terça-feira, 23 de dezembro de 2025
Cariocas planejam comprar o primeiro imóvel em 2026, aponta pesquisa nacional
Levantamento indica que 57% dos cariocas pretendem adquirir a casa própria em 2026, com maior interesse entre jovens e compradores do primeiro imóvel, apesar dos juros altos.
Ao contrário do que dizem alguns gestores de fundos e bancos, a compra do primeiro imóvel segue como um objetivo concreto para uma parcela significativa dos cariocas. Segundo uma pesquisa nacional realizada pela imobiliária on-line Loft, o Rio de Janeiro aparece entre as capitais com maior intenção declarada de aquisição do primeiro imóvel em 2026, ao lado de São Paulo, com 57% dos entrevistados manifestando esse plano.
O levantamento, citado em matéria do portal Metro Quadrado, conduzido ao longo de 2025, avaliou a disposição de brasileiros de diferentes faixas etárias e classes sociais em relação à compra do primeiro imóvel, num contexto ainda marcado por juros elevados e cautela econômica.
No caso do Rio, o dado chama atenção por reforçar uma característica histórica da cidade: apesar das dificuldades estruturais do mercado imobiliário, da pressão de preços em determinadas regiões e da informalidade habitacional persistente, o desejo pela casa própria permanece forte — sobretudo entre os mais jovens, justo aqueles que o mercado financeiro fica dizendo que querem distância de tijolo, pedra e cal.
De acordo com a pesquisa, a intenção de compra é maior entre brasileiros de 18 a 34 anos, faixa etária que concentra uma parcela relevante da população economicamente ativa do Rio de Janeiro. O resultado contraria a percepção de que as novas gerações teriam abandonado o projeto do imóvel próprio em favor de maior mobilidade ou do aluguel permanente.
Outro aspecto relevante para o cenário carioca é o recorte por classe social. A intenção de compra do primeiro imóvel é mais elevada entre as classes C, D e E, justamente aquelas mais dependentes de financiamento e de políticas públicas de acesso à moradia. No Rio, esse dado dialoga diretamente com a expansão de empreendimentos de menor metragem, os bem sucedidos projetos de retrofit no Centro do Rio, os mega lançamentos de 2 e 3 quartos do Porto Maravilha e a reocupação gradual de áreas antes esvaziadas da cidade, como trechos de Bonsucesso e Avenida Brasil, agora incentivados pela Prefeitura.
Já entre as classes de renda mais alta, a intenção declarada de compra do primeiro imóvel é menor — um comportamento explicado, em grande parte, pelo fato de muitos já possuírem patrimônio imobiliário ou estarem fora do público comprador inicial. No Rio de Janeiro, onde a concentração de imóveis herdados e de segundas residências é significativa, esse padrão se repete. “Daí a quantidade de imóveis para locação em estado ruim de conservação, geralmente heranças, por vezes mais custosas do que a renda familiar é capaz de manter”, explica Lucy Dobbin, superintendente da tradicional Sérgio Castro Imóveis, maior anunciante de imóveis do Rio.
O levantamento também mostra que o interesse pela compra não está restrito ao eixo Rio–São Paulo. Capitais como Goiânia, Porto Alegre e Belo Horizonte apresentam índices elevados de intenção de aquisição. Ainda assim, o Rio se destaca por combinar alta intenção de compra com um mercado urbano complexo, marcado por fortes contrastes territoriais e desafios históricos de habitação.
Para analistas do setor, os dados indicam que, mesmo diante de um cenário econômico exigente, a casa própria continua sendo um projeto central para grande parte dos brasileiros — e dos cariocas em particular. Mais do que uma decisão financeira, trata-se de um movimento ligado à estabilidade, à formação de patrimônio e à permanência na cidade.
No Rio de Janeiro, onde morar sempre foi também uma forma de pertencer, os números sugerem que 2026 pode marcar uma retomada gradual desse desejo — agora mediado por novas tipologias, formatos de financiamento e pela revalorização de áreas urbanas que, por décadas, ficaram à margem do mercado formal.
Diário do Rio, 23/dez
segunda-feira, 22 de dezembro de 2025
Expansão do setor imobiliário atrai atenção de investidores
Investimentos no mercado imobiliário voltam a ser vistos como forma de proteção patrimonial e vivem um momento de maturidade, com a entrada de um novo perfil de público. É o que afirma André Trevelin, diretor de incorporação e operações da Villa Boa Inc.
Com 307 mil lançamentos e 312 mil vendas entre janeiro e setembro, o mercado imobiliário vive uma fase de crescimento no Brasil. Em comparação com o mesmo período de 2024, houve aumento 8,4% na quantidade de unidades lançadas, apontam os dados levantados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Segundo análise da entidade, a maior expansão percentual de lançamentos foi no Centro-Oeste, que registrou alta de 53,5% no terceiro trimestre. Se considerado o número absoluto, a liderança é do Sudeste, com 59,8 mil lançamentos.
André Trevelin, diretor de incorporação e operações da Villa Boa Inc, avalia que o cenário positivo de lançamentos e vendas é um fator atrativo para interessados em investimentos imobiliários. A empresa em que ele atua conecta incorporadoras, loteadoras e desenvolvedores imobiliários a uma plataforma de soluções que vão da análise de viabilidade e estruturação de funding até a entrega do empreendimento e pós-vendas.
“Hoje observamos uma combinação rara de fatores estruturais: estabilidade monetária, reprecificação de ativos após o ciclo de alta de juros, fortalecimento do mercado de capitais e uma demanda por produtos lastreados em economia real”, diz André Trevelin.
Ele afirma que os investidores estão migrando de modelos tradicionais para estratégias que combinem renda, segurança e ganho de capital — o mercado imobiliário, especialmente via fundos e veículos estruturados, se tornou o grande receptor dessa busca.
Os fundos de investimento imobiliário (FIIs), aos quais Trevelin se refere, reúnem aportes de diferentes investidores para aplicar em ativos ligados ao mercado imobiliário. De forma geral, cada investidor compra cotas, e o gestor usa o dinheiro para investir em imóveis ou em títulos do setor.
“A renda passiva tornou-se um pilar, seja por FIIs, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) ou estruturas proprietárias. Ao mesmo tempo, em momentos de volatilidade global, o mercado imobiliário volta a ser visto como proteção patrimonial e instrumento de preservação intergeracional. É um momento de maturidade do setor, com governança mais sólida, compliance mais rígido e um ambiente macro favorável à profissionalização”, detalha André Trevelin.
O executivo diz que tem visto uma mudança no perfil atual do investidor. São pessoas que comparam múltiplos cenários, avaliam risco-retorno com maior profundidade e exigem um nível de transparência que antes não era comum.
O investidor atual busca relatórios auditáveis, governança, previsibilidade e clareza na destinação dos recursos, comenta Trevelin. Ele aponta ainda a entrada de um público cada vez mais jovem entrando no mercado, influenciado pelo acesso à informação e plataformas digitais, mas com mentalidade profissional. “É um investidor que entende que resultado não vem apenas da escolha do ativo, mas da qualidade de gestão por trás dele”, acredita.
Essas mudanças têm feito as empresas adaptarem suas estratégias de captação. “Na Villa Boa Inc, estruturamos um modelo que combina tecnologia, análise profunda de dados e um pipeline [conjunto, fluxo] sólido de projetos”, exemplifica André Trevelin.
“Nossa estratégia é oferecer ao investidor não apenas um produto imobiliário, mas um ativo financeiro com estrutura de governança, compliance e monitoramento contínuo. Implementamos modelos proprietários de due diligence [processo de investigação profunda], stress test de viabilidade [simulador de cenários] e mecanismos de preservação de capital, o que reforça a confiança do investidor e reduz assimetria de informação”, detalha ele.
Quando perguntado sobre qual conselho daria a um investidor que busca entrar no mercado de investimentos imobiliários, Trevelin é enfático na resposta. Ele diz que não deve ser analisado apenas o ativo, mas também quem está responsável pelo projeto: um bom empreendimento pode fracassar com má gestão — e um projeto mediano pode se tornar excepcional quando há governança, compliance e operação profissional, alerta.
“Busque estruturas auditáveis, equipes experientes, modelos de viabilidade transparentes e um track record [histórico de desempenho] consistente. O investidor que se posicionar com boa curadoria nesse momento tende a capturar um dos melhores ciclos do setor”, ressalta André Trevelin.
Uai, 22/dez
sexta-feira, 19 de dezembro de 2025
Brasileiro pavimenta novo caminho para adquirir a casa própria
Descubra como o mercado imobiliário se transformou e quais estratégias são essenciais para realizar o sonho da casa própria. por Fernando Lamounier.
O sonho da casa própria continua sendo um dos símbolos mais fortes de ascensão e segurança para o brasileiro. Para muitas famílias, ter um imóvel não significa apenas ter um teto, mas conquistar estabilidade, autonomia e a sensação de que, finalmente, um futuro mais tranquilo foi construído. Só que os caminhos do mercado imobiliário até esse sonho mudaram; e o que antes parecia quase uma “receita pronta” agora exige novas estratégias, escolhas mais inteligentes e um olhar atento para o cenário econômico.
O mercado imobiliário vive um momento curioso: mesmo com juros elevados e inflação ainda pressionando o bolso, a busca por imóveis não arrefeceu. Pelo contrário. As vendas de imóveis residenciais em 2024 registraram o maior volume da série histórica da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), com alta de 11,8% nas vendas e 21,9% nos lançamentos. Já no primeiro trimestre de 2025, o ritmo se manteve acelerado: as vendas cresceram 15,7%, chegando a 22,5% no acumulado dos últimos 12 meses.
Isso mostra que, apesar dos obstáculos, o desejo de comprar um imóvel se mantém sólido e o brasileiro está encontrando maneiras diferentes de chegar lá. Uma dessas maneiras, talvez a que mais cresceu de forma silenciosa, é o consórcio imobiliário. Nos últimos cinco anos, o setor não apenas avançou: disparou. Entre 2020 e 2025, as vendas de cotas aumentaram 294%, e o número de participantes ativos saltou para 2,5 milhões, conforme dados da ABAC. Os consórcios, antes vistos como uma alternativa burocrática e lenta, passaram a ser encarados como estratégia de planejamento financeiro — e não apenas como substituto aos financiamentos tradicionais.
O que explica essa mudança de percepção? Antes de tudo, o contexto. Com a Selic em 15%, financiar um imóvel se tornou uma conta pesada. O valor final supera o preço inicial do bem, e isso faz com que o consumidor pense duas vezes antes de assumir uma dívida de longo prazo. Ao mesmo tempo, a inflação e os reajustes típicos da construção civil — INCC, IGP-M, IPCA — trouxeram instabilidade à previsibilidade que o comprador sempre buscou.
Diante disso, vê-se que o consórcio é, de fato, um dos investimentos mais seguros atualmente. Isso porque há duas taxas principais: a de administração, que remunera a gestão do grupo, podendo sofrer variações de 10% a 20% do valor total da cota, diluída nas parcelas mensais. E o fundo de reserva, que cobre inadimplência e riscos, geralmente entre 1% e 5% da cota, também diluído.
Com custos mais previsíveis e sem juros, o consórcio passou a ser um aliado para aqueles que pretendem realizar uma jornada mais organizada e amiga do orçamento. Sim, é um caminho longo que exige disciplina e planejamento, mas também é um meio menos arriscado para quem não quer comprometer as finanças pelos próximos 20 ou 30 anos. Embora não seja a modalidade de investimento que mais cresceu quando comparada à renda variável ou a produtos prefixados, o consórcio imobiliário se consolidou como um dos caminhos mais sólidos e coerentes para quem deseja adquirir uma residência.
Esse crescimento também pode ser visto como um movimento sociocultural: o brasileiro está repensando a forma de consumir, investir e se planejar. De um lado, jovens que entenderam que construir patrimônio cedo é uma vantagem futura. De outro, investidores que viram no consórcio uma forma de diversificar suas estratégias com segurança. Não se trata apenas de adquirir um imóvel, mas de fazer isso com consciência, responsabilidade e estratégia.
No fim, enquanto o mercado imobiliário se reinventa, o desejo permanece o mesmo: encontrar um lugar para chamar de seu. A diferença é que, agora, o caminho até lá está sendo redesenhado e os consórcios imobiliários estão no centro dessa mudança.
Monitor Mercantil, 19/dez
quinta-feira, 18 de dezembro de 2025
Saiba quais são as duas ruas mais caras do Rio de Janeiro e quanto custa o metro quadrado em cada uma delas
Morar no Rio de Janeiro, especialmente na Zona Sul, é um sonho compartilhado por muita gente que deseja viver uma vida digna de uma “Heleninha” de Manoel Carlos. Entre o mar, a rotina leve e o charme que só o Rio tem, bairros como Leblon e Ipanema viraram símbolo de desejo — mas um desejo caro. Por ali, o metro quadrado não só ultrapassa os R$ 30 mil como, em algumas ruas, chega a atingir R$ 50 mil sem cerimônia.
Os principais levantamentos imobiliários do país mostram que o topo desse ranking se concentra exatamente nesses poucos metros de areia e asfalto tão disputados. No primeiro lugar, a Avenida Delfim Moreira, no Leblon, onde o m² gira em torno de R$ 55 mil. Em seguida, a Avenida Epitácio Pessoa, entre a Lagoa e Ipanema, que mantém médias próximas de R$ 33 mil.
Há quem diga que a Delfim Moreira é a síntese do que o Leblon representa. O endereço acompanha toda a orla do bairro, saindo da Vieira Souto e seguindo até a Niemeyer, sempre colado ao mar. Um trecho curto, valorizado e com uma vista que dispensa apresentação.
Ali, prédios discretos, mas de padrão elevado, dividem espaço com moradores que buscam o que o bairro tem de melhor: rotina prática, sensação de segurança e a tal vida com “pé na areia” que move tanta gente. A vizinhança ajuda a compor o cenário. O Baixo Bebê segue atraindo famílias; o Azur e o La Cevicheria viraram paradas obrigatórias; e os bares e cafés pelas ruas internas dão o tom do bairro mais caro da cidade.
Como quase não há espaço para novos prédios, a oferta é baixa e a procura nunca diminui. O resultado é um conjunto de imóveis que se mantém no topo da lista dos mais caros e mais disputados do Rio, muitos deles com vista permanente para o mar, privilégio que por si só já agrega valor imobiliário.
Do outro lado do mapa afetivo da Zona Sul, a Avenida Epitácio Pessoa contorna a Lagoa Rodrigo de Freitas e liga três bairros de peso, Lagoa, Ipanema e Leblon. A via, batizada em homenagem ao ex-presidente Epitácio Pessoa, virou endereço de mobilidade fácil, lazer farto e rotina bem carioca.
Ao longo da avenida, marcos conhecidos ditam o movimento: a sede náutica do Botafogo, o Parque do Cantagalo, a Ilha dos Caiçaras. A Lagoa, por si só, já basta. Ciclovia, pista de corrida, áreas de piquenique, os pedalinhos que nunca saem de moda, quiosques com música ao vivo. Tudo isso criando um clima de cidade que respira ao ar livre.
Restaurantes e bares com vista para a lagoa completam o pacote, assim como a curta distância para o Jardim Botânico e o Parque Lage, dois dos lugares mais queridos pelos cariocas.
A região ainda tem uma rede robusta de serviços, como escolas, hospitais, mercados e tudo o que facilita o dia a dia. Essa soma faz com que a valorização imobiliária da Epitácio Pessoa seja constante e quase previsível. Quem compra ali não compra só metragem, mas estilo de vida.
Afinal, o que faz esses endereços custarem tanto?
Esses endereços têm como ponto comum a combinação de pouca oferta de imóveis, boa estrutura urbana e um público que valoriza mobilidade, conveniência e segurança — além da possibilidade de resolver quase tudo a pé.
O metro quadrado, nesses locais, já não é definido apenas pelo tamanho do imóvel ou pelo acabamento. O valor leva em conta o conjunto de atributos que moldam a rotina dos moradores, como acesso a serviços, variedade gastronômica, oferta cultural, áreas para prática de esportes e a possibilidade de reduzir deslocamentos no dia a dia. É isso que transforma esses endereços nos mais desejados e nos mais caros da cidade.
Diário do Rio, 18/dez
quarta-feira, 17 de dezembro de 2025
Fundo TRXF11 compra escola Eleva e imóvel do McDonald’s na Barra por R$ 159 milhões
O fundo imobiliário TRXF11, da gestora TRX Real Estate, comprou por R$ 159 milhões os imóveis da escola Eleva e de um pequeno centro comercial com McDonald’s, drogaria e depósito, na Barra da Tijuca.
Os imóveis da escola Eleva e de um pequeno centro comercial ao lado, na Barra da Tijuca, mudaram de mãos. O fundo de investimentos imobiliários TRXF11, da gestora TRX Real Estate, desembolsou R$ 159 milhões para adquirir dois terrenos que, juntos, somam área estimada de 13 mil m², segundo o portal Metro Quadrado.
O conjunto fica na Avenida José Silva de Azevedo Neto e inclui o prédio do colégio bilíngue da rede privada Eleva, um depósito da escola, uma unidade da Drogaria Pacheco e um McDonald’s de alto movimento na região. A compra reforça o apetite do fundo por ativos urbanos com locatários de grande porte e contratos de longo prazo na Barra da Tijuca.
A operação marca também a entrada formal do TRXF11 no mercado educacional. O acordo firmado com a escola prevê a possibilidade de revisão dos valores de locação a partir de 2032, o que abre espaço para reprecificação futura do contrato em linha com o mercado imobiliário da Barra e com a valorização da região.
Além do negócio na Barra, a gestora vem acelerando aquisições em outros segmentos. Em novembro, o fundo investiu cerca de R$ 140 milhões para operar 14 imóveis de agências bancárias da Caixa Econômica Federal e do Santander.
Essas agências estão distribuídas em oito cidades brasileiras, incluindo três endereços no estado do Rio: na capital fluminense, em São Gonçalo e em Niterói. Com isso, o portfólio do TRXF11 ganha mais peso em localização urbana consolidada, locatários com forte presença nacional e contratos ligados aos setores de educação, varejo e serviços financeiros.
Diário do Rio, Mercado Imobiliário, 17/dez
terça-feira, 16 de dezembro de 2025
Antigo prédio da Oi em Copacabana vai virar residencial
O residencial terá 204 unidades, sendo duas lojas e uma estrutura de lazer inédita. O valor geral de vendas é avaliado em R$ 240 milhões.
O terreno do antigo prédio da Oi, na Rua Siqueira Campos, em Copacabana, vai receber um novo edifício residencial. O fundo imobiliário da gestora Opportunity comprou o espaço e pretende demolir o antigo edifício em breve para erguer um condomínio de 13 andares. O valor geral de vendas é avaliado em R$ 240 milhões.
O novo empreendimento é o Be.in.Rio Praia Copacabana. Parceria entre o Opportunity Imobiliário e a SIG Engenharia, o residencial terá 204 unidades, sendo duas lojas e uma estrutura de lazer inédita com mais de mil metros quadrados, divididos em três pavimentos: térreo, PUC e rooftop. A coleção Be.in.Rio, soma agora dez projetos, e a marca atinge 598 unidades lançadas e R$ 920 milhões em VGV (Valor Geral de Vendas).
Um dos diferenciais é a área de lazer, com mais de 1 mil m² distribuídos em três pavimentos: térreo, PUC e rooftop. Entre os espaços previstos estão salão de festas, área fitness, lounge, web garden, saunas seca e a vapor, além de um rooftop completo, com piscina, deck molhado e bar, pensado para traduzir o lifestyle carioca com conforto e convívio. No estande de vendas, dois apartamentos decorados foram montados para inspirar quem pretende comprar.
Para o gestor do Opportunity Imobiliário, Marcelo Naidich, o endereço ajuda a posicionar o produto tanto para moradia quanto para investimento. “A localização do Be.in.Rio Praia Copacabana coloca o morador e o visitante no centro de tudo: praia, mobilidade, serviços, lazer e cultura, a poucos passos de distância. E o lazer é um diferencial que traduz o espírito do projeto com os três pavimentos, térreo, PUC, um oásis urbano, e rooftop. Será possível brindar o Ano Novo com vista privilegiada para o espetáculo dos fogos de Copacabana. É essa experiência que queremos proporcionar”, afirma Marcelo Naidich.
Ele lembra que o bairro segue atraindo perfis diversos. “Copacabana tem um potencial de atrair pessoas que desejam morar, além dos investidores. Outro modelo que funciona muito bem para o Praia Copacabana é a moradia híbrida, ou seja, o proprietário utiliza o imóvel durante um período e aluga quando não está usando. Esse perfil tem tudo a ver com o Rio, que vem atraindo cada vez mais turistas de várias partes do Brasil e do mundo, ao longo do ano, não apenas na alta temporada”, observa o gestor.
Para quem compra com foco em renda, a administração da locação poderá ser feita pela Lobie, empresa carioca especializada em gestão de ativos imobiliários para aluguéis de curta temporada.
Com arquitetura contemporânea, o Be.in.Rio Praia Copacabana foi concebido com o conceito do encontro entre o urbano e o natural, buscando criar um refúgio em meio ao ritmo intenso do bairro. O projeto utiliza elementos biofílicos, vegetação tropical, espelhos d’água e materiais naturais para reforçar a sensação de bem-estar e a identidade de Copacabana. A arquitetura é assinada pelo escritório Cité, o paisagismo fica a cargo da Takeda Design e o projeto de interiores é da PKB Arquitetura.
A coleção Be.in.Rio também mantém o foco na relação com a arte. Neste lançamento, os arquitetos da Cité Arquitetura criaram uma cerâmica exclusiva para a fachada do edifício, integrando design e identidade visual ao conjunto.
Nas plantas, o empreendimento aposta em formatos versáteis. Haverá apartamentos de 37,12 m² a 49,74 m²; double suítes de 74,83 m² a 91,09 m²; up gardens de 50,06 m² a 55,23 m²; além de coberturas de 139,46 m² e 153,24 m².
Entre as conveniências previstas estão minimercado, maleiro, espaço delivery, lavanderia premium, coworking e bicicletário, compondo o pacote de serviços voltados tanto ao morador fixo quanto a quem pretende usar o imóvel em modelo híbrido ou para locação de curta temporada em Copacabana.
Diário do Rio, 16/dez
segunda-feira, 15 de dezembro de 2025
Gafisa e o francês Alexandre Allard anunciam projeto de R$ 1 bilhão em Ipanema
A construtora Gafisa se une ao empresário francês Alexandre Allard, para uma parceria inédita no mercado carioca. Depois do sucesso da união das marcas na capital paulista, agora é a vez de Ipanema. O projeto, com valor geral de vendas estimado em R$ 1 bilhão, pretende regenerar a principal quadra do bairro, um dos endereços mais desejados do Rio e emblemáticos do país.
“O encontro entre essas duas forças consolida um novo momento para o mercado imobiliário de luxo no Brasil. Trazemos uma união entre a experiência da Gafisa e o olhar provocador e global de Allard. A parceria com ele foi fundamental para criar um produto excepcional, em São Paulo, e vamos replicar em Ipanema, esse conceito da marca, que une localização estratégica, integração com a cidade, arquitetura refinada, natureza exuberante e um compromisso com a excelência”, celebra Sheyla Resende, CEO da Gafisa.
Protagonista no mercado de luxo, a Gafisa lançou, no ano passado, projetos no Leblon e na Barra
O Rio tem um papel especial na estratégia da empresa, fundada em 1954 na capital carioca. A Gafisa se tornou protagonista do mercado de luxo na cidade e, no ano passado, celebrou as entregas dos projetos Ivo, Forma, Cyano, TOM Delfim Moreira e Arte JB — que somaram aproximadamente R$ 1 bilhão em valor geral de vendas, em projetos 97% vendidos.
“A cidade do Rio é um dos destinos mais desejados da América Latina, o que faz com que esta praça seja um dos focos de investimentos. Nossa prioridade absoluta é ser criterioso na escolha de endereços, e Ipanema traduz essa estratégia da companhia”, pontua Luís Fernando Ortiz, vice-presidente da Gafisa.
Tempo Real RJ, 15/dez
sexta-feira, 12 de dezembro de 2025
Guaratiba lidera alta no aluguel em 2025, enquanto Jacarepaguá despenca 17%, mostra estudo
Estudo da Loft analisou 14,5 mil anúncios e mostrou que Guaratiba, Vargem Grande e Grajaú lideram altas no aluguel em 2025, enquanto Jacarepaguá, Jardim Botânico e Laranjeiras registram as maiores quedas.
Um novo levantamento da Loft mostra um retrato contrastante do mercado de aluguel no Rio de Janeiro ao longo de 2025. A análise de 14,5 mil anúncios publicados nas principais plataformas digitais aponta que o valor do metro quadrado cresceu, em média, 3% na cidade, chegando a R$ 38,41. Mas, dentro desse cenário moderado, há bairros que dispararam — e outros que recuaram com força.
No topo do ranking de valorização aparecem Guaratiba, com alta de 21%, Vargem Grande (19%) e Grajaú (16%). Para o gerente de Dados da Loft, Fábio Takahashi, cada região responde a uma dinâmica própria. “Guaratiba combina preços historicamente mais acessíveis e a maior procura por imóveis amplos. Vargem Grande atrai quem busca qualidade de vida e áreas verdes. Já o Grajaú vive um reposicionamento, tornando-se um refúgio consolidado na Zona Norte”, explica.
O recorte compara os períodos de janeiro a março com agosto a outubro, os mais atualizados de 2025.
Na outra ponta, seis bairros registraram quedas relevantes. Jacarepaguá lidera a lista com retração de 17%, seguido por Jardim Botânico (-10%) e Laranjeiras (-8%). Segundo Takahashi, fatores distintos explicam o movimento. “Em Jacarepaguá, o volume de lançamentos aumentou o estoque e abriu espaço para descontos. Laranjeiras perdeu preferência para Botafogo e Flamengo, que ganharam novos projetos. No Jardim Botânico, imóveis maiores e mais caros frearam a demanda”, afirma.
O estudo classificou os bairros em três faixas, considerando a distância em relação à média da cidade:
- Acima da média: variação superior a 8%;
- Na média: entre +8% e -2%;
- Abaixo da média: quedas superiores a -3%.
Ao todo, nove bairros tiveram altas acima da média municipal, espalhados pela Zona Oeste, Zona Norte e áreas de transição. Outros seis ficaram abaixo da média, reforçando a heterogeneidade do mercado carioca.
“Onde a valorização está acima da média, o proprietário tem mais força na negociação. Já nos bairros em queda, o locatário ganha poder de barganha”, resume Takahashi.
Ainda assim, ele destaca que o cenário permanece volátil. “Quando analisamos a cidade como um todo, o movimento é estável. Mas, olhando bairro a bairro, as mudanças podem ocorrer de um semestre para outro. Quem busca boas oportunidades precisa agir rápido”, afirma.
A seguir, os dados completos do levantamento, com variação, preço do metro quadrado e tíquete médio entre agosto e outubro de 2025, conforme os anúncios analisados pela Loft.
Os bairros com crescimento acima da média da cidade;
Guaratiba — +21% | R$ 19,58 | R$ 2.238
Vargem Grande — +19% | R$ 23,92 | R$ 3.909
Grajaú — +16% | R$ 25,95 | R$ 2.696
Barra da Tijuca — +11% | R$ 65,79 | R$ 12.456
Vila Valqueire — +11% | R$ 23,05 | R$ 2.468
Vila Isabel — +10% | R$ 28,03 | R$ 2.267
Campo Grande — +10% | R$ 19,14 | R$ 1.891
Leme — +9% | R$ 59,03 | R$ 7.277
Brás de Pina — +8% | R$ 18,54 | R$ 1.254
Os bairros com variação na média da cidade;
Leblon — +6% | R$ 106,65 | R$ 13.504
Copacabana — +6% | R$ 57,90 | R$ 6.266
Freguesia (Jacarepaguá) — +5% | R$ 25,17 | R$ 4.219
Centro — +5% | R$ 41,07 | R$ 1.884
Pechincha — +4% | R$ 23,31 | R$ 2.270
Recreio — +4% | R$ 42,37 | R$ 6.023
Anil — +4% | R$ 24,94 | R$ 3.458
Flamengo — +3% | R$ 52,75 | R$ 6.703
Tanque — +3% | R$ 19,89 | R$ 1.617
Botafogo — +2% | R$ 62,12 | R$ 5.653
Tijuca — +2% | R$ 31,61 | R$ 2.892
Lagoa — +2% | R$ 80,33 | R$ 13.055
Taquara — +1% | R$ 22,98 | R$ 2.095
Vargem Pequena — +1% | R$ 24,54 | R$ 3.912
Ipanema — +1% | R$ 105,03 | R$ 14.117
Andaraí — +1% | R$ 28,36 | R$ 2.394
Vila da Penha — 0% | R$ 22,12 | R$ 1.701
Praça Seca — 0% | R$ 15,47 | R$ 1.209
Todos os Santos — 0% | R$ 26,17 | R$ 1.809
Cachambi — -2% | R$ 25,27 | R$ 2.165
Jardim Oceânico (Barra) — -3% | R$ 58,91 | R$ 10.139
Irajá — -3% | R$ 21,77 | R$ 1.441
Os bairros com crescimento abaixo da média;
Maracanã — -7% | R$ 30,29 | R$ 3.381
Laranjeiras — -8% | R$ 45,81 | R$ 6.148
Jardim Botânico — -10% | R$ 61,35 | R$ 9.902
Penha Circular — -13% | R$ 16,41 | R$ 1.275
Jardim Guanabara (Ilha) — -13% | R$ 23,03 | R$ 3.603
Jacarepaguá — -17% | R$ 42,51 | R$ 3.761
Diário do Rio, 12/dez
quinta-feira, 11 de dezembro de 2025
Setor imobiliário defende redução da taxa de juros e legislação padronizada
Dados da Abrainc apontam que, a cada 1% de juros reduzido das taxas de financiamento, 200 mil famílias são inseridas no mercado imobiliário.
O setor imobiliário defendeu taxas de juros mais baixas e uma padronização da legislação no quesito regulamentação para manter resultados positivos no próximo ano. As propostas foram debatidas durante a 2ª edição do Encontro de Incorporadores do Estado de Minas Gerais (INC Minas), realizado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), nesta quinta-feira (4), no Minascentro, em Belo Horizonte.
Durante o encontro que reuniu especialistas e lideranças para discutir oportunidades, desafios e perspectivas do setor no Estado, o presidente da Abrainc, Luiz França, mostrou como a queda da taxa de juros pode contribuir para a inserção de compradores no mercado imobiliário.
“A cada 1% de juros reduzido das taxas de financiamento, 200 mil famílias são inseridas no mercado imobiliário. Taxa de juros alta é sinal de menos compradores no mercado. Nossos clientes são, em sua maioria, dependentes de financiamento e a redução das taxas beneficia muito”, comentou.
A perspectiva da redução de juros, somada à criação da Faixa 4 do programa Minha Casa, Minha Vida, destinada a famílias de classe média e às mudanças das regras do uso do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) são fatores que, para o presidente da Abrainc, podem fortalecer ainda mais as vendas no ano que vem. “A inserção da classe média nos programa de financiamento foi uma grande conquista que nós tivemos este ano”.
Para relembrar, a Faixa 4 do programa Minha Casa, Minha Vida foi criada pelo governo federal em maio deste ano e permitiu que famílias com renda entre R$ 8 mil e 12 mil financiassem imóveis de até R$ 500 mil, com taxas mais baixas. Além disso, as novas regras do sistema de habitação passaram a permitir o uso do FGTS para compra de imóveis de até R$ 2,25 milhões.
Mudanças que o presidente a Abrainc considera positivas e promissoras. “Quando o Brasil tiver redução da taxa de juros, o mercado imobiliário vai crescer muito. Isso porque temos um déficit habitacional de 6 milhões de domicílios e uma necessidade no futuro de 11 milhões de moradias. Ainda há muita gente precisando comprar imóvel, sem contar as pessoas que querem mudar para uma casa melhor ou maior”, afirmou.
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Raphael Lafetá, também criticou os altos patamares das taxas de juros. “Não é só o setor da construção civil, mas toda a economia depende de taxas de juros mais baixas”, defendeu.
Segundo Lafetá, o setor tem boas perspectivas para o ano que vem, uma vez que o déficit habitacional continua a patamares de 30 anos atrás. “A expectativa com relação à demanda é gigante, mas basta saber se a gente vai ter condições de oferecer. Para dar esta oferta, precisamos de uma economia estável e de taxas de juros mais acessíveis”, comentou.
Para o presidente do Sinduscon-MG, desafios como a questão da mão de obra e da cadeia produtiva são ajustáveis. “A gente traz investidores. Um País com uma taxa de juros baixa, desenvolve, cresce, moderniza e inova”.
No entanto, na opinião de Lafetá, os problemas não envolvem apenas as taxas de juros e o governo federal, há também ações do executivo municipal e estadual que poderiam contribuir para o setor. “Estamos discutindo e conversando com os administradores municipais de vários níveis para que a gente possa modernizar a legislação, possibilitando a questão da padronização do nosso setor. Isso vai ajudar demais a fazermos mais habitação, com melhor qualidade melhor e maior produtividade, a custos mais acessíveis”.
Governador defende desburocratização
Por meio de transmissão on-line, o governador Romeu Zema (Novo), participou do evento e endossou a avaliação do presidente do Sinduscon-MG e disse que mantém “diálogo fácil” com o setor produtivo.
“É isso que o Brasil precisa, de governos que trabalhem ao lado de quem produz riqueza. E não de governos que desconsiderem ou que compliquem a vida. Tendo em cada cidade uma legislação e uma especificação diferente. Isso é um terror para quem quer reduzir custo e construir no Brasil. No meu governo nós agimos exatamente no sentido contrário, escutando e fazendo tudo a quatro mãos”, disse.
Como solução, Raphael Lafetá defendeu a integração da sociedade. “A administração pública tem um papel fundamental quando normatiza comportamentos, tipos e tamanhos de construções. Do contrário, ela engessa e impossibilita a atividade econômica. Mas também defendemos o trabalho em conjunto: empresas, administração pública e cidadão em prol do acesso à casa própria com uma mobilidade melhor, gastando menos tempo no trânsito e com acesso à condições melhores de vida”, finalizou.
Diário do Comércio, 11/dez
quarta-feira, 10 de dezembro de 2025
Distrato de imóvel na planta: o que o comprador pode exigir hoje
Nos últimos anos, a combinação entre juros elevados, renda pressionada e maior dificuldade na aprovação de crédito trouxe de volta às incorporadoras e aos tribunais um tema que parecia pacificado: o distrato de imóvel na planta. Embora a Lei nº 13.786/2018 — conhecida como Lei do Distrato — tenha sido aprovada com a promessa de conferir segurança jurídica ao setor, na prática seu alcance ainda gera dúvidas, sobretudo quanto aos limites de retenção e à forma de restituição das quantias pagas pelo comprador.
A crença comum no mercado é a de que o comprador que desiste do negócio antes da entrega do empreendimento estaria sujeito, automaticamente, à perda de até 50% dos valores pagos.
Entretanto, uma leitura detida da legislação revela que o percentual de 50% não constitui regra geral, mas limite máximo aplicável apenas às hipóteses específicas em que o contrato estiver submetido ao regime de patrimônio de afetação — e mesmo assim, sujeito ao controle judicial de proporcionalidade e razoabilidade.
Nos tribunais superiores, a interpretação evoluiu de modo a compatibilizar a Lei do Distrato com a principiologia do Código de Defesa do Consumidor. Embora a legislação mencione a possibilidade de retenção de “até 50%”, esse percentual representa teto máximo, e não patamar automático.
O Superior Tribunal de Justiça, amparado na Súmula 543 — que determina a restituição imediata das parcelas pagas — tem reiteradamente afastado a aplicação mecânica desse limite, reduzindo-o a patamares próximos de 25% quando inexistentes elementos concretos que justifiquem percentual maior. O movimento jurisprudencial demonstra que o limite legal deve ser interpretado em harmonia com o equilíbrio contratual, com o artigo 413 do Código Civil e com a vedação ao enriquecimento sem causa, razão pela qual a cifra de 50% funciona como exceção juridicamente justificável, e não como regra geral.
– A lei aplicável e a natureza do distrato
O distrato é a resolução do compromisso de compra e venda por iniciativa do comprador ou do vendedor. Nas hipóteses em que o adquirente é pessoa física e a compra tem finalidade habitacional ou de investimento, aplica-se o Código de Defesa do Consumidor, somado à Lei nº 13.786/2018, que alterou dispositivos da Lei nº 4.591/1964 (incorporações) e da Lei nº 6.766/1979 (loteamentos). Nessas situações, a vulnerabilidade informacional do comprador é reconhecida como premissa de proteção.
– Restituição: a regra da imediatidade
O STJ pacificou que a restituição das parcelas pagas deve ocorrer de maneira imediata, e não ao término da obra ou após a revenda da unidade — entendimento cristalizado na Súmula 543. Quando a culpa pelo desfazimento contratual é do vendedor, a devolução é integral; quando o comprador desiste, admite-se retenção moderada, jamais excessiva.
– Quanto a incorporadora pode reter?
Fora do regime de patrimônio de afetação, a jurisprudência tem limitado a retenção a valores próximos de 25% dos montantes pagos. O TJ-SP, em inúmeros acórdãos recentes, tem reputado abusiva a retenção superior quando não demonstradas despesas efetivas ou prejuízos concretos ao vendedor.
Nos empreendimentos submetidos ao patrimônio de afetação, a lei autoriza multa de até 50%. Todavia, esse teto não opera automaticamente: exige a comprovação de que o regime foi efetivamente constituído e executado conforme a legislação — segregação de recursos, conta vinculada, comissão de representantes e demais mecanismos de blindagem patrimonial. Além disso, o artigo 413 do Código Civil autoriza a redução judicial de cláusulas penais manifestamente excessivas, ainda que contratualmente pactuadas.
– Parcelamento da devolução: pode?
A jurisprudência paulista mantém posição firme contra o parcelamento. As Súmulas 1, 2 e 3 do TJSP reforçam que a restituição deve ser realizada em parcela única, pois o vendedor pode revender o imóvel e não se admite impor desvantagem exagerada ao consumidor.
– Outras verbas relevantes: fruição, corretagem e encargos
A taxa de fruição — ou taxa de ocupação — só é cabível quando houve posse ou uso efetivo do imóvel. O STJ já reconheceu sua incidência em lote não edificado, desde que observados os limites da Lei do Distrato.
Quanto à corretagem, sua retenção é admitida pela lei desde que haja previsão contratual clara e prévia informação ao consumidor. A soma de multas, contudo, não pode gerar sobrepenalização que desvirtue o equilíbrio econômico da relação.
Encargos como IPTU e condomínio seguem, em regra, a responsabilidade de quem esteve na posse do bem.
– Quando o comprador tem direito à devolução integral
Se o desfazimento contratual ocorre por culpa do vendedor — atraso injustificado na entrega, vícios construtivos graves, publicidade enganosa ou violação do dever de informação — o consumidor tem direito à devolução integral e imediata dos valores pagos, nos termos da Súmula 543.
Conclusão
Passados mais de seis anos da promulgação da Lei do Distrato, o que se observa é a consolidação de um padrão protetivo que harmoniza a legislação especial com os princípios do direito do consumidor. Em síntese: retenção moderada e reembolso imediato constituem a regra; a retenção de até 50% — quando houver patrimônio de afetação regularmente instituído — é exceção, jamais automatismo. O exame casuístico, aliado à demonstração de despesas efetivamente suportadas pela incorporadora, tem sido o critério preferencial pelos tribunais.
O grande desafio, ainda hoje, é evitar que a Lei do Distrato seja instrumentalizada como mecanismo de punição automática ao comprador. A função da norma, em seu espírito, sempre foi conferir previsibilidade ao setor, sem descurar da proteção constitucional do consumidor e da vedação ao enriquecimento sem causa.
Consultor Jurídico, 10/dez
terça-feira, 9 de dezembro de 2025
Rodada de Negócios do Mercado Imobiliário debate desafios e perspectivas para 2026
A movimentação do mercado imobiliário para 2026 ganhou novos contornos nesta quinta-feira (4), quando a Comissão da Indústria Imobiliária da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CII/CBIC) promoveu mais uma edição da Rodada de Negócios de Mercado Imobiliário. Em um encontro on-line marcado por análises técnicas e leituras realistas do ambiente econômico, representantes do setor compartilharam preocupações, expectativas e diagnósticos sobre um ano que promete ser de forte atividade, e igualmente de grandes desafios.
A abertura ficou a cargo de Ely Wertheim, vice-presidente da Área da Indústria Imobiliária da CBIC e presidente executivo do Secovi-SP. Ao destacar que o setor vive um momento de “otimismo moderado”, ele chamou atenção para sinais de alerta associados à rentabilidade, custos e aprovação de projetos. “Já vivemos momentos melhores. Não está ruim, mas o sinal amarelo está aceso”, disse, ressaltando que 2026 tende a ser um ano de grande movimento, marcado por entregas significativas, pressões de mão de obra e um ambiente político-eleitoral desafiador.
Na sequência, Wertheim se juntou a Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP, e Pedro Krahenbuhl, assessor legislativo do Secovi-SP, para abordar atualizações sobre o Sistema Financeiro da Habitação. Os participantes contextualizaram as expectativas do mercado, o comportamento recente das contratações e os reflexos das decisões do Conselho Curador do FGTS. Petrucci enfatizou que, apesar do cenário de juros ainda elevados, há expectativa positiva para o próximo ano. “Tudo indica que o mercado deve crescer em 2026”, observou.
O tema seguinte, sobre os efeitos práticos da Reforma sobre a Renda, foi conduzido por Ricardo Lacaz, membro dos Conselhos Jurídicos do SindusCon-SP e do Secovi-SP. Ele ressaltou o impacto direto das novas regras sobre as empresas, especialmente no processo de deliberação e distribuição de lucros. “As companhias estão em uma verdadeira corrida para cumprir requisitos que são burocráticos e, muitas vezes, difíceis de executar na prática”, afirmou. Krahenbuhl complementou trazendo a visão do andamento político da pauta no Congresso, alertando para a imprevisibilidade no processo de votação.
Também debatendo a reforma tributária, Rodrigo Dias, que integra os Conselhos Jurídicos do SindusCon-SP e do Secovi-SP, destacou a necessidade urgente de revisão de contratos, adaptação de sistemas e atenção às futuras exigências de emissão de notas fiscais. “Teremos um ano de muitas mudanças, com o setor ajustando o avião enquanto ele voa”, observou, reforçando que empresas e fornecedores precisarão de planejamento para operar com segurança durante a transição.
O bloco dedicado ao financiamento imobiliário via FGTS e Minha Casa, Minha Vida foi apresentado por Luis Fernando Mendes, economista e assessor técnico da CII. Ele detalhou a execução dos recursos, o comportamento das contratações e o impacto dos remanejamentos autorizados pelo Conselho Curador. Mendes destacou que todos os recursos do FAR e do Fundo Social foram empenhados pelo governo. “Isso garante condições para uma boa execução ao longo de 2026”, afirmou. Ele também apontou o avanço das contratações de imóveis usados e o crescimento expressivo do financiamento PJ na modalidade aquisição e construção.
Fechando o encontro, Petrucci voltou a comentar o mercado de crédito imobiliário, destacando que o ano deve fechar com aproximadamente R$ 300 bilhões contratados entre poupança e FGTS. Segundo ele, apesar das pressões, inadimplência baixa e oferta significativa de recursos permitem uma leitura mais otimista. “Os indicadores mostram que o setor segue sólido e com espaço para expansão”, avaliou.
O tema tem interface com o projeto “Segurança Habitacional como Garantia Básica para a Qualidade de Vida e Integridade Física do Trabalhador”, da Comissão da Indústria Imobiliária (CII) da CBIC, em correalização com o Serviço Social da Indústria (Sesi).
Agência CBIC, 09/dez
segunda-feira, 8 de dezembro de 2025
Ipanema tem valorização acima da média global e recoloca suas ruas no topo das Américas
Duas ruas comerciais do bairro ficaram entre as 30 mais caras das Américas, mesmo após anos de retração e saída de marcas de luxo.
O mercado imobiliário comercial do Rio, especialmente no bairro de Ipanema, voltou a ganhar destaque internacional. Segundo o estudo Main Streets Across the World, da consultoria Cushman & Wakefield, duas ruas do bairro ficaram entre as 30 mais caras das Américas, movimento que reforça a força comercial da região, mesmo após anos de retração e saída de marcas de luxo.
De acordo com o relatório, o aluguel na Rua Visconde de Pirajá registrou alta de 30% em 2025, alcançando o equivalente a € 821 por metro quadrado ao ano, o que garantiu ao endereço a 28ª colocação no ranking continental.
Logo atrás, na 29ª posição, aparece a badalada Garcia D’Ávila, que teve valorização de 20%, atingindo € 784 por metro quadrado ao ano. A rua, conhecida por reunir grifes internacionais e lojas de alto padrão, já chegou a esteve, inclusive, entre as mais caras do mundo, ocupando o topo de rankings globais há poucos anos.
Baixas recentes
Apesar do histórico, a Garcia D’Ávila passou por um período de esvaziamento. Diversas marcas de luxo deixaram o endereço, migrando para shoppings. O principal fator dessa debandada foi o custo elevado do aluguel.
Para se ter uma ideia, aluguéis de lojas desocupadas na rua podem ultrapassar os R$ 100 mil. A Louis Vuitton foi a primeira a deixar a via, encerrando as atividades em um imóvel onde pagava cerca de R$ 150 mil mensais, além de um IPTU superior a R$ 18 mil e luvas de R$ 1,5 milhão para contratos longos. Após a saída da marca francesa, outras lojas seguiram o mesmo caminho.
Diário do Rio, Mercado Imobiliário, 08/dez
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