quarta-feira, 23 de junho de 2021

Dólar fecha abaixo de R$ 5 pela primeira vez em mais de um ano

Nesta terça-feira, moeda norte-americana recuou 1,12%, a R$ 4,9661 – menor cotação desde 10 de junho de 2020.

O dólar fechou em queda nesta terça-feira (22), abaixo do patamar de R$ 5 pela primeira vez em mais de um ano, pressionado pela percepção de uma política monetária mais dura no Brasil e mais afrouxada nos Estados Unidos, combinação que pode atrair liquidez para o mercado doméstico.

A moeda norte-americana recuou 1,12%, cotada a R$ 4,9661. Veja mais cotações. É o menor patamar de fechamento desde 10 de junho de 2020 (R$ 4,9334), data que também marca a última vez que o dólar fechou abaixo de R$ 5.

Já o Ibovespa fechou em queda de 0,38%.

Na segunda-feira, o dólar recuou 0,92%, a R$ 5,0222. Com o resultado desta terça, a moeda norte-americana passou a acumular queda de 4,94% no mês e de 4,26% no ano.

Cenário

Segundo a agência Reuters, a divisa brasileira esteve entre os melhores desempenhos globais nesta sessão, que contou ainda com fraqueza do dólar no exterior após declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell.

O dólar caiu aqui e no exterior à medida que o presidente do Fed destacou que a alta na inflação norte-americana é transitória. Com isso, Powell amenizou temores de que o Fed possa em breve reduzir estímulos e acalmou investidores ainda sob impacto da sinalização de alta de juros em 2023, um ano antes do previsto até então.

Na cena local, as operações foram influenciadas desde cedo pela indicação mais dura do Banco Central sobre a inflação, que veio acompanhada de sinalização de mais altas da Selic à frente, conforme a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça.

O encontro do Comitê ocorreu na semana passada, quando a taxa básica de juros foi elevada de 3,5% para 4,25% ao ano, o maior patamar em um ano e meio.

Com o tom do texto do Copom, o Credit Suisse elevou a 1 ponto percentual a expectativa de alta dos juros em agosto, ante 0,75 ponto do cenário anterior. O banco vê Selic de 7,25% ao fim de 2021 e de 2022.

O Bank of America também elevou a estimativa para 7%, de 6,50%. O Banco Fibra aumentou de 6% para 6,5%, mas vislumbrando risco de o colegiado do BC conduzir a Selic a patamar contracionista ainda neste ano.

Juros mais altos no Brasil aumentam a taxa de retorno dos investidores que aplicam em real.

Muitos analistas defendem que a trajetória descendente do real nos últimos anos decorreu em parte do corte expressivo da Selic, que deixou o Brasil com juro real negativo no meio de uma crise fiscal e econômica, o que teria colocado o país atrás de seus pares emergentes na atração de liquidez.

G1, 23/jun