Na segunda-feira (23), ações da Petrobras despencaram 21% e a petroleira perdeu quase R$ 75 bilhões em valor de mercado.
A bolsa de valores brasileira, a B3, opera em alta nesta terça-feira (23), após forte tombo na sessão anterior, com as atenções dos investidores ainda voltadas para a Petrobras e para os riscos fiscais e políticos.
Às 11h59, o Ibovespa avançava 0,82%, a 113.593 pontos. Veja mais cotações.
As ações da Petrobras eram negociadas em forte alta, indicando um dia de leve recuperação dos papéis da estatal após tombo de quase 21% na véspera. Perto do mesmo horário, as ações ordinárias (PETR3) subiam 5,64%, enquanto as preferenciais (PETR4) tinham alta de 6,76%. Mais cedo, chegaram a subir mais de 9%.
Já o dólar é negociado com pequenas variações.
Na segunda-feira, o Ibovespa fechou em queda de 4,87%, a 112.667 pontos. Na parcial do mês, passou a acumular queda de 2,09%. No ano, a perda é de 5,33%.
Segundo levantamento da Economatica, a Petrobras perdeu nesta segunda-feira quase R$ 75 bilhões em valor de mercado. Foi a segunda maior queda diária em valor da mercado da Petrobras desde o início do plano Real. Na sexta-feira, a petroleira já tinha encolhido R$ 28 bilhões.
Além da petroleira, o Banco do Brasil também teve perda expressiva na véspera, com uma queda de 11%. Em comunicado ao mercado, o BB informou que não recebeu do seu controlador indicação para mudanças em seu corpo diretivo.
Cenário
Por aqui, os operadores monitoravam com cautela os riscos políticos e fiscais do Brasil, com as preocupações com a interferência do governo federal na gestão das estatais ainda pautando o mercado.
No exterior, os preços do petróleo subiam perto de 1% nesta terça-feira, sustentados pela expectativa de alívio em restrições associadas à Covid-19 pelo mundo, perspectivas econômicas positivas e menor oferta nos Estados Unidos.
No caso específico da Petrobras, o mercado aguarda os resultados da reunião do Conselho de administração agendada para esta terça-feira (23). Já o balanço financeiro de 2020 da companhia será divulgado nesta quarta-feira (24).
"Hoje será o dia “D” de decisão do Conselho de Administração sobre a indicação feita por Bolsonaro do general Joaquim Luna para a presidência da companhia. Vamos ter que esperar para avaliar as consequências e os desdobramentos disso, e se os projetos da empresa serão mantidos intactos. Aparentemente, existe uma blindagem sobre a fixação dos preços dos combustíveis, e a situação segue crítica com petróleo em alta e real desvalorizado", avaliou Alvaro Bandeira, economista-chefe do banco Modalmais.
Nesta segunda-feira, o juiz da 7ª Vara da Justiça Federal da 1ª Região, em Belo Horizonte, André Prado de Vasconcelos, determinou que o presidente Jair Bolsonaro, a União e a Petrobras expliquem, no prazo de 72 horas, a indicação do general Joaquim Silva e Luna para presidente da estatal.
Os investidores continuam de olho também nas discussões em torno de mais gastos com Auxílio Emergencial para a população vulnerável, em meio às preocupações com a saúde das contas públicas e rompimento do teto de gastos – considerado a âncora fiscal do país neste momento.
Em meio às preocupações com a situação fiscal do país e aumento das incertezas, parte do mercado passou a projetar uma elevação da taxa básica de juros já na próxima reunião de março do Copom.
Pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta segunda mostrou que os analistas do mercado elevaram a estimativa de inflação em 2021 para 3,82%, acima da meta central, que é de 3,75%. A expectativa para a taxa Selic no fim de 2020 subiu de 3,75% para 4% ao ano. Já a projeção para a alta do PIB (Produto Interno Bruto) de 2021 foi reduzida de 3,43% para 3,29%.
G1, 23/fev