Investidores se voltam para o metal porque ele é considerado um ativo seguro num ambiente de incertezas; bitcoin acumula perda de mais de 50% desde que atingiu recorde de US$ 69 mil em novembro.
A invasão da Ucrânia pela Rússia tem mexido com os ativos financeiros. De um lado, o ouro voltou a ganhar valor. De outro, as criptomoedas estão queda.
No mundo, as bolsas operam em queda, e o preço do petróleo passou de US$ 100 pela primeira vez desde 2014, com o barril do tipo Brent atingindo US$ 105.
Por que o ouro sobe?
Historicamente, o ouro é considerado um investimento seguro. Em momento de crise, é para ele que os investidores correm. No início da pandemia e com todas as incertezas que rondavam a crise sanitária, o movimento foi similar.
Hoje, ninguém no mercado consegue dizer qual será a extensão do conflito e quanto tempo ele deve durar.
Na terça-feira (23), os preços dos contratos do ouro para abril terminaram a sessão em alta de 0,15%, a US$ 1.910,40 a onça-troy na Comex da Bolsa de Nova York. Nesta quinta (24), subiam ainda mais. Às 13h20 (horário de Brasília) tinham alta de 1,05%, a US$ 1.930,50.
Em relatório, o banco UBS avaliou que o ouro pode chegar a ser cotado a US$ 2 mil a onça. A leitura da instituição é a de que uma das estratégias para os clientes se protegerem nesse ambiente de incerteza é apostar em commodities - como ouro, por exemplo - dado que a Rússia é um importante país exportador de trigo no mundo, e a Ucrânia tem papel relevante nas vendas globais de milho, trigo e oleagenosas, como soja.
Com uma eventual interrupção no fornecimento desses produtos por conta do conflito, os preços tendem a subir no mercado global.
"A Rússia responde por cerca de 40% das importações de gás da União Europeia e 30% das importações de petróleo, e é o maior fornecedor de trigo do mundo. A Ucrânia é um exportador de materiais de milho, trigo e oleaginosas", escreveram os analistas do banco.
E o que explica a queda das criptomoedas
As cripotomoedas são investimentos consideramos mais arriscados e, portanto, sofrem com os momentos de incerteza global.
Nesta quinta, o bitcoin caiu até 7,9%, para US$ 34.324 dólares, menor cotação desde 24 de janeiro. Às 10h15 (horário de Brasília), perdia 5,4%, a 35.265 dólares, destacou a agência Reuters.
Moedas menores que normalmente se movem em conjunto com o bitcoin também caíram, com o ether perdendo até 10,8%.
"Todas as coisas tendem a se correlacionar em crises, e esperamos algo semelhante aqui, então é provável que o pior esteja reservado nos próximos dias."
Embora os defensores de criptomoedas digam que o bitcoin atua como um porto seguro das tensões geopolíticas, muitas vezes a moeda digital se move em conjunto com outros ativos de risco. A queda desta quinta-feira leva as perdas da moeda a mais de 50% desde que atingiu recorde de US$ 69 mil em novembro, destacou a Reuters.
G1, 24/fev