Na véspera, o principal índice do mercado de ações brasileiro caiu 0,25%, aos 102.675 pontos.
O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, a B3, tinha volatilidade nesta quinta-feira (16), enquanto o mercado internacional repercute o empréstimo que será concedido ao banco Credit Suisse pelo Banco Central da Suíça. Além disso, dados do mercado de trabalho americano vieram mais fortes que o esperado e o BCE decidiu subir os juros da zona do euro.
Às 12h57, o índice subia 0,23%, aos 102.907 pontos.
Na véspera, o Ibovespa teve queda de 0,25%, aos 102.675 pontos — foi a pior pontuação desde 1º de agosto, quando fechou em 102.225 pontos. Com o resultado, o índice passou a acumular quedas de 2,15% no mês e de 6,43% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
O mercado digere a turbulência da véspera, quando a desconfiança com o setor bancário global tomou conta das emoções. O sentimento se espalhou ontem quando as ações do Credit Suisse tombaram mais de 25% com a notícia de que seu maior investidor, o Banco Nacional Saudita, não aceitou realizar um novo aporte financeiro para ajudar a companhia.
Nesta quinta-feira, o banco suíço pediu um empréstimo de US$ 54 bilhões (o equivalente a R$ 285 bilhões) ao Banco Central do país. O órgão financeiro confirmou que irá ajudar o banco, mas não informou qual será o valor concedido.
Na Ásia, as ações da China e de Hong Kong ampliaram perdas nesta quinta-feira, pressionadas tanto por ações de nova energia e petróleo, como pelo movimento sem precedentes dos reguladores suíços de prometer ajuda ao banco Credit Suisse, que alimentou temores de uma crise bancária.
Mas, horas depois, as ações europeias avançavam com o resgate ao Credit Suisse, que dissipou temores de uma crise bancária global. Por lá, investidores também monitoravam a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE).
O BCE elevou as taxas de juros em 50 pontos-base, ignorando o caos do mercado financeiro e os pedidos dos investidores para reduzir o aperto da política monetária pelo menos até que o sentimento se estabilize. O BCE elevou sua taxa de depósito para 3%, o nível mais alto desde o final de 2008, já que a inflação deve ultrapassar sua meta de 2% até 2025.
O órgão tem aumentado os juros no ritmo mais rápido já registrado para conter a inflação, mas as perdas nos mercados globais desde o colapso do Silicon Valley Bank nos Estados Unidos na semana passada ameaçou derrubar esses planos no último momento.
Nos Estados Unidos, o Departamento de Trabalho dos EUA publicou hoje o número de novos pedidos de seguro-desemprego requeridos na semana até 11 de março. O número caiu mais do que o esperado na semana passada, indicando força contínua do mercado de trabalho, embora a turbulência nos mercados financeiros esteja lançando uma sombra sobre a economia.
Foram 192 mil os pedidos de auxílio-desemprego, queda de 20 mil na semana. Na semana anterior, houve 211 mil pedidos iniciais. Economistas consultados pela Reuters projetavam 205 mil.
Apesar de as grandes empresas de tecnologia terem cortado empregos, o mercado de trabalho permaneceu resiliente, com os empregadores relutantes em demitir trabalhadores depois de lutarem para encontrar funcionários durante a pandemia de Covid-19.
O aperto do mercado de trabalho, marcado por 1,9 vaga abertas para cada desempregado em janeiro, juntamente com a inflação persistentemente alta, indicam que o Federal Reserve continuará elevando a taxa de juros na próxima semana.
Juros mais altos nos Estados Unidos elevam a rentabilidade dos títulos públicos do país, que são considerados os mais seguros do mundo. Isso prejudica os ativos de risco, como o mercado de ações.
Além disso, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, discursa nesta quinta-feira para convencer os senadores americanos da solidez do sistema bancário do país, depois da falência do banco SVB, no mesmo momento em que a crise toma conta na Europa, com o caso do Credit Suisse.
De acordo com o texto do seu discurso, divulgado hoje de manhã, Yellen se dirigirá aos membros da Comissão Bancária do Senado para "lhes assegurar (...) que nosso sistema bancário continua sólido e que os americanos podem ter a certeza de que o dinheiro que depositaram estará disponível, quando precisarem".
No Brasil, as expectativas estão na divulgação do novo arcabouço fiscal. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na noite desta quarta-feira (15) que vai apresentar os detalhes do novo arcabouço fiscal para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sexta (17).
A nova âncora fiscal, se aprovada pelo Congresso, vai substituir a atual regra do teto de gastos – que, desde 2017, impede que a maioria das despesas do governo cresça em um ritmo mais acelerado que a inflação do período. A ideia é criar um mecanismo que permita ao governo fazer investimentos e despesas sem gerar descontrole nas contas públicas.
Segundo o ministro, membros da área econômica e da Casa Civil vão participar da reunião de sexta-feira. A proposta já foi apresentada na terça (14) por Haddad ao vice-presidente Geraldo Alckmin, em reunião no Palácio do Planalto.
g1, 16/mar