quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Com Selic menor, crédito imobiliário pode crescer até 11% em 2017, estima Abecip


A esperada trajetória de queda da taxa básica de juros (Selic) deve permitir que os financiamentos imobiliários fiquem estáveis ou tenham um leve crescimento no ano que vem, após dois anos consecutivos de queda, segundo estimativa do presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Gilberto de Abreu Duarte Filho. 

O executivo acredita que a liberação de crédito para construção e comercialização de imóveis no País alcance um patamar entre R$ 45 bilhões e R$ 50 bilhões em 2017. O montante representa alta de até 11% em comparação com 2016, quando os empréstimos devem totalizar R$ 45 bilhões, segundo projeções da associação. 

Os financiamentos somaram R$ 37,2 bilhões de janeiro a outubro deste ano, montante 44,2% menor que o registrado em igual período do ano passado. Já em 2015, os desembolsos tiveram queda de 33% ante 2014. Os dados abrangem apenas os empréstimos que utilizam recursos da caderneta de poupança, sem considerar, por exemplo, as operações realizadas com dinheiro do FGTS. 

"A partir do segundo semestre de 2017, a taxa básica de juros estará perto de 10,00% ao ano. Com isso, o mercado poderá ver mais disponibilidade de recursos para financiamentos, com juros menores", afirmou Duarte, em entrevista ao Broadcast. 

Após o Comitê de Política Monetária (Copom) cortar a Selic de 14,00% para 13,75% ao ano na semana passada, os economistas do mercado financeiro consultados pelo Boletim Focus alteraram a expectativa para a taxa básica no fim de 2017 de 10,75% para 10,50% ao ano. 

Segundo Duarte, esse patamar permitirá aos bancos captarem, gradualmente, recursos mais baratos e repassarem taxas menores no crédito imobiliário para empresas e consumidores. Na visão do executivo, com a Selic em 10,00%, a caderneta de poupança voltará a ser atrativa para pequenos investidores, amenizando a captação líquida negativa (saldo entre saques e depósitos) que se aproxima de R$ 100 bilhões no biênio de 2015-2016. Essa situação gerou escassez de funding e encareceu o financiamento. "Para o próximo ano, não vejo falta de funding", disse. 

A expectativa de uma possível expansão do crédito no próximo ano é baseada na avaliação de que os estoques de imóveis novos e não vendidos caiam aos poucos, motivando as empresas de incorporação imobiliária a retomar os lançamentos de novos projetos. "Por mais difícil que seja, os estoques serão consumidos nos próximos anos, e isso levará o setor a voltar a produzir. O nível de lançamentos das incorporadoras foi baixíssimo e isso não será sustentável para os próximos anos", explicou. 

Inadimplência - O presidente da Abecip comentou também que a inadimplência da carteira de crédito imobiliário permanece em torno de 2%, mesmo em meio ao quadro de crise econômica. O patamar é considerado sob controle, embora tenha exigido que os bancos flexibilizassem as condições de pagamento. 

Duarte contou que, em geral, as instituições financeiras têm optado por alongar os prazos de pagamento dos clientes, reincorporar os valores atrasados ao principal da dívida e conceder carência de até seis meses para o reinício do pagamento das parcelas mensais. 

"Os bancos podem fazer uma dessas ações ou até as três juntas", disse. "Mas isso só é feito para os clientes que têm um bom perfil de crédito e manifestaram que querem pagar a dívida. Por enquanto, a experiência tem sido boa e mostrado que os clientes cumprem os seus compromissos", frisou.



O Estado de São Paulo, 08/dez