quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Habitação social de chileno leva 'Nobel da arquitetura'


Um dos arquitetos mais jovens a vencer o Pritzker, maior prêmio da arquitetura mundial, o chileno Alejandro Aravena, 48, despontou na última década como um dos maiores inovadores da área, consagrado com projetos de habitação social e obras para a recuperação de cidades atingidas por desastres naturais.

Sua escolha, anunciada nesta quarta (13), também representa um deslocamento geográfico nas decisões do prêmio, entregue pela última vez a um nome da América do Sul quando o brasileiro Paulo Mendes da Rocha foi reconhecido há dez anos.

Na história do prêmio, Aravena é o quarto latino-americano a receber a distinção, depois do mexicano Luís Barragán, em 1980, do brasileiro Oscar Niemeyer, em 1988, e Mendes da Rocha, em 2006.

Em plena ascensão e agora consagrado pelo maior prêmio de sua área, Aravena está também à frente da próxima Bienal de Arquitetura de Veneza, que começa em maio na cidade italiana.

Seu projeto mais notório, conduzido pelo Elemental, escritório que fundou em 2001, são as mais de 7.500 casas construídas para a população de baixa renda no norte do Chile. São estruturas entregues ao morador como esqueletos que podem ser complementados mais tarde de formas distintas, dando autonomia aos proprietários.

De acordo com o júri do prêmio, entre os quais está o britânico Richard Rogers, um dos autores do Centro Pompidou, em Paris, Aravena "pratica a arquitetura como um esforço artístico em projetos para as esferas privada e pública e resume o ressurgimento de um arquiteto mais socialmente engajado".

Entre outros projetos marcantes do autor, estão seus prédios da Universidade Católica do Chile, em Santiago.

O UC Innovation Center, por exemplo, é uma estrutura de concreto com aberturas que parecem aleatórias, buscando uma porosidade adequada ao clima frio da capital chilena, enquanto as Siamese Towers, no mesmo campus, são torres brutalistas revestidas com uma pele de vidro, uma estratégia para aperfeiçoar a circulação de ar e evitar gastos excessivos de energia.

Em construção em Xangai, a nova sede da Novartis, empresa do setor de saúde, também tem como principal meta do projeto o consumo consciente de recursos, combinando uma série de ambientes distintos no mesmo espaço.

Entre projetos corporativos e outros em âmbito social, Aravena se firmou como um arquiteto ao mesmo tempo autoral e ancorado na solução de desafios da forma mais eficiente, como quando ajudou a reconstruir a cidade chilena de Constitución, arrasada por um terremoto.



Folha de São Paulo, Ilustrada, 14/jan