Após dois anos seguidos de retração, o consumo das famílias teve alta de 1,2% no terceiro trimestre deste ano. O dado, divulgado na manhã desta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o setor cresce há três trimestres seguidos. No acumulado do ano até setembro, a despesa de consumo também teve desempenho positivo, e avançou 0,4%. No acumulado nos quatro trimestres terminados em setembro, contudo, o número é negativo: - 0,5%.
- A continuação do aumento do consumo das famílias, o terceiro no ano, ainda é em grande parte efeito do saque do FGTS inativo. Muitas famílias usaram esses recursos, sacados no primeiro semestre, para pagar dívidas, recuperando um pouco do seu poder de compra. Prova disso é que, dentro dos serviços, o destaque foi o comércio, que voltou a crescer, 1,6% em relação ao segundo trimestre e 3,8% em relação ao mesmo período de 2016 - analisa Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
De acordo com o IBGE, o crescimento de 2,2% do consumo das famílias, em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, além do efeito saque do FGTS inativo, é resultado do crescimento da massa salarial real (a soma de todos os rendimentos dos trabalhos da população ocupada), que cresceu 2% no período; do crescimento nominal de 3,1% do saldo de operações de crédito para as pessoas físicas; da queda da taxa básica de juros Selic, que caiu para 9,2% ao ano no 3º trimestre, contra 14,1% ao ano no mesmo período de 2016; e da desinflação. Há um ano o IPCA estava em 8,7%. Caiu para 2,6% no terceiro trimestre de 2017.
O IBGE revisou o desempenho do consumo nos dois primeiros trimestres do ano. No primeiro trimestre de 2017, o setor havia registrado queda de 1,6% (inicialmente era 1,7%). No segundo trimestre, contudo, a atividade avançou 0,7% (dado inicial foi de 0,6%). Em 2016, a retração foi de 4,3% (ante 4,5%).
Para o economista Rodolfo Margato, do banco Santander, o consumo das famílias é a principal força motriz do PIB, em cenário de queda da inflação, intenso queda de juros, melhora de confiança do consumidor e alguma melhora no crédito e no mercado de trabalho.
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- Observamos uma aumento importante da demanda doméstica, com avanço de 0,9%, e uma continuidade do crescimento do consumo das famílias, assim como um avanço do investimento, que dá um certo alento no prognóstico sobre a economia brasileira - afirmou Margato.
CONSUMO DO GOVERNO
Em ano de contingenciamento e tentativa de ajuste fiscal, o consumo do governo caiu pelo quinto trimestre consecutivo, segundo os dados do IBGE. No terceiro trimestre, a queda frente aos três meses anteriores foi de 0,2%. Em relação ao mesmo período de 2016, a queda é de 0,6%. Já no acumulado do ano, a queda é de 0,6%.
Pelo lado da demanda, o consumo do governo segurou o crescimento do PIB no terceiro trimestre.
