quarta-feira, 1 de abril de 2020

Fabricantes de materiais de construção reduzem produção


A desaceleração da produção, em decorrência da disseminação do coronavírus, chegou à indústria de materiais de construção. Algumas empresas, como Lorenzetti e Tigre já optaram por conceder férias coletivas aos funcionários. Outras, como Eternit, anteciparam férias de parte dos colaboradores. Outras, como Eternit, anteciparam férias de parte dos colaboradores. Portobello reduziu sua capacidade operacional. Neste ano, o crescimento do setor será inferior ao inicialmente previsto pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), mas ainda não é possível, segundo Rodrigo Navarro, presidente da entidade, traçar nova projeção.

Inicialmente, a Abramat e a Fundação Getulio Vargas (FGV) projetavam crescimento real do faturamento da indústria de materiais de construção de 4%, em 2020, o dobro dos 2% do ano passado. "Vamos revisar a estimativa para baixo, mas dependemos de indicadores oficiais do governo", disse Navarro. Na avaliação do presidente da Abramat, passado o pico da disseminação do coronavírus, em abril e maio, terá início a "retomada da retomada" do setor.

A fatia das empresas que pretendem investir, no médio prazo, caiu de 71% de fevereiro para 38% em março.

Segundo Navarro, é preciso conciliar preocupações com a saúde com a economia, oferecendo condições de segurança para quem trabalha.

Desde o último dia 23, a fabricante de duchas, chuveiros elétricos, metais sanitários e purificadores de água Lorenzetti entrou em férias coletivas de 15 dias, já prevendo a possibilidade de prorrogação por mais 15 dias. Em nota, a empresa informou que "está preocupada com a saúde de seus funcionários e familiares devido à situação com o novo coronavírus". Em dezembro, a Lorenzetti tinha expectativa de crescer dois dígitos, neste ano, ante o faturamento de 2019 da ordem de R$ 1,5 bilhão.

A demanda pelos produtos da Eternit caiu pela metade em função da pandemia de coronavírus, segundo Luís Augusto Barbosa, presidente da companhia. De acordo com o executivo, a companhia ainda não enfrentou nenhuma situação de calote de clientes, mas alguns estão pedindo prorrogação de prazos para pagamento. A Eternit não realizou demissões. As férias de boa parte das pessoas da área de produção foram antecipadas. "Pessoas dos grupos de risco estão trabalhando em sistema de home office", disse Barbosa.

O grupo Tigre paralisou, no sábado, suas fábricas por até 30 dias, de acordo com as especificidades de cada operação. A Tigre afirma que seus estoques são suficientes para abastecer o mercado durante a parada e assim que o varejo retomar suas atividades. 

Conforme a Tigre, nas linhas de produção de itens que afetam, diretamente, a logística e o fornecimento de água em obras públicas, as paradas programadas serão de 15 dias.

Segundo informou, em nota, o grupo Tigre pretende "preservar empregos de seus profissionais". A empresa considera que ainda é cedo para fazer previsões para o ano. "O grupo Tigre seguirá acompanhando todos os cenários e avaliará, dia a dia, novos passos e medidas a serem tomadas."

A fabricante de revestimentos cerâmicos Portobello reduziu a capacidade operacional da unidade de Tijucas (SC) em 70%. Segundo a companhia informou, em nota, trata-se do mínimo necessário para assegurar a "integridade do maquinário e a segurança técnica".

A capacidade operacional da fábrica da Pointer, em Marechal Deodoro (AL), será reduzida, gradativamente, nos próximos dias, com manutenção dos níveis mínimos de funcionamento e produção. A Pointer é a marca pela qual a Portobello atua no Nordeste.

No escritório de Florianópolis, todos os empregados estão trabalhando no sistema de home office. Em Tijucas, a parcela dos trabalhadores nesse sistema é de 75%. Já as lojas da rede Portobello Shop seguem as determinações públicas estaduais e municipais.

Na segunda-feira, a Abramat divulgou o primeiro levantamento "Termômetro Abramat" realizado após a disseminação do coronavírus no país. A sondagem apontou redução da intenção de investimentos, expectativa negativa do setor em relação ao faturamento em março e abril e queda do otimismo em relação ao governo.

Segundo o Termômetro Abramat, a fatia das empresas associadas que pretendem fazer investimentos, no médio prazo, caiu dos 71% de fevereiro para 38% em março. O uso da capacidade instalada foi reduzido de 70% para 65%. Das participantes da pesquisa, 48% consideraram seu desempenho, em março, ruim ou muito ruim, 33% avaliaram como regular, e 19%, como bom. Em relação ao desempenho de abril, 67% das empresas informaram ter expectativa ruim ou muito ruim, e 33% projetam que será um mês regular.

Sobre expectativas de ações governamentais, 67% das empresas informaram indiferença, 24% disseram estar pessimista e 9%, otimistas. A fatia das participantes otimistas em relação às ações governamentais chegava a 25% em fevereiro.



Valor Econômico online, Chiara Quintão, 01/abr