De acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira do 1º semestre, do Banco Central, análises indicam que 'não há risco relevante para a estabilidade financeira'.
A rentabilidade das instituições financeiras ficou estável nos doze meses encerrados em junho deste ano, informou Banco Central nesta quinta-feira (3) por meio do Relatório de Estabilidade Financeira do primeiro semestre.
Ao mesmo tempo, o lucro das instituições financeiras bateu novo recorde (leia mais abaixo).
Segundo o BC, o chamado retorno sobre o patrimônio líquido do sistema bancário nacional alcançou 15,1% em doze meses até junho, mesmo patamar registrado em dezembro do ano passado.
Em meados de 2021, a rentabilidade dos bancos já havia retornado ao patamar pré-pandemia.
A manutenção da rentabilidade dos bancos foi registrada em um período de crescimento dos empréstimos bancários e de alta na taxa básica de juros pelo Banco Central, na tentativa de conter as pressões inflacionárias.
A taxa Selic avançou de 2% ao ano, em janeiro de 2021, para 13,25% ao ano em junho. Atualmente, a taxa está em 13,75% ao ano.
Os juros bancários médios com recursos livres nas operações com pessoas físicas e empresas, por sua vez, atingiram 39% ao ano em junho. Essa taxa não considera os setores habitacional, rural e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Com isso, atingiu naquele momento o maior taxa desde abril de 2018, quando somou 40,6% ao ano, ou seja, em pouco mais de quatro anos.
Lucro recorde
De acordo com o relatório do BC, o lucro líquido dos bancos somou R$ 138 bilhões em doze meses até junho deste ano e bateu novo recorde. A série histórica do Banco Central para este indicador começa em 1994. Em 2021, as instituições financeiras lucraram R$ 132 bilhões.
De acordo com o BC, o lucro líquido dos bancos, em 12 meses até junho, foi 5% superior ao registrado em 2021 e 20% acima do observado nos doze meses terminados em junho do ano passado. O crescimento da receita líquida de juros dos bancos, junto com "ganhos de eficiência", explicam a sustentação dos resultados das instituições financeiras, acrescentou.
"A rentabilidade do sistema deve se manter resiliente, mas o cenário econômico marcado por condições financeiras restritivas e inflação elevada, exige atenção por parte das instituições. Eventual piora da atividade econômica e deterioração da qualidade do crédito pode afetar os resultados dos bancos à frente", avaliou o Banco Central.
Sem risco relevante
No relatório de estabilidade financeira, o BC também avaliou que "não há risco relevante para a estabilidade financeira" no país.
"Testes de estresse de capital [com cenário alternativos de crises] demonstram que o sistema bancário possui adequada resiliência. O sistema financeiro nacional mantém provisões [recursos em caixa] apropriadas ao nível de perdas esperadas, e capitalização e liquidez confortáveis", acrescentou.
De acordo com o BC, o crescimento do crédito continuou condizente com os atuais fundamentos econômicos.
"O crédito bancário para pessoas físicas (PFs) manteve o alto ritmo de crescimento. O crédito às micro pequenas e médias empresas (MPMEs) também seguiu crescendo forte. As empresas de maior porte, por sua vez, continuaram acessando principalmente o mercado de capitais, mas voltaram a incrementar operações com o sistema bancário", informou.
Alexandro Martello, G1, 03/nov