sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Rio terá prédio com geração de energia


Com investimento de R$ 50 milhões, a Natekko, líder francesa em projetos sustentáveis na construção civil, vai inaugurar, em fevereiro, seu primeiro empreendimento no Brasil. A torre na Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro, vai abrigar o primeiro edifício comercial do Brasil com o conceito de "energia positiva": o estabelecimento será capaz de produzir mais energia elétrica do que seu consumo estimado, possibilitando, assim, a venda de eletricidade de volta para o sistema. O prédio será também a primeira torre comercial do Brasil a utilizar células de hidrogênio para produção de energia elétrica a partir do gás natural encanado.

Presidente e fundador da Natekko, Marc Celaries diz que o Rio é um mercado promissor para novas construções e "retrofits" (reformas) sustentáveis. O Porto Maravilha, plano de revitalização da região portuária da cidade, é exemplo de uma área que deve receber muitos projetos do tipo, afirma.

"Com a reforma do porto, o mercado vai mover-se pra lá. O boom do retrofit no Rio está só começando e deve durar pelo menos sete anos", prevê o empresário, que chama a Rio Branco de "Champs-Elysées dos trópicos". A avenida parisiense inspirou a construção da via carioca.

Com base no Valor Geral de Vendas (VGV), a Natekko espera faturar R$ 75 milhões com a venda das salas da torre que reformou na avenida Rio Branco, que possui 21 andares e cerca de 3.200 m2 de área ocupável. O prédio tem ainda painéis solares e sistemas de ar-condicionado baseados em ligas frias, além de uma fachada de vidros duplos em zigue-zague que reduzem a temperatura interna e a conta de luz. Com projeto do escritório Triptyque, a reforma é realizada pela construtora RRCompacta.

A Natekko quer aliar luxo e sustentabilidade. O projeto terá um sistema de concierge para oferecer serviços como estacionamento e recepção bilíngue aos ocupantes. O custo adicional deve ser equilibrado com a redução do IPTU, graças às iniciativas de sustentabilidade. "É provável que o prédio tenha ao menos 50% de redução no imposto graças a essas iniciativas [sustentáveis]", diz Christophe Van Hamme, da MMC Investimentos, consultoria parceira no projeto.

Empurrada pela crise na Europa que pressiona o mercado francês de construção civil, a Natekko tem hoje seus dois principais projetos em negociação no Rio. A empresa adquiriu a área para a construção de uma torre comercial na região portuária para uma multinacional francesa e negocia a reforma de um imóvel na enseada do Flamengo para um hotel.

Com exemplos do mercado francês, Celaries estima que seus edifícios sejam em média 30% mais caros que construções de mesma dimensão. Para ele, a sustentabilidade é um atrativo para as empresas. "Em dez anos, o mundo terá de construir com novas tecnologias", diz. "É interessante para as empresas ter o nome associado à sustentabilidade. Estar instalada em um projeto como esse é considerado um investimento em marca em marketing".



Valor Econômico, Guilherme Serodio, 24/jan