quarta-feira, 6 de agosto de 2014

A cidade treina para as Olimpíadas


Em dois anos, o Rio de Janeiro receberá o maior evento do planeta. Os Jogos duram menos de um mês, mas, para qualquer cidade, representam a oportunidade de transformações que começam antes e vão muito além das competições. É assim que o Rio tem organizado as primeiras Olimpíadas da América do Sul: o evento tem ajudado a tirar do papel projetos importantes que vão beneficiar o grande protagonista de 2016, a população.

Como um atleta aplicado em dar o melhor de si, a cidade tem usado as Olimpíadas para acelerar mudanças capazes de elevar a qualidade de vida dos moradores. Em busca de superação até 2016, o Rio tem trabalhado para avançar na mobilidade, recuperar áreas degradadas, combater alagamentos, ampliar o saneamento. Desde a candidatura a sede olímpica, o princípio é de que os Jogos cariocas devem servir à cidade, como aconteceu em Barcelona, que passou por uma revolução urbanística em 1992.

A vitória contra Tóquio, Madri e Chicago - que contam com mais infraestrutura - não foi fácil. Mas fomos escolhidos como sede justamente quando destacamos ao COI que, em nenhuma outra cidade, o poder de transformação dos Jogos seria tão grande. As nossas deficiências viraram, então, o maior ativo da candidatura. E o desafio de superá-las, o nosso maior compromisso. Por tudo isso, os Jogos Rio 2016 são os Jogos do legado. Para cada R$ 1 investido em equipamento olímpico, outros R$ 5 são para legado. São projetos viabilizados pela oportunidade do evento, mas servirão aos cariocas, e não aos atletas e às delegações.

Os benefícios já começam a virar realidade, com obras entregues antes do evento, antecipando e ampliando o legado olímpico. O carioca já conta hoje com dois BRTs - Transoeste e Transcarioca -, que somam cem quilômetros e poderão transportar mais de meio milhão de passageiros por dia. Ainda teremos o BRT Transolímpica, o VLT do Centro, a Linha 4 do metrô. A parcela dos cariocas que passarão a usar transporte de alta capacidade dará um salto digno de recorde olímpico: de 18% para 63%.

A engenharia financeira para viabilizar tantas entregas segue um mesmo modelo: desonerar os cofres públicos através de parcerias com o setor privado. Mais da metade dos custos foi transferida para a iniciativa privada. Em relação somente às instalações esportivas, o índice sobe para 65%. O Parque Olímpico, a Vila dos Atletas e o Campo de Golfe são exemplos de obras com pouca ou nenhuma participação de recursos públicos.

A prioridade tem sido instalações simples e sustentáveis, mantendo, é claro, o padrão olímpico de qualidade. O nosso estádio, que terá capacidade para 60 mil espectadores, iguala a marca do estádio de Barcelona, até então o de menor capacidade nos últimos 40 anos. Já a Arena de Handebol - através do inédito conceito de Arquitetura Nômade - será transformada em quatro escolas municipais após as competições.

Os Jogos do legado, da economia de dinheiro público e sem "elefantes brancos" - essa é a medalha que o Rio tem treinado para conquistar em 2016.

Eduardo Paes é prefeito do Rio



O Globo, Opinião/Eduardo Paes, 06/ago