sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

'Prévia' do PIB do Banco Central indica que economia brasileira teve retração de 4,05% em 2020

Resultado, influenciado pela pandemia de Covid-19, interrompe três anos de alta seguida no nível de atividade. Números do IBC-Br, entretanto, nem sempre batem com o PIB, que será divulgado em março.

O Banco Central informou nesta sexta-feira (12) que o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) da instituição, considerado uma "prévia" do resultado do Produto Interno Bruto (PIB), aponta que a economia brasileira encolheu 4,05% em 2020.

Se confirmado, o tombo do PIB interromperá uma sequência de três altas seguida no nível de atividade e também representará a maior contração desde o início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que começou em 1996. Até aquele ano, o PIB era calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O resultado oficial do PIB, que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, será divulgado somente em 3 de março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O mercado, segundo pesquisa realizada pelo Banco Central com mais de 100 instituições financeiras na semana passada, estima uma retração de 4,3% para a economia brasileira em 2019.

O Ministério da Economia também estima uma queda de 4,5% e, para o BC, o tombo será de 4,4%.

Pandemia de Covid-19

A queda do PIB em 2020 foi influenciada pela pandemia da Covid-19, que interrompeu negócios, afetou empregos e esfriou a atividade econômica.

Nos últimos meses, porém, indicadores mostram uma retomada da produção e das vendas, e os números oficiais confirmaram a saída do cenário recessivo.

Para tentar evitar um impacto maior da pandemia do PIB e auxiliar os desassistidos, o governo Bolsonaro anunciou, no ano passado, uma série de medidas - com impacto de R$ 524 bilhões nos gastos públicos.

A principal delas foi o auxílio emergencial, que liberou R$ 293 bilhões para trabalhadores informais afetados pela pandemia. Também foi anunciado um programa para conter o desemprego; um auxílio financeiro para os estados e programas de crédito garantidos por recursos públicos - que ajudaram a elevar o montante emprestado.

Mês a mês

Em dezembro, os números do BC para a prévia do PIB mostram que o nível de atividade da economia brasileira apresentou expansão pelo oitavo mês seguido. Foi registrada uma alta de 0,64% no indicador.

Com o crescimento registrado em dezembro, o IBC-Br atingiu 138,33 pontos e permaneceu abaixo do patamar de fevereiro de 2020, ou seja, de antes da pandemia (140,24 pontos).

Além disso, os números apontam para uma desaceleração no ritmo de crescimento. Em setembro, outubro e novembro, a economia havia avançado mais contra o mês anterior: 1,76%, 0,77% e 0,68%.

PIB x IBC-Br

Os resultados do IBC-Br são considerados uma "prévia do PIB". Porém, nem sempre mostraram proximidade com os dados oficiais do Produto Interno Bruto.

O cálculo dos dois é um pouco diferente – o indicador do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos, mas não considera o lado da demanda (incorporado no cálculo do PIB do IBGE).

O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros do país. Com o menor crescimento da economia, por exemplo, teoricamente haveria menos pressão inflacionária.

Atualmente, a taxa Selic está em 2% ao ano, na mínima histórica, e o Banco Central indicou, no comunicado da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que pode voltar a subir os juros neste ano, como já é esperado pelo mercado financeiro.

Alexandro Martello, G1, 12/fev