sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Turismo e segurança pública


Para o verão, temos praias espalhadas num lindo e enorme litoral. Se enxergadas com o olhar de atividade econômica, capaz de render trabalho, negócios e dinheiro, elas disputarão turistas com as praias do Nordeste, em posição de vantagem. Para o inverno, temos as serras e suas cidades, que, se observadas como atividade econômica, deixarão para trás Gramado e outros lugares do mundo.

Temos teatros, grandes atores e músicos, histórias exclusivas e incríveis para contar nos museus, nas ruas e nas praças. Possuímos hotéis, centros de convenções e currículo na realização de eventos internacionais. E, temos algo que ninguém no mundo tem: um excepcional cartão-postal desenhado por Deus e fotografado pela natureza.

Tendo tudo isso, além de um calendário anual estruturado de feiras e eventos, o que falta ao Estado do Rio de Janeiro para ser o melhor ponto turístico do Brasil, emparelhado com os melhores e mais belos do mundo? Infraestrutura e segurança. Quem é responsável? Os governos! Falta infraestrutura para o transporte, estradas, portos, rodoviárias e aeroportos.

O trânsito em quase todo o estado é desorganizado e selvagem. Contudo, a grande política pública ausente é a segurança pública, de todas as competências do Estado, a intransferível, porque exclusiva. A ninguém mais a sociedade cedeu o direito do uso da força, elemento fundamental numa política de segurança.

Somos proprietários de um excepcional histórico na organização e realização de eventos e os melhores ingredientes para praticar o turismo como atividade econômica, que tem extraordinário potencial para arrecadar dinheiro para educação, saúde e todas as demais atividades do governo. Em contrapartida, temos o pior currículo mundial em segurança pública. Tudo o que pode dar errado nesse campo, a população do Estado do Rio de Janeiro já viu acontecer. É hora de aprender com os erros, e o maior deles é ter feito até aqui segurança pública no impulso, sem planejamento e sem avaliações. O crime tem feito a nossa agenda de trabalho.

Para fazer política de segurança, é preciso planejar antes de agir, ser preventivo para tirar o protagonismo das mãos do crime e avaliar o resultado de cada decisão. Providências que formam a coluna vertebral do que nos falta: um plano estruturado de segurança pública. O turismo tem potencial para oferecer recursos para as políticas públicas sem travar a atividade econômica, como faz o peso dos impostos numa economia em recessão. Mas, para ter turismo, é preciso ter infraestrutura e a garantia de segurança pública.

Indio da Costa é secretário municipal de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação do Rio



O Globo, Opinião/Indio da Costa, 19/jan