O futuro de dois símbolos do Rio está sob suspense. O imóvel onde funciona o tradicional restaurante La Fiorentina, no Leme, será leiloado por conta de dívidas envolvendo seu dono, o empresário Omar Resende Peres, o Catito, conforme antecipou o colunista Ancelmo Gois no GLOBO. O mobiliário do hotel Novo Mundo, fechado em março por conta de débitos, também foi posto à venda, enquanto o destino do prédio segue incerto.
A loja onde está instalado o La Fiorentina é alvo de um leilão extrajudicial, marcado para a próxima segunda-feira, por conta de uma dívida de R$ 5,2 milhões da Foca Turismo, também pertencente a Omar Peres, e o Banco Cédula. O lance inicial é de R$ 9,3 milhões. Peres afirma que foi pego de surpresa.
- A dívida, de R$ 1,5 milhão, venceu em janeiro de 2018. Nesse período, foi acordado que ela seria paga, mas o banco nunca mandou uma cobrança. Soube do leilão através do jornal -afirmou o empresário ao GLOBO.
Apesar do imbróglio envolvendo o imóvel, Peres, ligado a outros restaurantes tradicionais do Rio, garante que não vê riscos de o La Fiorentina fechar as portas:
- O leilão não tem nada a ver com o La Fiorentina. Meus restaurantes estão no nome da minha filha. Eu realmente sou dono do imóvel, mas não vejo risco porque há um contrato de aluguel de 20 anos, assinado há cinco. No caso de um despejo, será uma luta judicial - diz.
O Banco Cédula, citado por Peres, não retornou as ligações do GLOBO.
Frequentador da casa no Leme, o produtor cultural Eduardo Barata se diz preocupado com o eventual fechamento do restaurante por causa do seu simbolismo:
- O La Fiorentina é uma referência de encontro para nós, pessoas do teatro. Quase sempre, depois das estreias, vamos comemorar no Fiorentina. Às vezes, acontecem várias comemorações na mesma noite. É quase uma assembleia. É um grande espaço de encontro, de troca de informação e afeto.
O futuro do Novo Mundo, testemunha de momentos históricos do país e anfitrião de grandes personalidades nacionais e internacionais, é ainda mais nebuloso. Rumores dão conta de que as unidades do edifício, inaugurado em 1950 para receber as delegações da Copa do Mundo, podem ser convertidas em residências. Fala-se também na possibilidade de um novo hotel.
A Sold Leilões, empresa responsável pelos lances do que restou do Novo Mundo, afirma oficialmente que a venda do material faz parte de um retrofit -modernização - do mobiliário.
Não há itens de antiguidade entre as peças disponibilizadas, de acordo com a Sold. Os lances iniciais variam de R$ 10 a R$ 500 e contemplam desde sofás e camas até aparelhos de ar-condicionado e micro-ondas.