Os impactos econômicos da falta de mobilidade nos principais centros urbanos vêm levando governos e empresas a redesenharem os modelos atuais. Neles se incluem a construção de cidades compactas, adensadas e com uso misto dos solos para a coexistência de edifícios comerciais e residenciais, assim como sistemas de transportes mais criativos, misturando meios de alta capacidade e alternativos.
Arquitetos, urbanistas, especialistas e até entidades internacionais dizem que o atual sistema de transporte não só dificulta a locomoção das pessoas e das mercadorias, como implica emissão de gases de efeito estufa, provoca mortes prematuras por acidentes de trânsito e reduz a saúde dos moradores dos grandes centros. As pessoas chegam a comprometer até 30% da renda mensal em deslocamentos diários.
A ONU defende um modelo de cidade compacta, bem articulada e conectada, integrada espacial, social e ambientalmente e, sobretudo, inclusiva. Nestas cidades, a inovação é o motor de crescimento econômico de valor agregado, de acordo com Elkin Velásquez, diretor do escritório regional para a América Latina e Caribe do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat). Já as estratégias de melhor resultado para a mobilidade articulam um bom sistema de transporte de massas com a promoção de formas alternativas de deslocamento (bicicleta e caminhada, por exemplo).
Diversas cidades brasileiras já buscam no¬vos sistemas de transporte. Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio e São Paulo inauguraram faixas exclusivas para circulação de ônibus. Na capital paulista, elas já somam 295 km, com um ganho de quase 50% na velocidade média dos veículos, conforme detalha em seu blog a urbanista e arquiteta Raquel Rolnik.
A prefeitura de Porto Alegre investe em corredores exclusivos e no veículo sobre trilho batizado de aeromóvel. Rio e Santos (SP) também apostam nos Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs). A prefeitura do Rio pretende investir R$ 18 bilhões em transporte de média e alta capacidade até 2016. O sistema inclui a implantação de 28 km de VLT no Centro e a construção de quatro corredores expressos (BRTs) de ônibus articulados. Eles vão reduzir em até 26% a frota de ônibus que circula na cidade, de 8.800 ônibus convencionais, e em 40% o tempo médio gasto em viagens. Com a inauguração da ponte estaiada da Avenida Ayrton Senna, na Barra da Tijuca, e do novo Terminal Alvorada, na última terça-feira, a cidade se prepara para receber a Transcarioca, seu segundo corredor expresso de ônibus. O índice de cobertura de transporte de alta capacidade, em 2016, passará dos atuais 18% para 63%.