0,01% mais ricos do mundo viram sua fatia na riqueza global atingir 11% este ano. Crise da Covid exacerbou as desigualdades entre os muito ricos e o resto da população.
A parcela da riqueza das famílias nas mãos dos bilionários aumentou em um valor recorde durante a pandemia, com os milionários também 'saindo da Covid-19' à frente dos demais, segundo um estudo divulgado nesta terça-feira (7).
O Relatório Global de Desigualdade, produzido por uma rede de cientistas sociais, estimou que os bilionários detêm 3,5% de toda a riqueza global das famílias, acima dos 2% registrados no início da pandemia, no começo de 2020.
O relatório usou como base uma série de pesquisas de especialistas e dados de domínio público, com um prefácio escrito pelos economistas Abhijit Banerjee e Esther Duflo, dois dos três que receberam, em 2019, o prêmio Nobel por seu trabalho sobre a pobreza.
Os resultados corroboram uma série de estudos já existentes, "listas de mais ricos" e outras evidências que apontam para um crescimento das desigualdades de saúde, sociais, de gênero e raciais durante a pandemia.
A lista de bilionários da Forbes deste ano, por exemplo, incluiu um recorde de 2.755 bilionários, com uma riqueza combinada de US$ 13,1 trilhões – no ano passado, eram US$ 8 trilhões.
O novo relatório mostra que os 520 mil adultos que correspondem aos 0,01% mais ricos do mundo viram sua fatia na riqueza global atingir 11% este ano, ante 10% no ano passado. Pertencer a essa parcela da população significa ter pelo menos US$ 19 milhões (cerca de R$ 108 milhões).
Analistas dizem que alguns dos 'super ricos' se beneficiaram da mudança para o ambiente digital durante os lockdowns em diversas partes da economia global, enquanto outros simplesmente lucraram com a alta dos preços dos ativos enquanto os mercados financeiros apostam na velocidade e 'forma' da recuperação global.
O estudo também apontou que, embora a pobreza tenha crescido acentuadamente em países com uma cobertura de bem estar mais fraca, o pesado apoio governamental nos Estados Unidos e na Europa conseguiu reduzir pelo menos parte do impacto sobre as faixas de renda mais baixas.
Reuters, 07/dez