De degrau em degrau, porém a passos mais cada vez mais seguros, o mercado imobiliário vem retomando o ritmo de crescimento no Rio de Janeiro. Um cenário otimista, desenhado por especialistas, aponta 2019 como o ano de virada para o reaquecimento das vendas.
- A partir do segundo semestre, estamos vendo uma recuperação do mercado em relação ao mesmo período do ano passado. O ritmo ainda é lento, mas já demonstra uma melhora. Um dos motivos desta retomada é a redução da taxa de juros para crédito imobiliário, a menor dos últimos 30 anos e o retorno da confiança - diz Leonardo Schneider, vice-presidente do Sindicato da Habitação (Secovi Rio).
Levantamentos realizados por construtoras e entidades do ramo apontam 2019 como o melhor ano para o setor desde 2015, tanto no estado quanto no município. De acordo com uma pesquisa divulgada pela RJZ Cyrela, 2019 teve até o mês de setembro um total de 15,4 mil unidades lançadas e 5,3 mil unidades vendidas no Rio de Janeiro. Em nove meses, houve crescimento de 62 % no número de lançamentos em comparação com os 12 meses de 2018. E o número de unidades comercializadas até setembro já alcançou 79,5% de todo o volume obtido nos 12 meses de 2018. Segundo a pesquisa, 68% dos lançamentos deste ano foram adquiridos com financiamento do Minha Casa Minha Vida.
Os dados sobre a cidade do Rio de Janeiro também têm levado construtoras a traçarem um quadro promissor para 2020. Segundo o Secovi-Rio, até julho, foram lançadas 10.489 unidades no município, contra 8.390 em todo o ano de 2018. Em 2017, só houve 4.514 lançamentos.
O mercado imobiliário, define Claudio Hermolin, presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ), é dividido em três grandes grupos: as incorporações que custam até R$ 240 mil (como imóveis do Programa Minha Casa, Minha Vida); as que custam entre R$ 240 mil e R$ 1,5 milhão (atendidas pelo Sistema Financeiro de Habitação, SFH) e os imóveis de mais de R$ 1,5 milhão (Sistema Financeiro Imobiliário, SFI).
Até agora, as duas pontas do setor, a de imóveis de luxo e a de imóveis mais populares, foram as que registram maior movimentação, segundo a Ademi-RJ.O grande desafio será trazer de volta a classe média, que responde por 45% do setor, o que só deve ocorrer quando o mercado de trabalho voltar a crescer.
Na Zona Norte, terrenos de antigas fábricas e até de escolas que fecharam as portas por causa da crise estão dando lugar a condomínios. E algumas construtoras que atuavam com empreendimentos de valor mais baixo começam a se reposicionar para incluir imóveis um pouco mais caros nas carteiras.
- Em 2019 passamos a atuar mais na Zona Norte, com um tipo de imóvel voltado para o perfil de renda familiar de R$ 6 mil em diante. Esperamos para 2020 uma taxa de crescimento de 6 a 10% nas vendas - diz o gestor executivo-comercial da construtora MRV, Sandro Perin, acrescentando que, neste segundo semestre, houve um crescimento de 30% na procura de clientes pelos empreendimentos, o que sinaliza uma volta de intenção de investimento das famílias do estado.
Morador do Engenho Novo há mais de 20 anos, o analista de logística Diogo Rodrigues, de 32 anos, aproveitou o crescimento da oferta de imóveis na região para, enfim, comprar seu próprio apartamento e sair da casa da mãe. Vai se instalar num apartamento no bairro do Rocha, comprado com financiamento do Minha Casa Minha Vida. - Queria um imóvel perto da minha mãe, que ficasse dentro de minhas possibilidades. Escolhi um com área de lazer em uma região com metrô e trem perto - diz Rodrigues.