quarta-feira, 16 de abril de 2025
Em São Paulo, imóveis usados dominam as preferências, aponta pesquisa
Para maior parte dos profissionais entrevistados, custo do condomínio é um critério muito relevante para os clientes.
Em São Paulo, os imóveis usados dominam as preferências dos clientes, correspondendo a 85% das buscas, enquanto apenas 7,15% demonstram interesse em imóveis novos, segundo dados da startup de mercado imobiliário Compre & Alugue Agora. Por outro lado, 7,15% dos profissionais do setor afirmam não perceber uma diferença significativa na procura entre imóveis novos e usados.
O levantamento também mostra que os consumidores estão priorizando os imóveis populares, que representam 39% da procura. Em seguida, os imóveis de médio padrão (29%), comerciais (25%) e, por último, os de alto padrão, com 2,95% das buscas. Os dados são do INDI CAA, feito com mais de 200 imobiliárias no interior do estado e na capital paulista e que entrevistou corretores e profissionais das imobiliárias.
Valor do condomínio impacta na escolha
Outro fator determinante na escolha de um imóvel é o valor do condomínio. Segundo o levantamento, 78% dos profissionais apontaram que esse custo é um critério muito relevante para os clientes, enquanto 14% consideram que ele pesa apenas em alguns casos e 7% acreditam que raramente influencia a decisão de compra ou locação.
Já em relação ao mercado, para 42% dos profissionais entrevistados, há excesso de oferta de imóveis como um obstáculo para alugar ou vender, enquanto 28% apontam que os preços praticados estão incompatíveis com a realidade do mercado, dificultando as negociações. Outros empecilhos apontados foram a dificuldade de financiamento (14%) e taxas de juros altas (14%).
No entanto, apesar de considerado mais difícil no cenário atual, o financiamento bancário ainda é utilizado na maior parte (75%) das transações. O pagamento à vista, por sua vez, é usado em 25% das operações.
De acordo com a pesquisa, a taxa de juros elevada e o financiamento difícil também podem ser fatores decisivos por trás de outro dado revelado pela pesquisa: o aquecimento do setor de aluguel. O levantamento mostrou que 85,7% das operações no mercado imobiliário estão relacionadas à locação, enquanto a compra de imóveis representa apenas 15,3%.
Fábio Gozzi, fundador do Compre & Alugue Agora, comenta que o levantamento mostrou que, apesar do mercado aquecido, desafios como excesso de oferta, preços desalinhados e juros elevados estão impactando as negociações. “O aluguel segue forte, e a preferência por imóveis populares e usados reforça a busca por opções mais acessíveis”, finaliza.
Valor Investe, 16/abr
terça-feira, 15 de abril de 2025
Rua Prudente de Morais vive efervescência de lançamentos
Endereço badalado de Ipanema, a via recebeu seis novos residenciais nos últimos meses, impulsionados principalmente pela boa profundidade de seus terrenos.
Ela não é a rua mais badalada, tampouco a mais famosa — títulos ostentados pela Visconde de Pirajá e pela Vieira Souto, respectivamente —, mas a Prudente de Morais está com tudo e não está prosa no mercado imobiliário carioca: foram seis lançamentos nos últimos meses. O endereço ostenta localização privilegiada, oferta de entretenimento e cultura e é apontado como o grande diferencial de Ipanema. Os terrenos com profundidade rara encontrados ali são também um atrativo para o desenvolvimento de projetos mais espaçosos.
A rua leva o nome do terceiro presidente do Brasil (1894-1898). O advogado Prudente José de Morais Barros foi o primeiro civil a comandar o país e o primeiro presidente eleito por voto popular direto sob a Constituição de 1891. Seu governo marcou a ascensão da oligarquia cafeeira ao poder nacional, após um período de domínio militar.
Hoje, a história na Prudente de Morais é outra. A rua tornou-se um ponto estratégico para o mercado imobiliário da Zona Sul pela proximidade com a Praia de Ipanema, eleita a segunda melhor do mundo pelo guia de viagens Lonely Planet, em 2024, e por tudo que o bairro oferece em termos de moda, cultura, artes, gastronomia e vida noturna — uma agitação que cariocas e gringos adoram.
A aquisição de terrenos na rua exige um trabalho minucioso que, muitas vezes, envolve negociações complexas com múltiplos proprietários e pode levar anos para ser concluída, mas o valor dos imóveis na região compensa o esforço. Um bom exemplo é o Almar, lançamento recente da Balassiano Engenharia na rua, com VGV superior a R$ 500 milhões.
— A compra do terreno envolveu a aquisição de dois prédios, o que nos obrigou a negociar com diversos proprietários. Mas sempre há espaço para novos empreendimentos quando se trata de uma região de grande demanda como Ipanema — explica o diretor Thiago Balassiano.
A Prudente de Morais é o endereço de dois outros residenciais de altíssimo padrão da Balassiano: Vista Ipanema e 786 Prudente, em parceria com o Opportunity FII, que também tem dois residenciais em construção na rua: um com a Sig Engenharia e outro com o Brix FII.
— É uma das ruas mais emblemáticas e conhecidas de Ipanema. A localização excelente, a proximidade com a praia e a oferta de diversos restaurantes são atributos que atraem tanto os cariocas quanto os turistas — ressalta o gestor do Opportunity, Marcelo Naidich.
Embora a rua já tenha ocupação consolidada, especialistas acreditam que ainda há espaço para novos empreendimentos, especialmente no segmento de alto padrão e na requalificação de imóveis existentes. Segundo Schalom Grimberg, sócio-fundador da Sig, o formato diferenciado dos lotes na Prudente de Morais é um atrativo adicional para os incorporadores.
— O loteamento de Ipanema foi feito por grupos portugueses, e os terrenos eram divididos em pequenos lotes de dez metros de frente por 20 ou 30 de profundidade. Na Prudente de Morais, os terrenos chegam a ter até 50 metros de profundidade —explica Grimberg.
As características especiais dos terrenos, somadas à alta demanda e à existência de prédios com potencial para retrofit, levaram também a Mozak a fincar âncora na rua com o Nove, residencial com apartamentos de três a cinco quartos.
— A proximidade com a praia e toda a agitação do comércio local fazem dessa localização um objeto de desejo para quem quer viver intensamente o lifestyle carioca — conclui a coordenadora de Marketing da Mozak, Thaís Lago.
O Globo, 15/abr
segunda-feira, 14 de abril de 2025
Loteamentos: projetos sob medida e lazer completo
O desejo de morar em casas e com segurança vem crescendo desde a pandemia e incentiva as construtoras a investir nesse modelo.
Os projetos de loteamentos estão chamando a atenção do público não só por possibilitar a construção das residências do jeito que o comprador — seja para morar ou investir — desejar, mas também pela oferta de lazer completo no condomínio. Não por acaso, têm surgido lançamentos em várias áreas do Estado do Rio: Zona Oeste da capital, Niterói, Leste Fluminense e regiões dos Lagos e Serrana.
A PróLotes lançou no ano passado dois loteamentos: o Méditerrané Prainha Residence, em São Pedro da Aldeia, com 83 lotes de 180 a 468 metros quadrados a partir de R$ 150 mil; e o Way Ventura Clube, em Maricá, com 236 terrenos de 242 a 398 metros quadrados, com valor inicial de R$ 160 mil. Os condomínios oferecem infraestrutura completa de lazer e segurança, informa Marcelo Fróes, diretor da empresa.
— Esse mercado vem crescendo desde a pandemia, quando as pessoas começaram a fugir dos centros urbanos para ter mais qualidade de vida, vivendo em uma casa com lazer completo e segurança. Maricá e municípios da Costa Verde e da Região dos Lagos são muito procurados e têm boas opções de áreas também — comenta.
Fróes lista os perfis de compradores da empresa: o investidor que compra terra em determinadas regiões valorizadas, aquele que adquire um terreno para fazer uma poupança forçada, o veranista que quer construir uma casa para passar finais de semana e férias, o cliente que pretende morar e, por fim, o construtor que quer erguer a casa para depois vendê-la e rentabilizar.
Os preços variam de acordo com a localização. A Pró- Lotes já lançou lotes em Itaboraí a partir de R$ 70 mil, mas, na Região Oceânica de Niterói, o valor de cada pedaço de terra pode ultrapassar R$ 400 mil. Em todos os empreendimentos, a empresa oferece até quatro opções de projetos arquitetônicos para o cliente escolher — o que, segundo Fróes, agiliza o processo e gera uma economia de até R$ 20 mil.
No Recreio, a Aros Inc. lançou três fases do Bio Recreio Residences, com lotes a partir de R$ 549 mil. O CEO, Ricardo Affonseca, diz que a empresa foi pioneira no mercado carioca nesse tipo de empreendimento, que tem demanda reprimida no Recreio e em bairros vizinhos, para onde a cidade está crescendo. Nos próximos 12 meses, a empresa pretende lançar mais condomínios de lotes.
— O público busca projetos com segurança, lazer completo e espaços generosos. Porém, o mais importante é a localização. O investidor é um dos principais clientes, pois sabe que a cidade está crescendo em direção a esses lançamentos e, naturalmente, é um ativo que vai se valorizar muito. Quem compra terra não erra — afirma Affonseca.
CEO da Avanço Realizações Imobiliárias, Sanderson Fernandes afirma que a área de lazer dos loteamentos tem evoluído para atender às aspirações de quem quer morar nesse tipo de condomínio. A empresa lançou em fevereiro deste ano o Terrah Américas Clube, no Recreio, com 158 terrenos de 180 a 490 metros quadrados, a partir de R$ 530 mil. O cliente principal é o investidor.
— O Terrah Américas Clube foi o nosso primeiro projeto de loteamento e conta com lazer completo, segurança 24 horas, excelente localização, serviços de conveniência e transporte interno com van e carrinho de golfe, além de vagas para visitantes — enumera Fernandes.
Entre os principais desafios de empreendimentos de lotes estão: planejamento urbanístico mais detalhado e exigência de terreno mais amplo em relação a condomínios verticais. Outro ponto importante, segundo o diretor do Grupo STN, Danilo Santino, é a complexidade na execução das obras.
— O modelo horizontal exige múltiplas frentes de trabalho simultâneas, o que demanda um controle ainda mais rigoroso de cronograma, logística e qualidade.
Risco menor e lucro maior são diferenciais
Demanda crescente e valorização são outros atrativos para as empresas
Os fatores que levaram a PróLotes a apostar nesse tipo de empreendimento foram risco menor do negócio e possibilidade de lucro maior na comparação com projetos verticais, cujos custos e precificação são mais sujeitos a variações em função da complexidade das obras.
— No modelo vertical, o lucro é muito apertado, e qualquer deslize, seja erro no custo da obra ou na precificação, pode colocar tudo por água abaixo. Já no loteamento, a margem é muito maior — completa Marcelo Fróes, diretor da companhia. Já a Avanço Realizações Imobiliárias têm investido em condomínios de lotes porque, segundo o CEO, Sanderson Fernandes, esse tipo de projeto conquistou o mercado carioca. Mas ele aponta alguns desafios a serem superados também nesse modelo.
— Terrenos e casas se valorizam ao longo do tempo, à medida que a região se desenvolve. Não basta ter o terreno e lançar um empreendimento, é preciso estudar a região com muito cuidado, ouvir moradores, identificar o potencial construtivo e, a partir desse conjunto, chegar ao projeto final — pontua Fernandes.
Para Danilo Santinon, diretor do Grupo STN, a aposta vem do fato de que há uma crescente demanda por residências horizontais, voltadas para famílias que desejam viver em locais com mais espaço.
— Além disso, esses projetos proporcionam o contato com a natureza e uma experiência de vida mais tranquila, sem abrir mão da modernidade.
Extra, Morar Bem, 14/abr
sexta-feira, 11 de abril de 2025
Mercado: um dia um influencer vai encontrar o seu imóvel dos sonhos
Alguns corretores viraram celebridades nas redes sociais.
Na semana passada, estive em um evento da Mynd, a maior agência de marketing de influência e entretenimento do Brasil, responsável por conectar grandes marcas a artistas e influenciadores e fazer deles os grandes propagadores de seus negócios. Fiquei surpresa quando a CEO da agência, Fátima Pissarra, comentou que o mercado de influenciadores não estava passando por uma bolha prestes a estourar, como muitos pensam. Pelo contrário. Segundo ela, o mercado estava ainda no patamar de 5% de possibilidades e que, atualmente, o que mais está em evidência e crescimento é o influenciador que atua no mercado de nicho, ou seja, que tem um trabalho para um público específico, em que ele mostre autoridade no assunto.
Aproveitando este cenário, muitos profissionais de diversos mercados, sejam médicos, advogados ou arquitetos, estão surfando nessa onda e se tornando verdadeiras celebridades nas redes sociais, representando serviços e produtos de todas as naturezas. Com o mercado imobiliário não é diferente. Estamos vendo, cada vez mais, corretores de imóveis alcançando status de grandes influenciadores, conquistando milhares de seguidores, ao mostrar, além dos imóveis, seu cotidiano, o que vai conquistando cada vez mais fãs e também clientes compradores, o verdadeiro objetivo desse trabalho.
Juntando essas duas informações, da atuação de influenciadores em mercados específicos com a ascensão de corretores de imóveis nas redes sociais, Izabelle Pollo, especialista em marketing digital, teve a ideia de lançar, há quase dois meses, um serviço voltado especificamente para alavancar a imagem dos corretores de imóveis no ambiente digital.
Assim nasceu a Brokers Brasil, uma empresa de educação especializada no mercado imobiliário. O objetivo é ensinar corretores e donos de imobiliárias a se posicionarem de forma estratégica no mundo digital e alavancarem suas vendas por meio das redes sociais, utilizando estratégias de conteúdo e de geração de demanda.
“Nossa missão é formar a nova geração de líderes do mercado imobiliário brasileiro e impulsionar aqueles que já estão em atividade, por meio de uma metodologia única desenvolvida com base em três pilares fundamentais: posicionamento claro, estratégia de conteúdo e geração de demanda.”, contou Izabelle à coluna Real Estate. Ela acredita que os corretores de imóveis enfrentam grandes desafios para se posicionarem no digital e têm muita relutância em investir na criação de conteúdo nas redes digitais, principalmente os que estão no mercado há mais tempo.
O mercado imobiliário nacional já tem profissionais alinhados com esse discurso de Izabelle, mostrando o valor de ser um corretor influenciador e o quanto isso impacta diretamente nas vendas de imóveis. As irmãs Julia e Jamile Colete, da Colete Consultoria, imobiliária paulista, representam um desses exemplos. Elas criaram uma estratégia de posicionamento para vender imóveis econômicos, que se enquadram no programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal, como se estivessem em imóveis de alto luxo, entendendo que toda compra de imóvel é um passo importante para o cliente e, por isso, merece um atendimento premium e diferenciado. Os vídeos super produzidos combinam com o visual das irmãs que já conquistaram quase 50 000 seguidores no Instagram.
Tamara Stief é outra corretora de imóveis que alçou o status de celebridade nas redes sociais. Em seu perfil no Instagram, que já conta com mais de 260 000 seguidores, apelidados por ela de “mara mores”, ela se define como uma creator do mercado imobiliário, que ajuda as pessoas a encontrarem seu imóvel com um trabalho mais autêntico e um discurso mais direto. Ainda que recebendo críticas por sua forma irreverente, adjetivando residências como “perfeitas para herdeiros” ou apresentando um imóvel que precisa de reforma como “o podrão que adoramos”, o fato é que seus vídeos chegam a 1 milhão de visualizações — e isso é um ativo muito alto quando se trata de comercialização de produtos, ainda que seja de imóveis.
As redes sociais mudaram o comportamento de compra e de comunicação. Não há mais como os profissionais relativizarem esses meios e não enxergarem o mundo digital como uma ferramenta indispensável para fazerem negócio. Um trabalho básico de estratégia digital já não é nem mais um diferencial. Quem se destaca agora são os profissionais que investem em formatos e conteúdos diferenciados. Os corretores de imóveis que não entenderem isso, vão ficar para trás. Serão derrotados e condenados a passar finais de semana sentados em cadeiras de plástico em imóveis abertos à visitação.
Veja Negócios, 11/abr
Empresas reduzem custos ao adotar escritórios inteligentes
A transformação do mercado imobiliário corporativo é impulsionada pela adaptação ao trabalho híbrido, resultando em novos modelos de espaço.
A reconfiguração dos escritórios corporativos tem se consolidado como uma estratégia eficaz para empresas que buscam reduzir custos operacionais e melhorar a produtividade. Profissionais da área, como Frederico Freitas, CEO da Target Real Estate, destacam que, com a consolidação do trabalho híbrido, muitas empresas têm reavaliado seus espaços físicos, adaptando-os às novas exigências de flexibilidade e colaboração.
De acordo com um levantamento do mercado imobiliário, empresas que reconfiguram seus espaços podem reduzir até 30% nos custos fixos. A renegociação de aluguéis, a criação de ambientes mais flexíveis e o uso de tecnologia para monitoramento da ocupação são algumas das medidas que têm sido implementadas para equilibrar despesas e maximizar a eficiência.
Além de reduzir custos, essa reconfiguração representa um movimento de modernização do ambiente de trabalho. A tendência é a substituição de escritórios tradicionais por espaços mais compactos, porém tecnologicamente avançados e bem localizados. Ambientes modulares, estações compartilhadas e hubs descentralizados têm ganhado popularidade, oferecendo maior agilidade e adaptabilidade aos negócios.
Transformando a visão dos espaços corporativos
A redução de metragem não significa perda de qualidade no ambiente corporativo. Pelo contrário, as empresas estão investindo em espaços menores, mas altamente tecnológicos, bem localizados e alinhados às novas demandas de seus colaboradores. Com a mudança nas exigências do trabalho híbrido, os espaços corporativos deixaram de ser simples locais de trabalho fixos para se tornarem ativos estratégicos.
“O escritório passou a ser um ambiente estratégico, pensado para impulsionar a colaboração, a criatividade e a eficiência organizacional”, afirma Freitas, CEO de uma consultoria especializada em inteligência imobiliária corporativa. Para ele, a reconfiguração desses espaços busca não só atender às necessidades atuais, mas também antecipar as demandas futuras de empresas e seus colaboradores.
O impacto dessa transformação no mercado imobiliário corporativo é claro: empresas que adotam modelos híbridos e flexíveis estão priorizando ambientes que promovem bem-estar, inovação e sustentabilidade. Com a reconfiguração, essas empresas buscam garantir não apenas eficiência operacional, mas também uma maior competitividade no mercado.
Valor Econômico, 11/abr
quarta-feira, 9 de abril de 2025
Setor de imóveis tem maior alta em lançamentos em dez anos
Crescimento de 11,8% nas vendas de novos imóveis em 2024 foi divulgado pela Abrainc. Índice é o mais alto da série medida desde 2014. Diretor de incorporação da Construlike e da Construtora Prohidro destaca segmento de Médio e Alto Padrão e Minha Casa Minha Vida como impulsionadores.
A venda de novos imóveis em 2024 cresceu 11,8%, em comparação a 2023. O volume de vendas foi de 186.540 unidades e o valor acumulado da venda das novas unidades chegou a R$60,3 bilhões, um crescimento de 16,5% em relação ao ano anterior. Os números são os mais altos registrados na série histórica, desde 2014.
Os dados foram obtidos por meio do conjunto de indicadores Abrainc-Fipe, desenvolvidos pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a partir de um levantamento realizado com 20 empresas associadas à Abrainc.
Renan Persio dos Santos, diretor de Incorporações da Construlike e da Construtora Prohidro, aponta um fator econômico relevante positivamente para o mercado imobiliário em 2024. “A estabilidade nos preços dos insumos ligados às commodities impediu que os custos de materiais de construção aumentassem de forma expressiva, e isso possibilitou às construtoras oferecer preços competitivos”.
Além disso, o índice alcançado pelo mercado imobiliário foi impulsionado pelos segmentos de Médio e Alto Padrão (MAP) e pelo programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), conforme mostram os indicadores Abrainc-Fipe.
O MCMV registrou alta recorde de 25,2%, com lançamento de mais de 122 mil unidades e 13,1% com a venda de 136.741 imóveis novos. Da mesma forma, o segmento de MAP apresentou crescimento de 23,8% no valor de vendas, totalizando R$26,6 bilhões e 42,1% no valor lançado, que corresponde a R$23,6 bilhões.
De acordo com o empresário, ambos os segmentos se beneficiaram dos recursos de financiamento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que proporciona condições mais acessíveis para aquisição de imóveis, ampliando o acesso à moradia.
“O aumento do volume financiado pelo FGTS desempenhou um papel crucial, pois, vinculado a um baixo índice de desemprego, facilitou o acesso ao crédito imobiliário e incentivou mais pessoas a investirem em imóveis”, explica Santos.
O Abrainc-Fipe também revelou que a duração da oferta de imóveis no mercado reduziu em ambos os segmentos. No MAP a queda nos estoques caiu de 18,4 meses para 13 meses, um nível considerado saudável e próximo a média histórica. No MCMV, houve uma redução de 11,5 meses para 9,8 meses de consumo da oferta de imóveis novos.
Segundo Santos, o MCMV figurou como a melhor alternativa por oferecer uma fonte estável e acessível de crédito para os compradores, e assim possibilitou expandir a base de consumidores, impulsionando ainda mais as vendas.
“A escassez de recursos provenientes da poupança fez com que várias empresas do setor imobiliário se concentrassem no programa, que teve aumento no teto do financiamento e permitiu que mais pessoas adquirissem imóveis adequados às suas necessidades”, conta o empresário.
Para o empresário, as redes sociais também desempenharam um papel importante ao ampliar o alcance das imobiliárias e construtoras para um público mais diversificado. “Outras ferramentas digitais, como tours virtuais, realidade aumentada e plataformas de financiamento online, facilitaram o processo de compra, tornando-o mais conveniente e acessível para os consumidores”.
O diretor de Incorporações da Construlike e da Construtora Prohidro esclarece que apesar do prejuízo causado à capacidade de financiamento pelas taxas de juros elevadas e a inflação, que pode fazer muitos clientes adiarem a decisão de compra, o programa Minha Casa, Minha Vida é beneficiado pelas taxas de juros de financiamento mais estáveis e uma opção para famílias com renda de até seis salários mínimos.
Santos pontua, no entanto, que há preocupações de que haja uma escassez de recursos destinados à produção de novos imóveis, a partir do segundo semestre de 2025. Mas a notícia do anúncio do governo sobre a ampliação do limite do financiamento é positiva para o setor. Segundo ele, caso a faixa 4 do MCMV seja aprovada, o programa vai abranger uma nova faixa de beneficiários, o que pode impactar positivamente na venda de novos imóveis.
Valor Econômico, 09/abr
terça-feira, 8 de abril de 2025
À véspera do lançamento: os planos da nova proprietária do saudoso ‘Edifício Mesbla’
Com o lançamento previsto agora para abril, a ’Inti’ planeja transformar o prédio icônico em 191 apartamentos de alto padrão, incluindo a criação de um rooftop no topo do edifício, que contará com uma piscina ’debruçada’ sobre a Baía de Guanabara.
Rua do Passeio, 56. Para muitos cariocas, um endereço que traz memórias. Um ponto de referência que atravessou o tempo, seja pelo letreiro vermelho que brilhava nas noites ou pelo elegante relógio art déco — que rivaliza com o da Central do Brasil—, e que permanece na memória afetiva da cidade. Debruçado sobre o Passeio Público, projeto do Mestre Valentim no século XVIII, o antigo Edifício Mesbla – que por mais de seis décadas foi endereço da saudosa loja de departamentos (que nasceu na Rua da Assembleia) – começa agora a escrever um novo capítulo, com a transformação de suas instalações em um empreendimento residencial.
A missão para essa reinterpretação vem de Andre Kiffer, CEO da Inti, nova proprietária do prédio. A construtora comprou o icônico edifício em janeiro deste ano, por R$ 21,7 milhões, e desde então a equipe tem se dedicado a adaptar a construção – que foi projetada na década de 30 para ser um residencial – para seu retorno a essa vocação original.
Saudosa Mesbla
A antiga loja de departamentos foi sinônimo de inovação e prestígio no Rio. Era um evento ir até a Mesbla. Se consolidou como uma das maiores do país na década de 50. O prédio de 8 mil metros quadrados e 16 andares era um verdadeiro monumento. Apesar de ter outras filiais espalhadas pelo município, a ‘The Best’ era a loja matriz da Rua do Passeio — praticamente um shopping. As vitrine exibiam até carros. No topo do prédio, um restaurante panorâmico foi quase que um precursor para os famosos e populares rooftops cariocas. A loja fechou no final dos anos 90, após uma crise interna, e desde então o prédio foi usado como um edifício corporativo.
Lançamento programado
Com a aquisição do prédio, a Inti planeja transformar a estrutura em 191 apartamentos de alto padrão, com metragens que variam de 33 m² a 69 m², divididos entre estúdios, double suites e quartos e salas. A construção seguirá o estilo retrofit, ou seja, adaptando o que já existe e preservando a essência histórica do edifício. A convenção interna já acontece na semana que vem, no dia 9 — data na qual será revelada a nova marca do residencial (mantida em segredo) e todos os projetos do empreendimento. Dia 25 será o lançamento comercial, voltado para as vendas das unidades.
Para Andre Kiffer, o desafio de transformar esse ícone é também uma grande oportunidade. “Imagino que será um sucesso. Já há uma pressão muito grande de pessoas interessadas, principalmente por causa da questão do prédio. Ele é icônico, a localização é sensacional. Não há outro edifício que tenha a mesma simbologia que este, o que ele representa para o Centro do Rio.” afirma Kiffer em entrevista exclusiva ao Diário do Rio.
O projeto de recuperação inclui, além dos apartamentos, uma série de áreas de lazer que prometem ser um diferencial: no topo, o rooftop terá uma vista deslumbrante do Aterro do Flamengo e contará com uma piscina, um bar e uma área de estar tanto para o dia quanto para a noite. “O rooftop vai ser um diferencial. Não só para os moradores, mas com a possibilidade de ser aberto ao público futuramente. Ele estará pronto caso seja necessário ou desejem explorar externamente. Ele terá essa vocação”, explica Kiffer, demonstrando grande confiança no potencial do espaço.
Além disso, o prédio contará com espaços como salão de jogos, coworking, lavanderia e bicicletário. Na frente, à disposição, o maior estacionamento subterrâneo do Rio. Apesar de não possuir garagem, a empresa garante que não há necessidade. “O público aqui não quer ser refém do carro. Aqui temos metrô, uma vida a pé. Esse é o diferencial. Em poucos minutos, você está em qualquer ponto da Zona Sul.” afirma.
O relógio e o patrimônio
Uma das grandes apostas da Inti, e um dos maiores desafios, será a reativação do relógio histórico, uma das marcas registradas do edifício. Com 100 metros de altura, a torre é um ícone não apenas visual, mas também afetivo. “Manter o relógio funcionando é uma obrigação nossa. Temos um compromisso com o patrimônio”, ressalta Kiffer, destacando que a preservação da fachada também será uma prioridade.
O prédio foi projetado pelo arquiteto francês Henri Paul Pierre Sajous (o mesmo dos Edifícios Biarritz e Tabor & Loreto no Flamengo). A ideia de construir partiu dos próprios donos da Mesbla. Os relógios se tornaram um ícone nos edifícios construídos no período, servindo como uma estratégia inteligente para atrair olhares e gerar visibilidade. Além da imponência arquitetônica, muitos desses prédios abrigavam grandes empresas. Com o relógio no topo, era impossível não olhar para o edifício e associá-lo imediatamente à marca, criando uma conexão duradoura. Acerto mais que garantido.
Impacto para o Centro do Rio
O projeto do Edifício Mesbla não se resume a um simples lançamento imobiliário. Kiffer vê a transformação do prédio como parte de um movimento mais amplo de revitalização do Centro do Rio, um bairro que, após anos de declínio, começa a ganhar novos ares, com mais empresas, novos projetos e até investimentos de fora do estado. “O Centro tem um potencial de valorização único. Não tem comparação com a Zona Sul, onde o mercado já está saturado”, afirma Kiffer, com otimismo. “Temos muitas possibilidades de crescimento, com projetos em áreas como a Uruguaiana e a Pedra do Sal, além de toda a revitalização ao redor da Praça Mauá. Há um movimento de transformação que vai fazer com que o Centro se torne, em breve, o lugar com maior valorização no Rio.”
Para quem adquirir um dos apartamentos, há ainda benefícios fiscais significativos, como a isenção de IPTU e a não cobrança do ITBI devido à incentivos do Reviver Centro. “Esses benefícios são um grande atrativo para quem está buscando um imóvel no Centro. Além disso, sabemos que o perfil dos interessados inclui tanto pessoas que querem morar quanto investidores de fora do Rio. A cidade está atraindo cada vez mais gente de outros estados, e o Centro, especialmente com empreendimentos como o nosso, tem sido visto como um excelente lugar para investir”, afirma Kiffer.
“Aqui não há vista ruim. Se você está na frente, tem a Baía de Guanabara, o MAM, o Aterro. Se está no fundo, tem o Cristo, os Arcos da Lapa, os palacetes de Santa Teresa”. Com entusiasmo, ele compara o fenômeno do ‘Gate Santos Dumont’, que vendeu seus 500 estúdios em apenas dois dias, e acredita que o mesmo pode acontecer com o Mesbla.
Aposta da Inti no Centro
A grande aposta no Centro do Rio é a nova identidade que o CEO deseja imprimir na construtora, que, desde 2016, se concentrou no mercado de lançamentos exclusivos da Zona Sul. De olho no sucesso, Kiffer já garantiu futuras empreitadas no Centro. A empresa já desenvolveu outros projetos na região, um na Praça Mauá, já fechado, e outro mais próximo à Cinelândia. No entanto, ele ressalta que esses não são edifícios icônicos como o Mesbla. “O Centro da cidade é onde o Rio tem, de fato, o maior potencial de crescimento. Se as coisas acontecerem como estão programadas, é o lugar com um potencial de valorização muito diferente do da Zona Sul. Lá, o espaço para crescimento é mais limitado. O Centro tem muitas possibilidades. Com certeza, muitas empresas estão começando a olhar o Centro com mais atenção, negociando terrenos, aprovando projetos, para lançar ainda este ano ou no próximo.”
“É inegável o renascimento do Centro do Rio de Janeiro, com comércio, gastronomia, cultura e também com a chegada desses novos projetos residenciais. Com a vista que este edifício terá e a proximidade com o Passeio Público, o sucesso é absolutamente garantido. Sem contar com a beleza da construção. Não temos dúvida de que os apartamentos serão vendidos quase que imediatamente”, garante Cláudio Castro, presidente do Conselho de Renovação do Centro do Rio da ACRJ.
Diário do Rio, 08/abr
segunda-feira, 7 de abril de 2025
‘Home resort’ reconquista o alto padrão paulistano
Equipados e bem localizados, projetos com lazer de hotel retornam ao mercado de São Paulo. No Rio, produtos semelhantes têm alta liquidez.
Condomínios-clube sempre fizeram parte da cultura imobiliária paulistana. Os primeiros projetos datam dos anos 1950, cujos representantes legítimos são o Edifício Bretagne, em Higienópolis, de Artacho Jurado; e o Condomínio Parque da Aclimação ou Kowarick, na região da Avenida Paulista, concebido pelo arquiteto alemão Herbert Duschenes. Em comum, amplos jardins no pátio central, obras de arte, piscina e até restaurante.
Seis décadas depois, nos anos 2000, uma segunda geração desse tipo de produto invadiu a cidade, aproveitando-se de uma inesperada oferta de grandes terrenos cedidos por indústrias que deixavam bairros como Mooca, Tatuapé, Barra Funda e Santo Amaro, rumo ao interior. Aí vieram as quadras poliesportivas, as academias e os salões de jogos.
Contudo, com a elevação dos custos de construção, escassez de terrenos — que pressionou o valor do metro quadrado na cidade — e as mudanças de hábitos e costumes nas pessoas que vieram após 2010, esses empreendimentos foram saindo de cena aos poucos. Pelo menos até agora.
“O condomínio-clube do passado virou ‘home resort’, ficou menor e tem ‘amenities’ mais selecionados, conforme a época atual e o público”, analisa Cyro Naufel, diretor Institucional do Grupo Lopes.
O executivo recorda os lançamentos em terrenos de 40 mil metros quadrados, algo impossível nos dias de hoje, até por limitação prevista na legislação do município. Lembra ainda que muitas opções de lazer caíram em desuso com o passar do tempo. “Há 20 anos, condomínios com ‘lan house’ eram a grande novidade. Com a chegada da internet Wi-Fi e dos serviços de banda larga residencial, esse espaço simplesmente desapareceu”, afirma o diretor.
Localização importa
Desde o início, poder usufruir de lazer completo dentro do prédio foi o principal atrativo desses projetos, o que compensaria a localização mais periférica. Hoje em dia, essa praticidade segue valendo, mas a demanda por “location” ganhou relevância em razão da mobilidade urbana tão dificultada em dias atuais. Por conta disso, a incorporadora Meta decidiu lançar o The Club em pleno Jardim Guedala, vizinho a grandes hospitais e escolas tradicionais e a cinco minutos da Ponte Cidade Jardim, um dos acessos da Avenida Faria Lima, polo financeiro da capital.
Assinado pelo arquiteto Gui Mattos e com VGV de R$ 550 milhões, o empreendimento terá torre de 42 andares, com apartamentos, estúdios, escritórios, lojas e mais de 40 tipos de “amenities”, como quadra de “beach tennis”, academia assinada por marca, spa, piscinas e simuladores de Fórmula 1 e avião para a turma gamer.
“O tempo sempre foi um ativo importante do paulistano. Com o trânsito cada vez pior, fazer parte da rotina diária de treinos, aulas esportivas ou lazer com os filhos, sem precisar sair do condomínio, ajuda muito”, afirma Alexandre Souza Lima, CEO da Meta.
Ele destaca que cada “cluster” — residencial, estúdios e escritórios — terá acesso independente e pacote de itens diferentes. O The Club tem previsão de entrega em 2029, e o metro quadrado residencial está na faixa de R$ 18,5 mil.
No Rio, condomínios com lazer de hotel dominam a Zona Oeste
Bairros como Barra e Recreio têm lançamentos em profusão e alta liquidez
Na Zona Oeste do Rio de Janeiro, os condomínios-clube são as grandes vedetes do mercado imobiliário. Projetos com lazer de resort na Barra da Tijuca e no Recreio dos Bandeirantes dominam a oferta de imóveis de alto padrão e chegam a ser totalmente vendidos no dia do lançamento. “Em geral, esses empreendimentos conquistam compradores que vivem distante da praia ou os próprios vizinhos em busca de ‘upgrade’ ou investimento rentável”, explica Nayara Técia, CEO do grupo On Brokers, que atua na região.
Segundo ela, 80% dos negócios de sua empresa vêm da comercialização de imóveis dessa categoria. “Todo mundo quer conforto, ainda mais sem precisar sair de casa. E, no Rio, com a questão da violência urbana, isso é um atrativo a mais”, resume Nayara.
Há opções para todos os gostos e bolsos. Na Barra, a Tegra Incorporadora desenvolve o Claris Casa & Clube em parceria com a Carvalho Hosken. São 99 residências de quatro andares, três ou quatro suítes, com 318 a 580 metros quadrados. Uma alameda vai integrar as unidades, com paisagismo e áreas de descanso. O clube do condomínio terá deque molhado, piscina de 25 metros, quadra de areia, churrasqueira gourmet e varanda de festas.
No mesmo bairro, o Arte Wave Surf Residences, da Construtora Calper, ficará dentro do Cidade Arte, bairro planejado com oito residenciais e 90 mil metros quadrados de lazer, incluindo ciclovia, pet park, pistas de skate, patins e corrida, sete quadras de tênis de saibro e seis de areia, oito poliesportivas e quatro campos de futebol. O VGV é de R$ 600 milhões.
A grande estrela do Arte Wave será a piscina de ondas para a prática do surfe. “Não é uma praia artificial, mas um equipamento inclusivo, para ensinar as pessoas a surfar e encorajá-las a ir para o mar depois”, explica Ricardo Rinauro, CEO e fundador da Calper.
Valor Econômico, 07/abr
sexta-feira, 4 de abril de 2025
Mercado imobiliário do Rio tem melhor desempenho em cinco anos
O mercado imobiliário do Rio de Janeiro encerrou 2024 com crescimento de 31% nas vendas, atingindo seu melhor resultado em cinco anos e apontando tendências de valorização para 2025, especialmente na Zona Norte.
O mercado imobiliário da cidade do Rio de Janeiro fechou 2024 em alta, registrando seu melhor desempenho em cinco anos. Segundo dados do Secovi-Rio (Sindicato da Habitação), foram vendidos 49.575 imóveis na capital fluminense ao longo do ano, um grande aumento, de 31%, em comparação a 2023, quando 37.878 unidades foram comercializadas.
O levantamento foi realizado a partir dos registros oficiais do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) da Prefeitura do Rio. Para o coordenador do Centro de Pesquisas e Análise da Informação do sindicato, Maurício Eiras, o resultado é significativo, mesmo diante de um cenário de juros elevados. “Foi o melhor desempenho dos últimos cinco anos”, afirmou.
A Barra da Tijuca, que no mapa é dos bairros mais extensos da cidade, liderou a lista de regiões com maior número de vendas, somando 3.678 unidades. Na sequência, destacam-se Copacabana (3.102), Recreio dos Bandeirantes (2.909), Campo Grande (2.335), Tijuca (2.334), Jacarepaguá (2.062) e Botafogo (1.562).
Além das vendas, os lançamentos de imóveis novos também cresceram. De acordo com a Brain Inteligência Estratégica, em parceria com a Ademi-RJ (Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário), foram lançadas 22.120 unidades na cidade em 2024 — um salto de 37,3% em relação ao ano anterior.
O setor movimentou R$ 33,54 bilhões em vendas, segundo a plataforma RioM², que acompanha os dados do ITBI. Apenas nos nove primeiros meses de 2024, o valor somou R$ 28,8 bilhões — 15,7% acima do mesmo período de 2023.
Outras modalidades também se destacaram, como os leilões de imóveis. Conforme dados da Ademi-RJ, houve aumento de 75% na oferta de imóveis financiados pela Caixa Econômica Federal disponíveis em leilão, totalizando mais de 25 mil unidades.
A associação observa que, embora o número de imóveis retomados por inadimplência tenha crescido, os leilões se consolidam como alternativa de investimento. Segundo a Jusbrasil, imóveis arrematados nesse modelo podem ter preços de 40% a 60% abaixo dos praticados no mercado tradicional. Além disso, a modalidade online amplia o alcance dos interessados, permitindo lances de qualquer parte do país.
O cenário favorável tende a se manter em 2025. Dados do 15º Panorama Imobiliário do Rio, realizado em março pelo Secovi-Rio, apontam que a cidade vendeu 6.638 apartamentos no primeiro bimestre deste ano — uma alta de 72% em relação ao mesmo período de 2020.
A Zona Norte surge como uma das áreas com maior potencial de valorização. Em janeiro, foram vendidas 1.043 unidades e lançadas 747 na região. Para o presidente do Sinduscon-Rio, Claudio Hermolin, o novo Plano Diretor e os incentivos ao desenvolvimento urbano ampliaram o foco de investimentos. “Pra quem não acreditava no Centro, no Porto Maravilha e na Zona Norte, é melhor abrir o olho. Estamos falando dos grandes vetores de crescimento da cidade”, destacou.
Beirando já os 10.000 novos imóveis lançados desde o início dos projetos de revitalização do Centro que Eduardo Paes vem conduzindo desde seu retorno à Prefeitura, o Centro desponta como bairro cobiçado não só por moradores, como também por investidores em unidades de locação, sem contar o Renascimento da gastronomia e turismo na região. Áreas como a Praça XV, o entorno da Selaron, a Praça Mauá, Beco das Sardinhas, rua do Senado e o Largo de São Francisco da Prainha vem se tornando verdadeiros points de movimento jovem, gastronômico e cultural.
O segmento de casas também apresentou bons números: foram comercializadas 1.081 unidades nos primeiros meses de 2025, frente a 735 no mesmo período de 2020. De acordo com o Secovi-Rio, os resultados refletem a recuperação consistente do setor, impulsionada pela melhora da economia e pelo aumento da confiança dos compradores.
Diário do Rio, 04/abr
O que os brasileiros pensam sobre comprar um imóvel de forma 100% online
Mercado enfrenta vários desafios para deslanchar no e-commerce.
Com rapidez, o e-commerce entrou na rotina dos consumidores brasileiros. As desconfianças iniciais a respeito da falta de segurança no sistema ficaram para trás e o volume de negócios só faz aumentar. No ano passado, as vendas digitais no país totalizaram 200 bilhões de reais, impulsionadas pelos cliques de aproximadamente 90 milhões de compradores.
Pela natureza de seus produtos ou de seus serviços, alguns setores ainda têm dificuldades para se adaptar ao e-commerce. Quanto mais caro o bem, maior a resistência dos consumidores de fechar um negócio 100% na modalidade online. Em alguns casos, mesmo com recursos como vídeos e gráficos, é um desafio substituir a experiência presencial. Para muitos clientes, é fundamental ter contato direto com o produto antes da decisão de compra.
O mercado imobiliário é uma dessas áreas que enfrentam esses dilemas. Boa parte dos proprietários relutam em assinar um contrato sem antes colocar os pés no terreno ou no imóvel desejado. Esse problema foi quantificado no ano passado em uma pesquisa realizada pela Loft, em colaboração com a Offerwise. Segundo esse levantamento, apenas 11% dos brasileiros comprariam ou alugariam um imóvel em um processo 100% online.
Uma dos fatores de resistência é cultural. O país já tinha uma larga tradição em estelionatários e o mundo digital escalou a quantidade de golpes. Por isso, no caso de um negócio envolvendo um imóvel, não é de espantar que muitos clientes ainda façam questão de visitar os espaços e apertar as mãos do vendedores.
Além disso, pesa o fator emocional quando se trata da compra de uma imóvel residencial que será o endereço de moradia da família. Mesmo com tantas facilidades no mercado, como o moderno tour virtual nos apartamentos com o Apple Vision, o óculos de realidade aumentada da Apple, ou as perspectivas e plantas que parecem fotografias, recursos que praticamente transportam a pessoa para dentro do imóvel, sem a necessidade de sair de casa, a pesquisa da Loft mostrou que 72,3% dos entrevistados preferem visitar fisicamente o imóvel para tomar decisão.
Quando é um empreendimento em construção, ou seja, na situação em que não existe o imóvel para ser visitado fisicamente, as incorporadoras lançam mão de diversos artifícios para alimentar o imaginário do cliente — um dos recursos clássicos é o de montar apartamentos decorados dentro dos plantões de venda. Nesses casos, aos poucos, as ferramentas digitais vão complementando os argumentos de venda.
Um campo do mercado imobiliário no qual o e-commerce tem mais chances de avançar é em situações nas quais não é como o interessado visitar o imóvel, nem mesmo o mostruário decorado. São pessoas que precisam fechar o negócio comprando a propriedade em outro estado ou país. A compra de imóveis em leilões também entra na mesma categoria, pois nem sempre é possível obter o acesso antecipado. Nesses momentos, a pessoa precisa abrir mão dessa cultura do presencial e abraçar o modo remoto se quiser fazer negócio. Aí entram outras questões que pesam na decisão de fechar o negócio de forma 100% online, como a confiança na marca da incorporadora, por exemplo, que endossa a qualidade e entrega do empreendimento.
Outra mudança tecnológica que vem ganhando espaço no mercado imobiliário e reforça a possibilidade de fazer a jornada da compra 100% online é a assinatura do contrato e até mesmo da escritura via aplicativo. Uma coisa impensável até pouco tempo atrás e que se popularizou durante o lockdown da pandemia da Covid-19. Plataformas como Docusign e Click Sign permite finalizar uma negociação e celebrar o contrato pelo celular e à distância de forma confiável. Uma grande facilidade que acelera o processo, mas que até hoje segue suscitando dúvidas da sua segurança e validade.
A pesquisa da Loft também avaliou esse comportamento e mostrou que, no momento de fechar o negócio, 60% preferem fazer isso de maneira totalmente presencial. Inclusive nas etapas burocráticas, de enviar documentações. Nada menos que 57% entrevistados preferem fazer a entrega dos documentos exigids em mãos. Um certo exagero, visto que todas as documentações são emitidas também nos sites dos órgão públicos.
Mas dá para entender toda essa relutância em aceitar um processo totalmente remoto. A todo momento surgem na imprensa casos de falsos corretores de imóveis, de propriedades sendo vendidas para mais de uma pessoa ou de terrenos com metragem e localização diferentes daquelas informações apresentadas em conversas de WhatApp.
O ideal é tomar todos os cuidados possíveis. Checar o registro profissional do corretor de imóveis, solicitar que um advogado avalie as documentações, fazer vistoria no local e analisar a matrícula do imóvel são ações que minimizam possíveis problemas de negócios realizados fora ou dentro do ambiente real.
Veja Negócios, 04/abr
quarta-feira, 2 de abril de 2025
O aceno à classe média com a reforma do IR na compra e venda de imóvel
Um dos pontos que o governo usará para acenar à classe média na reforma do IR é a redução na tributação de quem compra, vende ou aluga imóveis.
A aprovação da Lei Complementar nº 214/2025, prevista para entrar em vigor em 2027, diminui o peso dos novos impostos sobre o mercado imobiliário e cria mecanismos que podem economizar até R$ 100 mil por operação. Na prática, a lei reduz em 40% a alíquota do IBS e da CBS sobre a venda de imóveis, e em 60% sobre locações, arrendamentos e cessões onerosas.
E cria dois instrumentos para impedir que o contribuinte pague imposto mais de uma vez sobre o mesmo bem. O primeiro é o redutor de ajuste, que garante que o imposto incida apenas sobre o valor realmente agregado ao imóvel entre a compra e a venda. O segundo é o redutor social, que permite abater R$ 100 mil da base de cálculo na primeira venda de imóveis residenciais novos — e R$ 30 mil no caso de lotes.
Dados levantados pelo escritório Menndel & Melo estimam que, com a aplicação desses redutores, a economia gerada por operação pode variar de R$ 30 mil a R$ 100 mil.
Em 2023, o mercado imobiliário brasileiro vendeu 163 mil imóveis novos e movimentou R$ 47,9 bilhões, segundo a Abrainc. Diante desses números, manter a carga cheia significaria mirar justamente em quem compra sem subsídio — a classe média, longe dos programas sociais.
O Globo, Lauro Jardim, 02/abr
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