terça-feira, 28 de novembro de 2023

IPCA-15: prévia da inflação sobe 0,33% em novembro, com alta no preço de alimentos

Índice acumulou 4,84% na janela de 12 meses. Já no ano de 2023, o acúmulo é de 4,30%.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) — considerado a prévia da inflação oficial do país — subiu 0,33% em novembro, informou nesta terça-feira (28) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O índice teve aceleração de 0,12 ponto percentual (p.p.) na comparação com o mês anterior, quando teve alta de 0,21% para outubro. Em novembro de 2022, o IPCA-15 foi de 0,53%.

Com os resultados, o IPCA-15 acumulou 4,84% na janela de 12 meses. Já no ano de 2023, o acúmulo é de 4,30%.

O resultado veio um pouco acima das expectativas do mercado financeiro, que esperava alta de 0,30% no índice em novembro.

Dos nove grupos pesquisados pelo IBGE, oito tiveram altas na prévia de novembro. O principal impacto veio de Alimentação e bebidas, com ganho de 0,82% no mês.

Dentro da divisão de alimentos, destaque para a Alimentação no domicílio, que rompeu uma sequência de cinco quedas consecutivas e subiu 1,06% em novembro.

Veja abaixo a variação dos grupos em novembro

- Alimentação e bebidas: 0,82%;

- Habitação: 0,20%;

- Artigos de residência: 0,24%;

- Vestuário: 0,55%;

- Transportes: 0,18%;

- Saúde e cuidados pessoais: 0,08%;

- Despesas pessoais: 0,52%;

- Educação: 0,03%;

- Comunicação: -0,22%.

Alimentação em alta

O grupo Alimentação e bebidas teve o maior impacto no índice geral de novembro, contribuindo com 0,17 ponto percentual do total. A Alimentação no domicílio, que voltou a subir depois de cinco meses, registra preços de alimentos in natura.

Dentre os destaques do IBGE estão a cebola (30,61%), batata-inglesa (14,01%), arroz (2,60%), frutas (2,53%) e carnes (1,42%). Na ponta oposta, tiveram queda os preços do feijão-carioca (-4,25%) e do leite longa vida (-1,91%).

Já a Alimentação fora do domicílio continuou em passo moderado de alta, com ganho de 0,22%. No mês anterior, o aumento foi semelhante e ficou em 0,21%. O subitem refeição (0,22%) teve a mesma variação do mês anterior, enquanto o lanche registrou alta de 0,35%, após queda de 0,11% em outubro.

Fim de ano pesando

Já como efeitos do fim de ano, o grupo Despesas pessoais teve alta de 0,52% no mês, contra 0,32% do período anterior. Desta vez, houve influência do pacote turístico (2,04%), da hospedagem (1,27%) e do serviço bancário (0,63%). No todo, o grupo contribuiu com 0,05 p.p. do índice.

Também se nota impacto no grupo Transportes (0,18%), cujo principal puxador de alta foram as passagens aéreas (19,03%). Dentre os subitens, as passagens também tiveram o maior peso individual da medição, com 0,16 p.p.

O grupo, contudo, teve resultados amenizados pela redução nos preços de combustíveis, que tiveram deflação de 2,11% em novembro. A gasolina permaneceu em tendência de redução, com queda de 2,25%. Também caíram o etanol (-2,49%) e o gás veicular (-0,57%). O diesel teve alta de 1,12%.

Abertura benigna

Apesar de o resultado final estar acima das expectativas do mercado financeiro, analistas interpretam as aberturas de dados como positivas.

João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital, diz que as medidas subjacentes e de núcleo da prévia de inflação permanecem corroborando uma dinâmica positiva e não altera as perspectivas para a condução da política monetária pelo Banco Central, que é de manutenção do ritmo de cortes de juros de 0,5 ponto percentual da Selic nas próximas reuniões.

"Quando olhamos os serviços subjacentes, a alta foi de apenas 0,21%, reforçando a leitura de que a alta do mês se deveu novamente a itens voláteis. Nas demais medidas subjacentes tivemos surpresa positiva em bens industriais (-0,10%), enquanto Alimentação no domicílio veio próximo ao esperado", analisa.

"Nos núcleos, as variações também vieram abaixo do esperado, com as surpresas positivas se sobrepondo às negativas", diz Savignon.

Para Igor Cadilhac, do PicPay, os núcleos seguem comportados, "mas é importante reconhecer que o melhor momento dos alimentos ficou para trás. Este que parece ser o principal desafio para 2024".

"Eventuais riscos de baixa seguem vindo principalmente do bom contágio dos preços de bens sobre os demais, do comportamento dos núcleos e sua inércia, e do combate à inflação de forma sincronizada mundo afora", prossegue.

"Do outro lado, temos monitorado o mercado de commodities, sobretudo o petróleo com a possibilidade de escalada dos conflitos pelo mundo, os aumentos salariais e os eventuais efeitos do El Niño sobre as safras".

Raphael Martins, g1, 28/nov