.
Alexandro Martello, G1, 24/nov