segunda-feira, 30 de setembro de 2024
À venda, casas de Portinari e Barão de Mauá encalham por serem tombadas
Compradores têm resistência a imóveis tombados, por desconhecerem os procedimentos para reformá-los e dar a eles uma finalidade de uso. Tal posição gera flutuação nos preços das unidades.
À venda por R$ 2 milhões, o casarão histórico onde morou Cândido Portinari, no Cosme Velho, Zona Sul da capital, assim como outros imóveis com valor simbólico agregado, esbarram em dificuldades de comercialização. O imóvel, onde Portinari viveu entre 1943 e 1950, está provisoriamente tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) desde 2011. Por conta da falta de conservação, partes do imponente casarão ameaçam ruir.
Membros da Associação de Moradores do Cosme Velho visitaram a unidade, em agosto deste ano, e verificaram que os cômodos da casa apresentam riscos de desabamento e no seu interior estruturas de metal foram instaladas para evitar este fim. A fachada, por sua vez, também está deteriorada, mas ainda tem possibilidade de restauro, conforme reportou a coluna de Ancelmo Gois (O Globo).
O casarão de Portinari, um dos maiores artistas plásticos do Brasil, também foi um importante centro de debates culturais, políticos e artísticos, por onde passaram Manuel Bandeira, Cecília Meireles e Graciliano Ramos, entre outros nomes de grande relevância nacional.
Após o seu tombamento provisório, a casa, construída em 1938, foi doada ao Projeto Portinari para ser um centro cultural de memória ao artista. No entanto, ninguém se interessou pelo objetivo proposto, o que levou o imóvel a ser devolvido aos donos.
O local conta ainda com outro plus: um ateliê-galpão especialmente projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer para a confecção do painel “Tiradentes” (1949), que era grande demais para ser produzido dentro da casa. O imóvel, de dos andares, conta mais de 470 metros quadrados de área, oito quartos, duas salas e dois banheiros.
No dia 4 de setembro deste ano, o DIÁRIO DO RIO já havia publicado uma matéria falando sobre a importância do imóvel para a cultura carioca e seu paradoxal estado de abandono. Fechado há anos, o imóvel localizado na Rua do Cosme Velho, 343, o acumula dívidas de IPTU.
Em 2021, o jornal denunciou o mal estado de conservação do patrimônio histórico, cujas paredes ameaçavam desabar. Desde 2010,o filho do artista, João Cândido Portinari, administra o espaço e tenta, sem sucesso, fazer do local um museu. O objetivo não gerou interesse nas instâncias governamentais e na iniciativa privada.
Barão de Mauá
Em situação semelhante se encontra a casa onde viveu Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá. Tombada pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), a mansão foi avaliada em R$ 4,2 milhões, em 2023; agora, está à venda por R$ 2,5 milhões, o que representa uma queda de 40% no seu valor. O imóvel tem área completa e quintal com 1,5 mil metros quadrados, e pertence a uma rede hoteleira.
Ouvido pelo jornal O Globo, o diretor da Sérgio Castro Imóveis, Cláudio André de Castro atribuiu a baixa nos preços à resistência de alguns compradores a imóveis tombados, por desconhecerem os procedimentos para reformá-los e dar a eles uma finalidade de uso.
“São imóveis históricos, culturalmente importantes, onde residiram pessoas ilustres, mas que têm uma característica diferente do habitual. Eles precisam de muita obra e muito restauro. Com isso, têm um público para adquirir. Todo mundo quer uma casa histórica restaurada. Nós vendemos diversas arrumadas, sobrados em perfeito estado na Praça XV, em Santa Teresa… Vendemos sempre. Mas esses imóveis precisam de restauro, então são para um público restrito porque o custo da obra, ainda mais quando os bens são tutelados pelos órgãos de patrimônio, é um bastante alto,” explicou o empresário, responsável pela venda dos dois casarões.
Na década de 1940, funcionou no local a Pensão Mauá, iniciativa da pintora Djanira cuja ideia era atrair a nata da intelectualidade brasileira. Pelo local, passaram escritores e artistas brasileiros, entre eles Manuel Bandeira, Carlos Scliar e Milton da Costa.
Em matéria publicada em 3 de outubro de 2023, o DIÁRIO DO RIO já havia destacado a importância da construção, assim como a sua má conservação. Apesar de contar com a sua fachada completamente preservada, as laterais foram descaracterizadas pelas ações dos vários ocupantes do imóvel ao longo do tempo. A mansão, localizada no charmoso bairro de Santa Teresa, no Centro, guarda a memória de grandes personagens da história do Rio e do Brasil, tendo no Barão de Mauá, certamente, o seu maior expoente.
Cláudio André de Castro acrescentou que, apesar de no passado terem abrigado personagens ilustres e, por isso contarem com um valor histórico e cultural inestimáveis, as construções tendem a serem transformadas em imóveis com perfil comercial:
“Sobre a casa do Barão, em Santa Teresa, temos um estudo feito por um dos clientes para transformá-la num espaço gastronômico com diversos restaurantes utilizando não só a linda casa como o jardim, as árvores centenárias… Um dos interessados viu e se interessou por um projeto parecido com o do restaurante Figueira Rubaiyat, em São Paulo, famoso pela linda árvore. São imóveis que estão com um valor barato,” disse Castro ao Globo.
Em área protegida
Outro imóvel importante à venda na cidade é a casa onde Vinicius de Moraes viveu a sua adolescência e parte da vida adulta. O imóvel, localizado na Rua das Acácias, na Gávea, Zona Sul da cidade, foi avaliado em R$ 3,9 milhões. Ao contrário das demais construções, o preço da unidade permanece estável.
Construída em 1930 e comprada, em 1960, por Laetitia Cruz de Moraes Vasconcellos, irmã do poetinha – que lá viveu até 102 anos -, a casa conta com dois andares, cinco quartos e um quintal. Além disso, o imóvel está localizado em uma área de proteção ambiental, o que inviabiliza a construção de prédios na região.
A casa onde Vinicius de Moraes nasceu, entretanto, teve um fim diferente. Situado na Rua Lopes Quintas 114, no Jardim Botânico, também na Zona Sul, o imóvel deu lugar há alguns anos a um edifício residencial.
Diário do Rio, 30/set
sexta-feira, 27 de setembro de 2024
Taxa de juros é ‘grande inimigo’ do setor imobiliário no país, diz Rubens Menin
“Sou favorável ao Banco Central independente, mas acho que tem certo ‘empirismo’ na decisão do BC”, afirma fundador da MRV.
Em painel no Incorpora, fórum da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), realizado nesta terça-feira (24), em São Paulo, o fundador da MRV Cotação de MRV, Rubens Menin, destacou que a taxa de juros real em 7,5% ao ano impede uma indústria competitiva no país e é “o grande inimigo do setor”. Ele criticou a forma pela qual a política monetária nacional tem sido conduzida.
“Sou favorável ao Banco Central independente, mas acho que tem certo ‘empirismo’ na decisão do BC”, disse. Ele analisou que o discurso monetário do país não vai bem, e que, ao pressionar para reduzir a demanda do mercado, a oferta também pode cair.
“Primeiro, descemos os juros com rapidez maluca, não podiam ter chegado a 2%”, disse. “Fizemos igual ao governo Dilma, descemos erradamente”. Depois, disse Menin, o aumento de juros também ocorreu com “rapidez maluca”, o que resultou em “discurso errático”.
Apesar dessa questão, o empresário se disse otimista com o setor e o país, mas ressaltou que poderia ser “muito melhor” do que está hoje, com mais consumo de residências, aço e concreto.
Menin afirmou que a indústria imobiliária ainda vai se beneficiar de uma troca mais frequente de residências. Enquanto uma casa, no Brasil, dura 90 anos, nos Estados Unidos, a vida útil seria de 45 anos. “A partir do momento que o país enriquece, a casa própria passa a durar menos”, disse.
O fundador da MRV dividiu o painel com Elie Horn, fundador da Cyrela Cotação de Cyrela. Horn destacou que, se o mundo está difícil hoje, para os negócios, “já foi pior”, e que dominar o fluxo de caixa da empresa é o seu maior conselho para conseguir crescer.
Questionado sobre a escassez de mão de obra no país, Menin afirmou que a situação é pior em São Paulo, mas que essa falta de profissionais para as obras deve impulsionar o setor a buscar mais tecnologia e se tornar mais eficiente. “Não é problema, é solução”.
Valor Econômico, 27/set
quinta-feira, 26 de setembro de 2024
Taxa de financiamento imobiliário deve aumentar, segundo bancos
Apesar disso, os participantes do fórum da Abrainc ressaltaram que o consumidor ter mantido a demanda.
O aumento da taxa Selic, o mercado imobiliário com vendas aquecidas e uma poupança com saldo estável, que não acompanha a demanda por financiamento, devem resultar em aumento das taxas de juros do crédito imobiliário, segundo representantes de bancos e de incorporadoras que participam do Incorpora, fórum da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), que acontece nesta terça-feira (24), em São Paulo.
Bruno Bianchi, sócio e diretor de negócios imobiliários e grandes empresas do ItaúCotação de Itaú BBA, ressaltou que, de 2018 para cá, a participação da poupança no total do “funding” do setor imobiliário caiu para um terço do que era. Como é o dinheiro mais “barato” para captação, as suas alternativas encarecem os empréstimos.
Segundo ele, o aumento da Selic para 10,75% já está precificado nas taxas atuais, porque os bancos olham a curva de juros de longo prazo, mas, se o movimento continuar, podem acontecer altas na taxa de financiamento ao cliente, o que afeta o poder de compra.
Thiago Lisboa, superintendente executivo de empréstimos e financiamentos do BradescoCotação de Bradesco, afirmou que o mercado de crédito imobiliário no Brasil tem, historicamente, uma taxa 1,5 ponto percentual menor do que a Selic, também porque o financiamento imobiliário é um produto que gera fidelidade do cliente. Agora, porém, com a menor participação da poupança, os bancos estão “mais suscetíveis a repassar esse preço” ao consumidor.
Miguel Mickelberg, diretor financeiro da CyrelaCotação de Cyrela, afirmou que as empresas conseguem se adaptar a essa realidade. A Cyrela, por exemplo, tinha 75% do seu “funding” vindo de recursos da poupança, via financiamento do tipo Plano Empresário, mas hoje recuou essa parcela para 50%, com mais presença de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs).
Para ele, é o consumidor de média e alta renda que tem mais dificuldade com “funding”. Apesar disso, os participantes do painel ressaltaram que o consumidor ter mantido a demanda.
Emilio Fugazza, diretor financeiro da EZTec, analisou que há mais demanda por financiamento direto dos incorporadores aos clientes, embora isso ainda seja incipiente, porque algumas pessoas já não conseguem mais se encaixar no financiamento bancário.
Valor Econômico, 26/set
quarta-feira, 25 de setembro de 2024
Senna Tower: maior prédio residencial do mundo terá tecnologia inédita
Com investimento de R$ 3 bilhões, o edifício será erguido em Balneário Camboriú e terá sistema de mitigação de fatores externos pioneiro na América Latina.
Nesta terça-feira, 17, a FG Empreendimentos anunciou aquele que promete ser o mais alto prédio residencial do mundo, o Senna Tower, terá tecnologia pioneira na América Latina. Contando com um sistema de mitigação de efeitos de vento e de outros fatores externos, o empreendimento será erguido em Balneário Camboriú, no estado de Santa Catarina, e terá mais de 500 metros de altura, o que ultrapassa o Central Park Tower, em Nova York, que tem 472 metros de altura.
O sistema inédito previsto para o edifício é o Tuned Mass Damper (TMD), conhecido como “amortecedor de massa sintonizada”. O dispositivo é usado comumente em prédios no Taiwan, China e Estados Unidos, a fim de reduzir a amplitude de vibrações causadas por cargas dinâmicas como ventos fortes, terremotos ou movimentações mecânicas em estruturas altas. Ele é composto por uma massa grande, geralmente de metal ou concreto, conectada à estrutura por meio de molas e amortecedores.
De acordo com a construtora, o Senna Tower recebeu investimento de 3 bilhões de reais. Serão 228 apartamentos no total, incluindo duas coberturas tríplex de 903 metros quadrados e outras quatro duplex de 600 metros quadrados. Outras 18 unidades terão entre 420 metros quadrados e 563 metros quadrados. As outras unidades serão “menores”, com até 400 metros quadrados. A planta ainda inclui oito elevadores rápidos. O estudo de impacto da vizinhança realizado no município indica que o arranha-céu será erguido em uma área de 5.916 metros quadrados, na altura do número 4.466 da Avenida Atlântica, no centro da cidade.
Em abril deste ano, o prédio foi apresentado como “Triumph Tower”, mas teve seu título mudado devido à parceria da FG Empreendimentos com a marca Senna, criada pelo piloto de Fórmula 1 e administrada pela sua sobrinha, Bianca Senna. Outra sobrinha de Ayrton, Lalalli Senna, assina o conceito artístico do arranha-céu. Segundo a construtora, além de áreas residenciais e privativas, o projeto pretende construir, distribuídas em seis pavimentos, áreas de entretenimento, lazer e gastronomia abertas ao público, bem como um espaço imersivo sobre Ayrton Senna.
Veja Negócios, 25/set
terça-feira, 24 de setembro de 2024
Avanço do crédito imobiliário esbarra em juros altos e força ação do governo, dizem especialistas
Participação do setor no PIB ficou estagnado entre 9% e 10% na última década.
O cenário de estagnação do setor imobiliário em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro nos últimos dez anos vem forçando o governo a pensar em medidas para facilitar empréstimos. Especialistas ouvidos pela CNN apontam o encarecimento do crédito, com os juros em dois dígitos, e altos saques da poupança como principais dificuldades para o setor.
Há 10 anos, o setor imobiliário representava cerca de 7% do PIB, alcançando o patamar dos 9% em 2015. Desde então, as taxas permanecem perto desse valor.
De acordo com Fábio Gallo, professor de finanças da FGV EAESP, a problemática do setor imobiliário se deve às “taxas de juros mais altas — o que afeta fortemente a demanda por crédito imobiliário —, com diversas incorporadoras passando por fusões ou recuperação judicial, e o Minha Casa Minha Vida menor. Além de termos passado pela pandemia”.
Em evento do CNN Talks em junho deste ano, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, disse que, diante desse cenário, a pasta trabalha para atrair grandes fundos de pensão e investimentos ao mercado de crédito imobiliário, também criticando o patamar dos juros.
Com isso, a medida provisória (MP) do Acredita — que traz dispositivo para reaquecer este mercado — tem sido debatida.
Grande parte do mercado espera que a taxa básica de juros, Selic, pode subir na próxima reunião do Banco Central (BC), marcada para os dias 17 e 18 de setembro. O movimento pode pressionar ainda mais os preços do setor, reforça o especialista.
Além disso, diz Gallo, as taxas são pressionadas pelos saques do sistema da poupança, principal fonte de recursos para financiamentos imobiliários no país e que serve como “guia” para as taxas praticadas no setor.
Só nos últimos dois anos, o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) registrou um saque líquido de mais de R$ 150 bilhões. O saldo passou de R$ 1,035 trilhão no fim de 2020 para R$ 983 bilhões no final de 2023.
Taxas do setor
Atualmente, a taxa mais alta para pessoa física está na modalidade de home equity — empréstimo que coloca o imóvel como garantia e passa a ser propriedade do banco via alienação fiduciária — com 17,85% ao ano em maio de 2024. Na outra ponta, a do FGTS é de 7,84%.
Em julho do ano passado, os juros praticados no setor ficavam em 11,9%, em média, diminuindo para 10,8% em novembro do mesmo ano. E não devem diminuir aolongo desse ano, segundo a Acebip.
“Com taxa de juros mais altas, voltamos para uma regra de máxima de 12% mais a taxa referencial (TR), fazendo com que houvesse uma saída forte da caderneta de poupança e os bancos, com medo de emprestar dinheiro, recuando mais ainda”, diz Gallo.
Essas regras apontadas pelo especialista são as praticadas no Sistema Financeiro de Habitação (SFH) pelo governo federal. A regra “trava” o rendimento da poupança em 0,5% ao mês mais a taxa referencial quando a Selic fica acima de 8,5% ao ano. O SFH contempla, inclusive, as iniciativas do Minha Casa Minha Vida.
Já no Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI) não tem limite determinado, as condições são livremente negociadas entre a pessoa e o banco, e contemplam outros tipos de financiamento, como Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e os Fundos de Investimento Imobiliário (FII).
Com elas, as construtoras e incorporadoras já não dependem apenas do sistema de poupança e empréstimo.
Diante desse cenário, o especialista da FGV salienta que a problemática presente no setor imobiliário é estrutural, sendo preciso modificações efetivas de manejamento de fonte de recursos, assim como um cenário fiscal que possibilite uma taxa de juros menor.
“Depende do governo, do Banco Central e do setor com outras entidades, para ter estruturas dinamizadas dos dois sistemas, conseguindo mais recursos para ter mudanças estruturais. Tivemos agora o ‘voo da galinha’, com aumento de 1,4% (do PIB). Mas depende da poupança e de investimentos para se manter sustentável”, ponderou Gallo.
Soluções para acelerar o crédito imobiliário
Dentro do Acredita, é debatida a medida provisória (MP) que traz dispositivo para reaquecer este mercado.
A ideia é utilizar a Empresa Gestoras de Ativos (Emgea), pública federal não financeira e de capital fechado, para reforçar um mercado secundário de crédito imobiliário.
Ela atuaria como uma securitizadora, adquirindo carteiras de crédito de instituições financeiras e permitindo que os bancos vendam no mercado as carteiras de recebíveis, que, em geral, estão indexados à Taxa Referencial (TR).
A operação converteria a taxa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que tem melhor remuneração, e os investidores seriam pagos mesmo em casos de inadimplência.
CNN Brasil, 24/set
segunda-feira, 23 de setembro de 2024
Rio sinaliza o início de um ciclo de ’renascimento imobiliário’
Capitaneada pela Prefeitura do Rio, a região central e a Zona Sul da cidade tem experimentado novo ciclo de renascimento imobiliário, a julgar pelo lançamento, em série, de diversos empreendimentos.
Somente o novo residencial, a ser erguido em uma grande área, no Centro Metropolitano - deverá oferecer 1.400 unidades compactas, correspondentes as 90% do total previsto no empreendimento. Outro exemplo da ’pujança’ do setor é a perspectiva de disponibilização de 3 mil novos ’studios’, no centro e na Zona Sul, sem contar outras 1 mil unidades compactas na Barra da Tijuca.
A renovação do setor fica patente, ante à constatação de que a região central carioca se constituirá no novo polo de lançamentos imobiliários, enquanto a Zona Sul, a renovação do setor se mantém acelerada.
Pela estimativa do Secovi-Rio (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis e dos Condomínios Residenciais e Comerciais do Rio de Janeiro), ao menos 3,4 mil novas unidades residenciais, chamadas "studios" foram ou vêm sendo construídas nessas regiões. Para melhor entendimento, essas novas unidades equivalem ao conceito tradicional das antigas kitnets, de grande sucesso nas décadas de 50 e 60, em especial, em bairros de alta densidade demográfica, como Copacabana, apelidados, na época, de ’apartamentos JK’, talvez, em referência a Juscelino Kubitschek, também chamado de presidente ’bossa nova’.
O forte surto recente de studios pode ser explicado, em parte, pela combinação de falta de terrenos e a crescente demanda por moradias compactas, aliado ao fato de as construtoras priorizarem, como estratégia do ’negócio’, obter o maior valor por metro quadrado. Nesse sentido, pequenos apartamentos se tornaram a ’solução’ ideal - sobretudo para as construtoras e incorporadoras, em detrimento da clientela - para ’frear’ a elevação do preço dos imóveis na Zona Sul.
Dessa forma, passados mais de 60 anos, este conceito de viver em espaços compactos ressurge com força na Capital Fluminense, a exemplo de novos residenciais construídos na região Portuária, a partir de unidades com dimensões entre 35 e 50 metros quadrados (m²)m embora também haja espaço para empreendimentos de alto padrão, que servem para ’revitalizar’ Copacabana.
O número de unidades compactas lançadas no Rio pode ser considerado pequeno, de 5,5 mil, desde 2013, ante os 145 mil de São Paulo. Ou seja, ’há um longo caminho a trilhar’.
Correio da Manhã, 23/set
sexta-feira, 20 de setembro de 2024
Conselho pede revisão imediata do IPTU dos imóveis comerciais do Centro do Rio
Valores estão altos por conta da discrepância entre o valor venal do imóvel no IPTU e o valor real desses imóveis na região; há casos de salas de 30 mil sendo avaliadas por 170 mil; a situação é pior no caso do ITBI.
O Conselho Empresarial de Renovação do Centro do Rio da Associação Comercial (ACRJ) se reuniu com representantes da Prefeitura, dia 12 de setembro, e debateu um assunto que vem preocupando muitos empresários e proprietários de imóveis da região central, o IPTU; eles demonstram inquietação especialmente com os valores que se tornaram altos por conta da discrepância entre o valor venal do imóvel no IPTU e o valor real desses imóveis na região do Centro da cidade. Isto ocorre devido ao grande declínio dos preços das propriedades na região desde 2014, enquanto que os valores de IPTU anuais vem aumentando a cada ano.
“Existem casos de imóveis que estão avaliados por um valor cinco vezes maior do que o valor real que eles de fato valem”, disse o presidente do Conselho, Cláudio André de Castro, explicando que os IPTUs são calculados de acordo com uma Planta Genérica de Valores (PGV) que, apesar do flagrante declínio dos valores reais dos imóveis na região, foi “injustamente aumentada” em 2017 e segue sacrificando o comércio e os proprietários de imóveis. Castro, que é Mordomo dos Prédios (responsável por todos os imóveis) da Santa Casa da Misericórdia e fundador da Aliança Centro Rio, demonstrou casos de salas vendidas a 30 mil reais que são avaliadas para fins do imposto predial em 170 mil reais e disse que o caso é comum.
Castro e os outros membros do Conselho demonstraram como a grande injustiça na cobrança dos IPTUs serve como um desestímulo a que novas empresas se instalem na região. O empresário demonstrou ainda que o inverso ocorre em imóveis no Leblon, que são vendidos acima de 20 milhões e estão avaliados para fins de IPTU em menos de 4 milhões. O vice-presidente do Conselho, Raphael Barreto, frisou que “o Centro não é um bairro comum. É berço da história do Brasil, e centro cultural da América do Sul. Precisa ser tratado diferente”.
Apesar de a questão do IPTU não ser o problema principal do Centro do Rio, os conselheiros se dedicaram a esta pauta na reunião, já que é uma questão que vem afetando muitos empresários já instalados, e afastando novos investimentos e até mesmo atrapalhando a venda de imóveis comerciais na região. “O Centro da cidade, de fato, está passando por um problema que vai muito além dos valores de IPTU. Porém, os altos valores de IPTU podem ser a diferença entre o comerciante perder ou ganhar dinheiro e impedem outros empreendimentos de virem para esta região. A injustiça do IPTU está impedindo portas de abrir”, afirmou ainda o presidente do Conselho.
Os conselheiros solicitaram a necessária e imediata revisão dos valores da planta genérica de valores (PGV), que estabelece o valor do IPTU, ao coordenador de IPTU da Prefeitura do Rio de Janeiro, Henrique Cantarino, um dos convidados da reunião. Ele explicou que esta revisão é difícil, pois precisa passar pelo Legislativo, e informou que a última foi feita em 2017. Cantarino alegou que é possível pedir a reavaliação dos imóveis individualmente, enquanto não é feita uma revisão de todos os valores.
Foi deliberado pelos conselheiros que a ACRJ, em nome do Conselho, enviará um ofício à Prefeitura solicitando mais uma vez a mudança da planta genérica de valores. “É muito importante que essa mudança seja feita, porque a cidade é viva e o Centro hoje vale muito menos do que há alguns anos. Há que haver proporcionalidade”, explicou o presidente Cláudio.
Henrique Cantarino repisou, contudo, que existe mesmo um mecanismo de revisão individual do IPTU, disponível para os donos de imóveis que é analisado caso a caso. Para isso, o proprietário deve apresentar um laudo técnico conforme as normas da ABNT. O presidente do Conselho argumentou, por outro laudo, que este laudo é caro e que muito empresários e donos de imóveis não têm condição de contratá-lo.
Cláudio adiantou que vai levar o assunto ao presidente da ACRJ, Josier Vilar, para estudar como viabilizar esta questão da elaboração dos laudos através da Associação Comercial. Henrique informou na reunião que, de um universo de dois milhões de imóveis, só duzentos entraram com o pedido de apelação através do laudo técnico.
Outro assunto abordado foi o ITBI, que é o imposto pago ao adquirir um imóvel. Segundo Cláudio Castro, neste caso a situação ainda é mais grave que o IPTU. “Isso porque o valor do ITBI está, muitas das vezes, dez vezes mais caro”, ressaltou. Além disso, a Conselheira Maria Izabel Castro, advogada imobiliária, demonstrou também que a prefeitura segue contrariando o Código Tributário Nacional e decisões dos tribunais superiores ao ignorar os valores das transações e arbitrar valores de impostos com base na suposição de que todos subdeclarariam valores a cada compra e venda.
Além dos conselheiros, também participaram do encontro, Álvaro Albernaz, da Masterplan; André Tostes, chefe de Gabinete do Procurador-Geral do Município do Rio de Janeiro; Claudio Amaral Azzi, chefe de Gabinete do Vereador Pedro Duarte; Ricardo de Azevedo Martins; Auditor-Chefe da Receita Municipal; e os candidatos a vereador George Neder, Pedro Rafael e Rogério Amorim, que já possui mandato na Câmara de Leis.
Diário do Rio, 20/set
quinta-feira, 19 de setembro de 2024
Cyrela e Safra vendem R$ 630 milhões em imóveis no Rio em uma semana
Apesar dos juros altos, a demanda por imóveis segue aquecida no segmento de alto padrão no Rio. A RJZ Cyrela e a J.Safra Properties lançaram dois empreendimentos na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade, e venderam 90% das unidades no intervalo de uma semana, segundo as empresas.
Em Valor Geral de Vendas (VGV), a cifra movimentada foi de R$ 630 milhões. Os lançamentos foram os condomínios Ox e Woods Park Design by EDSA, que somam, ao todo, 348 unidades distribuídas em oito blocos de sete andares.
Os empreendimentos estão situados em um terreno de 110 mil metros quadrados, localizado atrás do Bosque da Barra, e contam com parques privativos em seus interiores.
Segundo Marcel Vieira, diretor comercial da RJZ Cyrela, a parceria marca o primeiro projeto imobiliário da J.Safra Properties no Rio. Para a RJZ Cyrela, os empreendimentos fazem parte de um plano de vendas que busca R$ 3 bilhões em VGV comercializado na cidade este ano.
— Já vendemos cerca de R$ 2 bilhões no Rio este ano, considerando, sobretudo, esses projetos na Barra e um empreendimento de 500 unidades na Rua Uruguai, na Tijuca — acrescenta Vieira.
Como a coluna contou na semana passada, a incorporadora prepara, para os próximos meses, o lançamento de empreendimento com 500 estúdios e R$ 300 milhões de VGV em frente ao Aeroporto Santos Dumont.
O Globo, 19/set
quarta-feira, 18 de setembro de 2024
Residencial do Hotel Glória lança última fase de vendas; valores podem chegar a R$ 2,7 milhões
Serão disponibilizadas 68 unidades com preços a partir de R$16,2 mil por metro quadrado, valor 80% superior à média praticada no bairro.
No próximo dia 3 de outubro, o Residencial Hotel Glória, projeto de alto padrão lançado em julho de 2022, dará início à sua última fase de vendas. Serão disponibilizadas 68 unidades com preços a partir de R$16,2 mil por metro quadrado, valor 80% superior à média de R$9 mil praticada no bairro.
O lançamento é promovido pelo fundo imobiliário Opportunity e pela SIG Engenharia, que já venderam 72% das 200 unidades disponibilizadas na primeira fase. Os apartamentos, com áreas que variam de 80 m² a 168 m², poderão alcançar até R$2,7 milhões.
O projeto destaca-se por seu lazer no rooftop, com vistas deslumbrantes do mar, do Pão de Açúcar, da Marina da Glória e dos jardins de Burle Marx. A academia será assinada pela Bodytech, e o empreendimento contará com segurança, conveniências, acessibilidade e tecnologia avançada. “A variedade de metragens e o lazer no rooftop são grandes diferenciais desta fase”, afirma Marcelo Naidich, gestor do Opportunity Fundo de Investimento Imobiliário.
Com um investimento total de R$450 milhões, que inclui R$300 milhões para a obra, R$100 milhões para o terreno e R$50 milhões para decoração e despesas adicionais, o Glória Residencial está previsto para ser entregue em 2026. O projeto conta com o trabalho dos escritórios Cité Arquitetura e Afonso Kuenerz Arquitetura, enquanto Patricia Anastassiadis é responsável pelo design de interiores e o Escritório Burle Marx pelo paisagismo. O Valor Geral de Vendas (VGV) das duas fases do empreendimento é estimado em R$750 milhões, gerando até 4.500 vagas diretas e indiretas até a entrega.
Diário do Rio, 18/set
terça-feira, 17 de setembro de 2024
Startups apresentam plataformas de gerenciamento voltadas para a construção civil
Tratam-se de soluções inovadoras para o canteiro de obras e na tomada de decisões.
A busca por soluções inovadoras e eficientes tem se mostrado cada vez mais necessária em todos os setores, inclusive na construção civil. Softwares que auxiliem no mapeamento de dados, gerenciamento de materiais ou no cronograma de uma obra podem fazer toda a diferença para a tomada de decisões de uma empresa.
Para apresentar algumas novidades aos empresários do setor, uma das novidades desta 11ª edição do Summit da Construção Civil foi a participação de três startups ligadas ao Cubo Itaú, considerado a maior incubadora de inovação da América Latina e que possui uma área para empresas com soluções para o setor da construção.
Obra.lean
A startup santista Obra.Lean apresentou uma plataforma criada para otimizar a comunicação entre todas as equipes de obra com dados de cronograma em tempo real. “A Lean foi fundada com o objetivo de resolver a dor de cronograma e planejamento de obras”, disse o engenheiro e fundador da startup Manuel Toledo. Segundo ele, com o software é possível fazer o acompanhamento dos canteiros de obra de forma remota e controlar a operação no dia a dia. “A gente traz uma visão muito prática de cronograma, integrando softwares de planejamento, trazendo a gestão de tarefas para o dia a dia e segmentado por áreas. Temos várias equipes trabalhando simultaneamente e um replanejamento acaba impactando no serviço da outra. Essa integração com o canteiro traz essa visão de obra automatizada. O encarregado consegue preencher os dados e os funcionários ficam conhecendo a agenda do dia com uma visualização simples. É um diário de obra integrado ao cronograma e pode ter todo o histórico da obra na palma da mão. Além disso, é possível ter um banco de dados proprietário, ou seja, com informações da própria equipe, e que podem ser usados para planejar novas obras”, explica Toledo, que estima uma redução de 8% no tempo de obra com o uso do software.
Hoof Analytics
A plataforma da Hoof Analytics oferece aos clientes informações sobre obras com o objetivo de otimizar ações de prospecção e vendas, identificando obras em andamento, construtoras, serviços e movimentações do mercado em todo o Brasil. “Nós trabalhamos com os dados da construção. Aplicando tecnologia, conseguimos mapear 100% do mercado da construção, com todas as obras em execução no Brasil. Entregamos metragem de obra, endereços de obras, construtora, escritório projetista entre outras informações. O processo consiste em mapear essas informações públicas, tratá-las e unificá-las em um só local”, explica o fundador da empresa, Wesley Bichoff. “Nós podemos entregar para as construtoras uma lista de fornecedores que estão executando serviços relacionados com suas obras. O nosso foco é entregar tecnologia para as empresas enxergarem o País. Quem tem dados hoje, tem petróleo”, brinca Bichoff. Segundo ele, pode-se criar um banco de dados conforme a demanda do cliente. “É possível, por exemplo, pesquisar, estudar e mapear uma região ou bairro para ajudar o cliente a encontrar o melhor local para construir naquele momento, qual a faixa socioeconômica da população de uma região etc.”.
Consulte Geo (Belo Horizonte)
A startup mineira Consulte Geo oferece gestão e rastreabilidade de concreto. “A nossa ferramenta visa resolver alguns problemas comuns em quase todos os canteiros de obras, principalmente no que diz respeito a gastos não previstos com concretos, que em determinados tipos de metodologias construtivas equivale a até 20% do custo da obra”, explica o engenheiro civil Thiago Coutinho, fundador da Geo. “Nosso foco principal é a garantia da qualidade do produto, para que as obras dos nossos clientes sejam entregues sem nenhum problema de concreto. Nosso sistema é integrado com vários laboratórios. Ele já busca os dados de resistência de forma automática e lança, por exemplo, resultados dos dados de compressão do concreto, assim como os laudos. Esses dados ajudam na tomada rápida de decisão e na produtividade em campo”, afirma Coutinho, que explica que a ferramenta funciona via aplicativo em campo, offline. “Tratamos a solução do concreto de ponta a ponta”, conclui o empresário.
A Tribuna, 17/set
segunda-feira, 16 de setembro de 2024
O futuro do crédito imobiliário no Brasil
Dados da Abecip mostram que o crédito imobiliário manteve crescimento mesmo em um cenário macroeconômico desafiador.
Temas muito importantes para o setor imobiliário capixaba como a diversificação das fontes de financiamento, a modernização por meio da digitalização e as políticas habitacionais populares foram debatidos no Abecip Summit 2024, evento da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) realizado em agosto, em São Paulo. O encontro reuniu especialistas e autoridades do setor para discutir tendências e projeções do crédito imobiliário no Brasil.
Neste artigo destaco alguns assuntos debatidos no Abecip Summit 2024 que são prioritários para a agenda dos empresários e executivos que atuam na construção civil, em imobiliárias e demais empresas do segmento.
Panorama atual do crédito imobiliário
Dados da Abecip mostram que o crédito imobiliário manteve crescimento mesmo em um cenário macroeconômico desafiador. De janeiro a julho de 2024, o volume de crédito alcançou R$ 100,1 bilhões, um aumento de 14,1% em relação a 2023. A projeção é que o total chegue a R$ 164 bilhões até o final de 2024, refletindo uma expansão de 7,6%.
Esse crescimento é impulsionado pela queda da taxa Selic, que começou a baixar em 2023 após um longo período de alta. Em 2024, com a Selic em 10,5%, os financiamentos imobiliários se tornaram mais acessíveis, favorecendo consumidores e empresas.
Para 2024, espera-se um crescimento de 5% a 7% no setor, impulsionado pela recuperação econômica, aumento da confiança do consumidor e redução do desemprego, atualmente em 7,9%. Além disso, a expansão do crédito direcionado a imóveis populares e a diversificação das fontes de financiamento, e o início de um novo “ciclo de entregas” deverão contribuir para sustentar esse crescimento.
Já em 2025, o setor pode atingir R$ 176 bilhões, beneficiado por uma Selic que poderá cair a 9,5%, segundo o Relatório Focus, além de uma estabilidade econômica e crescimento da massa salarial.
Diversificação das fontes de recursos
Um dos desafios discutidos no evento foi a dependência da poupança como principal fonte de recursos para o crédito imobiliário. No passado, a poupança representava 80% dos recursos destinados ao crédito, mas hoje caiu para aproximadamente 45%.
O movimento de diversificação tem se intensificado com a securitização de recebíveis imobiliários e outros instrumentos financeiros. Entre eles, os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Letras Imobiliárias Garantidas (LIG) vêm ganhando força, somando mais de R$ 300 bilhões em recursos destinados ao Crédito Imobiliário.
Digitalização e inovação no crédito imobiliário
A digitalização é apontada como uma força transformadora no setor de crédito imobiliário. A automação dos processos de análise de crédito e o uso de tecnologias como inteligência artificial e big data estão revolucionando o setor, reduzindo custos operacionais e aprimorando a experiência do consumidor. A aplicação dessas tecnologias tem o potencial de aumentar a aprovação de crédito em até 15%, o que representaria um avanço significativo.
Além disso, o registro digital, já adotado por algumas instituições financeiras, tende a crescer nos próximos anos. Esse processo digitalizado oferece mais agilidade e sustentabilidade nos financiamentos imobiliários, com alinhamento entre instituições financeiras, reguladores e entidades cartorárias para construção de uma esteira de registro totalmente digital.
Inclusão social e habitação popular
A inclusão social também foi destaque no Abecip Summit 2024, especialmente no que se refere à habitação popular. Com 80% do déficit habitacional concentrado em famílias de baixa renda, o evento destacou a importância de programas como o Minha Casa Minha Vida, que facilita o acesso ao crédito para essa população.
O governo estima que 300 mil unidades habitacionais serão financiadas pelo programa até o final de 2024, representando um aumento de 10% em relação a 2023. Para 2025, a meta é crescer mais 12%, alcançando 336 mil unidades financiadas.
Sustentabilidade no setor imobiliário
Outro tema relevante foi a sustentabilidade. O mercado de créditos verdes tem crescido, com mais empreendimentos buscando certificações ambientais como LEED e AQUA. Em 2023, o volume de financiamentos para imóveis sustentáveis ultrapassou R$ 10 bilhões, com expectativa de crescimento de 15% ao ano até 2025.
Perspectivas para o futuro
O Abecip Summit 2024 delineou um cenário promissor para o crédito imobiliário no Brasil, com crescimento sustentado por fatores econômicos e tecnológicos. A queda da Selic, a modernização dos processos e a diversificação das fontes de financiamento são peças-chave para garantir o sucesso do setor nos próximos anos.
Com projeções otimistas para 2024 e 2025, o crédito imobiliário se beneficiará de uma economia em recuperação, uma população com maior poder de compra e políticas habitacionais focadas em reduzir o déficit habitacional. O desafio será equilibrar crescimento com sustentabilidade e inclusão social, garantindo que o setor imobiliário continue a desempenhar um papel central no desenvolvimento econômico do Brasil.
A Gazeta, 16/set
sexta-feira, 13 de setembro de 2024
As tendências que vieram para ficar no mercado imobiliário
Os serviços e investimentos em infraestrutura que valorizam os condomínios e são cada vez mais essenciais aos seus moradores
De tempos em tempos aparecem listas com as novidades e tendências do mercado imobiliário — e é sempre bom estarmos antenados com esse assuntos. Recentemente a Construtora paulista Perlpan Empreendimentos apresentou uma relação das três tendências do setor que vieram para ficar. “Somos seres em transformação contínua e nossas mudanças impactam, diretamente no segmento”, afirma Fernanda Fabrini, arquiteta de produto no setor de incorporação da construtora paulista.
A lista é um bom termômetro dos desejos atuais dos clientes. Ela mostra como os empreendimentos residenciais estão alinhados com a sociedade de um modo geral, conectados à comodidade, tecnologia e à preocupação com segurança, temas que estão presentes em diversos setores além do imobiliário. Uma vez inseridos no contexto da moradia, cada um desses assuntos ganha uma importância ainda maior, pois dialogam com o cotidiano das pessoas e valorizam o patrimônio. O futuro já chegou ao mercado, então é bom ficar atento.
Unindo os conceitos de segurança e comodidade e encabeçando a lista de tendências, está o espaço delivery, um local mais reservado e seguro para receber os pedidos feitos por internet, uma atividade que cresceu bastante durante a pandemia da COVID-19. Alguns prédios, inclusive, foram além de um espaço delivery e construíram elevadores exclusivos para os pedidos chegarem aos apartamentos, sem a necessidade de pegar o elevador e se encontrar com os entregadores, uma solução que acaba, de vez, com a eterna discussão se o entregador deve ou não acessar o andar do prédio para realizar as entregas.
A segunda tendência que também está na união entre a comodidade e segurança é a instalação de minimercados, estações de auto-atendimento com produtos que ocasionalmente os moradores precisam, como bebidas geladas, produtos de limpeza e itens de cozinha, evitando a ida de última hora ao supermercado. Além de ser um grande facilitador para os condôminos, pode também ser uma fonte de renda para o prédio, pois muitas marcas de mini-mercados pagam pela utilização do ponto de comércio, a depender do potencial número de clientes.
O terceiro lugar da lista é ocupado pelo coworking. Não chega a ser uma grande novidade a presença de um espaço de trabalho fora do apartamento em tempos de home office cada vez mais presente na realidade das pessoas, mas, sem dúvida, com os altos valores de aluguel de salas comerciais, poder contar com espaços reservados para trabalhar é uma grande ajuda na economia familiar.
Além das tendências apontadas pela construtora paulista Perlpan Empreendimentos, poderíamos incluir mais outras duas outras que podem fazer bastante diferença na hora que o cliente for escolher seu imóvel: ponto de recarga de veículos elétricos e área de lazer no andar superior do prédio. A primeira tendência é uma resposta ao número crescente de carros elétricos que estão chegando no mercado e os condomínios precisam estar preparados para receberem esses novos moradores em suas garagens. Para isso, é necessário um planejamento da parte elétrica de acordo com as normas dos bombeiros. O melhor caminho é os prédios já serem desenvolvidos com essa infraestrutura para evitar as dores de cabeça em intervenções nas obras já consolidadas.
Já a ultima tendência da lista está diretamente ligada ao bem-estar dos moradores versus aproveitamento da área dos condomínios. Com ruas cada vez mais verticalizadas e com prédios em toda a sua extensão, a melhor solução é ter a área de lazer, principalmente a piscina, planejada para ficar na parte superior, na cobertura dos edifícios. Dessa forma, a área social recebe mais sol e as pessoas podem curtir o espaço de maneira mais reservada, sem os olhares curiosos dos prédios vizinhos.
Veja Negócios, 13/set
quinta-feira, 12 de setembro de 2024
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