Referencial permaneceu inalterado pela segunda reunião consecutiva. Juros do país seguem no maior patamar desde 2001.
O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), manteve os juros do país inalterados nesta quarta-feira (1º), em uma faixa de 5,25% a 5,50% ao ano. Esse continua sendo o maior nível das taxas desde 2001.
A decisão já era esperada pelo mercado e veio após o comitê ter mantido o mesmo referencial na última reunião, em setembro.
Em entrevista a jornalistas após a divulgação da decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que a instituição não está pensando em reduzir a taxa básica de juros neste momento.
Em comunicado, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) informou que indicadores recentes sugerem que a atividade econômica do "país avançou em um ritmo forte" no terceiro trimestre.
A afirmação representa uma atualização frente ao último comunicado, em setembro, quando o colegiado atribuiu à economia norte-americana um crescimento em "ritmo sólido".
O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos avançou a uma taxa anual de 4,9% no terceiro trimestre, o maior avanço desde 2021.
O Fed tem monitorado de perto o mercado de trabalho e seus reflexos na inflação. Na prática, um mercado aquecido gera mais vagas de emprego, mais contratações e aumentos salariais — o que tende a injetar mais dinheiro na economia e, assim, aumentar a inflação.
"O comitê procura atingir o nível máximo de emprego e levar a inflação à taxa de 2% a longo prazo", continuou o Fomc no comunicado, destacando que, ao determinar "a extensão do reforço adicional" que pode ser apropriado para atingir esses objetivos, levará em consideração:
- O aperto cumulativo da política monetária;
- A defasagem dos efeitos do aumento de juros na atividade econômica e na inflação;
- E os fatores econômicos e financeiros.
"Além disso, o Comitê continuará a reduzir as suas participações em títulos do Tesouro e dívida de agências e títulos garantidos por hipotecas de agências, conforme descrito nos seus planos anunciados anteriormente", acrescentou.
Jerome Powell também afirmou a jornalistas que os custos de crédito do mercado precisam continuar em níveis mais altos de forma persistente, para que influenciem as futuras escolhas de política monetária do Fed. Segundo o banqueiro central, no entanto, "ainda não se sabe" se esse será o caso.
Por fim, o comunicado do Fomc voltou a reforçar que o sistema bancário dos EUA é "sólido e resiliente", e afirmou que condições mais restritivas de crédito para as empresas e as famílias "poderão pesar sobre a atividade econômica, as contratações e a inflação".
Reflexos dos juros norte-americanos
Os juros ainda em níveis elevados nos Estados Unidos aumentam a rentabilidade dos Treasuries (títulos públicos norte-americanos) e devem continuar a refletir nos mercados de ações e no dólar, com a migração cada vez maior de investidores para o país, em busca de uma melhor remuneração.
No cenário macroeconômico, os efeitos dos juros altos nos Estados Unidos também se refletem no longo prazo, indicando uma tendência de desaceleração econômica global, já que empréstimos e investimentos também ficam mais caros.
No Brasil, investidores seguem na expectativa pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), que deve ser divulgada ainda nesta quarta.
A maior parte do mercado aposta em uma nova redução da taxa básica de juros (Selic), em 0,50 ponto percentual, para 12,25% ao ano.
André Catto, g1, 03/nov