sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Boa fase garante liderança para setor imobiliário; na bolsa e nos fundos


O mês de outubro serviu para confirmar que este deve ser definitivamente o ano dos investimentos em ativos ligados à construção civil. No mês, o Índice Imobiliário (Imob), que concentra as ações de construtoras e shoppings, subiu 5,14%, ficando com a melhor rentabilidade entre as principais aplicações tanto de renda fixa quanto de renda variável. No ano, até outubro, o Imob se valorizou 42,43%, de longe a melhor aplicação de 2019.

Queda da taxa Selic, corte das taxas cobradas pelos bancos no financiamento imobiliário e a migração dos investidores para ativos de maior risco (leia-se ações e também fundos imobiliários) foram fatores importantes que, sem dúvida, contribuíram para a valorização das ações de construtoras, incorporadoras e shoppings.

Depois de um começo de ano um tanto quanto incerto para a economia, começaram os primeiros sinais de uma recuperação econômica, o que acerta em cheio o setor da construção civil. Nos últimos meses, várias construtoras divulgaram novos empreendimentos, lançamentos e a perspectiva de um 2020, que se não for auspicioso, no mínimo deixará pra trás os anos de queda da economia.

As últimas notícias corroboram a tese de que o pior já passou para a construção civil. Ontem, por exemplo, a Caixa divulgou mais uma queda dos juros do financiamento imobiliário, de Taxa Referencial (TR) + 7,5% ao ano para TR + 6,75% ao ano.

Na terça-feira, foi divulgado também que o volume de financiamentos imobiliários com recursos da poupança somaram R$ 7,59 bilhões em setembro, uma alta de 54,5% em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo a Abecip, associação das instituições que atuam no setor. Na comparação com agosto, houve alta de 13,2%. O resultado é o maior volume mensal desde maio de 2015.

Não é à toa que as ações de construtoras estão no hall dos papéis com as maiores valorizações do ano. Para ficar em apenas três exemplos: as ações ordinárias (ON, com direito a voto) da Cyrela acumulam uma alta de 79,96% no ano, as ONs da MRV, de 45,48%, e as da Eztec, 99,68%. Não dá pra negar que todas são valorizações de cair o queixo de qualquer taxa Selic nanica de 5% ao ano.

Acompanhando a alta dos papéis de construção e do Imob, o Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários (Ifix), que reflete uma cesta de produtos deste segmento, registra uma alta de 4,01% em outubro e de 18,73% no acumulado do ano. Vale lembrar que os fundos imobiliários investem em empreendimentos imobiliários (prédios comerciais, residenciais, fábricas, galpões, Certificados de Recebíveis Imobiliários etc) e não em ações das construtoras.

E a renda variável brilha

Mas não são apenas os papéis de construção civil que continuam a brilhar na bolsa brasileira. O Índice Bovespa subiu em outubro 2,36% e no ano 22%. Já o índice das ações de empresas de menor porte e liquidez (conhecidas como small caps) - chamado também de Índice Small Cap - subiu 2,28% no mês passado e 33,56% no ano.

Na lanterna

Se você se animou com a valorização do ouro nos meses anteriores, não deve estar muito feliz com a queda de 0,45% do metal em outubro. De qualquer forma, esse desempenho negativo não ofuscou a valorização que a commodity ainda tem no ano, de 28,38%. O mesmo vale para o dólar, que no mês se desvalorizou 3,50%, mas no ano ainda sobe esse mesmo percentual (3,50%).

Por fim, a renda fixa tradicional (de curto prazo) segue firme entre os lanterninhas dos investimentos - nada revelador, já que a taxa de juros Selic continua a sua trajetória descente. Apenas lembrando, o Comitê de Política Monetária (Copom), em sua reunião desta semana, reduziu a taxa básica de 5,5% para 5% ao ano e já avisou que a Selic deve cair mais, para 4,50%. O rendimento do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI) - que acompanha de perto a taxa básica de juros e também é a referência para a maioria dos investimentos de renda fixa - foi de míseros 0,48% em outubro e de 5,16% no ano.

Dentro da "classe renda fixa", o principal destaque, e com ótimo desempenho, foi o IMA-B, que avançou 3,36% em outubro, e 23,57% no ano. Para quem não conhece o índice, ele reflete a rentabilidade dos títulos públicos atrelados à inflação. Boa notícia então para os investidores de Tesouro Direto que tem Tesouro IPCA+ na carteira.



Valor Investe, Daniele Camba, 31/out