terça-feira, 10 de abril de 2018

Caixa terá nova taxa de juros no crédito imobiliário


A Caixa Econômica Federal vai reduzir ainda neste mês os juros do crédito imobiliário que utiliza recursos da caderneta de poupança. O corte, no entanto, não levará o banco a oferecer, novamente, as taxas mais baixas do mercado. "Não podemos botar banca se não tivermos condição", disse Nelson Antônio de Souza, novo presidente da instituição financeira, em sua primeira entrevista desde que assumiu o comando do banco há uma semana no lugar de Gilberto Occhi, que foi deslocado para o Ministério da Saúde.

O movimento da Caixa de cortar os juros para o financiamento da casa própria vem com atraso em relação aos concorrentes privados que começaram a reduzir as taxas à medida em que o Banco Central cortou a Selic, taxa básica de juros da economia. Entre os maiores bancos do País, a Caixa é o único que ainda cobra juros de dois dígitos no crédito imobiliário.

A redução já estava em estudo na gestão de Occhi, mas foi impulsionada com a recente decisão do BC de diminuir os depósitos compulsórios - dinheiro que os bancos são obrigados a deixar parado no Banco Central, sem poder usar para novos empréstimos, por exemplo. Leia a seguir trechos da entrevista concedida ao Estadão / Broadcast durante o Summit Imobiliário Brasil 2018, evento promovido pelo Grupo Estado.

O senhor tem menos de um ano de gestão no comando da Caixa, considerando que o Governo mude nas próximas eleições. O que dá tempo de fazer?

Primeiro, é dar continuidade ao trabalho que o (Gilberto) Occhi vinha fazendo e que permitiu um lucro considerável ao banco no ano passado, de R$ 12,5 bilhões (no critério ajustado). Mas eu diria que trabalhar em áreas que tenham um balanço social forte, que é o caso da habitação. Vejo também que as PPPs (parcerias público privadas) são outra saída que podemos chegar, mas não sei se teríamos um resultado já em 2018. E sempre colocando esses produtos para setores que gerem emprego e renda. Esse é o foco. Em harmonia com o Conselho de Administração sob o ponto de vista de utilizar uma política de governo sem, contudo, abrir mão da governança e da consistência de resultados econômicos e financeiros da Caixa.

E a redução de juros nas linhas de crédito imobiliário que usam recursos da caderneta de poupança vem quando?

Vamos anunciar o mais breve possível. Nesta semana já não dá mais, mas ainda em abril nós queremos divulgar a nova taxa de juros da Caixa no crédito imobiliário.

A Caixa vai voltar a ter a taxa mais atrativa do mercado?

Eu diria que a Caixa vai ter taxas compatíveis ao mercado. Não gosto muito de dizer que é a menor. Nós só podemos botar banca se tivermos condições.

A mudança nos depósitos compulsórios ajuda o movimento de redução dos juros no crédito imobiliário?

Vai nos dar um fôlego. A mudança no compulsório melhorou a nossa tomada de divisão, mas já vínhamos estudando.



O Estado de S. Paulo, Aline Bronzati e Circe Bonatelli, 10/abr