quinta-feira, 23 de abril de 2020

Bancos negociam alternativa de socorro a construtoras


Os bancos avaliam alternativas para socorrer, individualmente, as construtoras que foram afetadas pelo fechamento de estandes de vendas e restrições às obras na crise do novo coronavírus. A discussão está na Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Os bancos privados consideram alternativas como antecipar recursos para obras e flexibilizar as vistorias nos canteiros neste período. Essas medidas podem injetar um fôlego no setor, uma vez que o crédito contratado para construção normalmente só é liberado após a verificação do andamento das obras. 

Apesar da disposição em negociar, os bancos privados descartam a formatação de um pacote amplo de apoio nos mesmos moldes do anunciado dias atrás pela Caixa Econômica Federal. 

Não convidadas. As construtoras ficarão de fora da lista de setores que receberão o socorro de bilhões de reais que está sendo discutido pelo consórcio que engloba os maiores bancos do País e é encabeçado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O entendimento é de que o setor de construção civil tem condições de suportar a crise e que poderá retomar futuramente a venda dos imóveis parados no estoque.

Vamos com calma. A leitura dos bancos é a de que não adianta ter uma visão top-down, ou seja, de cima para baixo para todos os setores econômicos que precisam de apoio nesta crise. No caso das construtoras, cada uma tem uma série de empreendimentos organizados em sociedades de propósito específicos (SPEs), com características individuais em termos de lucro, endividamento, caixa e compromissos.

Vestindo a camisa. Além disso, as linhas de crédito para o mercado imobiliário estão concentradas na Caixa - que já adotou medidas de ajuda, diferente de outros setores. O banco, que detém 70% deste mercado, já anunciou R$ 43 bilhões para apoiar o setor na travessia da turbulência causada pela pandemia. Esses recursos estão sendo liberados na forma de antecipação de 20% dos recursos para obras e carência de seis meses nas contratações de novos empréstimos. Como contrapartida, as construtoras se comprometeram a não demitir.



O Estado de S. Paulo, Coluna do Broadcast, 22/abr