O Citi atualizou a sua cobertura para as empresas de construção civil da B3, reforçando Cyrela (CYRE3) e Cury (CURY3) como as suas principais escolhas em meio aos ventos favoráveis regulatórios que têm ocorrido nos últimos dias.
Os analistas do banco citam a sanção da lei de revisão do zoneamento de São Paulo pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), que havia sido aprovada em dezembro na Câmara municipal. Mesmo com 58 vetos ao projeto levando a maiores restrições (entre os trechos vetados estão aqueles que permitiriam edifícios mais altos em zonas mistas e centrais), o Citi destaca que o projeto é muito favorável aos negócios, introduzindo grandes oportunidades de aquisição de terrenos, especialmente para empresas do segmento médio/alto padrão.
“Prevemos que isso também deverá trazer um alívio temporário das pressões competitivas para a Cyrela, com os seus pares adiando os lançamentos para solicitar aprovações de novos projetos sob as novas regras”, avalia.
Além disso, o banco vê grandes melhorias na HIS (Habitação de Interesse Social), uma política municipal que concede incentivos fiscais a empreendimentos acessíveis, beneficiando cerca de 80% do landbank (banco de terrenos) da Cury em SP.
“O novo cenário regulatório da cidade deverá elevar as projeções de consenso para receitas e margens neste próximo ciclo, bem como diminuir o risco das perspectivas de crescimento existentes para nossas ações preferidas”. Além disso, os analistas veem um ambiente amplamente benigno à frente, com a inflação dos custos de construção ainda moderada e o Minha Casa Minha Vida (MCMV) na sua melhor forma.
Sinalizando as melhorias nos fundamentos no setor em São Paulo, o banco elevou o preço-alvo para as ações da Cyrela de R$ 26 para R$ 29 e de Cury de R$ 21 para R$ 23, mantendo recomendação de compra para os dois papéis.
Com relação às outras companhias do setor, o banco subiu a recomendação para as ações da Tenda (TEND3) de neutra para compra, com o preço-alvo também sendo elevado de R$ 12 para R$ 14, vendo uma história de recuperação e amadurecimento em um ano promissor para o MCMV. Para o banco, após a queda de 32% nos últimos trinta dias, as ações estão baratas demais.
Já a MRV (MRVE3), segundo o banco, foi “deixada de fora da festa”, com a recomendação cortada de compra para neutra e o preço-alvo passando de R$ 11 para R$ 9. O banco cortou as estimativas para as ações da empresa dadas as revisões para cima nas despesas financeiras e exposição a riscos de inadimplência.
O começo de ano tem sido difícil para as ações da Tenda, com queda de 33,36% no acumulado de 2024 após um salto de mais de 200% em 2023, enquanto MRV cai 28,49% com as recentes revisões para baixo de seus números feitas pelo mercado.
Em relatório com foco no segmento de baixa renda, o Itaú BBA reiterou a sua recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para Direcional (DIRR3), Cury e Plano & Plano (PLPL3), mantendo recomendação marketperform (desempenho em linha com a média, equivalente à compra) para Tenda.
A preferência é por Direcional, com o preço-alvo se mantendo em R$ 31, enquanto manteve target de CURY3 em R$ 22 e elevou para PLPL3 de R$ 12 para R$ 16. Já o preço-alvo para TEND3 foi cortado de R$ 17 para R$ 12.
“Mantemos nossa ordem de preferência: Direcional, Cury, Plano & Plano, MRV e Tenda (única com classificação equivalente à neutra)”, afirmam os analistas do BBA. O banco tem DIRR3 como preferida por uma combinação de valuation atrativo, projeção de forte crescimento de lucros, bom pagamento de dividendos e presença geográfica diversificada.
InfoMoney, 03/abr