quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Conta de luz pode cair 7% em março


Depois de a tarifa de energia ter disparado em 2015, com uma alta de 48,99% para as famílias, o governo anunciou, ontem, uma redução. A partir de março, com a bandeira amarela substituindo a vermelha (espécie de gatilho que altera o custo), a expectativa é de uma queda de 7% na conta de luz. Para o ano, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, projetou um reajuste menor que o observado em 2015 e até abaixo da inflação.

Braga participou, ontem, do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), grupo que decidiu desligar mais 7 usinas térmicas em março. Juntas, essas usinas geram até 2 mil megawatts de energia e, sem a operação delas, a expectativa é uma economia de R$ 7 bilhões. Em agosto do ano passado outras usinas já haviam sido paralisadas, o que também representou uma economia na geração de energia e colaborou para a redução no custo das tarifas que será observado a partir de março.

O ministro avaliou ainda que, mantidas as condições climáticas, existe a possibilidade de se chegar à bandeira verde em abril, o que representaria nova redução. Braga ponderou que ainda é cedo para garantir essa redução. Com o desligamento das térmicas, apenas no sistema de bandeiras, haverá uma queda de R$ 3 da vermelha para R$ 1,50 na amarela.

"Estamos entrando em novo ciclo, com viés de baixa no custo de geração e tarifa para consumidor", afirmou. De acordo com o ministro, os reservatórios das hidrelétricas estão em níveis elevados e a expectativa para novembro, no Sudeste, quando chegar o período de seca, é de que os reservatórios estejam em 30%. "Nós estamos com todos os cenários sendo analisados para que possamos chegar a novembro com capacidade de armazenamento de energia melhor que em 2015."

Térmicas

Ele afirmou que manter a bandeira vermelha seria impor um custo desnecessário ao consumidor. Contando as térmicas que foram desligadas em agosto de 2015, cerca de 40% delas foram paralisadas. "Não vai haver desabastecimento, as decisões foram tomadas de forma prudente", garantiu.

Romeu Donizete Rufino, diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), afirmou que o Brasil conseguiu inverter o ciclo de alta das tarifas. "O processo tarifário em 2016 deve ser bem mais comportado que no ano passado."

O Conselho ainda considerou que o risco de desabastecimento de energia continua em zero em fevereiro nas regiões Sudeste/Centro-Oeste e no Nordeste e que o cenário indica suficiência de suprimento energético neste ano. No fim da entrevista coletiva em que anunciou a redução de tarifas, Braga disse que o governo deve lançar depois do carnaval medidas de estímulo para a indústria de petróleo.



O Estado de São Paulo, Victor Martins, 04/fev