Essa é a menor entrada de investimentos estrangeiros diretos no país desde 2020, no auge da pandemia da Covid-19. Números foram divulgados nesta segunda-feira (6) pelo Banco Central.
Os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira recuaram cerca de 40% nos nove primeiros meses deste ano, segundo informações divulgadas pelo Banco Central nesta segunda-feira (6).
Os estrangeiros trouxeram US$ 41,63 bilhões em investimentos na parcial de 2023, contra US$ 68,83 bilhões no mesmo período do ano passado.
O ingresso registrado na parcial deste ano também é o menor desde 2020 – quando foi registrada a entrada de US$ 31,22 bilhões no país entre janeiro e setembro. A série histórica do Banco Central para este indicador tem início em 1995.
Somente em setembro, ainda de acordo com a instituição, os investimentos diretos no país totalizaram US$ 3,75 bilhões, contra US$ 9,63 bilhões no mesmo mês de 2022.
Desaceleração global
A queda no ingresso de investimentos estrangeiros diretos, neste ano, acontece em meio a um cenário de forte desaceleração da economia mundial. Para conter a inflação, os bancos centrais têm elevado os juros pelo mundo - com reflexos no nível de atividade.
No Brasil, porém, o cenário é de estabilidade no PIB. Após uma alta de 5% em 2021, o PIB brasileiro teve crescimento de 2,9% no ano passado. A projeção do mercado financeiro para esse ano é de uma taxa semelhante de expansão.
- O Banco Central estima uma entrada de US$ 75 bilhões em investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira neste ano.
- O mercado financeiro, porém, vem revisando para baixo as projeções de entrada de investimentos diretos para 2023 e 2024.
Contas externas
Ainda de acordo com o BC, o déficit nas contas externas também mostrou queda na parcial dos nove primeiros meses deste ano, quando somou US$ 20,9 bilhões. O recuo foi de 39,8% na comparação com igual período de 2022 (-US$ 34,69 bilhões).
O resultado em transações correntes, um dos principais indicadores sobre o setor externo do país, é formado por balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior).
No mês de setembro, segundo o Banco Central, as contas externas registraram um rombo de US$ 1,38 bilhão, em comparação com um resultado negativo de US$ 6,94 bilhões no mesmo período do ano passado.
De acordo com o BC, a queda no saldo negativo das contas externas, na parcial deste ano, está relacionada principalmente com a melhora da balança comercial no período. Também houve uma melhora na conta de serviços neste ano. Entretanto, as remessas de rendas ao exterior se elevaram.
- O Banco Central projeta um rombo de US$ 45 bilhões nas contas externas neste ano.
Gastos de brasileiros no exterior
Já os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 1,24 bilhão em setembro deste ano, com alta frente ao mesmo mês do ano passado – quando totalizaram US$ 907 milhões.
Trata-se, também, do maior valor de despesas no exterior, para meses de agosto, desde 2019, ou seja, antes da pandemia da Covid-19, quando somou US$ 1,32 bilhão.
Nos nove primeiros meses deste ano, as despesas no exterior somaram US$ 10,97 bilhões, contra US$ 8,99 bilhões no mesmo período de 2022.
As despesas de brasileiros fora do país são influenciadas por fatores como o nível de atividade econômica - que apresenta estabilidade nesse ano - e o preço do dólar, usado nas transações internacionais.
Em 2022, a moeda norte-americana fechou em queda de 5,3%, cotada a R$ 5,28. Apesar disso, ainda permaneceu bem acima do patamar de 2019 terminou aquele ano em R$ 4,01. Nesta sexta-feira (3), o dólar fechou em R$ 4,89 (veja mais cotações).
Alexandro Martello, g1, 06/nov