Maior agente do financiamento imobiliário, a Caixa Econômica Federal (CEF) tomou várias decisões par a estimular o mercado de moradias. Na semana passada, anunciou a duplicação do valor máximo dos imóveis passíveis de crédito, de R$ 1,5 milhão para R$ 3 milhões, beneficiando o segmento de alto padrão. Nesta semana assegurou a abertura de linhas de crédito de até R$ 10 bilhões para o financiamento de obras de construtoras e incorporadoras. Sendo a CEF uma companhia estatal, o vulto dos recursos mostra o empenho do governo em fortalecer a construção civil, que enfrenta uma grave crise.
As novas regras da CEF, que entraram em vigor anteontem, darão fôlego a empresas que fizeram lançamentos e enfrentam dificuldades. Podem ser financiadas tanto as empresas que já tenham vendido pelo menos 20% das unidades de um condomínio, ou seja, que demonstraram a viabilidade do negócio, como as que realizaram pelo menos 80% das obras de um empreendimento e precisam garantir crédito aos compradores finais.
Para os imóveis de alto valor, a parcela máxima financiada subiu de 70% para 80% no caso de imóveis novos e de 60% para 70% no caso de imóveis usados. O mercado de usados, com baixa liquidez, enfrenta problemas mais graves que o de imóveis novos.
Trata-se, nos dois casos, de mudanças na política da CEF. Com a queda dos recursos das cadernetas de poupança, que perderam R$ 34,7 bilhões no primeiro semestre, outras modalidades de captação de recursos serão fortalecidas. Os imóveis destinados à baixa renda receberam R$ 27,6 bilhões em financiamentos no primeiro semestre, com base nos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.
Mas para os imóveis de alto valor a CEF terá de levantar recursos no Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), que opera a taxas de mercado superiores às do crédito direcionado. Os recursos deverão vir de Letras Financeiras (LFs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e, no futuro, de Letras Imobiliárias Garantidas (LIGs), ainda não regulamentadas.
Para financiar a classe média, a CEF dependerá mais do retorno dos empréstimos, até que os juros caiam e que a caderneta volte a ser competitiva. É o que explica a disposição de financiar a construção e a incorporação, para evitar que a iliquidez atinja mais duramente o mercado imobiliário.