Forte demanda de vendas nos últimos trimestres contribuiu para uma redução dos níveis de estoque das empresas, o que aumenta o apetite por lançamentos futuros.
Empresas de construção de moradias estão otimistas com o mercado de construções de baixa renda, embora os aumentos de custos sejam motivos de preocupação. Este foi o tom das reuniões com empresas do setor realizadas durante a J. Safra Brazil Conference 2024, nos dias 24 e 25 de setembro, no Grand Hyatt São Paulo.
O evento contou com a presença da gestão das principais empresas listadas no setor imobiliário: Cyrela, Cury, Direcional, MRV & Co, Tenda, Eztec, Plano&Plano, Lavvi, Even, Multiplan, Iguatemi, Allos e Log CP.
Os construtores de casas de baixa renda permanecem no centro das atenções, segundo relatório do Banco Safra. O ambiente favorável para a habitação de baixa renda continua incentivando todos os desenvolvedores de baixa renda que participaram da conferência a aumentar sua atividade de lançamento, dado seu impressionante desempenho de vendas nos últimos trimestres.
Enquanto isso, os executivos das empresas não estão preocupados com a escassez de recursos no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), destacando o recente aumento de R$ 20 bilhões no orçamento anual do programa e reforçando que o balanço do FGTS permanece sólido, apoiando o aumento dos recursos.
Os investidores também demonstraram certa preocupação com o aumento dos custos de construção pressionando a margem bruta da empresa. No entanto, as equipes de gestão notaram que apesar de uma maior pressão sobre o trabalho e alguns custos de matérias-primas, a inflação permanece em sua maioria estável, dentro da estimativa incorporada em seus orçamentos.
Empresas de construção estão otimistas com expansão do mercado
A perspectiva para o setor é construtiva para o nicho de média/alta renda, apesar das tendências macroeconômicas desfavoráveis, segundo o Safra. Embora o novo ciclo de aperto monetário adie qualquer queda a curto prazo nas taxas hipotecárias, a forte demanda de vendas nos últimos trimestres contribuiu para uma redução dos níveis de estoque das empresas, o que aumenta seu apetite por lançamentos futuros, consequentemente, impulsionar seus resultados futuros.
Além disso, apesar das tendências macro mais desfavoráveis no trimestre, todos os construtores de média/alta renda que participaram da nossa conferência notaram que as vendas permanecem sólidas, refletindo principalmente a sólida demanda por novos lançamentos e impulsionados, em alguns casos, por estratégias comerciais mais agressivas.
O impulso operacional dos shoppings também continua encorajador, destaca o relatório do Safra. Os três operadores de shopping centers reforçam que a demanda por novos espaços comerciais permanece alta, o que deve impulsionar as taxas de ocupação, enquanto o crescimento das vendas dos inquilinos continua superando os níveis de inflação, reduzindo assim os custos de ocupação.
Isso, juntamente com as menores taxas de inadimplência, permite que as empresas continuem pressionando por aumentos reais nos aluguéis.
Os executivos também observaram que a maior inflação (IGP-M) nos últimos meses (usada para ajustar contratos de aluguel) deve começar a ter um impacto mais positivo no crescimento da linha superior já no segundo semestre de 2024.
Por outro lado, os investidores também estavam preocupados com o impacto do ciclo de aperto sobre novas emissões de fundos imobiliários (“FII”), potencialmente abrandando o ritmo de novos desinvestimentos e aumentando as taxas de limite de saída.
O Especiailsta, 04/out