terça-feira, 6 de setembro de 2016

Mais acessível, 'casa inteligente' ainda enfrenta risco de invasão por hackers


Geladeira com acesso à internet, ar-condicionado que regula a temperatura de acordo com o clima, dispositivo para controlar o consumo de energia. Com tantas novidades no mercado de automação residencial, o cenário do desenho animado futurista "Os Jetsons" não parece tão longe da realidade.

Está cada vez mais fácil transformar um imóvel em uma "casa inteligente", com sistemas eletrônicos integrados, acionados por meio de tablet ou smartphone.

"Em cinco anos, os preços das tecnologias caíram, e a demanda cresceu", diz José Roberto Muratori, diretor-executivo da Aureside (Associação Brasileira de Automação Residencial e Predial).

Segundo ele, qualquer casa pode ser automatizada, mas, para instalar estruturas com cabos, como é o caso de alguns equipamentos de sonorização de ambiente, pode ser preciso fazer reformas.

"É recomendado pedir um projeto prévio para a empresa de automação. A partir dele, são retiradas as informações tanto para o pessoal que executa a obra como para quem vai cuidar da montagem e da programação", diz.

Mesmo com a popularização do mercado, o investimento para a instalação ainda é alto. De acordo com empresas consultadas pela Folha, os preços começam a partir de R$ 1.000 e podem superar os R$ 200 mil, dependendo do pacote.

Esse é um fator que pode explicar a baixa porcentagem de "casas inteligentes" no país: menos de 1% do total, segundo dados da Aureside.

Entre as tecnologias mais populares no Brasil estão os equipamentos de segurança, de controle de temperatura e de luz. "As pessoas estão valorizando mais a iluminação. É possível criar diferentes ambientações e, além disso, economizar", afirma Muratori.

A redução na conta de luz é um dos três fatores que levam as pessoas a instalarem sistemas inteligentes, de acordo com pesquisa realizada pela consultoria GFK. Os outros dois motivos são a segurança e o entretenimento.

Para a administradora de empresas Priscila Cosentino, 27, o que pesou na decisão de automatizar seu apartamento, na zona norte de São Paulo, foi a praticidade. "Posso sincronizar músicas do meu celular nos cômodos e 'ligar' a casa toda com apenas um aparelho", conta.

As obras para a instalação e a reestruturação da parte elétrica foram realizadas em abril de 2015. Ela não revela quanto gastou na adaptação.

DESAFIOS

As "casas inteligentes", no entanto, ainda têm desafios para superar. Um deles é o risco de invasão por hackers, aponta Rodrigo Filev, professor de ciência da computação do Centro Universitário FEI. "Pode acontecer se o sistema não estiver seguro. São novos riscos da modernidade."

Para Marcos Freitas, coordenador do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais, a falta de estabilidade das redes elétricas e a baixa qualidade da internet também são entraves: "Tecnologias mais evoluídas podem demorar a chegar por isso".



Folha de São Paulo, Júlia Zaremba, 04/set