quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Mercado aquecido na construção civil


Não é preciso se deslocar muito pela cidade para esbarrar com um canteiro de obras. Esse é um dos indicativos de que o segmento da construção civil passa por um bom momento. Além das construções em andamento por conta das Olimpíadas de 2016, como os complexos esportivos e os corredores de ônibus BRT, o mercado ganha fôlego com projetos de financiamento público-privado, que fazem multiplicar a demanda por profissionais da área, tanto engenheiros quanto outros profissionais de áreas correlatas.

- Com tantas obras atreladas a esses grandes eventos, o mercado está absorvendo até profissionais de outros estados para atender à demanda, que vai crescer por alguns anos - explica Agostinho Guerreiro, presidente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) do Rio, que acrescenta: - Não são só obras. No Rio, a lei da autovistoria, que determina que todos os edifícios tenham laudos estruturais a cada cinco anos, aquece ainda mais o segmento.

Segundo dados da Federação Nacional dos Engenheiros, o Brasil forma 40 mil engenheiros por ano. Para atender o mercado, o número precisaria chegar a 60 mil.

- A maior visibilidade da cidade também gerou um boom imobiliário. Há dez anos, essa profissão estava praticamente inerte. Mas voltou a decolar, e acredito que continue assim por pelo menos mais dez anos - diz Márcio Suzano, professor do curso de Engenharia Civil da Universidade Veiga de Almeida.

A professora Elaine Vazquez, da Escola Politécnica da UFRJ, acrescenta que o bom momento do segmento abre espaço para os profissionais atuarem em outras áreas.

- Hoje, esse engenheiro já não é só alguém que atua em obras. Ainda na universidade, ele pode se especializar em áreas como transportes, recursos hídricos, geotecnia e infraestruturas.

O estudante Erick Klein, de 24 anos, ainda está no quinto período de Engenharia Civil, mas já ensaia uma colocação no mercado: ele é estagiário numa empresa que presta serviços para o "Minha casa, minha vida", programa de financiamento do governo federal.

- Trabalho com gestão, auxiliando a atuação dos empreiteiros. Assim, ganho experiência e tenho a possibilidade de já sair da faculdade empregado - diz Erick.

'É preciso se especializar para atuar no mercado imobiliário'

"Eu já trabalhava como corretor de imóveis quando decidi fazer o curso de Gestão em Negócios Imobiliários. É uma formação ligada à construção civil, mas direcionada para o mercado. Gostei tanto que acabei de concluir a pós-graduação na mesma área. Hoje, o corretor não é só um vendedor de imóveis, mas também um vendedor de informações. Se você não tiver conhecimento, sua venda fica vulnerável. Por isso, é preciso se especializar cada vez mais para atuar no mercado imobiliário. Na minha concepção, o mercado ainda está favorável e vai continuar assim por um bom tempo. Trabalho na Zona Norte e percebo que 90% das construções são viabilizadas por financiamento bancário, o que permite que o mercado continue aquecido."

Eles já põem a mão na massa

Para conseguir uma boa colocação no mercado de trabalho da engenharia civil, é fundamental sair da faculdade com um diferencial. De acordo com o professor Márcio Suzano, dois bons caminhos para isso são os estágios e os projetos de pesquisa oferecidos pelas próprias universidades.

- A ideia é mudar a concepção de ensino de engenharia, levando os estudantes para o canteiro de obras - explica Márcio, acrescentando que essa bagagem poderá fazer a diferença no salário inicial: - Quando o engenheiro chegar à empresa, ele já terá a possibilidade de barganhar o salário.

No caso de Rodrigo Meira de Vasconcelos, de 20 anos, que cursa o 4º período de Engenharia Civil na Universidade Veiga de Almeida, o diferencial virá pelo programa "Ciência sem fronteiras":

- Eu já tinha ouvido falar do programa e achei que era impossível de entrar. Mas me inscrevi e consegui. Agora vou fazer metade da minha faculdade no exterior. Quando voltar, acredito que estarei mais valorizado no mercado.



Extra, 05/nov