Índice ficou abaixo do resultado de março e continuou sendo puxado pela alta dos preços dos combustíveis. No acumulado em 12 meses, indicador ficou 0,17 p.p. acima do teto da meta do governo.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é uma prévia da inflação oficial do país, ficou em 0,60% em abril, 0,33 ponto percentual (p.p.) abaixo do resultado de março (0,93%), conforme divulgado nesta terça-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No ano, o indicador acumula alta de 2,82% e em 12 meses, de 6,17%, acima do teto da meta do governo, que é de 6% - em março, o indicador acumulado em 12 meses ficou em 5,52%.
De acordo com o IBGE, o grupo de transportes continuou sendo a principal influência (0,36 p.p.) no IPCA-15, embora tenha desacelerado de 3,79% em março 1,76% em abril. Já o segundo maior impacto (0,08 p.p.) partiu do grupo de alimentação e bebidas, que acelerou de 0,12% para 0,36%.
A gasolina, que teve alta de 5,49% no mês, permaneceu como o produto com o principal impacto no índice (0,30 p.p.) - em março a alta no preço do combustível havia sido de 11,18%.
Também tiveram alta em abril os preços do óleo diesel (2,54%) e do etanol (1,46%), muito abaixo do registrado no mês anterior - 10,66% e 16,38%, respectivamente.
Também impactou a alta dos transportes o reajuste de 6,38% nas passagens de trem do Rio de Janeiro. As passagens aéreas, após três quedas seguidas, tiveram alta de 6,27% no mês.
Os preços dos automóveis novos (0,41%) e usados (0,80%) e dos pneus (2,63%) seguem em alta. Já as principais quedas foram de seguro voluntário de veículo (-3,14%), transporte por aplicativo (-3,55%) e aluguel de veículo (-6,04%).
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, sete apresentaram alta dos preços em abril. Veja o resultado para cada um deles:
Alimentação e bebidas: 0,36%
Habitação: 0,45%
Artigos de residência: 0,55%
Vestuário: 0,17%
Transportes: 1,76%
Saúde e cuidados pessoais: 0,44%
Despesas pessoais: 0,05%
Educação: 0,00%
Comunicação: -0,04%
Alimentação tem alta superior a março
Com desaceleração sucessiva da alta de preços desde dezembro, a inflação para o grupo de alimentação e bebidas voltou a acelerar em abril, passando de 0,12% para 0,36%. Já a alimentação no domicílio passou de uma queda de 0,03% em março para uma alta de 0,19% em abril.
O que mais puxou a alta da alimentação no domicílio foi o café da manhã, segundo o IBGE. O pão francês aumentou, em média, 1,73% e o leite longa vida 1,75%. Em março, ambos haviam registrado deflação, respectivamente de -0,11% e -4,50%.
Os preços das carnes seguiram em alta (0,61%), embora com variação menor do que a de março (1,72%).
Já o arroz teve queda de 1,44%. Também tiveram destaque o recuo nos prelos da cenoura (-13,58%), da batata-inglesa (-5,03%), das frutas (-2,91%).
A alimentação fora do domicílio, por sua vez, teve alta superior à da alimentação dentro de casa, de 0,79%. O lanche teve alta de 1,34% e a refeição, de 0,57%.
Gás puxa alta da habitação
O IBGE destacou que o maior impacto na alta do grupo de Habitação (0,45%) partiu do aumento de 2,49% do gás de botijão, que acumula alta de 20,22% nos últimos 12 meses. O gás encanado, por sua vez, teve alta de 0,20% em abril.
Também contribuiu para a alta da habitação o aumento de 0,47% da energia elétrica, puxada pela alta de 4,34% das tarifas em vigor no Rio de Janeiro. Além disso, em abril, foi mantida a bandeira amarela, que acrescenta na conta de luz R$ 1,343 a cada 100 quilowatts-hora consumidos.
Saúde mais cara
Os preços de produtos e serviços do grupo de Saúde e cuidados pessoais acelerou de 0,24% em março para 0,44%. Essa aceleração foi puxada pela alta de 0,66% dos planos de saúde e de 0,29% dos produtos farmacêuticos, que haviam apresentado queda de 0,29% em março.
"No dia 1º de abril, foi autorizado o reajuste de até 10,08% no preço dos medicamentos, dependendo da classe terapêutica", ressaltou o IBGE.
Alta em todas as regiões pesquisadas
O IBGE destacou que todas as 11 regiões pesquisadas tiveram alta do IPCA-15 em abril, mas apenas em quatro delas a variação foi maior que a média.
"O maior resultado foi observado em Brasília (0,98%), especialmente em função da alta no preço da gasolina (8,37%). A menor variação, por sua vez, foi registrada na região metropolitana de Belém (0,39%), influenciada pela queda no preço do arroz (-5,25%)", destacou o instituto.
Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados pelo IBGE entre 16 de março a 13 de abril de 2021 e comparados com aqueles vigentes de 12 de fevereiro a 15 de março de 2021.
Perspectivas e meta de inflação
A meta central do governo para a inflação em 2021 é de 3,75%, e o intervalo de tolerância varia de 2,25% a 5,25%. Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), que agora está em 2,75% ao ano.
Os analistas das instituições financeiras projetam uma inflação de 5,01% no ano, já próxima do teto da meta do governo, conforme aponta a última pesquisa Focus do Banco Central.
Em 2020, a inflação fechou em 4,52%, acima do centro da meta do governo, que era de 4%. Foi a maior inflação anual desde 2016.
Os analistas também elevaram a expectativa para taxa básica de juros (Selic) ao final de 2021, de 5,25% para 5,5% ao ano.
Daniel Silveira, G1, 27/abr