terça-feira, 5 de março de 2024

Qual é a visão do mercado para papéis do setor imobiliário? Veja análises e em que apostar

Apresentados os relatórios operacionais das incorporadoras e construtoras, as casas de análises começam a se movimentar. Neste começo de semana, Itaú BBA, XP, BTG Pactual, Citi e Bradesco BBI revisaram suas recomendações e/ou preços-alvos para as ações do setor imobiliário.

Confira as visões para as empresas a partir dos números operacionais reportados.

Cyrela

O Itaú BBA elevou o preço-alvo de Cyrela de R$ 32 para R$ 33, potencial de alta de 44,3% sobre o fechamento da última sexta-feira (12), reiterando recomendação de compra.

Os analistas liderados por Daniel Gasparete escrevem que a Cyrela é uma das poucas ações no mercado brasileiro que combinam bom desempenho operacional com potencial robusto de alta das ações.

Eles afirmam que a empresa mostrou resultados de lançamentos e vendas fortes no quarto trimestre, acima do mercado, a posicionando para aproveitar os gatilhos positivos do setor imobiliário em 2024, como novo Plano Diretor de São Paulo e queda nos juros.

Os múltiplos das ações da Cyrela também são atrativos, com mais potencial de valorização do que de queda, mesmo em um cenário extremo de alta nos juros, uma vez que o retorno de capital da empresa está equilibrado com seu custo de capital.

“Baseado na interação com alguns investidores, temos a sensação que o posicionamento na Cyrela é baixo”, comenta o banco. Isso cria uma boa oportunidade de entrada para investidores atrás de ações com alta liquidez.

Even

Para o BTG Pactual, a Even apresentou números operacionais fortes no quarto trimestre. O bom desempenho nos lançamentos e o crescimento das vendas superaram as expectativas, diz o BTG Pactual.

A XP também destaca o resultado positivo apresentado pela Even, com destaque para o desempenho notável dos lançamentos no período impulsionado pelos projetos de alto padrão.

Na mesma linha, o Bradesco BBI fala em "volume robusto de lançamentos e boa velocidade de vendas" da Even.

Apenas Citi diverge, com um tom menos animador que as outras casas de análises. De acordo com o banco, os resultados operacionais do quarto trimestre tiveram números bastante alinhados às estimativas da equipe, com destaque ao aumento significativo nos lançamentos.

As vendas líquidas totalizaram R$ 878 milhões no trimestre, alta de 163% ao ano, 37% acima do esperado pelo BTG Pactual e 32% além do que esperava a XP. A velocidade de vendas no quarto trimestre foi boa, atingindo 19%, em comparação com 15% no quarto trimestre de 2023 e 9% no quarto trimestre de 2022.

A Even lançou seis projetos, quatro em São Paulo e dois no Rio Grande do Sul, no valor de R$ 1,33 bilhão. “É importante destacar que a empresa conseguiu vender 34% desses projetos no quarto trimestre de 2023”, escrevem os analistas Gustavo Cambauva e Elvis Credendio, do BTG Pactual. Em 2023, a Even lançou 18 projetos com um valor total de vendas potenciais de R$ 3,27 bilhões.

“A Even divulgou números operacionais fortes, com um bom volume de lançamentos e crescimento nas vendas. A empresa tem um estoque de lançamentos promissores para 2024, principalmente de alto padrão, e está sendo negociada a uma avaliação atrativa, mas nossa classificação neutra reflete o momento desafiador para o setor imobiliário, com menor acessibilidade para compradores de imóveis, e nossa preferência relativa por outros nomes mais líquidos”, dizem.

Já os analistas liderados por Daniel Gasparete no Citi apontam que, embora o trimestre da Even tenha sido robusto, "a empresa tem seu pipeline [projeção] altamente concentrado em projetos de grande escala, decisivos para o seu desempenho, como o Faena, previsto para ser lançado no primeiro trimestre de 2024. Dito isso, a empresa possui um banco de terras muito robusto e pode ter um aumento significativo nos níveis de lançamento se as condições de mercado se mostrarem favoráveis nos próximos trimestres.”

O BTG e o Citi têm indicação neutra para as ações da Even, com preço-alvo de R$ 9 e R$ 7, nesta ordem. O Bradesco BBI e a XP mantêm a recomendação de compra para os ativos, com preço-alvo por ação de R$ 10 e R$ 9, respectivamente.

Melnick

BTG Pactual e o Itaú BBA destacam os números operacionais "sólidos" apresentados pela Melnick, com uma aceleração na velocidade de vendas e níveis de estoque controlados no quarto trimestre, o que levará a uma reação de mercado ligeiramente positiva.

Para o BTG Pactual, no entanto, os dados vieram abaixo do esperado, devido a um desempenho mais fraco nos lançamentos.

As vendas líquidas no quarto trimestre foram de R$ 215 milhões, alta de 75% ao anos, mas 24 pontos percentuais abaixo da projeção do BTG. Em 2023, a Melnick vendeu R$ 809 milhões, crescimento de 25% ao ano, mas 10% abaixo da estimativa do Itaú BBA. A relação vendas/oferta (VSO) atingiu 18%, em comparação com 10% registrado no quarto trimestre de 2022.

"A empresa lançou dois projetos no trimestre, resultando em um valor geral de vendas de R$ 57 milhões, uma redução de 25% em relação ao ano anterior. Nos lançamento de 2023, a companhia totaliza um valor geral de vendas de R$ 732 milhões, 18% abaixo de nossa projeção, apesar do aumento de 20% em relação ao ano anterior”, escrevem os analistas liderados por Daniel Gasparete no Itaú BBA.

"Os números operacionais foram positivos, com uma boa velocidade de vendas, mas ainda abaixo de nossas expectativas. O mercado imobiliário está desafiador, refletindo as taxas de juros mais altas. No entanto, a Melnick continua sendo líder de mercado em Porto Alegre, e a avaliação é atrativa, então mantemos nossa recomendação de compra para a ação”, escrevem os analistas Gustavo Cambauva e Elvis Credendio, do BTG Pactual.

O BTG mantém a indicação de compra para as ações da Melnick, com preço-alvo de R$ 7,50, uma valorização potencial de 68,9% sobre o último fechamento.

Valor Investe, 05/mar