Cercado por Botafogo, Jardim Botânico e Lagoa, o bairro voltou ao foco do setor e vai ganhar três novos projetos.
O sucesso dos lançamentos imobiliários em Botafogo jogou luzes sobre um vizinho discreto que também começa a ser disputado pelas incorporadoras: o Humaitá. O charmoso bairro — que tem casarões antigos e ruazinhas arborizadas, um polo gastronômico e a Cobal, com bares, restaurantes, hortifrúti e supermercado —ganhará três residenciais nos próximos meses. E mais: dois deles darão vida nova a construções antigas cujo destino parecia incerto.
Um deles é o Hum, que a Tao Empreendimentos vai erguer no terreno onde funcionou o Colégio Padre Antônio Vieira, e outro é o retrofit do prédio de 18 andares que durante anos abrigou a RioUrbe e a MultiRio, dois órgãos da prefeitura, que está sob o comando da Fator Realty. O terceiro faz a estreia da Soter Engenharia, fundada em Niterói há mais de meio século, em terras cariocas: o Visi será um condomínio de luxo de apenas 20 unidades.
Com cerca de 13 mil habitantes, segundo o IBGE, o Humaitá é uma pequena joia cercada por Botafogo, Jardim Botânico e Lagoa, que, pelas montanhas, faz fronteira com o Alto da Boa Vista, Copacabana e Santa Teresa. Seu nome homenageia os seis homens que conseguiram ultrapassar a Fortaleza do Humaitá, uma instalação militar paraguaia até então tida como inexpugnável, durante a Guerra do Paraguai (1864-1870).
Por muitos anos, o bairro também pareceu impenetrável ao assédio das incorporadoras. Mas, como sugerem os novos lançamentos imobiliários, esse tempo ficou no passado, e o Humaitá começa agora a ser desbravado.
— O Humaitá sempre me encantou por ser um bairro que mantém viva a História da cidade, além de ter comércio farto, boas escolas e hospitais. A localização privilegiada pode ser considerada a interseção da Zona Sul. Ali se está perto de tudo — comenta a presidente da Tao, Tanit Galdeano.
O Hum, que combina estilo contemporâneo e traços clássicos, terá 92 unidades de dois e três quartos, dois terraços com áreas de lazer e vista para o Cristo Redentor. A casa tombada, onde funcionou o colégio, será restaurada e vai abrigar um espaço de uso comum.
O Visi também aposta na demanda dos consumidores de alto padrão por esse bairro tão especial da Zona Sul e oferecerá apenas 20 unidades de três ou quatro quartos. O lazer ficará no rooftop para que os futuros moradores desfrutem a vista panorâmica do Cristo , de um lado, e do Pão de Açúcar, de outro.
— O terreno no Humaitá foi uma grande oportunidade em um de nossos melhores momentos. Graças à localização, o projeto tem atraído novos moradores e investidores de outros estados e países —diz o vice-presidente da Soter, Julio Kezem.
Sem garagem
A Fator Realty — que tinha forte atuação na cidade até os anos 1980 e depois optou por investir em Salvador (BA) e Recife (PE) — teve a oportunidade de voltar a incorporar no Rio de Janeiro e chega ao Humaitá com o First, um residencial de 157 unidades divididas em quatro tipos de plantas diferentes: de estúdios a dois quartos com áreas de 32 e 79 metros quadrados. O condomínio terá dois espaços de lazer, no meio do prédio e na cobertura, somando 1,2 mil metros quadrados.
— Um estudo de viabilidade que fizemos nos levou a optar por um projeto sem garagem. Pode parecer ousado, mas já vendemos mais da metade das unidades — diz o diretor executivo da Fator, Tiago Miranda.
O First evidencia os encantos do bairro, que merecem ser descobertos, como pontua o arquiteto Fernando Costa, da Cité Arquitetura, responsável, ao lado do sócio Celso Rayol, pelos projetos do Visi e do Hum.
— Em uma cidade de recantos como o Rio, encravada entre o mar e a montanha, o Humaitá é uma espécie de lugar secreto. Fora do vai e vem da Rua do Humaitá, sua principal via de acesso, há trilhas, vielas e casarões históricos. O bairro esconde verdadeiros tesouros, como o Parque do Martelo, um reduto verde aos pés do Redentor. Essa é a essência do Humaitá, um refúgio em meio ao burburinho urbano, marcado pelo verde e pelo silêncio de ruas bucólicas.
ADEMI News, 18/jun