sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Quitinetes de R$ 1 milhão: 5 bairros com o metro quadrado mais caro do Brasil
Levantamento revela que pequenas quitinetes em bairros de luxo podem custar quase R$ 1 milhão, enquanto imóveis maiores superam R$ 10 milhões.
O mercado imobiliário brasileiro vive um momento de contrastes que chama a atenção de especialistas e compradores: enquanto o país ainda debate a acessibilidade à moradia, os bairros mais valorizados do Brasil registram valores que impressionam até investidores experientes.
Um novo levantamento da Loft, baseado em 450 mil anúncios residenciais ativos entre agosto e outubro de 2025, revela que, nas regiões mais exclusivas, tanto imóveis compactos quanto residências de alto padrão alcançam cifras que ultrapassam qualquer expectativa.
A pesquisa confirma a existência de bolsões de luxo em grandes centros urbanos, onde o preço do metro quadrado atinge patamares recordes, chegando facilmente aos R$ 32 mil em unidades de 30 m², avaliadas em quase R$ 1 milhão.
Nos imóveis de maior metragem, esse valor dispara: casas e apartamentos ultrapassam R$ 10 milhões, especialmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Balneário Camboriú.
Quitinetes de R$ 1 milhão: o metro quadrado mais caro do país
O segmento de imóveis compactos, entre 25 m² e 30 m², registra algumas das maiores valorizações do mercado imobiliário brasileiro.
No topo do ranking aparece o Itaim Bibi (São Paulo), onde uma unidade de menos de 30 m² tem preço médio de R$ 914 mil, resultado de um valor por metro quadrado que ultrapassa R$ 32 mil.
Logo em seguida vem a Gávea (Rio de Janeiro), com preço médio de R$ 834 mil, seguida por bairros como Vila Nova Conceição, Três Figueiras, Jardim Paulistano, Pinheiros e Vila Olímpia.
Esses locais têm algo em comum: alta demanda, escassez de oferta e um público que prioriza localização estratégica, serviços ao redor, segurança e mobilidade.
Segundo a Loft, essa combinação torna os compactos extremamente líquidos, ou seja, vendem-se rapidamente, o que impulsiona ainda mais o preço do metro quadrado.
Profissionais solteiros, executivos, investidores e pessoas que passam pouco tempo em casa estão entre os principais compradores.
Onde o metro quadrado explode: 5 bairros com maior valor em imóveis compactos
Entre os destaques do ranking nacional estão:
1. Itaim Bibi (SP): R$ 914.669 por unidade, R$ 32.740/m²
2. Gávea (RJ): R$ 834.914 por unidade, R$ 28.836/m²
3. Vila Nova Conceição (SP): R$ 696.183 por unidade, R$ 27.183/m²
4. Três Figueiras (RS): R$ 696.157 por unidade, R$ 27.040/m²
5. Jardim Paulistano (SP): R$ 682.900 por unidade, R$ 25.451/m²
São Paulo domina o ranking, com 16 dos 30 bairros mais caros para imóveis compactos, seguida por Porto Alegre e Rio de Janeiro.
Imóveis acima de R$ 10 milhões: o alto padrão que redefine o luxo no Brasil
No outro extremo da lista, os imóveis de grande porte revelam um cenário igualmente impressionante. Três bairros ultrapassam a faixa dos R$ 10 milhões em média.
1. Residencial Dois – Tamboré (Santana de Parnaíba, SP): R$ 12,7 milhões
2. Tamboré (Barueri, SP): R$ 11 milhões
3. Praia do Estaleiro (Balneário Camboriú, SC): R$ 10,6 milhões
A capital paulista também aparece como protagonista, com o prestigiado Jardim Europa, onde os preços superam R$ 10,4 milhões e o metro quadrado ultrapassa R$ 33 mil.
Essas regiões se caracterizam por terrenos amplos, projetos arquitetônicos exclusivos e infraestrutura que oferece privacidade, segurança e status.
Segundo Fábio Takahashi, gerente de dados da Loft, a valorização está diretamente ligada à localização privilegiada, ao potencial construtivo e ao perfil de compradores de alto padrão.
Mercado de luxo em expansão
O levantamento também mostra forte presença de bairros nobres em Minas Gerais, Santa Catarina e Rio de Janeiro, consolidando um padrão nacional de valorização em áreas onde a exclusividade, segurança e qualidade de vida são fatores determinantes.
A partir desses dados, fica claro que o mercado imobiliário de luxo no Brasil segue em expansão tanto nos imóveis compactos ultravalorizados quanto nas megaresidências de altíssimo padrão.
Em ambos os casos, a combinação entre localização estratégica e demanda elevada continua sendo o motor dessa escalada de preços.
Capitalist, Economia, 05/dez
quinta-feira, 4 de dezembro de 2025
Casa destombada pelo STF na Lagoa é demolida
Construída no início dos anos 30, o imóvel ganhou destaque noticiário em agosto, quando o DIÁRIO DO RIO revelou com exclusividade o cancelamento de seu tombamento municipal, decisão que abriu caminho para a derrubada definitiva da estrutura.
A famosa mansão da Lagoa destombada pelo STF e uma das últimas residências antigas à beira do espelho d’água, já não existe mais. Depois de quase duas décadas de disputa judicial, o imóvel que ocupava a esquina da Avenida Epitácio Pessoa com a Rua Joana Angélica foi completamente demolido nesta sexta-feira (28/11). Construída no início dos anos 30, a casa ganhou destaque noticiário em agosto, quando o DIÁRIO DO RIO revelou com exclusividade o cancelamento de seu tombamento municipal, decisão que abriu caminho para a derrubada definitiva da estrutura.
Um dos últimos casarões da Lagoa
O processo que levou ao fim da Casa de Pedra começou ainda em 2007. A disputa opôs a Prefeitura do Rio e os herdeiros do empresário Ricardo Haddad, dono da antiga Fábrica Bangu e responsável por um extenso patrimônio familiar na cidade. Eles contestavam o tombamento decretado em 2002 pelo então prefeito César Maia, que colocou a residência e outras oito edificações baixas da orla da Lagoa sob proteção municipal.
A briga se arrastou por instâncias e recursos sucessivos. A Procuradoria Geral do Município ainda tentou reverter decisões favoráveis à família, porém em março deste ano os ministros do STF encerraram o curso do litígio ao rejeitar o último recurso da prefeitura. Com o caso devolvido à Justiça do Rio, a defesa dos proprietários solicitou formalmente que o imóvel fosse retirado da lista de bens tombados, e pouco depois entrou com o pedido de demolição.
Terreno avaliado em R$ 130 milhões
A queda da casa consolidou o destino do terreno, avaliado em cerca de R$ 130 milhões e localizado em uma das áreas mais valorizadas de Ipanema. O lote ao lado, que pertenceu ao restaurante Chico’s Bar, permanece vazio e integra e é de propriedade da mesma família.
Mesmo sem confirmação oficial de venda para alguma construtora, já circulam projetos estudados para ocupar o endereço. O mais avançado atende pelo nome L’Unique Lagoa e prevê apartamentos partindo de R$ 20,4 milhões, além de uma cobertura duplex que começaria em R$ 36 milhões. Caso vá adiante, o lançamento terá valor estimado de R$ 60 mil por metro quadrado — índice 170% acima da média atual de Ipanema, hoje por volta de R$ 22 mil/m². Seria, portanto, o empreendimento mais caro da Lagoa nos últimos anos, com preços semelhantes aos negociados na Delfim Moreira, no Leblon, considerado o metro quadrado mais valioso da América Latina.
Quem é a família Haddad
A família Haddad ganhou destaque no mapa econômico do Rio nos anos 1990, quando Ricardo Haddad adquiriu a Fábrica de Tecidos Bangu e herdou todo o conjunto patrimonial da antiga família Silveira, proprietária original do complexo. O espólio incluía mais de duzentas casas espalhadas por bairros inteiros da Zona Oeste, como Bangu, Padre Miguel, Realengo e Magalhães Bastos, formando um dos maiores domínios privados da região.
Anos mais tarde, ele tentou negociar a antiga mansão do Dr. Silveirinha, símbolo máximo daquele ciclo industrial. Primeiro para um grupo supermercadista, depois para uma igreja. Nenhuma das propostas avançou. Para que qualquer projeto saísse do papel, seria necessário suprimir árvores centenárias do terreno, e uma denúncia feita pelo movimento Casa do Dr. Silveirinha ao Ministério do Meio Ambiente barrou a autorização e congelou o negócio.
O empresário comandou a fábrica até 2004, ano em que o empreendimento que marcou gerações encerrou as operações. Apesar disso, a família permaneceu proprietária do conjunto imobiliário, hoje alugado para a Allos, sucessora da antiga Aliansce e administradora do Bangu Shopping. A herança industrial se mantém também fora da capital: ainda existem bens ligados ao setor têxtil sob domínio dos Haddad em Petrópolis.
Diário do Rio, 04/dez
quarta-feira, 3 de dezembro de 2025
Araras: exclusividade e natureza em um dos refúgios do Rio
Clima ameno, Mata Atlântica exuberante e o charme de cidade pequena com jeito de refúgio. Araras, no segundo distrito de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, reúne todos esses atributos —e ainda acrescenta um elemento que o torna especial: a exclusividade.
Nos últimos anos, o bairro petropolitano se consolidou como destino preferido de quem procura um retiro de alto padrão entre montanhas e longe do ritmo acelerado dos grandes centros. No quesito comodidade, Araras também sai na frente. Localizado a apenas 112 quilômetros da capital, o local é facilmente acessado pela BR-040 sem a necessidade de enfrentar o trânsito urbano de Petrópolis. Ao mesmo tempo, fazer parte do município serrano assegura outra vantagem: Petrópolis é considerada a cidade mais segura do Rio, e essa sensação de tranquilidade naturalmente se estende a seus distritos.
— A pandemia fez as pessoas desejarem morar em lugares com maior contato com a natureza, e isso favoreceu o crescimento do mercado imobiliário na Região Serrana — pontua o diretor regional da Cia Multiplataforma Imobiliária, Claudio Leite.
Segundo ele, Araras acabou atraindo um determinado tipo de empreendimento: condomínios com menor número de lotes ou residências e com infraestrutura, alta gastronomia, academia e área de lazer completa. Na prática, isso garante exclusividade a quem decidiu ir morar na região ou àqueles que querem uma casa de campo em um lugar que conjuga glamour e natureza.
A natureza ali é um capítulo à parte. Araras se distribui por um vale moldado entre as serras do Couto e da Maria Comprida, pertencentes ao complexo montanhoso da Serra dos Órgãos. O Rio Araras percorre a região como um fio de água cristalina que costura a paisagem. E há quem diga que o nome do lugar deriva de um grupo indígena (os Araras), que vivia na Baixada e subia a serra para caçar. Hoje, o local é um dos preferidos dos alpinistas, que encaram os quase dois mil metros de altitude da Serra da Maria Comprida.
Araras oferece diversas trilhas para aventureiros e é um verdadeiro santuário de vida silvestre. Desde 1995, carrega o título de “distrito ecológico”, concedido pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente. A distinção ajuda a proteger a Reserva Biológica Estadual de Araras, que ocupa cerca de 3,8 mil hectares e abriga espécies ameaçadas, como a onça-parda, a jaguatirica, os quatis e diversas aves.
Os amantes da gastronomia também encontram ali um território fértil. Embora não conte com a mesma quantidade de estabelecimentos da vizinha Itaipava, Araras mantém clássicos que se tornaram referência regional, como a Ary Delicatessen e os restaurantes Alvorada e Afrânio.
— Araras continua sendo um lugar pequeno, em que todo mundo se conhece, mas o perfil da clientela mudou e ficou mais sofisticado. Quando meu pai abriu a loja, em 1984, era apenas um depósito de bebidas. Aos poucos, fomos percebendo que poderíamos vender vinhos e outros produtos finos. Hoje, os clientes até indicam o que querem encontrar nas prateleiras — conta Felipe Gabriel Ventura, sócio da Ary Delicatessen, que hoje tem mais duas lojas em Itaipava.
Esse conjunto de fatores vem impulsionando o mercado imobiliário local. A oferta reduzida de novos empreendimentos reforça a sensação de exclusividade, algo valioso tanto para quem compra quanto para quem pensa em valorização futura.
Terrenos amplos e bem localizados aparecem como uma commoditydesejada pelos investidores. E, quando se soma a infraestrutura de alto padrão ao apelo ambiental, chega-se a uma fórmula que traduz perfeitamente o espírito contemporâneo. Pelo que tudo indica, o lifestyleconsciente encontrou um endereço à altura em Araras.
O Globo, Morar Bem, 03/dez
terça-feira, 2 de dezembro de 2025
Mega empreendimento em São Cristóvão vai entregar bike elétrica a cada comprador para driblar falta de vagas
O projeto, estimado em cerca de R$ 600 milhões em Valor Geral de Vendas (VGV), prevê apenas 70 vagas de garagem para um total de 1.700 unidades.
O mercado imobiliário do Rio abriu mais uma janela de aposta no eixo que avança do Porto Maravilha em direção a São Cristóvão. No terreno onde funcionou a Companhia de Luz Esteárica, antiga fábrica de velas e sabões fundada em 1842 pelo Barão de Mauá, a incorporadora Cury anda preparando o lançamento um empreendimento residencial de 1.700 unidades que chega com discurso de nova mobilidade pouco usual para o padrão carioca: cada comprador vai receber uma bicicleta elétrica junto com o apartamento. A proposta é fruto de uma parceria da empresa com a Lev.
A ideia, desenhada para driblar a baixa oferta de vagas no projeto, promete abastecer os edifícios com uma frota de cerca de 1.700 bikes elétricas. O empreendimento, avaliado em aproximadamente R$ 600 milhões em Valor Geral de Vendas (VGV), terá apenas 70 vagas para carros.
O conjunto residencial ficará a poucos metros do Terminal Gentileza, que concentra linhas de BRT e integra conexões com VLT e ônibus urbanos, além de estar próximo do terreno previsto para o futuro estádio do Flamengo. O lançamento está marcado para janeiro e integra o pacote de incentivos urbanísticos conhecido como “porto estendido”, que expande benefícios da Região Portuária até São Cristóvão, estimulando adensamento e novos projetos habitacionais.
Terreno histórico
O quarteirão onde o Luzes do Rio será erguido tem 18 mil metros quadrados e passou por diversos planos ao longo das últimas décadas. Em 2013, a americana Tishman Speyer estudou construir ali um complexo corporativo de alto padrão, mas desistiu em 2021. A área chegou a ser anunciada pela Sérgio Castro Imóveis e, antes disso, cogitou-se ali a instalação da Cidade do Samba 2, projeto que também não avançou.
Para preservar memória industrial do lugar, parte dos galpões históricos será restaurada, incluindo a antiga chaminé da fábrica. Apesar do valor histórico, o imóvel não é tombado.
Diário do Rio, 02/dez
segunda-feira, 1 de dezembro de 2025
Lançamentos imobiliários no Rio disparam e redesenham a cidade
Números em alta e demanda aquecida: o mercado carioca vive seu melhor momento em décadas, impulsionado pelas mudanças na legislação urbanística.
O mercado imobiliário do Rio vive hoje um ciclo de crescimento sustentado, que ajuda a redesenhar o mapa da cidade — e não é obra do acaso! O setor registra indicadores positivos de desempenho, ancorados por uma legislação moderna e eficaz, que descortina um novo cenário de desenvolvimento urbano. E o melhor: a oferta de imóveis contempla todos os públicos em diversas regiões.
Os números confirmam esse cenário: de janeiro a setembro deste ano, foram lançados no Rio 90 empreendimentos, uma alta de 7,1% em relação aos mesmos meses de 2024. O valor geral de lançamento (VGL) saltou quase 50%, passando de R$ 8,2 bilhões para R$ 12,3 bilhões no período. Foram lançadas 14.543 unidades, com valor geral de vendas (VGV) de R$ 10,09 bilhões, aumento de 13,2%. Até o final do ano, o VGV total deve superar o de 2024.
O presidente da AdemiRJ, Marcos Saceanu, destaca que o crescimento observado no período se torna ainda mais expressivo quando comparado ao resultado recorde do setor em 2024, ano de aprovação do Plano Diretor.
— Esse desempenho é fruto da maior revisão das leis urbanísticas do Rio em 50 anos. Além do Plano Diretor (2024), o Reviver Centro (2023), a Lei do Retrofit (2021) e o Código de Obras (2019) foram marcos essenciais, e a Ademi-RJ atuou de forma construtiva no diálogo com o poder público para viabilizar essas mudanças — afirma.
Os segmentos popular e de luxo são os motores dessa expansão. O Minha Casa Minha Vida (MCMV) ampliou de 36% para 43% sua participação nas unidades lançadas até setembro, enquanto o alto padrão, que passou de 4,3% para 8,8%, viu o volume financeiro lançado saltar de 24%, em 2024, para 42%.
Os imóveis compactos são as estrelas desse cenário que passou a ser desenhado após a aprovação das novas leis, especialmente no Centro e na Zona Sul. Os grandes projetos da Barra seguem em ritmo firme, e os do Porto Maravilha (ampliado até São Cristóvão) já ultrapassam 13 mil unidades lançadas, cinco mil em fase de entrega.
— A cidade está cada vez mais plural, com oferta de moradia para todos. É um equilíbrio importante após décadas de leis que já não refletiam as necessidades atuais — avalia Saceanu.
Esse desempenho trouxe para o mercado uma demanda reprimida de clientes que não conseguiam ter um imóvel por não atender aos padrões antes exigidos, segundo avalia o presidente do Sinduscon-Rio, Claudio Hermolin.
— O Rio está recuperando o tempo perdido. Agora, temos uma legislação que oferece condições favoráveis e atrai tanto moradores quanto investidores — diz. O melhor exemplo desse movimento é o Centro, que hoje abriga o maior volume de lançamentos do Rio e desponta como um grande vetor de crescimento da capital.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, ressalta que a cidade vive um novo ciclo de desenvolvimento urbano, resultado de planejamento, de diálogo e do novo Plano Diretor, e os números do mercado imobiliário refletem isso.
— O município atravessa um momento marcado por lançamentos de todos os padrões, fortalecendo a diversidade da oferta e atraindo investimentos para diferentes perfis de moradia — afirma Paes. Para o presidente da Câmara Municipal do Rio, Carlo Caiado (PSD), a Casa Legislativa foi peça-chave nesse processo de transformação da cidade ao criar um ambiente de segurança jurídica, que devolveu confiança ao investidor. — O objetivo é ter moradias acessíveis, revitalizar áreas degradadas e gerar mais empregos. O Rio está retomando o protagonismo com equilíbrio, visão e trabalho sério — conclui.
Centro renasce com a chegada de novos moradores
Projetos imobiliários, infraestrutura e mobilidade fazem da região um polo residencial vibrante
O Centro do Rio está ganhando novos vizinhos. As chaves dos projetos vendidos na planta já estão sendo entregues, marcando uma virada concreta no coração da cidade. A cena é simbólica para a região que viu sua população encolher e seus prédios ficarem vazios e que, agora, retorna ao mapa afetivo do carioca, embrulhado por políticas urbanas que incentivam a revitalização e por uma onda de lançamentos imobiliários.
O novo fluxo de pessoas é comprovado pelos números: desde 2021 já foram vendidas 2,97 mil unidades residenciais no Centro — 85% do total lançado. Os novos moradores vêm principalmente da Zona Norte (39%), da Zona Oeste (23%), da Baixada Fluminense (16%) e da Zona Sul (4%) e chegam à região atraídos por infraestrutura robusta, transporte fácil, serviços diversos e preços que cabem no bolso. Os dados são do Sinduscon-Rio.
O movimento ganhou novo impulso neste mês, quando a Prefeitura lançou edital para o leilão dos primeiros 16 imóveis do programa Reviver Centro Patrimônio Pró-Apac, iniciativa que vai recuperar prédios históricos degradados e estimular a ocupação residencial e comercial da região. Divididos em quatro lotes no entorno do Largo de São Francisco de Paula, os imóveis vão a leilão em 2 de dezembro com lances iniciais de R$ 100 mil a R$ 1,5 milhão.
O projeto Porto Maravilha, agora estendido a São Cristóvão, atrai investimentos expresO Rio observa um boom de lançamentos imobiliários em várias regiões e que contemplam todos os per s de público sivos graças às regras urbanísticas mais f lexíveis. A Cury é um bom termômetro desse movimento: já lançou ali 20 empreendimentos, totalizando 13 mil unidades. E vem mais por aí. Em 2026, a construtora apresentará o “Luzes do Rio”, com 1,7 mil unidades, perto do Terminal Gentileza.
— O Porto Maravilha vem se consolidando por uma conjugação de fatores muito valorizados: infraestrutura, mobilidade urbana, empreendimentos modernos e preços bem acessíveis. É uma região que se concretiza como polo residencial da cidade — afirma Leonardo Mesquita, vice-presidente de Negócios da Cury.
O Globo, Ademi-RJ, 01/dez
sexta-feira, 28 de novembro de 2025
Sobre o novo modelo de crédito imobiliário
O CMN anunciou o Novo Modelo de Crédito Imobiliário. No médio prazo, o novo modelo cria uma regulamentação mais estrita para o funding, em um momento de grande incerteza. Um período de avaliação torna-se essencial para evitar problemas no setor.
Em 10 de outubro, o governo lançou o “Novo Modelo de Crédito Imobiliário” e medidas para ampliar o acesso da classe média à casa própria, em evento na Presidência da República[1]. Foram publicadas duas Resoluções do CMN (Resolução nº 5.154 e Resolução nº 5.255) e uma resolução do BCB (Resolução nº 512), fruto de reuniões extraordinárias da Diretoria Colegiada do Banco Central e do Conselho Monetário Nacional no dia anterior – em princípio, sugerindo certa urgência. O objetivo dessas medidas é remodelar o funding do mercado de crédito imobiliário, com ampliação da oferta de recursos. As medidas também visam captar a classe média que não estava sendo assistida pelas condições favorecidas do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e flexibilizar o acesso das faixas de renda mais baixas a financiamentos para reformas habitacionais.
A caderneta de poupança, principal fonte de recursos para os financiamentos imobiliários, tem apresentado declínio em seus saldos, levando a restrições na oferta de financiamentos habitacionais. O saldo das cadernetas de poupança junto ao SBPE tem flutuado em torno de R$750,0 bilhões desde outubro de 2022 (gráfico 1). Após crescer em termos interanuais entre novembro 2024 e abril 2025, a expansão tem declinado, com recuo de 1,2p.p. em setembro. Ao mesmo tempo, as instituições financeiras têm captado recursos por meio de outros instrumentos, como as como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras Imobiliárias Garantidas (LIG), que são utilizadas como lastro de operações imobiliárias. Note-se que embora os recursos do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) também sejam utilizados em operações dessa natureza, há condições específicas para a sua utilização[2].
No âmbito do Sistema Financeiro Nacional, a carteira de crédito imobiliário cresceu +8,6% nos primeiros 9 meses de 2025, abaixo do crescimento de +9,4% no mesmo período do ano anterior. Essa expansão resultou de um crescimento maior das operações com taxas de juros de mercado, relativamente àquelas com taxas reguladas, o que compensou parcialmente a maior proporção (cerca de 90%) do saldo das operações com taxas reguladas[1]. Ainda que a imensa parte do mercado de crédito imobiliário esteja ligada a taxa reguladas (em saldos ou em concessões), destaca-se que, recentemente, aumentou o crescimento das concessões a taxas de mercado.
Nos fluxos, a dinâmica negativa é ainda mais evidente. Houve contração nominal significativa das concessões de financiamento imobiliário a pessoas físicas a partir de outubro de 2024, especialmente daquelas com taxas de juros reguladas, enquanto houve expansão das operações com taxas livres (gráfico 2). Embora a elevada taxa Selic, o aumento da inadimplência e a pressão sobre os balanços familiares, com endividamento e comprometimento crescentes, sejam parte central desse comportamento, a disponibilidade de funding também teve um papel importante.
Nesse contexto, foram anunciadas medidas que expandem a abrangência de programas já existentes e outras que desenham um Novo Modelo de Crédito Imobiliário, com implementação progressiva nos próximos anos.
Em termos da expansão de programas já existentes, foi elevado o valor máximo de financiamento no âmbito do SFH, de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões, mantendo um custo efetivo máximo 12,00% a.a.[1] O aumento do teto tem aplicação imediata e abrange a possibilidade de utilização do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) na aquisição e financiamento de imóveis em fase de produção ou imóveis prontos, novos, até aquele valor. Dessa forma, expande-se rapidamente o SFH para imóveis mais caros e incorpora-se classe social de maior renda, estimulando uma nova faixa do mercado imobiliário.
Adicionalmente, o Fundo Social (FS) foi suplementado com R$4,5 bilhões para sustentar os financiamentos de reformas em unidades habitacionais[2], no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV-Melhorias). O FS já havia recebido R$18,1 bilhões por meio da LOA 2025[3], dos quais R$15,0 bilhões foram destinados à PMCMV-Faixa 3, voltada a famílias com renda bruta mensal entre R$4.700,01 e R$8.600,00, e residências de valor até R$ 350.000,00. O PMCMV-Melhorias também é voltado aos beneficiários do PMCMV e segmenta os beneficiários em 2 grupos, famílias com renda mensal de até R$3.200,00 e famílias com renda mensal entre R$3.200,01 e R$9.600,00[4].
Tratando do Novo Modelo de Crédito, são essencialmente quatro as medidas que deverão ampliar os recursos disponíveis às operações imobiliárias.
Em primeiro lugar, os Depósitos Interfinanceiros Imobiliários (DII) terão tratamento diferenciado. Os DII´s, atualmente computados como operações de crédito que impactam o requerimento de direcionamento, passarão a integrar diretamente a base de cálculo dos recursos a serem direcionados para operações de crédito, somando-se ao saldo dos depósitos de poupança. Poderão realizar DII’s apenas as instituições que recebem depósitos de poupança, ou seja, os integrantes do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE)[5]. Quando da realização de um DII, o montante depositado poderá ser deduzido da base de cálculo da exigência de direcionamento, passando as instituições depositárias[6] a ter obrigações semelhantes às aplicáveis aos integrantes do SBPE. Assim, a concessão de crédito imobiliário nas condições definidas pelo regulador poderá ser disseminada a um número maior de instituições financeiras, além daquelas recebedoras de depósitos de poupança.
Em segundo lugar, o Novo Modelo também reorienta gradualmente os recursos ora recolhidos compulsoriamente ao BCB, com base no saldo dos depósitos de poupança, para o mercado de crédito imobiliário. Atualmente, 65% do saldo dos depósitos de poupança deve ser direcionado a operações de financiamento imobiliário[7], 20% são recolhidos ao Banco Central como depósito compulsório e 15% são de livre aplicação. Relativamente à alíquota do compulsório, foi autorizada a possibilidade de que a exigibilidade fosse deduzida em 5% da base de recolhimento, desde que esses recursos sejam utilizados em operações de crédito imobiliário específicas. Essa medida entrará em vigor a partir de início de 2027. O percentual de 5,0 p.p. será aumentado em 1,5 p.p. ao ano, a partir de 2027, ajustado anualmente, até a exigência do recolhimento compulsório ser extinta[8]. Adicionalmente, os 15% do saldo de depósitos de poupança livremente aplicados também deverão ser direcionados obrigatoriamente ao crédito imobiliário. Assim, transcorrida a transição, 100% dos saldos dos depósitos de poupança, então acrescidos dos saldos dos DII´s recebidos, deverão ter direcionamento imobiliário obrigatório, com operações que atendam às condições do SFH.
Em terceiro lugar, a ampliação da oferta de funding imobiliário[9] também deverá se dar por meio da criação do prazo médio de cômputo do saldo da poupança, que operará como lastro para as operações de financiamento cujo prazo será inferior à média das operações imobiliárias contratadas. No modelo vigente, o saldo médio dos depósitos de poupança, em determinado período de referência, constitui, por exigência regulatória, a base para a definição do montante de operações imobiliárias a ser mantido por cada instituição financeira. Os depósitos de poupança que originaram essa obrigatoriedade permanecem no passivo da instituição durante toda a vigência da operação de crédito imobiliário, mantendo-se uma equivalência contábil[10] , ainda que haja descasamento de liquidez. No novo modelo, os prazos de cômputo do saldo da poupança para atendimento da exigência de direcionamento dos depósitos de poupança variarão até 7 anos, proporcionais ao prazo da operação, mas bastante inferiores aos prazos usuais das operações de crédito imobiliário. Essa medida encerra a “equivalência” e o multiplicador da poupança será aumentado, uma vez que a redução do período de lastro para o atendimento da exigência de direcionamento obrigará a instituição financeira a contratar novas operações imobiliárias a partir de um mesmo saldo de depósito de poupança.
O gerenciamento do descasamento entre o lastro dos depósitos de poupança e as operações imobiliárias realizadas deverá promover um impulso às operações imobiliárias, em volumes maiores e, potencialmente, em redução dos custos. O gerenciamento da dissociação entre ativos e passivos levará à diversificação das fontes de financiamento, com a emissão de papéis voltados ao financiamento imobiliário (aumento do passivo fora dos depósitos de poupança). A expectativa é que a captação desses recursos adicionais, enquanto os saldos de depósito de poupança não tiverem se exaurido, estimule a redução do custo das operações imobiliárias. No novo modelo, mesmo que o saldo médio dos depósitos da poupança permaneça estável ou se reduza, a instituição financeira captadora desses depósitos precisará ampliar a sua carteira de operações imobiliárias sempre que houver vencimento do prazo de vigência do saldo de poupança anteriormente computado (aumento do ativo).
Por fim, outra mudança na regra de direcionamento que levará a um aumento do funding está na definição da forma de avaliação da operação imobiliária gerada a partir dos recursos dos depósitos de poupança. Ao invés de mensurar as operações pelo saldo contábil até a liquidação e avaliá-las frente ao montante a ser direcionado em cada período, será tomado como referência o valor nominal de cada contratação, ponderado por parâmetros definidos a partir do tipo de financiamento, do prazo e do valor da operação. Nesse sentido, os fatores indicados apontam a preferência do regulador por financiamentos no âmbito do SFH, operações com prazos superiores a 30 anos e valores até R$1,0 milhão[11]. Essa medida também estimula a captação de recursos alternativos aos depósitos de poupança, ao tempo que favorece a aplicação em operações que promovam o direcionamento ao crédito imobiliário.
O novo modelo anunciado explicita um período de transição, com implementação gradual, embora parte das medidas vigore a partir de 2027. Algumas das medidas anunciadas são de aplicação mais imediata, mas aquelas relativas a mudanças conceituais na avaliação do direcionamento dos recursos e a ênfase no retorno das operações ao SFH necessitarão de mais prazo para sua implementação.
Em síntese, o novo modelo cria uma regulamentação mais estrita para o funding do mercado imobiliário. E pode aumentar o risco para o Sistema Financeiro Nacional. O modelo de crédito imobiliário em vigor requer que 65% do saldo dos recursos seja direcionado a operações imobiliárias e pelo menos 80% desse percentual deve ser utilizado para a contratação de financiamentos de imóveis residenciais no âmbito do SFH, com o restante sendo independentemente das condições pactuadas entre as partes. No modelo anunciado, 100% do saldo deverá ser direcionado a operações no âmbito do SFH e as regras de direcionamento demandarão mais recursos, gerando pressão adicional sobre os balanços das instituições financeiras.
Embora seja positivo o empenho da autoridade monetária em ampliar o mercado de crédito imobiliário e desvinculá-lo dos depósitos de poupança, alguns aspectos apontam para a relevância de uma transição cuidadosa. As características tributárias dos instrumentos alternativos de financiamento das operações imobiliárias, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) que deverão ser utilizadas na gestão da carteira de crédito das instituições financeiras, estão sendo objeto de intensa discussão no Congresso. Adicionalmente, o risco de descasamento entre as taxas e prazos das operações imobiliárias e dos papéis que financiarão essas operações não é desprezível, sendo potencialmente maior que o descasamento histórico frente aos depósitos de poupança. O nível de incerteza corrente também não se coaduna com o ambiente desejável para o desenvolvimento de mercado de operações de longo prazo, característica do mercado imobiliário. Por fim, os elevados comprometimento da renda e endividamento das famílias, anteriores ao novo modelo de crédito imobiliário, devem ser explicitamente considerados no processo de implementação no novo regime.
FGV Ibre, Crédito, 28/nov
Porto Maravilha dispara: novos residenciais vão atrair 45 mil moradores até 2029
A revitalização se expande até São Cristóvão, com incentivos à habitação, novos corredores de mobilidade e hubs tecnológico.
O Porto Maravilha vive um novo ciclo de expansão. A Prefeitura do Rio intensificou os incentivos para moradia na área. Desde o início da Operação Urbana Consorciada (OUC), em 2009, 23 condomínios residenciais foram lançados pelas construtoras Cury – que tem 20 empreendimentos –, Emccamp, CTV e Azos, somando 15 mil unidades. São esperados 45 mil novos moradores até 2029. A meta é chegar a cem mil unidades até 2064, com aproximadamente 250 mil habitantes.
– É uma área central, com toda a infraestrutura, trem, metrô, VLT, aeroporto, BRT, além de as pessoas estarem perto do local de trabalho. Estamos consolidando a segunda fase do Porto Maravilha. A infraestrutura foi feita com a derrubada da Perimetral, a criação do boulevard, de museus. Agora, com os residenciais, as pessoas estão vindo morar aqui. É uma área de expansão imobiliária e vai ser muito bom morar na região central – afirma o prefeito, Eduardo Paes.
A maior operação urbana consorciada do país ultrapassou as fronteiras da região portuária e chegou a São Cristóvão, ampliando de 5 milhões para 8,7 milhões de metros quadrados a área de requalificação, historicamente marcada pela atividade portuária. O projeto, que há mais de uma década redesenha o mapa do Centro do Rio, combina habitação, infraestrutura, cultura e tecnologia em uma agenda de transformação urbana.
– É a região que mais cresce no Rio de Janeiro. Pela primeira vez em 40 anos, uma área tem mais venda de imóveis do que a Barra da Tijuca. O Porto Maravilha, hoje, atrai moradores e investimentos. É a fronteira de desenvolvimento da cidade, a região que vai continuar crescendo e se colocando como coração da região metropolitana do Rio. Conecta passado, presente e futuro – ressalta o vice-prefeito, Eduardo Cavaliere.
Do cais à Zona Norte
A ampliação da OUC até São Cristóvão levou também os benefícios urbanísticos e fiscais do modelo que se tornou referência nacional. A operação utiliza os Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs) como instrumento de financiamento. Esses títulos, negociados pela Caixa Econômica Federal, permitiram custear obras de infraestrutura e atrair investimentos privados para áreas antes degradadas.
— A expansão da Operação Urbana do Porto Maravilha para São Cristóvão e as perspectivas de avanço para esse bairro tão importante serão o novo marco da grande transformação por que passa a região central: com planejamento, investimento e aposta na parceria público-privada — destacou Osmar Lima, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico.
O primeiro empreendimento lançado após a ampliação foi o Cartola, construído no terreno de uma antiga distribuidora de combustíveis. Outro projeto, previsto para 2026, vai ocupar o espaço histórico da Companhia de Luz Steárica, com preservação de galpões tombados e integração entre habitaçãoe uso cultural.
A transformação também avança sobre o eixo da Avenida Francisco Bicalho, que passa por reurbanização completa e reforma da antiga Estação Barão de Mauá. O entorno será sede do futuro Centro de Convenções Leopoldina e da Fábrica do Samba, conjunto de 14 galpões para as escolas da Série Ouro, com áreas de lazer, oficinas e geração própria de energia.
Mobilidade e inovação
O novo Porto Maravilha se conecta com toda a cidade. Desde 2024, o Terminal Intermodal Gentileza integra o BRT Transbrasil, o VLT e linhas de ônibus municipais, ligando o Centro às zonas Norte, Oeste, Sudoeste e Sul. O terminal, que requalificou o entorno da Rodoviária Novo Rio, se tornou um marco da nova lógica de mobilidade.
Nos últimos anos, novos túneis e vias, como o Rio450, o Nina Rabha e a Via Binária do Porto, abriram espaço para um novo traçado urbano. A Praça Mauá, símbolo da revitalização, abriga hoje o Museu do Amanhã, o Museu de Arte do Rio (MAR) e o Pier Mauá. Completam a paisagem de um dos principais pontos turísticos e de lazer do Rio o AquaRio, a Orla Conde e a YupStar.
No eixo tecnológico, o Porto Maravalley consolidou-se como um dos maiores hubs de inovação do país. O espaço reúne 80 empresas — 55 delas startups, que captaram cerca de R$ 150 milhões em investimentos — e a faculdade IMPA Tech, dedicada à formação em matemática e tecnologia. Em parceria com a NVIDIA, a Prefeitura instalará no local um supercomputador de inteligência artificial (IA). E o programa Rio.IA, feito pelo município em conjunto com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a PUC-Rio, vai instalar um centro de referência em IA, projetando a cidade no cenário global da inovação.
Outro marco previsto é o Mata Maravilha, projeto da Al Moinho, fruto da parceria entre o empresário Alexandre Allard e a Autonomy Capital, que combinará natureza e tecnologia. Quase metade da área de 223 mil metros quadrados terá vegetação nativa da Mata Atlântica, em um enorme projeto de reflorestamento urbano. Entre as atrações previstas estão dois parques, hotéis, torres residenciais verdes, restaurantes e comércio, campus de tecnologia verde, com escritórios, coworking e salas de eventos/convenções.
O Porto Maravilha se consolida como projeto urbano que ultrapassa o desenho físico da cidade. A sua transformação em um polo de moradia, cultura e inovação recoloca o Rio em diálogo com seu passado e com o futuro. Antes símbolo de abandono, o local ganha novos habitantes, empresas e espaços públicos, em um território que volta a pulsar no coração da cidade.
Passado, presente e futuro no Cais do Valongo
Símbolo mundial da resistência e da cultura afro-brasileira, o sítio histórico ganha protagonismo no processo de revitalização do Porto Maravilha
Durante as obras de revitalização da Região Portuária, em 2011, um achado mudou a histó¬ria da cidade: o Cais do Valongo, o principal porto de chegada de africanos escravizados nas Américas no século XIX. O antigo cais de pedra recebia homens, mulheres e crianças trazidos da África e vendidos no Rio. Entregue em 2012 à população, como sítio arqueológico, o Cais do Valongo se tornou um espaço de memória e reverência.
A Prefeitura transformou o espaço em monumento preservado que passou a integrar o Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, como a Pedra do Sal, o Centro Cultural José Bonifácio, o Cemitério dos Pretos Novos e o Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), que reúne cerca de 2,5 mil itens, como pinturas, esculturas e materiais arqueológicos. E a Prefeitura irá construir o Centro Cultural Rio-Áfricas, um espaço que terá exposições e programas educativos que mostrem a história e a cultura da região de forma sensível e crítica.
Em 2017, o Cais do Valongo foi reconhecido como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). É o único sítio no mundo que representa fisicamente a chegada forçada de africanos escravizados ao continente americano.
O Globo, Prefeitura do Rio, 28/nov
quarta-feira, 26 de novembro de 2025
Obras de arte em residenciais transformam o jeito de morar
Fachadas, empenas, halls e áreas comuns ganham intervenções visuais que transformam os empreendimentos em ícones urbanos no Rio.
A arte em projetos residenciais deixou de ser detalhe: virou protagonista. As obras transformam halls, jardins e fachadas em verdadeiras galerias, criando identidade e elegância. Mais que valorizar o imóvel, a arte desperta afeto e aproxima moradores de uma relação mais humana entre arquitetura, expressão artística e vida cotidiana. É a busca por espaços que entregam experiências estéticas que elevam a qualidade de vida e o sentimento de pertencimento.
Em meio ao cinza do concreto predominante nas metrópoles, a arte em áreas comuns e fachadas de edifícios traz cor, alma e respiro. Ao convidar artistas consagrados ou emergentes para essa tarefa, incorporadoras e arquitetos ajudam a democratizar o acesso à cultura, levando para os espaços obras capazes de influenciar o imaginário.
No Rio, essa tendência floresce com força: mosaicos, grafites e painéis autorais tornam-se marcos urbanos e pontos de referência, que dão personalidade ao entorno, criam um impacto visual e fortalecem o diálogo entre o privado e o coletivo, transformando os residenciais em agentes de revitalização e qualificação urbana.
No Centro do Rio, a ideia de transformar prédios em telas gigantes ganha corpo nos empreendimentos da Cury. O vice-presidente Comercial da construtora, Leonardo Mesquita, lembra que a região respira arte de rua e que trazê-la para as fachadas é tanto um gesto estético quanto um tributo às personalidades que escreveram sua história. No Páteo Nazareth, por exemplo, quatro painéis farão essa celebração.
— Já homenageamos Pixinguinha, Tia Ciata e Heitor dos Prazeres, em mosaicos ou grafites, sempre com artistas e coletivos que atuam no Centro. E, em parceria com o Ateliê Cosmonauta Mosaicos, fizemos um painel do geógrafo Milton Santos no Colégio Benjamin Constant, no Santo Cristo, região onde temos diversos lançamentos — explica Mesquita. Primeiro projeto da Canopus na Zona Sul, o Arq Life abraça a arte logo na entrada. O lobby foi pensado como galeria, com painéis do artista plástico Luiz Eduardo Rayol criando impacto imediato.
— Existe hoje, no Rio e no Brasil, uma tendência de usar referências arquitetônicas, estúdios renomados e artistas plásticos como parte da assinatura de produtos. Isso gera uma valorização intangível, mas que o morador sente. Ele se reconhece, se vê único — comenta Thiago Hernandez, superintendente Comercial da Canopus.
A RJDI segue a mesma trilha com sua coleção Soul Rio, que conta com curadoria própria para escolher as obras de cada residencial. A ideia é mapear uma “cartografia da alma carioca”. Essa leitura estará clara na empena do edifício da Barata Ribeiro 573, com um mural de 500 metros quadrados assinado por Lenzi Junior, batizado de “Azul do tempo” e inspirado na Bossa Nova. Como gesto extra de afeto, cada comprador levará para casa um prato pintado à mão pelo próprio artista.
— Uma obra de arte valoriza a marca e o prédio. Ocliente estrangeiro gosta muito, porque já está acostumado a ver edifícios que tratam murais, esculturas e pinturas como diferenciais — observa Jomar Monnerat, sócio da RJDI.
Às vezes, essa valorização vai além do olhar. O mural criado por Di Cavalcanti em 1969 para o hall do Edifício Machado de Assis, em Copacabana — inspirado em Capitu, a mítica personagem de “Dom Casmurro” —, é um exemplo. A obra foi vendida na SP-Arte, em 2025, por cerca de R$ 8 milhões.
O Globo, Morar Bem, 26/nov
terça-feira, 25 de novembro de 2025
Novo projeto reposiciona mercado imobiliário da Gávea com foco em mobilidade e moradia estudantil
Lançamento surge no embalo do metrô, restaura um casarão histórico e preenche a lacuna de moradias próximas à PUC.
Embora seja sede de uma das universidades mais prestigiadas do país, a Gávea nunca desenvolveu uma oferta consistente de moradias compactas voltadas para estudantes. Enquanto outros polos acadêmicos do Rio criaram cinturões de unidades pequenas, o bairro manteve uma predominância de imóveis familiares e caros. Em regiões como Maracanã, Ilha do Fundão e Seropédica, a presença de universidades estimulou o surgimento de moradias para quem vem de outras cidades e passa a semana longe de casa. Na Gávea, isso nunca se consolidou.
Uma das razões sempre foi a própria demografia da PUC-Rio, historicamente composta majoritariamente por alunos que já viviam na Zona Sul. Mas essa realidade mudou. Hoje, cresce o número de estudantes vindos do interior, de municípios da Região Metropolitana e de intercâmbio acadêmico, para quem morar perto da universidade deixou de ser conveniência e se tornou necessidade. Dados do Inep mostram o tamanho do fenômeno: 30% dos quase 5 milhões de matriculados em cursos presenciais no país precisam deixar suas cidades para estudar. E esse público não encontra, na Gávea, o mesmo mercado imobiliário enxuto e funcional disponível em outros centros estudantis do Rio.
Um lançamento que muda o paradigma
Esse cenário começa a virar de página com o lançamento do Gaví, que se apresenta como uma resposta a essa demanda reprimida. A Performance Empreendimentos escolheu a Marquês de São Vicente, em frente à PUC, para voltar ao bairro com um produto até então raro por ali: estúdios compactos voltados para estudantes, jovens profissionais e moradores que dependem de deslocamentos diários.
A localização também ganha peso pela movimentação urbana recente. A futura estação do metrô, aguardada há mais de uma década, entrou em fase final de obras e deverá reposicionar a mobilidade da região nos próximos meses. Para Renato Leite, COO da Performance, esse foi um fator determinante no timing do lançamento. Segundo ele, a inauguração da estação abre “um novo ciclo de mobilidade, fluxo e valorização” e consolida o Gaví como ativo estratégico no novo cenário urbano da Gávea.
“Do ponto de vista de produto e de investimento, essa conexão gera um impacto direto na liquidez, na ocupação e na valorização futura, especialmente para um público jovem, estudantil e acadêmico, que hoje busca moradias mais próximas aos seus deslocamentos diários. O metrô reforça a atratividade do projeto e consolida o Gaví como um ativo estratégico nesse novo cenário urbano da Gávea”, afirma Leite.
Casarão preservado e integração ao bairro
O terreno escolhido — quase 3.800 metros quadrados no número 208 da Marquês de São Vicente — é hoje uma raridade na Zona Sul. No centro dele, um casarão histórico que por anos gerou preocupação entre moradores e estudantes temendo sua demolição. O destino, porém, seguiu caminho inverso. O projeto manteve a construção original, incorporou áreas verdes, respeitou o gabarito e preservou a bossa natural da região. A postura conquistou o apoio até mesmo da AMA Gávea, associação conhecida pelo rigor diante de intervenções urbanas.
A intervenção em curso também dialoga com um debate urbano mais amplo: mobilidade, escala e o impacto das vagas de garagem. A Gávea convive há décadas com um déficit de moradias porque terrenos disponíveis acabam se tornando inviáveis quando os projetos tentam reproduzir o modelo antigo de apartamentos grandes com duas ou três vagas.
A chegada do metrô altera essa lógica e muda o uso da cidade. As unidades do Gaví terão menos vagas, acompanhando uma tendência global de reduzir circulação de carros em bairros consolidados. Isso diminui pressão viária, preserva a ambiência do bairro e possibilita preços compatíveis com o perfil de estudantes e jovens profissionais. Não se trata de bandeira, mas de um zoneamento que começa a refletir a vida real da região.
Para a Performance, é uma mudança estrutural de mercado. A diretora comercial da Performance, Carolina Lindner, explica que a empresa prioriza produtos compactos, funcionais e integrados ao cotidiano do bairro — geralmente localizados em terrenos com história e potencial de transformação.
A preservação do casarão deu origem ao primeiro projeto de retrofit da incorporadora na Gávea. O espaço será reintegrado ao bairro como Hub Criativo, oferecendo coworking, salas de reunião, cabines de videoconferência, estúdio de podcast, sinuca e até um mini-mercado. Desde o início, o imóvel foi tratado como patrimônio do bairro. A solução buscou, como define a diretora, “preservar a arquitetura original sem abrir mão da funcionalidade”, transformando um símbolo afetivo em convivência contemporânea.
Unidades, programa de lazer e arquitetura contemporânea
O Gaví terá 189 unidades, entre estúdios de 30m² a 43m² e apartamentos de 1, 2 e 3 quartos com até 106m². A fachada, assinada pelo escritório A+ Arquitetura, segue a estética moderna de uma nova geração de projetos cariocas.
O rooftop terá piscina em deck com raia; no miolo do projeto, espaços dedicados a lazer e bem-estar, como academia, áreas de yoga, crossfit, recovery, sauna, gourmet e lounge aberto. O terreno será dividido entre o bloco principal, o casarão restaurado e a área verde posterior — um dos diferenciais do empreendimento.
Investidores e a tendência da autoquitação
A transformação do mercado na Gávea também tem atraído um novo perfil de investidor. Cada vez mais compradores — muitos brasileiros que vivem no exterior — utilizam uma estratégia que ganhou tração nos últimos anos: adquirir a unidade por consórcio imobiliário, colocá-la para aluguel por temporada e usar essa renda para pagar as parcelas.
A chamada “autoquitação” começou de maneira discreta, mas hoje se fortalece como tendência e já influencia o desenho de novos lançamentos na Zona Sul. No caso das unidades compactas, bem localizadas e com alto potencial de ocupação, esse modelo se mostra especialmente atraente, consolidando uma relação direta entre moradia estudantil, rentabilidade e transformação urbana.
“Um lançamento raro, em um terreno raro, para um público contemporâneo”, resume Lindner.
Diário do Rio, 25/nov
segunda-feira, 24 de novembro de 2025
Residencial de R$ 80 milhões em Ipanema tem 80% das unidades vendidas no lançamento
Projeto do Opportunity aposta em estúdios na quadra da praia e confirma apetite do investidor mesmo com juros altos.
O Opportunity Fundo de Investimento Imobiliário teve mais um lançamento de alta velocidade em Ipanema. O Be.in.Rio Paul Redfern, residencial de R$ 80 milhões em VGV, saiu com 80% das unidades vendidas no dia da abertura de vendas, realizado no último dia 7. O resultado confirma o apetite do investidor por estúdios na Zona Sul, mesmo num cenário de juros ainda elevados.
O projeto, na Rua Paul Redfern, 40, reúne 39 unidades entre estúdios compactos, double suítes, gardens e uma cobertura dúplex. Fica na chamada “quadríssima” da praia, a poucos passos do Posto 10 e perto do Leblon, combinação que tem guiado o portfólio da coleção Be.in.Rio, hoje o nono empreendimento da linha e o sexto apenas em Ipanema.
Criado em 2024, o selo que concentra os lançamentos de estúdios da gestora já atingiu R$ 573 milhões em VGV e deve chegar a R$ 653 milhões com o Paul Redfern. Desde então, 355 unidades foram comercializadas em bairros como Copacabana, Arpoador e Ipanema, sempre com foco no mercado de locação curta, que segue aquecido entre turistas e nômades digitais.
“A coleção oferece empreendimentos que unem localização privilegiada, arquitetura diferenciada, lazer e conveniências. O Paul Redfern reforça a nossa proposta de desenvolver projetos que traduzem o estilo de vida carioca, seja para morar ou para investir. E o bairro de Ipanema representa bem esse conceito”, ressalta Marcelo Naidich, gestor do Opportunity Fundo de Investimento Imobiliário.
No novo residencial, o pacote de conveniências tenta dialogar com esse público, com fachada artística da Ceusa Revestimentos, placa fotovoltaica nas áreas comuns, espaço delivery, minimercado e lazer no rooftop. A piscina com vista para o Dois Irmãos, o lounge bar e o fitness climatizado entram como atrativos para diária, enquanto portaria remota, monitoramento digital e bicicletário reforçam a operação.
O projeto arquitetônico é da a+ arquitetura, e os interiores das áreas comuns levam assinatura do escritório Rio Arquitetura.
“Estamos orgulhosos com o desempenho de vendas do empreendimento Paul Redfern. Conseguir vender 80% das unidades no lançamento reforça a força da coleção Be.in.Rio para investidores e moradores e mostra que o mercado acredita no valor desse projeto desde o primeiro empreendimento”, destaca Ernesto Otero, CEO da Lobie, empresa especializada na gestão de ativos imobiliários voltados para locação de curta temporada, que está desde o primeiro lançamento da coleção.
Diário do Rio, Mercado Imobiliário, 24/nov
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