sexta-feira, 22 de março de 2019

O futuro do trabalho diante do avanço da Inteligência Artificial


Estou convicto de que a inteligência artificial vai dizimar muitos empregos em todos os setores da economia, no entanto, vale ressaltar que o problema não é o desemprego e sim o desempregado que descasou competências e não evoluiu com o seu grid de competências, acompanhando as demandas que o mercado impõe. A inteligência artificial está ainda na sua tenra infância, o salto acontecerá quando as máquinas alcançarem a singularidade e a capacidade de auto produzir uma segunda geração ainda mais sofisticada e inteligente do que ela própria. Isto não é ficção, a singularidade tem data marcada: 2030. Isso terá implicações no mercado de trabalho, será cada vez mais difícil arrumar emprego. Quem disse isso não é quem está escrevendo este texto, quem disse isso não é nenhum ermitão isolado em alguma região erma do mundo, mas sim Bill Gates.
No entanto, se de um lado profissões e atividades repetitivas desaparecerão, por outro lado emergem profissões novas em torno da indústria de IA. Brotam, mensalmente, empresas que se especializaram em vender soluções de IA e, pasmem, uma profissão que começa a despontar nessas empresas é o profissional formado em letras que, hoje, pode vislumbrar a possibilidade de trabalhar como “gestor de empatia” de robôs. Humanizar o robô, dar um toque mais pessoal nas interações com o interlocutor, tentar se aproximar da “consciência artificial”.
Vale uma breve definição entre inteligência e consciência artificial: a inteligência artificial é a capacidade de resolver problemas, a consciência artificial é capacidade de sentir problemas. No entanto, não são indícios de que os computadores se tornarão conscientes ao menos tão cedo, pois eles não poderão sentir. Se de fato é isso que vai nos diferenciar dos robôs, temos então que desenvolver mais a consciência humana.
O World Economic Fórum listou os 10 princípios das competências do profissional do futuro. Todas sem exceção são competências comportamentais, sociais e com forte viés de consciência. Estas competências nos remetem a uma outra reflexão: não deveremos mais nos preocupar em O QUE pensar, mais COMO pensar. Teremos grandes desafios educacionais pela frente e esta conta está chegando mais pesada para o nosso Brasil. Um exemplo atual para qualificar o meu ponto de vista: neste momento o cidadão paulistano está enfrentado um drama com um viaduto que cedeu em parte de sua estrutura. Resposta dos gestores públicos: prazo indeterminado para resolver o problema. No Japão, em um problema similar, a resposta do gestor público: em 10 dias tudo será resolvido. Capacidade de resolver problemas complexos é a primeira grande habilidade listada no ranking de habilidades listadas pelo WE Forum. Este problema a inteligência artificial não resolve, é uma questão de consciência humana.

*Por Romeo Deon Busarello, diretor de Marketing e Ambientes Digitais da Tecnisa e Professor do Insper