Esforços para combater a Covid-19 exacerbaram os níveis de endividamento e um alívio da dívida será necessário, disse presidente da instituição.
O estoque da dívida dos países de baixa renda subiu 12% em 2020, para um recorde de US$ 860 bilhões, conforme as nações respondiam à crise da Covid-19 com enormes pacotes de estímulo fiscal, monetário e financeiro, disse o Banco Mundial em relatório divulgado nesta segunda-feira (11).
Segundo o presidente do Banco Mundial, David Malpass, o documento mostrou um aumento dramático e generalizado nas vulnerabilidades de dívida enfrentadas pelos países de renda baixa e média e pediu medidas urgentes para ajudar esses governos a alcançar níveis de dívida mais sustentáveis.
"Precisamos de uma abordagem abrangente para o problema da dívida, incluindo redução da dívida, reestruturação mais rápida e maior transparência", disse Malpass em comunicado que acompanha o novo relatório Estatística da Dívida Internacional 2022.
"Níveis de dívida sustentáveis são vitais para a recuperação econômica e redução da pobreza", acrescentou.
O relatório mostra que, se somados os países de renda média, o acumulado da dívida externa aumentou 5,3% em 2020, atingindo US$ 8,7 trilhões. O aumento foi em ritmo anual comparável ao registrado em 2018 e 2019. "Para muitos países, porém, o aumento foi de dois dígitos", acrescenta o documento.
"Muitos países em desenvolvimento começaram 2020 em uma posição vulnerável, com a dívida externa pública já em níveis elevados", e então os governos forneceram recursos sem precedentes para tentar conter o vírus e suas consequências econômicas, explica o relatório.
O documento acrescenta que o aumento da dívida externa ultrapassou a Renda Nacional Bruta (RNB) e o crescimento das exportações, com a proporção dívida externa/RNB, excluindo a China, aumentando cinco pontos percentuais em 2020, para 42%, enquanto a proporção dívida/exportação subiu para 154% em 2020, ante 126% em 2019.
Malpass disse que os esforços de reestruturação da dívida são urgentemente necessários devido ao vencimento, no fim deste ano, da Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI, na sigla em inglês) do G20, que tem oferecido o diferimento temporário dos pagamentos da dívida. A medida foi lançada pelo G20 no início do ano passado para permitir aos países adiar o pagamento da dívida em meio à pandemia.
"O mundo deveria pensar no que fazer depois de 1º de janeiro", disse Malpass, insistindo que a continuação do DSSI "é algo que deve ser considerado", porque "o risco agora é que muitos países saiam da crise da covid-19 com uma grande dívida pendente que pode levar anos para ser administrada".
Carmen Reinhart, economista-chefe do Banco Mundial, disse que os desafios que os países altamente endividados enfrentam podem piorar com o aumento dos juros.
"Os formuladores de políticas devem estar preparados para a possibilidade de superendividamento quando as condições do mercado financeiro se tornarem menos favoráveis, especialmente em países emergentes e em economias em desenvolvimento", ressaltou.
Reuters, 11/out