Aportes da construtora serão feitos no lançamento de quatro condomínios de casas em Minas, São Paulo e Rio.
A economia está favorável para o mercado imobiliário e o ano de 2024 promete ser positivo para o setor. Com ano eleitoral e o provável avanço de obras, novas condições do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), queda da taxa Selic e os projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) o ano em curso tem tudo para o setor registrar cifras importantes. Uma das empresas que vem aproveitando a boa fase é a incorporadora FRJR – dona da marca de condomínios de casas Terramaris que pretende alcançar, em 2024, o marco de R$ 180 milhões em vendas.
Focada na construção de condomínios fechados de casas, sobretudo, para o público do programa Minha Casa Minha Vida, faixas 2 e 3, a empresa entregou, em 2023, 617 unidades habitacionais nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro e a projeção para este ano é alcançar mil unidades. As informações são de um dos acionistas do grupo, André Gontijo.
Ele comenta que não só o programa Minha Casa Minha Vida, que aumentou a renda (de R$ 4 mil a R$ 8 mil), e ampliou o leque de interessados na compra de imóveis enquadrados no programa, atingindo o subsídio para a classe média, mas o aumento da procura por casas tem impulsionado os negócios.
A Terramaris conta, atualmente, com cerca de 15 mil unidades entre lançamentos e projetos em aprovação. “Conseguimos escalar muito rápido no mercado por escolhermos construir casas com um nível de preço tão acessível quanto o de apartamentos. Essa foi uma visão estratégica do grupo nesse novo nicho de pessoas que sonham ter a casa própria, com segurança, conforto e qualidade de vida”, diz André Gontijo.
De acordo com o acionista, o programa MCMV gera para as pessoas a possibilidade de compra que os outros bancos não conseguem dar, já que as taxas de juros são muito diferentes. Ele explica que enquanto os grandes bancos as taxas variam de 12% a 15%, na Caixa Econômica Federal o mesmo produto é oferecido com uma taxa de juros de 7%.
Outro ponto que ele levanta é o fato de o Brasil ter um público grande com renda entre R$ 2,5 a R$ 6 mil com uma oferta pequena de produtos. “Eles só conseguem comprar apartamento e nós atuamos justamente neste foco. Oferecendo uma casa, com quintal, em um condomínio fechado, com portaria e área de lazer completa”, revela.
Ele avalia que, no pós-pandemia, o interesse pelas casas e pela melhor qualidade de vida se tornou muito mais forte. “Quando as pessoas entram numa imobiliária, a primeira pergunta que elas fazem é se eles têm casa no valor tal, não havendo, elas perguntam: então, o que tem?”, comenta.
Investimentos chegam a quase R$ 400 milhões em 2024
Para manter o crescimento anual da empresa de dobrar as vendas a cada ano, o grupo está investindo R$ 380 milhões nos quatro empreendimentos que serão lançados este ano: um deles em Minas Gerais, na cidade de Vespasiano, o segundo em Sorocaba (SP), outro também no estado de São Paulo na cidade de Santa Bárbara do Oeste e o quarto, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), no bairro Pedra de Guaratiba.
A marca Terramaris existe desde 2018 e em apenas cinco anos, gerou, aproximadamente, R$ 3,5 bilhões em valor geral de vendas (VGV), distribuídos em 25 cidades, nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Tamanho crescimento, André Gontijo atribui ao produto oferecido pela empresa. “Como é um projeto de casas e a procura é muito maior, você tem um volume de vendas maior por empreendimento do que você tem para um apartamento”, comenta.
Para o futuro, o acionista da Terramaris conta que as expectativas são ainda melhores, a empresa está avançando para o interior de São Paulo e o Centro-Oeste do Brasil, junto com algumas loteadoras que conhecem bem a região. Ele revela que também estão previstos lançamentos para o entorno de Belo Horizonte, como a cidade de Betim. “A capital não comporta mais empreendimentos do nosso porte, por isso Belo Horizonte não terá nosso condomínio”, diz.
Os valores das casas da marca Terramaris variam entre R$ 189 mil e R$ 299 mil. A empresa disponibiliza imóveis com dois ou três quartos, com ou sem suíte, e quintal; com plantas entre 40 e 53 m²; portaria automatizada, estrutura de lazer completa (piscinas adulto e infantil; playground; academia ao ar livre; churrasqueira; bicicletário; dentre outros benefícios). Os empreendimentos agregam entre 200 e 2 mil unidades.
Linha de produção possibilita a construção de uma casa por dia
Outra grande questão apontada por André Gontijo para conseguirem avançar no negócio dos condomínios de casas foi a tecnologia atrelada ao estabelecimento de processos. Ele explica que a construção das casas é feita no sistema de parede de concreto que utiliza formas de alumínio especiais e infraestrutura mecanizada com equipamentos dafinlandesa Avant.
Cada conjunto de forma produz uma casa por dia e hoje, após quatro anos, a infraestrutura é executada na metade do tempo inicial. “Nosso grande desafio era produzir casas com custo de apartamentos. Conseguindo isso, montamos um processo para agilizar a construção de uma. Hoje, já conseguimos construir uma casa por dia”, comenta.
Após concluído o processo das casas, os engenheiros utilizaram a tecnologia nos nossos processos de construção do loteamento. “Hoje, já temos processos para terraplanagem, processos para o loteamento e toda infraestrutura para construir de forma ágil”, comentou.
Com a aplicação de novos materiais, tecnologia e processos bem definidos, a Terramaris conseguiu aumentar em 400% a produção diária de fundação, com o mesmo efetivo. Eles passaram a capacitar constantemente as equipes, criando uma escola de capacitação dos operários responsáveis pela montagem das formas das casas e das fundações.
Desafio maior é aprovação de projetos
O maior desafio para a construção de empreendimentos de grande escala como o condomínio de casas feitos pela Terramaris é, na visão do empresário André Gontijo, a aprovação dos projetos. Ele conta que tem o lado complexo da burocracia da aprovação e outro que é a complexidade do negócio em si. “O processo de um apartamento, normalmente, é um lote. Quando você pega uma área grande como nós fazemos, você trabalha com uma fazenda rural, ou com projetos de vários lotes para fazer um loteamento e só depois fazer uma incorporação de casas. Então, o processo de aprovação é muito mais longo”, comentou.
Ele explica que enquanto um processo corre das prefeituras por dois anos para a aprovação de um apartamento, os de loteamento com incorporação imobiliária, demora quatro a cinco anos. Entretanto, Gontijo explica que há prefeituras querendo o bem e uma melhora da vida da população e quando elas compram a ideia da construtora há maiores facilidades. “Quando a gente encontra prefeituras que entendem isso, elas percebem que os condomínios reduzem trânsito, traz mais qualidade de vida para a população e você muda o conceito. Temos o lado difícil da burocracia, mas temos um lado muito positivo que são as prefeituras querendo promover melhores condições de vida para a população”, comenta.
Diário do Comércio, 27/mai