quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Por uma cidade mais humana e integrada


Propostas para a criação de uma cidade mais humana, mais verde, menos engarrafada e mais integrada deram a tônica da terceira edição do TEDxRio, que reuniu 22 palestrantes no Teatro Municipal, nesta terça-feira, e uma plateia de aproximadamente mil pessoas. Com o tema "Metrópole", o evento foi dividido em quatro blocos: "Inspirações do Amanhã", "Metro ID", "Estação Desafio" e "Próxima Parada: o futuro". Em todos eles, cultura, saneamento e educação foram debatidos, mas mobilidade foi o assunto mais em pauta.

- É natural, pois a mobilidade urbana é um dos principais problemas enfrentado no Rio de Janeiro - disse um dos organizadores, Marco Andrade Brandão.

Mestre em políticas sociais, Clarisse Linke argumentou que a concentração de empregos apenas na Zona Sul e no Centro do Rio é uma das principais causas do problema de deslocamento na cidade.

- Muitas cidades, como Japeri, por exemplo, deveriam deixar de ser apenas cidades dormitório. Muitos municípios da região metropolitana precisam assumir o papel de cidade, a ponto de oferecer empregos de qualidade aos seus moradores - argumentou Clarisse, citando como exemplo uma moradora de Japeri que trabalha na Zona Sul e gasta nada menos que seis horas de seu dia dentro do transporte público. - Enquanto isso não acontecer, fica difícil resolver a questão da mobilidade.

O ex-prefeito de Bogotá, capital da Colômbia, que entre 1998 e 2001 aplicou melhorias em espaços públicos na cidade, Enrique Peñalosa defendeu o potencial do Rio de Janeiro para protagonizar uma mudança no sistema de transporte. Segundo ele, que foi um dos responsáveis pela ampliação do uso de bicicletas na capital colombiana, a população não pode achar que engarrafamentos e transportes públicos de má qualidade são coisas naturais.

- Há menos de 90 anos as mulheres não votavam e isso parecia normal. Hoje a mesma coisa acontece com os engarrafamentos - comparou Peñalosa. - Não pode ser natural um ônibus parado no trânsito, pois dentro dele tem dezenas de pessoas. Os ônibus têm que ter muito mais espaço nas ruas do que os carros. Isso é democracia.

Para o arquiteto Luiz Fernando Janot, a visão imediatista normalmente usada para resolver os grandes problemas de uma cidade acaba comprometendo a qualidade de vida de todos. De acordo com o arquiteto, para pensar no futuro de uma metrópole deve-se olhar primeiramente para o futuro da Humanidade.

- Hoje temos 7,2 bilhões de pessoas no mundo. A previsão é de que, em 2050, sejamos 10 bilhões. Ou seja, não teremos só cidades e metrópoles. Teremos megalópolis - constatou Janot. - O planejamento precisa evoluir. Não podemos pensar, em pleno século XXI, da mesmo forma que fazíamos no século passado.



O Globo, Fátima Freitas, 13/ago