quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Dólar recua ao menor valor desde julho de 2015


Em um dia volátil, o dólar comercial terminou em queda de 0,48%, a R$ 3,097 - a menor cotação de fechamento desde 2 de julho de 2015. A moeda chegou a subir à tarde, após a presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Janet Yellen, ter reafirmado a intenção de continuar elevando juros se a economia dos Estados Unidos mantiver seu vigor.

Em audiência no Senado americano, Yellen disse que o Fed provavelmente precisará elevar o juro em uma das próximas reuniões, embora tenha indicado haver incerteza sobre a política econômica sob o governo presidente Donald Trump. Mas ela ressaltou que adiar a alta dos juros, hoje no intervalo entre 0,50% e 0,75% ao ano, seria "insensato". A próxima reunião do Fed será nos dias 14 e 15 de março.

No mercado acionário, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda de 0,38%, aos 66.712 pontos, após cinco pregões de alta. De acordo com analistas, os investidores aproveitaram para embolsar lucros.

- Foi um dia agitado. A fala de Janet Yellen levou, por algum momento, certa aflição a quem investe em emergentes. Mas o determinante foi o movimento inercial que já vinha provocando a queda do dólar recentemente, em resposta às melhores perspectivas para o país e para a economia, além do movimento de queda do dólar no mundo nos últimos dias - explicou Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora.

No exterior, contra uma cesta de dez divisas, o dólar registrou alta de 0,16%, segundo o índice Dollar Spot, da Bloomberg.

Aqui no Brasil, o Banco Central (BC) iniciou rolagem de 6 mil dos chamados contratos de swap cambial - operação que equivale à venda da moeda no mercado futuro e contribui para enfraquecer o dólar - com vencimento em março. O ritmo indicou que a intenção do BC é renovar menos da metade dos contratos que vão vencer. Hoje serão rolados mais 6 mil contratos.

Segundo Paulo Gomes, economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, a tendência de desvalorização do dólar nas últimas semanas se explica, em parte, pela redução do risco geopolítico global, depois do temor inicial com o governo Trump.

- Nossa expectativa é que o BC tolere que o câmbio vá até R$ 3,05. Há uma certa preocupação do setor exportador com relação à desvalorização do dólar - avalia Gomes.

Para Figueredo, porém, o BC não tem a intenção de influenciar muito o câmbio a curto prazo. Ele acredita que o dólar testará os R$ 3.



O Globo, Rennan Setti, 15/fev