terça-feira, 17 de abril de 2018

Ânimo Renovado


Com a ocupação de prédios comerciais e a perspectiva de um novo grande projeto de lazer na região, o marasmo imobiliário da Zona Portuária parece com os dias contados.

Depois de uma fase de marasmo, uma nova onda de interesse pela Zona Portuária surge no horizonte. O processo de transformação da região, afetado pela crise, ensaia uma retomada com a ocupação de prédios corporativos, o anúncio de um novo empreendimento de lazer próximo ao AquaRio e projetos de incentivo à economia criativa. Uma das principais impulsoras dessa recuperação foi a compra do Edifício Port Corporate, próximo ao Instituto Nacional de TraumatoOrtopedia (Into), pelo grupo Bradesco Seguros. Até o fim deste ano, a previsão é de que a empresa, atualmente no Rio Comprido, comece a instalar sua sede nos 40 mil metros quadrados da construção. Universidades, hospitais, hotéis e shoppings também prospectam negócios no Porto, que ainda convive com o contraste entre áreas revitalizadas e outras degradadas. EDIFÍCIOS INTELIGENTES Na área em plena metamorfose, só a chegada do Bradesco Seguros reduzirá a taxa de vacância (relação entre as áreas disponíveis e a área total construída) dos atuais 77,5% para aproximadamente 64%. A quantidade de metros quadrados desocupados ainda é alta, diz Evie Kempf, gerente de transações da JLL Consultoria Imobiliária. Mas a perspectiva é de que ela diminua gradativamente a curto e médio prazo.

- O Porto Maravilha volta aos poucos, embora ainda não na velocidade de que gostaríamos. Há um novo olhar sobre a região, com expectativa de melhora. Está lá a concentração de edifícios mais inteligentes do Rio. Observamos que as startups devem liderar a ocupação desses espaços. Mas também há grandes empresas, algumas já instaladas, como a L'Oréal e o Youtube, num mix de atividades muito interessante - diz Evie.

Nesse início da recuperação, o edifício Aqwa Corporative, com seus 21 andares na Via Binário, em frente à Cidade do Samba, em breve terá 3.800 metros quadrados ocupados pelo escritório de advocacia Tauil & Chequer, enquanto a Fábrica de Startups ficará em outros 3.600 metros quadrados. O prédio da Tishman Speyer abrigou, de outubro a novembro do ano passado, a primeira edição da CasaCor na região. Presidente da Tishman, Daniel Cherman afirma que, nesta etapa, percebe-se que o movimento se dá mais pela realocação de empresas na cidade do que pelo crescimento da economia.

- Após a CasaCor, as empresas começaram a entender a qualidade da infraestrutura na Zona Portuária - diz Cherman, afirmando que um fortalecimento mais robusto da economia propiciará uma nova fase de desenvolvimento da região, com os empreendimentos residenciais.

Além disso, quase ao lado do Aqwa e vizinho ao AquaRio, um terreno de 2,4 mil metros quadrados acabou de ser licitado pelo município. O vencedor do pregão foi o grupo Gramado Parks Investimentos Intermediações Ltda, que administra um parque de neve indoor em Gramado, na Serra Gaúcha. A empresa, no entanto, diz que só se pronunciará sobre o empreendimento após homologada a licitação.

A prefeitura tem ainda um projeto para construção de um polo comercial e gastronômico sob o Elevado do Gasômetro, próximo à Rodoviária Novo Rio, numa área hoje abandonada. E, no último dia 2, a Secretaria municipal de Desenvolvimento, Emprego e Inovação apresentou, no Museu do Amanhã, detalhes da Lei do Porto21, para promover o adensamento de uma área de 1,7 milhão de metros quadrados. O projeto - nas mãos agora do prefeito Marcelo Crivella e que, depois, será enviado à Câmara dos Vereadores - propõe estabelecer ISS reduzido de 2%, além de benefícios no IPTU e no ITBI para que empresas e instituições nas áreas de tecnologia, inovação, economia criativa, educação, ciência, pesquisa e cultura optem pela região.

Outra novidade, conforme adiantou a coluna de Marina Caruso, foi o tombamento da antiga Fábrica da Bhering, no Santo Cristo, pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade. Com a preservação, o imóvel, que passou por uma disputa judicial e chegou quase a ser comprado, poderá ser reformado. Atualmente, o prédio que abriga ateliês variados, está com o elevador sem funcionar e a fachada e grande parte dos vidros das janelas, quebrados e deteriorados.



O Globo, Rafael Galdo, 17/abr