quarta-feira, 16 de junho de 2021

Com disparada da inflação, BC deve elevar juro ao maior nível em um ano e meio, prevê mercado

Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta quarta para fixar taxa básica de juros. Atualmente em 3,5% ao ano, mercado vê Selic subindo para 4,25% a 4,5% ao ano.

A disparada da inflação deve levar nesta quarta-feira (16) o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central a elevar a taxa básica de juros da economia brasileira pela terceira vez consecutiva.

A decisão será anunciada após as 18h. A expectativa da maior parte do mercado financeiro, segundo pesquisa realizada na semana passada pelo BC com mais de cem instituições financeiras, é de um novo aumento de 0,75 ponto percentual — o que levaria a taxa básica dos atuais 3,5% para 4,25% ao ano.

Entretanto, parte dos analistas dos bancos estima uma alta maior, de um ponto percentual, para 4,5% ao ano. Em ambos os casos, seria o maior nível para a taxa Selic desde o final de 2019 — quando o juro básico estava em igual patamar.

Além disso, as previsões dos economistas são de que os aumentos continuarão no decorrer deste ano. A previsão é de que a Selic termine 2021 em 6,5% ao ano, o que representará, se confirmado, uma forte puxada em relação aos 2% ao ano registrados no começo de 2021.

Alta da inflação

O Copom fixa a taxa básica de juros com base no sistema de metas de inflação, olhando para o futuro pois as decisões demoram de seis a nove meses para terem impacto pleno na economia.

Neste ano, a meta central é de 3,75%, mas o IPCA pode ficar entre 2,25% a 5,25% sem que a meta seja formalmente descumprida. Para 2022, a meta central é de 3,5% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%.

Em maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – a inflação oficial do país – ficou em 0,83% segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o maior resultado para um mês de maio desde 1996 (1,22%).

Em 12 meses até maio, a inflação atingiu 8,06%, muito acima do teto da meta do governo para o ano – o centro da meta é de 3,75% em 2021, podendo variar entre 2,25% e 5,25%. A meta, porém, só é atingida, ou superada, ao fim de cada ano.

Para 2022, meta no qual o BC já está mirando ao fixar o juro básico, a previsão do mercado financeiro está em 3,78%, ou seja, acima do objetivo centra de 3,5% fixado pelo Conselho Monetário Nacional.

Os números mostram que a inflação subiu nos últimos meses por conta do aumento dos preços das "commodities" (produtos com cotação internacional, como alimentos, minério de ferro e petróleo, entre outros), por conta da retomada do crescimento da economia mundial, além dos combustíveis e do dólar (que torna insumos e importados mais caros).

Mais recentemente, embora o dólar tenha caído, um novo fator tem pressionado os preços: o aumento da energia elétrica, causado pela crise hídrica.

"O maior acionamento das termelétricas, frente à possível crise de abastecimento de energia, e a perspectiva de retomada do comércio e serviços podem pressionar a inflação no segundo semestre", avaliou Gustavo Sung, economista da Suno Research.

Consequências

De acordo com economistas, o aumento do juro básico da economia, se confirmado, resultará em taxas bancárias mais elevadas, com reflexo mais forte no crédito imobiliário. Nos últimos meses, os juros bancários já começaram a subir.

Alta da inflação
O Copom fixa a taxa básica de juros com base no sistema de metas de inflação, olhando para o futuro pois as decisões demoram de seis a nove meses para terem impacto pleno na economia.

Neste ano, a meta central é de 3,75%, mas o IPCA pode ficar entre 2,25% a 5,25% sem que a meta seja formalmente descumprida. Para 2022, a meta central é de 3,5% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%.

Em maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – a inflação oficial do país – ficou em 0,83% segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o maior resultado para um mês de maio desde 1996 (1,22%).

Em 12 meses até maio, a inflação atingiu 8,06%, muito acima do teto da meta do governo para o ano – o centro da meta é de 3,75% em 2021, podendo variar entre 2,25% e 5,25%. A meta, porém, só é atingida, ou superada, ao fim de cada ano.

Para 2022, meta no qual o BC já está mirando ao fixar o juro básico, a previsão do mercado financeiro está em 3,78%, ou seja, acima do objetivo centra de 3,5% fixado pelo Conselho Monetário Nacional.

Os números mostram que a inflação subiu nos últimos meses por conta do aumento dos preços das "commodities" (produtos com cotação internacional, como alimentos, minério de ferro e petróleo, entre outros), por conta da retomada do crescimento da economia mundial, além dos combustíveis e do dólar (que torna insumos e importados mais caros).

Mais recentemente, embora o dólar tenha caído, um novo fator tem pressionado os preços: o aumento da energia elétrica, causado pela crise hídrica.

"O maior acionamento das termelétricas, frente à possível crise de abastecimento de energia, e a perspectiva de retomada do comércio e serviços podem pressionar a inflação no segundo semestre", avaliou Gustavo Sung, economista da Suno Research.

Consequências

De acordo com economistas, o aumento do juro básico da economia, se confirmado, resultará em taxas bancárias mais elevadas, com reflexo mais forte no crédito imobiliário. Nos últimos meses, os juros bancários já começaram a subir.

Outra consequência do aumento da Selic são despesas maiores com os juros da dívida pública. Segundo analistas, cada um ponto de alta no juro básico representa gastos do governo de R$ 32 bilhões, se mantidos em 12 meses.

Um crescimento de 4,5 pontos na taxa Selic em 2021, prevista pelo mercado, geraria cerca de R$ 145 bilhões a mais nas despesas com juros.

Esse valor superaria os R$ 103 bilhões de limite autorizados, até o momento, para o pagamento de despesas emergenciais com a Covid-19 neste ano.

Mesmo com a extensão do auxílio emergencial por até três meses, que vem sendo sinalizada pela área econômica, as despesas com juros ainda seriam maiores - se mantidas em 12 meses.

Por fim, aplicações financeiras em renda fixa, como a caderneta de poupança, tendem a render um pouco mais.

Com o juro básico em 4,25% ao ano mais taxa referencial (TR), por exemplo, a poupança passará a render 2,975% ao ano, contra 2,45% ao ano, mais TR (com taxa Selic em 3,5% ao ano).

Essa melhora acontecerá, entre outros, nos investimentos em títulos públicos, vendidos por meio do Tesouro Direto, além de Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). Há incidência de imposto de renda sobre as aplicações no Tesouro Direto, mas não nas LCI e LCA.

Alexandro Martello, G1, 16/jun