País caiu 5 posições no ranking dos principais destinos desse tipo de investimento, para a 11ª posição. Queda foi mais intensa que a registrada pela América Latina e Caribe, e mais acentuada que a média global, de -35%.
O Investimento Estrangeiro Direto (IED) no Brasil despencou 62% em 2020, mostraram dados do Monitor de Tendências de Investimentos Globais, divulgados nesta segunda-feira (21) pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).
No ano passado, os recursos estrangeiros investidos no Brasil somaram US$ 25 bilhões – o menor patamar em duas décadas, 'drenado' pelo desaparecimento de investimentos na extração de petróleo e gás natural, fornecimento de energia e serviços financeiros, segundo o relatório. Em 2019, o volume de investimentos havia ficado em US$ 65 bilhões.
Com a queda, o Brasil também caiu no ranking dos países que mais recebem investimento estrangeiro direto: da 6ª posição em 2019, passou ao 11º lugar.
Movimento global
Embora o movimento tenha sido sentido com mais força no Brasil, ele foi global: em todo o mundo, o fluxo de investimento estrangeiro direto caiu 35% em 2020, para US$ 1 trilhão, ante US$ 1,5 trilhão no ano anterior – retornando ao patamar de 2005.
De acordo com o relatório, os fechamentos adotados em todo o mundo em combate à pandemia reduziu a velocidade dos projetos de investimento já existentes, e a perspectiva de uma recessão levou multinacionais a reverem novos projetos.
O impacto da pandemia sobre os investimentos estrangeiros, no entanto, foi concentrado principalmente no primeiro semestre do ano passado.
Economias em desenvolvimento X desenvolvidas
"A queda foi bastante dirigida em direção às economias desenvolvidas, onde o IED caiu 58%", apontou a Unctad. Nas economias em desenvolvimento, a queda foi mais moderada, de 8%, "principalmente por conta de fluxos resilientes na Ásia".
Como resultado, as economias em desenvolvimento passaram a ser destino de dois terços do investimento estrangeiro global – em 2019, representavam pouco menos da metade.
Mas, entre o grupo das economias em desenvolvimento, o resultado foi bastante desigual, com o Brasil apresentando um desempenho bastante negativo em relação aos demais países – mesmo em relação ao conjunto da América Latina e Caribe, que viu o fluxo recuar 45% em 2020. No mesmo período, os fluxos tiveram queda de 33% no Chile, 46% na Colômbia, e de 38% na Argentina.
Já na África, a queda foi de 16%, enquanto a Ásia viu aumento de 4%.
Entre as economias desenvolvidas, o choque foi maior na Europa, onde o fluxo de investimento estrangeiro direto caiu 80%. Já na América do Norte, a queda foi de 42% – com os Estados Unidos permanecendo no topo dos países que mais recebem esse tipo de investimento.
Expectativas
Para este ano, a estimativa é que os investimentos cresçam entre 10% e 15% globalmente – deixando o IED ainda cerca de 25% abaixo do nível de 2019. As estimativas atuais apontam para uma nova alta em 2022, que podem levar os investimentos de volta ao patamar de 2019, a US$ 1,5 trilhão.
A recuperação, no entanto, deverá ser desigual, com as economias desenvolvidas puxando a retomada. Enquanto os fluxos para a Ásia devem seguir resilientes, o relatório aponta que uma recuperação substancial para a África e para a América Latina é improvável no curto prazo.
Dados do Banco Central
Em janeiro, o Banco Central do Brasil (BC) informou que os investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 34,1 bilhões no ano passado, com queda de 50,6% em relação a 2019.
Foi o menor ingresso de investimentos diretos na economia brasileira desde 2009 (US$ 31,480 bilhões), ou seja, em 11 anos, e ocorreu em meio ao tombo do Produto Interno Bruto (PIB) e à tensão nos mercados, causada pela pandemia do novo coronavírus.
G1, 21/jun