Com o preço das 'commodities' como soja (foto) em alta, país teve melhor resultado para março desde 2005 -BRASÍLIA- Graças a uma alta dos preços internacionais das matérias-primas, o Brasil conseguiu fazer um ajuste ainda mais rápido nas suas contas externas. Com a ajuda do superávit da balança comercial, os números fecharam março no azul, pela primeira vez em quase um ano. As chamadas transações correntes - resultado de todas as trocas de serviços e do comércio do Brasil com o resto do mundo - tiveram superávit de US$ 1,4 bilhão, o melhor desempenho para meses de março desde 2005.
Os dados trimestrais são os melhores desde 2007. De acordo com o Banco Central, nos três primeiros meses do ano, as contas externas tiveram um déficit de US$ 4,6 bilhões, um rombo 39% menor que o do mesmo período do ano passado.
Tudo isso é reflexo dos preços das commodities e da safra recorde no país este ano. A expectativa do mercado financeiro é que esses dois fatores devem impulsionar o comércio exterior do país. Em março, a balança comercial teve superávit de US$ 6,9 bilhões, bem acima dos US$ 4,2 bi registrados em março de 2016.
Para o economista-chefe do Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos, a balança comercial deve bater um novo recorde em 2017 com um saldo de aproximadamente US$ 60 bilhões. No ano passado, o superávit foi de US$ 47,7 bilhões.
Ramos lembrou que esse novo ciclo de alta de commodities pode compensar os gastos maiores com serviços, que devem aumentar por causa da retomada do crescimento. Quando uma economia está mais aquecida, as empresas têm despesas maiores com aluguel de equipamentos e frete, por exemplo.
Ramos ressaltou também que o dólar tem impactos nesse processo. Por estar mais barato, a moeda americana favorece mais as importações do que exportações.
Nos últimos 12 meses, as transações correntes ainda têm um resultado negativo de US$ 20,6 bilhões. Isso representa 1,10% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país).
A balança comercial mais forte, graças à alta das commodities, suprimiu os efeitos de alta de despesas como, por exemplo, as viagens internacionais. Os gastos de turistas brasileiros no exterior subiram 19%. Somente no mês passado, eles deixaram US$ 1,5 bilhão no exterior.
Outra conta que ficou no vermelho foi a de aluguel de equipamentos. O déficit foi de US$ 1,6 bilhão em março: redução de 8,5% comparativamente ao mesmo mês do ano anterior.
Os investimentos estrangeiros no Brasil, por sua vez, aumentaram 28% em março. Entraram no país US$ 7,1 bilhões. O destaque foi o ingresso de US$ 4,2 bilhões na modalidade participação no capital. Ou seja, os estrangeiros estão comprando ações de empresas brasileiras, que estão baratas. Nos últimos 12 meses, entraram no Brasil US$ 85,9 bilhões. Isso equivale a 4,62% do PIB. Dados preliminares divulgados pelo Banco Central mostram que os investimentos diretos estrangeiros em abril somaram US$ 3,4 bilhões até o último dia 20.
- Isso reflete o atual momento do país, com recuperação da atividade, estabilidade política, inflação baixa e juros em queda - ressaltou o chefe do departamento econômico do BC, Túlio Maciel.